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She's Got Me Daydreaming por Carolbertoloto

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Palavras: 4479
Acessos: 1245   |  Postado em: 10/01/2018

Lover Come Back

Pov- Delphine

Há certas ocasiões, eventos, encontros ou desencontros que não dependem apenas de nós. O acaso é necessário em alguns casos, e um pouco de sorte também. Não controlamos o tempo, muito menos nosso caminho. Somos mediadores de um jogo em efeito borboleta. Somos peças em um tabuleiro sem casas marcadas, comandados por dados descontrolados. Tudo, cada coisa, cada segundo é...inopino.

Súbito, extraordinário, inesperado, definido por teor surpreendente, nada se sabe sobre o quê vem pela frente.

É feito montar cronogramas em tempo limitado, organizar itinerário em jornada bagunçada, é agendar compromissos sem calendário, é amar alguém proibido ao relicário

Nunca permiti-me ser otimista, sempre acreditei que esperar por muito, pelo melhor, nunca traria o quê eu realmente queria. Então, durante muito tempo, praticamente minha vida inteira, apenas funcionei sob as leis da realidade, sob o relacionamento de causa e consequência. Fui, em praticamente toda minha vida, uma realista. Todavia, ao ver uma menina de apenas 20 anos sendo apenas uma menina, realizei que não havia nada além para realizar. Seus olhos eram mar, seu sorriso branco feito o luar, e seu jeito catastrófico, foi o quê subitamente me fez querer ficar. E eu não fazia a menor ideia do que pensar. Eu, mulher adulta, independente, estudada e educada. Como fui me sentir assim, tão otimista, tão de repente?

E agora, revendo minha estória, assistindo cada episódio em tela particular, observando a beleza desacordada de Cosima deitada em uma cama de hospital. Agora, eu tenho a concretização da certeza abstrata sobre o quê é o amor, sobre causa e consequência, pois, às vezes, pode ser tarde para tentar de novo, pode ser cedo demais para desistir e pode ser muito bom insistir naquilo que te faz bem.

Criando a linearidade em traço torto, desde o momento após demitir Cosima. Era um dia frio e branco, um tanto cinza também, e o dia por si só estava indo bem, até todo caos acontecer. Eu queria ter feito algo, ter impedido a demissão, ter mudado os protocolos, ter assinado qualquer contrato em nome do Instituto para evitar as consequências do agora. Entretanto, mesmo com a mente perturbada e com o coração partido, soube que ter calma seria fundamental para que nada feito fosse em vão. Então, sem discussão ou oposição, continuei meu trabalho junto a Aldous. Utilizei toda força em meus frágeis ossos para não procurar Cosima. Eu a queria, mas sabia que vê-la traria maior atribulação.

Na manhã de plumas do inverno, véspera de natal, acordei reconhecendo toda a falta de potencial que o dia prometia. Tola eu fui por pensar que aquele despertar seria assim, tão banal. Passei horas preguiçosas inserida em meus lençóis, assistindo filmes intitulados como "Cult", mesmo sendo, em minha opinião, favoritos ao desespero. Após muito pensar, resolvi atender as múltiplas ligações de Paige, quem insistia por minha presenta em seu jantar natalino. Ao final da breve conversa, já havia me arrependido de ter sucumbido aos seus pedidos em tom de dó.

Ao som de "Baby I'm a fool", por Melody Gardot em repetição, comecei a aprontar-me para sair. Tomei uma rápida ducha fria para melhor despertar, vesti traje social quente e optei por não secar os cabelos. Passei pouca maquiagem, porém bastante perfume. O relógio já marcava 18:00 quando parti ao encontro de meus amigos.

Era possível avistar a impecável decoração natalina desde o início da propriedade. Estacionei meu carro perto dos outros, e pela quantidade de veículos, a festa estava bastante habitada. Ao tocar a companhia, fui recebida pelo sorriso cor de neve no interior de Arthur.

"E não é que você veio mesmo?" Meu amigo abraçou-me com força.

"Não tive opção, você conhece sua mulher." Retruquei ainda em seus braços.

"Que bom que está aqui." Olhou-me com piedade, "Entra! Temos comida, boa gente, bebida e música."

Acompanhei seus passos até chegarmos na imensa sala de estar. Minha amiga conversava com pessoas estranhas a mim enquanto segurava uma taça bem servida de vinho branco.

