Melissa prestava atenção na conversa entre o avô e mais dois empresários, mas Fred a chamou baixinho após se aproximar de Enrico.

-- Morena furiosa, tem gavião de olho na sua prenda. – Enrico o empurrou, impedindo que provocasse mais a sobrinha. Melissa olhou para o fotógrafo e depois procurou a namorada, encontrando-a na companhia de um dos seus ex.

-- Que diabo Maurício está fazendo lá? – falou entre os dentes.

-- Então você o conhece? – Fred perguntou com curiosidade.

-- Claro. – saiu irritada.

-- Para que fez isso Frederico? – Enrico estava irritado, mas foi discreto.

-- Só quero que ela esqueça a jornalista e mantenha o foco na minha amiga.

-- Eu não deveria ter lhe falado nada. – puxou o namorado para um canto e disse baixinho. – Não se mete nisso, deixa que elas se entendem. Se Cristina resolver ficar com Isadora não vai ser você quem vai impedir.

-- Eu não falei nada. – cruzou os braços. – Só quero valorizar o passe da minha amiga, essa jornalista deixou passar a oportunidade dela. Parece que está torcendo para a loira. – Enrico o olhou com impaciência.

-- Eu não preciso torcer para ninguém. Cris sabe o que é melhor para ela e não vai ser minha ou sua escolha que irá influenciar.

-- Engraçado que vive falando que gosta de Camila, no entanto, basta essa loira aparecer e você se torna mais amigo dela.

-- Quer saber? Avisei que não se meta, quer arrumar uma inimiga? Vai em frente. Depois aguente o tranco com Melissa Cristina. – advertiu e saiu, deixando-o sozinho.

-- Era só o que faltava! – foi atrás do namorado. - Eu não vou deixar você se meter também.

 

***********************************************

-- Fred está com bobagens. - respondeu ponderando os comentários do amigo - Você disse que conhece bem todos aqui.

-- Sim. - sorriu - Posso falar que namorei com Cristina, mas hoje em dia seria uma "ficada". - fez uma careta. Camila respirou fundo e preferiu segurar o ciúme. - O pai dela até que é mais razoável, mas o avô... O cara é um casca grossa. - sorriu. – Meu pai sempre teve negócios com José de Alcântara. – bebeu um pouco de uísque e sorriu. – Só ele mesmo para aturar. Ultimamente tenho resolvido as coisas com Enrico, até Cristina voltar. – balançou as sobrancelhas. – Quem sabe ela não volta a me olhar como antigamente e me escolhe para pai do filho dela. – sorriu para amiga. – Então, o que faz aqui? Que história é essa de fazer parte dessa família? – Camila forçou o sorriso e olhou para o velho amigo.

-- Eu sou namorada de Melissa Cristina. - declarou com orgulho.

 

-- Oi? O que? – estava surpreso.

 

-- Oi amor... – Melissa se aproximou e abraçou a morena. – Maurício... – olhou para o homem. – Vocês já se conhecem? – Camila viu que o homem não tinha condições de explicar nada e resolveu tomar a frente.

 

-- Mel, ele e Vanessa são meus amigos desde a infância. – ela olhou para veterinária com uma expressão de dúvidas. – Querida, eles moravam perto da casa da minha mãe.

 

-- E ainda estudamos juntos. – interrompeu explicando-se.

 

-- Amigos de infância... – repetiu pensativa.

 

-- Para você ver. – Mauricio repetiu sem jeito.

 

-- E vocês são ex... – olhou dentro dos olhos azuis e concluiu. - namorados.

 

-- Foi um namorico de adolescência. – o homem tentou se explicar.

 

-- Querida, a única coisa que importa é o agora. – apertou o abraço. – Vou pegar alguma coisa para comer, você vem? – perguntou a médica. Camila entendeu e pediu licença ao amigo. – Sério isso?

 

-- O que? – segurava o sorriso.

 

-- Eu me afasto e já tem abutre sobrevoando?

 

-- Só importa o agora, esqueceu? – piscou e foi em direção a mesa.

 

Pouco antes do jantar Melissa recebeu uma ligação do amigo Júnior.

 

-- Estava aqui me perguntando o motivo do seu silêncio. – sorriu com ironia.

 

-- Oi Mel, feliz Natal! – disse animado.

 

-- Júnior... – sorriu com o entusiasmo do rapaz. – Feliz Natal! – Como estão as coisas?