"Os canapês e petiscos estão perto do bar, então sinta-se em casa, já até separamos seu quarto lá encima, então pode beber tranquila." Art removeu meu casaco e serviu-me um copo de whisky.

"Obrigada." Agradeci tentando disfarçar a inexistente vontade em estar ali.

Dando goles e passos tímidos, investiguei o andar e os cômodos da casa. Todos os convidados pareciam estar alegres e alcoolizados, alguns dançavam ao som de Frank Sinatra e seu clássico álbum de natal, outros devoravam os elegantes petiscos sobre a mesa. Assisti a um homem vestindo blazer vermelho vivo flertando com a garçonete que carregava mais taças do que suportava. Minutos depois, observei uma mulher bem vestida e coberta com joias nitidamente caras. Ela parecia estar beirando quarenta anos, porém tive convicção de que sua maquiagem exagerada escondia as marcantes rugas efetivamente. A mulher sorriu todo o pequeno trajeto até o homem, porém ao aproximar-se, a expressão em seu rosto mudou completamente, como se estivesse irritada com algo. Ela sussurrou algo para o galanteador senhor. Não fui capaz de escutar, entretanto, a atmosfera de desconforto os acurralou. Analisei os dois cautelosamente, e em segundos reparei que eram um casal e que a mulher havia brigado com marido pelos seus flertes extraconjugais. Seria triste se aquilo não fosse um clichê.

Não precisei de muito para sentir-me entediada, então caminhei até a espaçosa varanda para fumar. A vista levava ao perfeito jardim coberto com neve. A fumaça que saia de meu cigarro confundia-se com bafo de minha respiração naquela temperatura congelante. A cada tragada dada era um desabafo silenciado.

Ao terminar, retornei ao bar e solicitei uma taça de champanhe. Eu não tinha nada a celebrar, porém, bebi duas doses antes de ser interrompida por Paige.

"Fiquei te procurando por pelo menos vinte minutos." Com seu tom etílico, percebi sua embriaguez.

"Estava fumando na varanda." Respondi contida em seus braços quentes.

"O jantar vai ser servido às 20:00, então tenta ficar até lá." Tanto eu quanto Paige sabíamos que isso seria impossível.

"Amiga, vou embora em alguns minutos, não estou no clima." Clarifiquei com gírias fora de meu vocabulário.

"Se esforça um pouquinho, Del." Implorou sem esperanças.

"Vou tentar." Menti querendo dizer a verdade.

"Vem aqui, vou te apresentar para as meninas." Paige buscou minha mão e nos levou ao círculo de poltronas feitas para providenciar falatório e mexerico.

Sentamos à roda com cinco mulheres, incluindo a esposa elegante do homem galanteador. Elas conversavam sobre reformas na casa, família e maridos. Acredite quando digo que essas mulheres têm potencial para muito mais do que apenas serem levadas pelo casamento "tradicional". Seria triste se aquilo não fosse um clichê.

"E você, Delphine, é casada?" Uma senhora com penteado alto perguntou.

"Não, ainda não." Respondi educadamente.

"Ele está te enrolando?" Uma outra senhora vestindo um enorme colar de pérolas insistiu.

"Na realidade, nós terminamos." Por mim, a conversa teria acabado ali.

"Esses homens são terríveis." A mesma mulher suspirou, deu uma pausa e preparou-se para sua próxima pergunta, então, rapidamente, resumi minha vida para evitar respostas vazias.

"Perdi o bebê de meu ex-namorado, entrei em depressão por não entender o porquê das coisas, e então acabei afastando minha namorada, o que ocasionou nosso término. Cosima era minha aluna e funcionária antes de começarmos nosso relacionamento. Hoje ela está com uma outra mulher e aparenta ser feliz." Sem vírgulas no discurso, os olhos das amigas de Paige cresciam segundo a segundo.

Houve um silêncio embaraçoso no ar, nem a voz de Sinatra foi capaz de amenizar.

"Meninas, essa é Delphine Cormier!" Disse minha amiga com torto sorriso no rosto.

Levantei de minha poltrona e fui ao bar por uma última vez. Posicionei a taça vazia sobre o balcão, respirei fundo e agradeci meus amigos pelo convite antes de partir sem rumo. Eu não havia bebido muito, porém admito que minha condição não era nada confiável.

Sem muito saber sobre meu destino, decidi ir até o Instituto para visitar Charlotte. No caminho, passei no laboratório. Após a demissão de Cosima, foquei minha energia nos experimentos que havíamos feito. Dupliquei cada vacina em apenas dois dias, injetei os camundongos para obter o resultado final. Dois receberam a vacina de cor azul, outros dois a de cor vermelha. Era nítida a distinção das reações. Na gaiola "1" havia um camundongo morto e outro beirando a morte. Na gaiola "2" os roedores aparentavam cansados e trêmulos. Demoraria pelo menos 48 horas para obter algum resultado positivo. Limpei a gaiola número "1" e rapidamente vesti-me para investigar a carcaça do animal morto. Seus órgãos entraram em falência por conta da proteína. Tudo aparentava estar sem vida, tanto os bichos quanto aquele escuro laboratório.

Detalhei os procedimentos e resultados no relatório e higienizei-me antes de visitar Charlotte, apenas ela poderia alegrar meu dia. A jovem vestia seu casual pijama rosa e já estava pronta para dormir.

"Ei, princesa!" Exclamei ao abrir a porta.

"Delphine!" Charlotte pulou da cama e correu até meus braços.

"Não está muito cedo para dormir?" Questionei ao notar o desanimo em seu rosto.

"Estou entediada, dormir parece ser a melhor opção." Respondeu cabisbaixa.

Arquitetei em segundos ligeiros um plano para nós.

"Quer vir passar o natal comigo?" Perguntei sorrindo.

"Sim! Sim! Sim!" Ela pulava entre respiros.

"Então faça tudo o que eu falar." Solicitei por fim.

Pedi para que a jovem fingisse estar dormindo, peguei-a em meu colo e a levei para fora. O segurança do andar apressou-se em nossa direção.

"Dra. Cormier, o quê aconteceu?" Ele soava preocupado, não com a menina e sim com seu emprego.

"Não conte para Aldous, mas a paciente não está bem. Antes de desmaiar, Charlotte disse que solicitou ajuda, mas ninguém a ouviu. Vou leva-la à uma clínica particular antes que Dr. Leekie saiba sobre o ocorrido." Eu era uma péssima atriz, porém meu tom era capaz de intimidar à qualquer pessoa.

O segurança não somente acreditou em minhas mentiras como também providenciou auxílio até o elevador. Ao chegarmos no carro, Charlotte volto ao normal com um sorriso extraordinário. Dirigimos até meu apartamento, onde preparei um jantar baseado em salada, carnes e legumes refogados. Na sobremesa, tomamos sorvete com xarope de caramelo. Sentamos no sofá para assistirmos algum filme natalino, porém a jovem não demorou a dormir. Com sua cabeça em meu colo, acariciei seus cabelos por certo tempo, então decidi colocá-la para dormir em minha cama. As paredes em minha volta ecoavam o som de risada inocente, e por fim, senti-me feliz novamente.

Retornei à cozinha para lavar as louças e organizar a bagunça. "O Estranho Mundo De Jack" chegava ao final quando decidi tomar uma taça de vinho. Desliguei a televisão e escolhi a lista de músicas que me levariam à Cosima em meus pensamentos. Tudo encontrava-se perfeito, tudo, exceto o fato de que minha amada estava nos braços de outra mulher.

Terminei minha bebida mais rápido do que deveria, então decidi preparar outra. Foram quatro taças. Fechei a porta de meu quarto, aumentei a música e feito marionete, dancei desengonçada no tapete da sala. A música era lenta, era Norah Jones. Entretanto, meu coração batia acelerado por algum motivo ainda não descoberto.

Após o termino da canção, ouvi batidas em minha porta. Hesitei em atender, já que o porteiro não havia interfonado, porém a curiosidade foi maior do que a responsabilidade.

Puxei a maçaneta para encontrar um rosto pálido, mas familiar.

"Cosima, o quê aconteceu?" Seu corpo estava fraco e seus olhos exaustos.

"Acho que fiz merd*." Exclamou em voz baixa.

"O quê você fez?" Questionei impaciente.

"Bom, fui visitar Charlotte, e me disseram que ela estava internada em uma clínica particular. Pensei que ela estivesse morrendo, então injetei uma das vacinas em mim." Ouvir aquilo só afirmou o quão irresponsável e impulsiva Cosima é.