 

-- Vô Eliezer juntou todo mundo, tem até música, nem parece casa de “veio”.

 

-- Júnior! – repreendeu o amigo.

 

-- Ah Mel, essa casa sem vocês duas juntas, fica chata! – a morena revirou os olhos.

 

-- João Matias, não fala assim que o vô fica triste.

 

-- Eu falei mais cedo que esse Natal estava bom igual aquele que vocês “tavam” juntas, tá ligada? Aquele que vocês namoravam e você pediu para casar. – Melissa ouvia a tudo em silêncio, lembrando-se da ocasião. – Ei, você também vai pedir para casar com Camila, não é? Só se pede para casar no Natal? – Isadora passava próximo ao amigo, no momento que ele fez a pergunta e quase se engasgou com o pedaço de bolo que estava comendo.

 

-- Mel “pera” que Isa se “intalou”, deve ter caído comida no “esgoto”, vou ajudar ela. – Melissa revirou os olhos e ouviu o rapaz falar que iria bater nas costas da loirinha e sorriu quando ela respondeu de boca cheia que iria mata-lo. – Acho que ela já melhorou. – explicou-se voltando ao telefone. As lembranças destes momentos de brincadeiras e convívio com Júnior e Isadora lhe deixou emocionada, sentia muita saudade dessa época, pior: sentia falta do convívio com Isadora e seu gênio volátil que partia da extrema doçura a explosões atômicas, em segundos. Sorriu com nostalgia e não imaginava que seu melhor amigo e tio, Enrico a observava de longe.

 

-- Ela pensa em casar com Camila e eu, particularmente, acho uma excelente ideia, mas vê-la com aquela expressão... – olhou para o filho que observava a neta. – É com Isadora que está falando? – Enrico olhou para o pai e balançou a cabeça negativamente.

 

-- Eu não sei.

 

-- Ela está com o olhar distante.

 

-- Fico imaginando como seria se estivessem juntas, sem as forças do mal. – foi irônico, queria ferir o pai que foi contra a relação das duas no começo.

 

-- Sei que não vai me perdoar por ter interferido tanto na relação delas... – sorriu com pesar. – Cristina ao me perdoar depois de tudo, principalmente depois de descobrir o que fiz com a avó dela... – olhou para neta. - E tem Isadora, mesmo com mil coisas para me prejudicar, descobriu a verdade sobre meu filho e provou minha inocência... – segurou com força a bengala como se procurasse extrair coragem dela. – Elas me ensinaram muito sobre a vida, principalmente humildade. Quantas vezes fui injusto com você por ser gay? Dizia que lhe aturava por causa do Borges e depois... Depois de tudo a vida me revela que você é um pedaço de mim. – colocou a mão no ombro do rapaz. – Eu não me importo mais com convenções, apenas quero que sejam felizes e darei meu apoio incondicional para a decisão que tomarem. – puxou o filho para um abraço e depois se afastou encarando-o. – Elas se perderam, mas talvez tenham tempo de se reencontrarem e tornar o amor ainda mais forte e sólido. – afastou-se deixando Enrico pensativo.

 

*******************************************

 

-- Júnior, você falou isso perto de Isadora? Sobre o casamento?

 

-- Não podia? Ela também vai casar. – Isadora jogou o pedaço de bolo nele que gritou. – Caramba Isa! Ela tá me batendo com bolo. – a loirinha fez sinal para ficar em silêncio, ele pareceu não entender. – Ela tá me abanando... – Isadora o olhou irritada. – Agora tá me olhando daquele jeito brabo, tá ligada? Mel, ela quer me bater... – gritou. Melissa começou a rir imaginando sua loirinha irritada, adorava quando ficava assim.

 

-- Esquece. – Isadora suspirou vencida e fez menção em sair.

 

-- Isa, você quer falar com a Mel? – a loirinha foi levada a um estado de mudez momentânea. Ela deixou o resto da comida sobre a mesa e pegou o telefone a tempo de ouvir Melissa repreendendo o rapaz.

 

-- Júnior, acredito que Isadora esteja se divertindo e dando atenção a família... – antes que ela concluísse ouviu a voz da loirinha e foi inevitável fechar os olhos e viajar naquele som.

 

-- Oi Mel, tudo bem? – ouviu a respiração da morena e sentiu seu coração disparar. – Bom falar com você hoje.