"Você fez o quê? Enlouqueceu?" Busquei por seu rosto com minha mão, "Charlotte não está internada, ela está dormindo na minha cama. Eu menti para tira-la do Instituto, ela está bem."

Eu deveria ter avisado antes de trazer Charlotte para meu apartamento, mas não tinha como prever que Cosima entraria no Instituto após ser demitida dias atrás.

"Não acredito! Foi em vão?" Indagou arrependendo-se de seus atos.

Não fui capaz de suportar vê-la daquela forma.

Com certa dificuldade, levei seu corpo ao sofá e posicionei seu cabeça em meu colo. Seus olhos diminuíam, suas pálpebras pesavam, e meu coração ardia em dor.

"Quando você injetou a vacina?" Perguntei olhando em meu relógio pronta para calcular as horas para o efeito final.

"Faz uns quarenta minutos." Respondeu em voz baixa.

"Você já deve estar sentindo os primeiros efeitos! Não acredito em tamanha estupidez, Cosima." Meu tom era carregado de sermão e raiva.

"Escuta, eu fodi tudo, exatamente tudo! Eu não deveria ter seguido em frente, eu não deveria ter colocado você e Robyn nessa posição...me perdoa." Cosima soava como se aquele fosse nosso último momento juntas.

Eu a odiei por pensar em partir. E eu me odiei por odiá-la assim.

"Vai ficar tudo bem, meu amor." Tentei acreditar em minhas próprias palavras.

"Volta pra mim?" Questionou olhando meus olhos molhados.

"É claro que sim! É tudo o quê quero!" Não hesitei nem por um segundo. Aliás, tê-la comigo é o quê preciso. Entretanto, pareceu que nosso fim já havia sido estipulado por um destino macabro, "Precisamos ir ao hospital, Cos!"

"Nós duas sabemos que não vai adiantar, os órgãos entrarão em falência total em duas horas no máximo." Imediatamente lembrei dos testes que fiz com os roedores, e o resultado fatal de um deles, "Delphine, eu só passei aqui para te dizer adeus e dizer o quanto te amo."

Eu não aguentava ouvi-la falando daquela forma. Eu não queria nem ao menos pensar sobre o quê poderia acontecer com minha Cosima.

"Cala boca! Você só pode estar brincando! Não atreva me deixar agora, vai dar tudo certo." Exaltei-me ao exclamar um otimismo trivial.

Aquela foi a primeira vez que Dra. Niehaus fez o quê pedi, pois em segundos, seus lábios soltaram-se, seus olhos fecharam-se, e mais nenhuma palavra foi dita entre nós. Com sua cabeça ainda em meu colo, busquei por meu celular no bolso, solicitei uma ambulância e informei a todos sobre o ocorrido.

Em poucos minutos, a equipe médica efetuou o resgate e seguiu para o mesmo hospital onde fiquei internada. Não pude acompanhar Cosima, pois Charlotte ainda estava comigo. Guiada pelo desespero, liguei para última pessoa que pensei em ligar naquela noite conturbada, Pallo. Ele não demorou para atender ou para ajudar. Informou Robyn sobre o que havia acontecido, e a moça foi direto para o hospital. Pelo menos Cosima não estaria sozinha.

Pallo levou quarenta minutos para chegar em meu apartamento. Eu não o convidei, porém ao abrir a porta para recebe-lo, fiquei grata por ele estar lá.

"Delphine, desculpa a demora, estava dando uma festa em casa." Clarificou ao adentrar a sala.

"Tudo bem, não pensei que fosse vir aqui." Informei sem soar rude.

"Eu não te deixaria sozinha, sei o quanto Cosima significa pra você. Ela esteve em casa hoje há algumas horas atrás, não imaginei que algum ruim fosse acontecer." Explicou enquanto analisava a decoração de meu apartamento.

"Bom, você quer algo para beber?" Questionei educadamente.

"Uma água seria bom." Respondeu rapidamente.

Caminhei até a cozinha para atender ao seu pedido, quando retornei à sala, Charlotte estava sentada ao lado de meu antigo amante.

"Princesa, o quê faz acordada?" Entreguei a bebida a Pallo.

"Pensei que Cosima tivesse chegado." Retrucou cabisbaixa.

Eu não sabia exatamente o quê dizer naquele momento, não sabia se contava sobre o ocorrido ou se omitia tal para não chatear a sonolenta menina.

"Cosima está no hospital, princesa." Sem permissão, informou Pallo.

"Mas ela ficará bem!" Exclamei fuzilando-o com meus olhos.

"Você vai visita-la?" Charlotte questionou inocentemente.

"Eu gostaria, mas ficarei aqui com você." Ajoelhei para melhor estudar suas expressões.

"Del, pode ir! Fico de olho nessa mocinha." Pallo ofereceu ao analisar a menina.

"Não posso deixa-la sozinha aqui com você, ela não te conhece, eu não te conheço mais." Clarifiquei revoltada com a saia justa na qual me encontrei.

"Pode ir, Delphine! Eu fico quietinha assistindo filme." A jovem insistia com palavras e olhares.

Eu sabia que poderia confiar em Charlotte, mas a questão era: o quão responsável seria Pallo?

Depois de tirar alguns minutos para pensar, observei os dois sentados no sofá enquanto assistiam à algo na televisão. Eu não deveria me preocupar tanto assim, Charlotte estava bem e segura, por outro lado, eu não fazia a mínima ideia sobre o estado de Cosima. Por fim, resolvi aceitar a oferta de Pallo, entretanto, pedi para que ele a colocasse na cama antes das três horas da manhã, e demandei que, se caso, houvesse algo de errado ou importante, ligasse para informar.

Parti em direção ao hospital com meu coração palpitando forte, minhas pupilas estavam dilatadas e minha pele mais pálida do que o normal. Eram dois pensamentos assustadores, eram duas pessoas que eu amava muito e não desejava que nada grave acontecesse.

Ao chegar, estacionei meu carro rapidamente e apressei-me até a recepção. Para minha surpresa, Aldous já estava lá. E para o mistério engrandecer, eu não havia o informado sobre o terrível ocorrido.

Dr. Leekie caminhou comigo até a ala de observação onde Cosima estava. Ao lado de fora, Robyn e seu rosto vermelho e inchado, receberam-me em tristeza.

"Qual é o prognóstico?" Questionei preocupada.

"Bom, de acordo com seu último relatório..." Aldous iniciou, "A vacina que Cosima injetou não trará complicações físicas ou levará a falência de seus órgãos. Entretanto, como não temos o resultado final, devemos esperar. Passei no laboratório e analisei a situação dos roedores com a vacina azul, notei que o experimento é altamente promissor, mas..."

Jamais imaginaria que Aldous soubesse de tudo. Não sei como ele teve acesso aos relatórios, experimentos e cobaias. Entretanto, esse era o menor de meus problemas.

"Mas...?" Insisti para o término do suspense.

"Cosima não é um animal, ela não deveria ter feito algo tão irresponsável assim." Comentou o óbvio.

"Aldous, se você tivesse parado com tamanha teimosia e ego, não estaríamos aqui, e a cura já estaria em mãos." Afirmei raivosa.

"Delphine, Cosima tinha que entender as prioridades do Instituto. Se tudo der certo, se Cosima viver, ela ganhará o crédito merecido." Absurdo atrás de absurdo.

"Então agora você acredita nela? Em nós? Na cura?" Perguntei ironicamente, "Você passou dos limites, Aldous."

"Eu passei dos limites? Onde está Charlotte agora?" Aldous tinha uma língua rápida demais para um homem beirando a morte.

"Como você sabe de tudo isso?" Curiosa, porém indignada, perguntei.

"Delphine, eu sei de tudo o que acontece naquele Instituto. Sei o que cada funcionário ou cobaia ou cientista faz. Se você conseguiu tirar Charlotte tantas vezes da Dyad, foi porque eu permiti. Se Cosima e você chegaram tão longe com o experimento, foi porque eu permiti." Senti meu sangue borbulhar entre minhas veias. Eu queria atacar meu mentor pela falta de privacidade e exagero de poder.

"Se Cosima sair dessa, ela não somente ganhará o crédito merecido, ela será efetivada e Charlotte não irá morar em um laboratório nunca mais." Ameacei com olhos queimando brasa.

"Depois conversaremos sobre isso, agora volte para casa e cuide de Charlotte." Exigiu.