 

-- Oi Isadora... – juntou todas as suas forças para não gaguejar. – Está tudo bem por aí?

 

-- Cla... Está sim. – estavam sem assunto.

 

-- E sua mãe?

 

-- Está aqui.

 

-- Estão todos bem? – a loira pensou em falar no telefonema do pai, mas desistiu, lembrou-se do conselho do avô.

 

-- E seus pais? O senhor José?

 

-- Estão todos bem. – segundos de silêncio. – Júnior estava lhe incomodando?

 

-- Normal. – sorriu. – Ele falou para vovô que a festa não parecia mais coisa de “veio”. – sorriram.

 

-- O vô deve ter ameaçado arrancar o couro.

 

-- Sim. – estava rindo. – Disse que faria várias botas para ele.

 

-- Estou feliz que tenha vindo. – parou e pensou no que falou. – Estava preocupada com essa coisa dele ficar sozinho no Natal e... – tentou se explicar, Isadora interrompeu.

 

-- Mel...

 

-- Sim.

 

-- Feliz Natal! – preferiu não mencionar nada sobre o comentário.

 

-- Para você e toda família. – permaneceram alguns segundos em silêncio.

 

-- Então...

 

-- Boa noite!

 

-- Bom Natal.

 

-- Tchau...

 

-- Eu lhe amo. – Melissa preferiu fazer de conta que não ouviu e desligou. Isadora ficou olhando para o celular do amigo por alguns segundos, depois entregou e foi para varanda, Eliezer prestou atenção na neta e a seguiu.

 

-- Está tudo bem por lá? – ele e a neta olhavam para o céu.

 

-- Estão todos bem. – resumiu e permaneceram em silêncio.

 

-- E sua namorada? – Isadora olhou para o avô e perguntou irritada.

 

-- Vô, o senhor acha mesmo que Melissa vai se casar com aquela veterinária? – Eliezer pensou um pouco e se virou para neta.

 

-- Não perguntei sobre Melissa, quero saber de você.

 

-- O que tem eu?

 

-- Vai se casar com a sua namorada?

 

-- Não mude de foco senhor Eliezer... – repreendeu irritada. – O senhor sempre protegendo Melissa.

 

-- Não estou protegendo ninguém, apenas sendo realista.

 

-- Realista?

 

-- Isadora, você não gosta dessa moça, mesmo assim, seria capaz de casar só para mostrar a Melissa que também pode ter outra pessoa.

 

-- Não faria isso.

 

-- Faria sim. A diferença que Melissa só se envolveu com alguém que realmente lhe conquistou, enquanto você...

 

-- O que tem?

 

-- Vive aparecendo na mídia com namoradas diferentes.

 

-- Obrigada vovô, acaba de me chamar de fútil. – foi irônica.

 

-- Estou lhe fazendo pensar sobre o que quer. – respondeu com calma. – Como você pode falar de amor se não sabe o que quer?

 

-- Melissa pegava um por noite e ninguém condenava, quando sou eu...

 

-- Ela mudou... Minha filha, ela mudou pelo amor de vocês. – passou a mão pelo rosto da neta. - Pense sobre isso e mostre a ela o que realmente quer. A impressão que passa é a de que tem medo.

 

-- Medo?

 

-- Medo de lutar pelo que quer. O não você já tem, lute pelo sim. – Isadora ficou sem resposta. Eliezer sem saber falou o mesmo que seu amigo Francisco havia lhe aconselhado.

 

 

***********************************************

-- Era Isadora? – Melissa olhou para o tio e depois ao redor e viu Maurício, Fred e Camila em uma conversa animada.

-- Como sabe?

-- Eu não sou idiota, conheço você desde bebê.

-- Aquele beijo mexeu comigo... – olhou nos olhos do tio. – Ela mexe comigo, mas não consigo prosseguir.

-- Por causa de Camila? – olhou a namorada.

-- Camila é tão doce e companheira, não merece que pense em ninguém além dela.

-- Ela será infeliz se a escolher amando outra pessoa.

-- E acha que ficará como se trocar por outra? Se sentirá usada e traída.

-- Não é só por isso. – avaliou a sobrinha. – Tem medo de voltar com Isadora.