"Quero ver Cosima primeiro." Retruquei.

"Ela não pode receber visitas na observação, será perda de tempo esperar nessa sala, portanto, volte e cuide de Charlotte. Ficarei aqui para passar informações." Reivindicou racionalmente.

O estado de Dra. Niehaus não era preocupante, mas sim promissor. Eu não poderia vê-la de perto, porém decidi confiar em Aldous. Aliás, Robyn permaneceria lá.

Olhei em meu relógio, já era natal. E com grande pesar, fui embora.

*************

O amanhecer natalino nunca me trouxe felicidade, eu já sabia que o dia contaria com excesso de hipocrisia e falsidade entre familiares e amigos. Sempre achei um grande absurdo o fato de não termos a obrigação de permanecermos próximos durante todo o ano, porém quando chega o natal, todos agimos como se o afastamento e distância fossem normais, todos vivemos em harmonia por apenas um dia, e logo tudo volta a ser rotineiro, sem graça, desproporcional. Entretanto, a manhã de hoje foi diferente.

Despertei de um sono mal dormido. Tentei por muitas vezes cerrar os olhos e descansar, porém minha cabeça insistia em estar em outro lugar. Portanto, acordei exausta, fatigada e com o estômago embrulhado. Por outro lado, a pequena e radiante Charlotte observava-me com um sorriso em seu singelo rosto. Com seus dedinhos finos, acariciou meu cabelo.

"Feliz Natal." Instantaneamente, um sorriso ainda maior brotou em minha face.

"Feliz Natal, princesa." Pousei um beijo em sua mão.

Procurei por meu celular sobre o criado-mudo, não havia ligações perdidas ou mensagens de Aldous, apenas Felix, Alison e Paul haviam tentado me contatar. Digitei o número de meu mentor e em alguns segundos, ele atendeu.

"Delphine, bom dia. Estava prestes a te ligar." Sua voz soava rouca e alegre.

"Aldous, alguma novidade?" Questionei ansiosa.

"Sim! Após Cosima receber alta, voltei ao laboratório e comecei a desenvolver vacinas para implantarmos nos Bernes. Mandei um motorista buscar Charlotte para começarmos os procedimentos." Informou sem pausas.

"Como assim ela recebeu alta e você não me ligou?" A fúria mista de alivio tomou conta de meu ser.

"Como havia dito, vim para o laboratório. Toda equipe está aqui para trabalhar nas vacinas, assim que me vi disponível, peguei o celular para te ligar, porém você foi mais rápida." Explicou com toda sua paciência tirana.

"Enfim Aldous, você sabe onde Cosima está?" Algo me dizia que seu paradeiro fosse ser a casa de Robyn, então imediatamente, senti minha cabeça latejar em dor.

"A moça da noite passada a levou para casa. Delphine, escute, o motorista chegará em alguns minutos para buscar Charlotte, por favor, espere ele chegar." Demandou por fim.

"Obrigada, Aldous. Tenha um bom dia." Desliguei a ligação expulsando todo oxigênio preocupante de meus pulmões.

Olhei para a janela. O dia estava claro demais para o inverno, porém, mesmo ensolarado, era possível ver os pequenos e tímidos flocos de neve flutuando pelo ar.

"Princesa, Cosima está bem, já voltou pra casa. Um motorista virá te buscar para começarmos seu novo tratamento." Expliquei acariciando seus cabelos despenteados.

"Eu não quero ir." Contestou franzindo a testa.

"Logo você nunca mais voltará para lá, mas você precisa começar o tratamento para que isso aconteça." Busquei seu queixo com meu polegar, "Você confia em mim?"

"Confio!" Exclamou um pouco mais alegre.

Pedi para que a jovem tomasse uma ducha antes de ir embora. Vê-la em sua preparação preguiçosa trouxe um leve aperto em meu coração. Doía assisti-la partir, entretanto, eu tinha a certeza de que um dia não precisaríamos mais ter que nos despedir.

O motorista chegou em poucos minutos e fez questão de ser cuidadoso com a menina. Ao ser colocada em segurança dentro do carro, Charlotte acenou para mim com um olhar esperançoso e repleto de saudade.

Assisti o veículo luxuosos afastando-se na estrada, então suspirei emocionada, pareceu por um segundo que tudo iria, finalmente, dar certo.