-- Medo? Eu troco Camila por Isadora, meu porto seguro pelo meu primeiro amor de infância que me abandonou do nada, isso não faz sentido. – foi irônica. – Vou fazer de tudo para ela se sentir a pessoa mais amada do mundo.

-- Fará seu melhor?

-- Claro. – respondeu com segurança.

-- Como pode fazê-la feliz se viverá sua amargura? – Melissa pensou em responde-lo, mas Enrico saiu, deixando-a sozinha.

 

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-- Mel, nós vamos subir? – Camila perguntou e despertou a morena das suas lembranças.

-- Claro. – forçou um sorriso e se aproximou mais da veterinária. – Passaremos ao lado do nosso menino.

-- Meus dois amores.

-- Falou com seu pai? – Camila estava sorrindo.

-- Ele reclamou, esperava que fosse passar as festas com ele e meu avós.

-- Amor, nós podemos passar o réveillon lá, sem problemas.

-- Não Melissa! – afastou-se olhando-a séria. – Com esse calor daqui e aquele frio de lá, seria horrível para Enzo. Ele tem poucos meses de vida, não pode mudar assim de temperatura. Expliquei isso para meu pai e vovó, eles compreenderam.

-- Tem razão. – a puxou para um abraço e beijou. – Vou pegar mais uma taça e nós subimos. – as duas mulheres seguiram para o quarto de Enzo que estava acompanhado de Gertrudes. As três brindaram o Natal com grande alegria.

-- Fico muito feliz em vê-las bem e com tantos planos para o futuro, e ainda mais feliz em cuidar do pequeno, assim como ajudei sua mãe a cuidar de você.

-- Gê, você para mim é uma segunda mãe, logo para Enzo é uma segunda vó.

-- Ave Maria! O que não falta para esse menino é avó e avô. – deu uma gargalhada. Melissa abraçou Camila que lhe deu um selinho.

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Melissa estava resistente em dormir no apartamento de Camila, preferia ficar na casa dos seus pais, com Enzo. A médica conseguiu convencê-la a ir para sua casa com a promessa de outro presente, ela estava com saudades e cansada, não queria mais perder tempo de deslocamento de um local para outro.

-- Vem Cam, estou morrendo de saudades... – choramingou puxando a médica para um abraço quando chegaram.

-- Mel, eu já volto. – afastou-se sorrindo. – Prepara alguma coisa para bebermos. – piscou e a morena saiu resmungando, mas, ao chegar a cozinha, viu um balde para colocar gelo sobre a bancada e sorriu.

-- Ela está aprontando... – disse para si mesma.

Camila trocou a roupa e preparou a surpresa que queria fazer. Melissa retirou os sapatos, deixou uma cesta com morangos sobre o centro e o balde de gelo, quando pegou a garrafa para abrir, ouviu a música começar e uma linda “mamãe Noel” aparecer dançando.

“Jingle bell, jingle bell, jingle bell rock... Jingle bells swing and jingle bells ring... Snowing and blowing up bushels of fun... Now the jingle hop has begun...” – Camila dançava e cantava, enquanto ia retirando a roupa até ficar apenas com a lingerie. Melissa estava parada, de boca aberta e sem ação. A veterinária a empurrou sobre o sofá e colocou a perna ao lado, esperando que ela soltasse a cinta-liga. Melissa despertou e sorriu.

-- Essa “mamãe” está pedindo... – ameaçou com malícia após soltar a cinta. Camila sorriu e se afastou dançando e fazendo poses sensuais. Ela abriu o sutiã e jogou em direção a morena que pegou e beijou, logo em seguida, ela saiu rebol*ndo, abaixou-se e voltou a subir, sempre de forma sensual. Ergueu novamente a perna e retirou uma meia, depois fez o mesmo com a outra perna. Voltou a rebol*r de forma sensual, passou o polegar a cada lado da calcinha e retirou, sempre descendo e se erguendo, em uma dança que deixava Melissa louca. Quando jogou a calcinha na morena, a música terminou e começou outra, mais calma e apropriada para o momento. Melissa se aproximou e lhe beijou.

-- Você é o melhor presente que a vida me deu. – Camila confessou surrando entre um beijo e outro. Melissa a olhou nos olhos, a veterinária viu um tom de azul diferente, cheio de desejo e atrevido.

-- Eu não consigo mais esperar. – beijou e puxou até o sofá.

-- Saudades desses beijos e do calor do seu corpo.

-- Vou matar essa saudade agora... – deitou a veterinária e se colocou entre suas pernas. – Gem* para mim... Deixe leva-la ao prazer. – Melissa beijou todo o corpo de Camila, demorando um pouco mais nos seios que eram sugados, beijados e acariciados com carinho. Camila gemia, estava completamente entregue a morena que desceu até seu abdômen, beijando-o e revezando com mordiscadas que causavam um misto de arrepios e prazeres inexplicáveis na médica. Desceu as mãos até as coxas torneadas e voltou até sentir a umidade que crescia.

-- Ahhh Mel... – ronronou com o prazer que sentia.

-- Mel é esse líquido gostoso que irei provar. – respondeu com malícia.

-- Amor, deixa sentir seu corpo, retira essa roupa. – Melissa se ergueu rápido e fez o que a sua morena lhe pediu, ficou só de calcinha. Camila agradeceu o fato do vestido de Melissa ser decotado e ela usá-lo sem sutiã.

-- Goz* para mim... – os olhos de Melissa estavam escuros, enquanto a expressão de Camila implorava por mais. Ela colocou a mão entre as pernas da veterinária e introduziu dois dedos, sorriu com malícia ao senti-la arquear o corpo. – Está bem molhadinha... – se colocou entre as pernas de Camila, ch*pando toda a umidade que aumentava. Seu corpo, também arqueou, ao sentir as unhas da morena arranhando suas costas.

-- Eu lhe amo... Amo muito... – foi assim, declarando-se para sua mulher, que ela gozou. Abraçaram-se forte, estavam suadas e corações acelerados.

-- Eu também lhe amo. – ficaram abraçadas, permaneceram assim por alguns minutos e foi Melissa quem quebrou o silêncio. – Estou com sede... – beijou a cabeça da médica. – Champanhe? – Camila sorriu.

-- Ela não vai saciar minha sede. – Melissa deu uma gargalhada.

-- Ainda temos uma noite inteira pela frente. – piscou e se levantou para abrir a garrafa. – Cam, acho que rolou um plágio nesta dança da mamãe Noel.

-- Não esqueci do seu sonho e muito menos das consequências sobre seu corpo. – ouviu o estampido da rolha e sorriu.

-- Viva a nossa família! – Melissa declarou enquanto servia a bebida, quando entregou a taça Camila repetiu.

-- Viva nossa família! – cruzaram os braços e beberam uma na taça da outra.

-- Cam...

-- Hum...

-- Vamos para o haras depois do almoço?

-- Imaginei que já estava certa nossa ida.

-- Eu não podia bater o martelo sem conversar com você. – respondeu acariciando o rosto da médica.

-- Mel, entenda uma coisa... – beijou a mão da morena. – Entre cidade e mato, eu sempre irei escolher mato. – riu. – Amo ficar ali, cuidando da terra e dos animais. – Melissa adorou a declaração.

-- Maravilha!

-- Eu preciso lhe pedir uma coisa, mas... – Melissa se afastou e avaliou sua expressão.

-- Aconteceu alguma coisa?

-- Precisamos conversar sobre Enzo. – Melissa riu e relaxou. – O que?

-- Pensei que já queria desistir. – sorriu e fez Camila sorrir também.

-- Sua boba... – a empurrou.

-- Boba nada, você não conhece todas as minhas habilidades, principalmente a de ser abandonada. – Camila puxou seu rosto para outro beijo.

-- Não se preocupe com isso, comigo nunca correrá este risco. – piscou e Melissa forçou o sorriso.

-- Qual o pedido? Disse que é sobre Enzo. – mudou o assunto.

-- Eu sei que não colocou o nome de Joaquim na certidão de nascimento...

-- Camila, você não precisa fazer isso.

-- Eu quero... Se nossa relação for para valer e você deixar...– segurou as mãos da morena fitando-a nos olhos. – Eu quero ser a mãe de Enzo e cria-lo com você, ao seu lado. – abraçaram-se em cumplicidade. – Eu amo vocês... – voltaram a se olhar. – São tudo para mim. – beijaram-se.

************************************

Isadora estava sentada na varanda, observava o céu enquanto terminava de beber uma taça de vinho. Eliezer a olhou e sentou ao seu lado.

-- Vai chover amanhã? – Isadora olhou para o avô com uma expressão de dúvida e respondeu sem muito entusiasmo.