Com rapidez, voltei para casa, escovei meus dentes, troquei de roupa e antes de sair novamente, notei que nenhum dos presentes haviam sido abertos. Talvez ainda não fosse a hora, talvez devêssemos esperar mais um pouco. Entretanto, busquei pela pequena caixa embaixo da árvore de natal.

Ao abrir a porta, notei também, o casaco de Pallo pendurado na poltrona. Lembrei que ao voltar do hospital, agradeci pela ajuda e insisti para que ele descansasse no sofá até o amanhecer. Entretanto, quando acordei, esqueci completamente de sua presença, e ele já não estava mais lá. Pensei em mandar uma mensagem para agradecer novamente, porém a ansiedade em ver Cosima era minha prioridade.

Adentrei meu carro e pousei a pequena caixa sobre o painel. Durante todo o percurso até o apartamento de Dra. Niehaus, ensaiei minha falas para pedi-la em casamento. Eu não queria perder mais um só segundo longe dela, mesmo com algo em mim dizendo para ter um pouco mais de calma.

Estacionei na rua, tranquei meu veículo e, desassossegada, caminhei até o apartamento onde morei. O porteiro tinha o mesmo olhar da última vez em quê o vi. Então, imediatamente, senti que Cosima não estaria sozinha de novo.

Toquei a companhia em esperança por algo bom, algo que não me destruísse mais uma vez. Entretanto, quem abriu a porta foi a bela Morena de seios fartos. Ela vestia um top e uma toalha amarrada na cintura.

Meu sangue era fogo.

Minhas intenções eram bestiais.

Entretanto...

"Olá, Robyn. Onde está Cosima?" Questionei adentrando o local.

"Está no banho." Cerrei meus olhos ao entender que as duas estavam juntas debaixo da água morna daquele minúsculo chuveiro, "Não é o quê parece, Delphine."

"Como assim?" Indaguei.

"Tomei banho antes dela, fiquei a noite toda no hospital." Suspirou, "Olha, eu já entendi que vocês duas se amam, e eu não vou ficar no meio disso. Só quero que saiba o quê tem em mãos. Cosima não merece sofrer de novo." Pausou novamente com enorme e invisível peso nos ombros, "Consigo entender o porquê meu irmão e ela são malucos por você, então espero que entenda o porquê somos malucas por Cosima."

Eu não soube exatamente o quê dizer, portanto, apenas a observei preparando-se para ir embora. Agrupou seus pertences e escreveu um bilhete pousado sobre o balcão. Logo, caminhou à porta e com um olhar machucado, despediu-se de mim.

"Robyn!" Chamei pela Morena em alta voz, "Obrigada por ter cuidado dela. Obrigada por tudo o quê fez."

"Não há o quê agradecer. Nós mulheres temos que permanecer sempre do mesmo lado, até quando nos encontramos em situações desconfortantes." Respondeu em tom ameno.

Robyn partiu e em meu corpo encontrei paz. Não por ter feito com que a Morena fosse embora, mas, estranhamente, fiquei feliz por ela ter conhecido Cosima. Robyn não era uma má pessoa, não queria nada além de amor. Senti-me culpada por odiá-la em nome do ciúme e da insegurança.

Suspirei fundo, removi meu casaco e me servi uma dose de whisky. Fiquei surpresa em saber que Dra. Niehaus não havia jogado minhas bebidas fora.

Olhei pela enorme janela da sala, busquei pela caixinha em meu bolso, tomei um grande gole de minha amarga bebida.

Em alguns instantes, eu faria o pedido que mudaria toda minha vida.

Em alguns segundos, eu faria uma proposta vital.

Em alguns minutos, Cosima Niehaus estaria em meus braços vestindo o anel por mim escolhido. 

É engraçado como as coisas funcionam...

Fui, em praticamente toda minha vida, uma pessimista. Permiti tudo o quê de bom tive, partir. Como pude aceitar e deixar tanta coisa escapar? Todavia, acredito estar pronta para mudar.

Porque...

Fui, em praticamente toda minha vida, uma realista. Todavia, ao perceber a atmosfera que me envolvia naquele momento, realizei que não havia nada além para realizar. Tornei-me uma otimista ao amar uma menina, apenas uma menina com postura de mulher e olhos cor de mar. 

Fim do capítulo


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