-- Acho que não, o céu está limpo e estrelado.

-- Pensei que estivesse trabalhando no serviço de meteorologia.

-- Vô, eu lhe conheço... – sorriu. – Conclua.

-- O que está se passando nesta cabeça loira?

-- Muito estranho, mas... – parou e voltou a olhar o céu.

-- O que é estranho?

-- Às vezes eu sinto dores inexplicáveis, como agora.

-- Dor? – perguntou preocupado. - Onde?

-- Aqui... – apontou para o coração. – Como se eu sentisse o que estivesse passando com a Mel. – Eliezer balançou a cabeça demonstrando que entendia sobre o assunto. – E agora... – começou a chorar. – Agora eu sei que ela está lá, com outra na cama e... E aposto que vai pedi-la em casamento. – completou chorando.

-- Essa dor é ciúme? – a loira olhou para o avô, estava chorando.

-- Ciúme dói, mas isso é diferente. Eu sei que é mais forte.

-- Minha filha, por que não confessa o que sente e assume seu arrependimento?

-- Eu falei para ela que fui forçada... – antes que ela continuasse Eliezer concluiu.

-- Forçada no início, deveria ter falado a verdade e não falou.

-- Mas voltei...

-- E não ficou. Isadora, você voltou, provou e mostrou que errou, mas não ficou. Pior, depois colocou imposições.

-- Ela não levou em consideração meus esforços.

-- Assim como você não considerou aceitar Enzo. – a loirinha não teve resposta, ficaram alguns minutos em silêncio.

-- Vô, eu não terei outra chance, ela está com a senhorita perfeita. – fez careta. - Nada se compara as virtudes daquela mulher que parece ter sido moldada para satisfazê-la. – Eliezer balançou a cabeça em negação.

-- Novamente está sendo arrogante. Não adianta ter ciúme e se fazer de vítima quando quem começou a errar foi você. – levantou-se e se aproximou da pequena escada da varanda. – Quer reconquista-la? Comece reconhecendo seus erros e não tente atingir a relação delas. – olhou para neta. – Enquanto você saia em manchetes como jornalista e conquistadora de corações, Melissa sofria e até se expôs aquele bandido, e nós sabemos que se não estivesse fragilizada, nada disso teria acontecido.

-- Eu tenho culpa disso também?

-- Ela estava fragilizada, sem vontade para nada... Depois de tudo, Camila apareceu e demonstrou paciência e muito amor. – forçou o sorriso. – Ela aturou o que tinha de muito amargo e ruim, para depois aproveitar o seu lado doce e gentil.

-- Perfeito!

-- Perfeito ou não, ela levou o coração da linda morena. – fez menção em sair, mas retornou e encarou a neta. – Essa dor significa que vocês estão vivendo suas vidas, porém, estão separadas. Almas gêmeas se reconhecem e nem sempre vivem juntas, precisam lutar para isso acontecer. – Isadora observou o avô se afastar. – Perca o orgulho e amadureça, decida o que quer da vida e conheça melhor Enzo, vai se arrepender de tê-lo rejeitado.

-- Seu avô está certo. – a loirinha olhou para o lado e viu a mãe.

-- Está falando sério? Não acredito que você vai me julgar depois de apoiar seu marido.

-- Pelo menos eu fui até o fim, tentei lutar por um homem que amava, mesmo descobrindo que ele era um canalha depois. – saiu deixando-a sozinha.

-- Isadora, você a cada dia se supera. – pensou alto.

 

*******************************************

-- Dona Bruna, o seu pai não quer comer.

-- Ainda com aquela ideia de falar com Enrico?

-- Sim, ele quer telefonar para o filho. – Bruna jogou o copo na parede, e por pouco não atingiu o capataz.

-- Ele não tem filho. – tinha uma expressão dura que a deixava com aparência bem mais velha. - Aquele bastardo não é filho dele.

-- Bruna, deixe ele falar com Enrico, temos um telefone com chip descartável. Eu mesmo posso leva-lo na estrada e assegurar que a ligação não dure mais que um minuto. – a garota se aproximou de Joaquim e bateu em seu rosto.

-- Eu quem dou as cartas aqui e lhe asseguro que ele não vai ter esse telefonema.

-- Ele é diabético, pode morrer.

-- Que morra! – sorriu com ironia. – Comida tem, não come porque não quer.

-- Hohohoho... Feliz Natal para todos! – Timóteo chegou com uma caixa plástica e acompanhado de mais dois ajudantes que traziam mais comida.

-- Viu? Comida tem, ele que coma. – Bruna falou olhando para Joaquim.

-- O que aconteceu? – Bruna explicou a Timóteo a chantagem do seu pai.

-- Isso é absurdo! Você é burro Joaquim? Aqueles idiotas nos localizam em menos de um minuto por causa da sua boa ação. Sabe que aquela vaca é inteligente e está cercada de agentes.

-- Ele é diabético.

-- Que morra. – gritou.

-- Foi o que falei para ele.

-- Bem, eu não quero me arriscar em sair por aí, e também tenho diabetes, então vou comer. – Timóteo declarou abrindo as caixas plásticas.

Joaquim também queria falar com Melissa, apesar de ter notícias do filho, queria saber como ele estava em seu primeiro Natal.

-- Espero que um dia você se orgulhe de mim, meu filho. – falou para si mesmo enquanto se servia de uísque.

 

*******************************************

Camila acordou e olhou para o lado, Melissa dormia nua, ocupando quase todo o espaço da cama. Ela sorriu e pulou para cima da morena.

-- Acorda minha gata adormecida. – beijou o pescoço da morena e cantou baixinho próximo ao seu ouvido. - In the jungle, the mighty jungle, the lion sleeps tonight... Ops! – sorriu - In the jungle, the quiet jungle, the cat sleeps tonight... – Melissa sorriu e se virou para abraça-la.

-- Cat? Prefiro o lance do leão. – sorriu.

-- Yes. You are my pussycat. – beijaram-se.

-- Adoro quando fala em inglês, ainda mais quando canta. – Camila mordeu seu pescoço.

-- E eu quando ronrona... – voltou a morder o pescoço da morena. – É o sinal de que está perto de goz*r.

-- Ainda temos tempo? – perguntou manhosa.

-- Meia hora ou acontecerá o momento família. – Melissa sorriu após fazer uma careta.

-- Então posso aproveitar mais um pouco. – voltaram a se beijar.

**********************************

-- Daniel, você viu Cristina?

-- Acho que ela ainda não chegou.

-- Precisamos conversar antes do almoço.

-- Algum problema?

-- Sempre temos aquele momento família e eu queria falar sobre meu presente, antes que ela vá para o haras. – Daniel passou a mão pelo rosto.

-- Havia esquecido! – lamentou.

-- Pois eu sempre lembro dessa união fraterna que existe na família da sua esposa. – declarou com ironia.

-- Ela faz o possível e até impossível para tudo sair bem.

-- Eu não a culpo, essa irmã mais velha, filhos e o parvo do marido não são deste mundo. Minha neta que está certa quando diz que não são de Deus. – Daniel riu com o jeito do pai. – Quando Cristina chegar peça para me procurar.

-- Papai... – José parou e olhou para o filho. - Acho perigosa essa coisa de ir para o haras. Antes elas fossem visitar o pai e avós de Camila nos Estados Unidos.

-- Meu filho, acredita que resumi a segurança do local aos homens que Cristina contratou?

-- E ela deixou fazer diferente?

-- Ela não sabe da metade. Ali tem gente muito mais eficiente do que simples colonos.

-- Do que está falando?

-- Estou falando de Ulisses e seus companheiros. – deu uma gargalhada. – Ali não tem como uma mosca passar sem levar uma bala certeira.

-- Não sei se me animo ou me preocupo mais. – José sorriu e seguiu em direção ao escritório. Daniel viu sua cunhada falando ao telefone, quando ela retribuiu o olhar ele preferiu correr em direção ao escritório.

Não demorou e Enrico chegou acompanhado de Fred, estavam em uma conversa animada quando Estela os interrompeu pedindo licença, passou com uma expressão séria e indecifrável.

-- Bom dia! – Estela não respondeu e ele preferiu ignorar, mas Fred insistiu.

-- A senhora está bem? – Enrico puxou para que não provocasse a insuportável mulher.

-- Está falando comigo?

-- Não. – o fotógrafo respondeu. – Pensei que era uma conhecida, mas ela é educada, o que não é seu caso. – Enrico o puxou de novo, queria evitar briga. Antes que se afastassem Melissa chegou de mãos dadas com Camila.

-- Bom dia povo! – falou alto. Estela olhou em sua direção e não respondeu. A morena ignorou. Fred olhou para as duas e se aproximou.

-- Cam, minha “BF” preferida, como foi a noite? – Melissa olhou para namorada e sorriu.

-- Fred, por favor, você pode ser mais discreto? – Camila pediu envergonhada e Melissa deu uma gargalhada.

-- Essa história de mamãe Noel tem dedo seu né? – Enrico olhou de um para outro, sem entender.

-- Que é isso?

-- Depois lhe explico o que aprontei em resposta às provocações desta mulher. – respondeu brincando. Estela ouviu a conversa e se aproximou.

-- Provocações? Como é isso?

-- Tia, melhor não saber, existem situações que a senhora nunca imaginou.  – Melissa respondeu com o mesmo sorriso.

-- Promiscua!  – saiu quase como um grito.

-- Como assim? – Camila perguntou sem entender – A senhora nem sabe do que se trata.

-- Duas mulheres. Não basta arrumarem um bastardo “bicha” para dividir sua herança? – olhou para Enrico – O que você ensinou para minha sobrinha? Ela agora é uma mulher vulgar que gosta de...

-- Será que esse é o “momento família” que tanto falam? – Fred perguntou para Camila.

-- Sei lá. – cruzou os braços e depois sorriu com malícia. – Se for... – mostrou o relógio. - Hora do almoço, ela ganhou. – declarou apontando com a cabeça para Melissa.

-- Ela não mobilizou toda a família.

-- Ainda. Agora vai conseguir todo o IBOPE, mexeu logo com Cristina, antes fosse com meu pai ou até mesmo Daniel. – Enrico respondeu aos dois que cochichavam.

-- Tia Estela, com que direito a senhora entra na casa dos meus pais para julgar alguém? – Ester ouviu a confusão e se aproximou, Gertrudes bateu na porta do escritório e pediu a Daniel para ir até a sala. – Eu sou vulgar porque gosto de outra mulher?

-- O direito concedido a uma tia que ama a sobrinha e quer seu bem.

-- Amor? Bem? A senhora é desprovida desse sentimento, ou respeitaria mais as pessoas. Se duvidar não gosta nem da senhora mesma.

-- O que está acontecendo aqui? – Daniel interrompeu a discussão.

-- Acredito que tia Estela esteja equivocada quanto alguns significados.

-- Daniel, vocês precisam orientar melhor essa menina. – Estela alegou irritada.

-- Ela chamou Enrico de veado e achou a notícia de Melissa um absurdo. – Fred declarou incitando a confusão.

-- Que notícia? – foi a vez de Ester se manifestar.

-- Uma brincadeira entre elas a noite. – Fred falou mais baixo e envergonhando as amigas. Daniel, Ester e José se olharam e sorriram.

-- Ótimo! Agora tenho meus pais e meu avô ouvindo o que faço na cama. – resmungou baixinho.

-- Vocês concordam com isso?

-- Estela, vai cuidar da sua vida, deixa Cristina viver a dela com felicidade. – Emília, a irmã mais nova de Ester respondeu apoiando a sobrinha.

-- Emília, você está sempre concordando com Ester para puxar o saco.

-- Mel... – Camila chamou baixinho. – Este é o momento?

-- Alguma dúvida?

-- Quem ficou com o dinheiro? – Daniel perguntou baixinho.

-- Está com Enrico. – respondeu envolvendo Camila em um abraço enquanto a discussão entre os familiares rolava. – Gê, onde está Enzo?

-- Acordou cedo, foi para piscina com sua prima e depois de comer, dormiu.

-- Uma mãe que ficou longe do filho no dia de Natal. – Enrico brincou.

-- Quer ter nosso momento família? – chamou o tio para briga e ele sorriu.

-- O que aconteceu aí? – José se aproximou e perguntou baixinho, ignorando o barulho da família.

-- Vô, estamos com fome, posso resumir ou prefere saber de tudo depois?

-- Vamos almoçar. – o velho sugeriu. – A propósito, com quem ficou o dinheiro?

-- Essa grana é minha. – Melissa declarou animada, comemorando a vitória.

-- Eu concordei com você. – José respondeu implicando com a neta.

-- Papai, você encerrará a discussão para almoçarmos?

-- Deixa Ester se divertir mais um pouco. – piscou para esposa

Fim do capítulo