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An Extraordinary Love por Jules_Mari

Ver comentários: 3

Ver lista de capítulos

Palavras: 7411
Acessos: 4688   |  Postado em: 28/01/2018

Notas iniciais: Boa noite a tod@s, 

Gostaria de informar que já a alguns capítulos AEL não vem mais sendo escrita à quatro mãos, pois a Mari infelizmente não poderá mais fazer parte, diretamente, desse projeto. Mas eu (Jules) seguirei com a nossa fic até o fim. Espero contar com a companhia de vocês e receber sempre o retorno de vocês pois sempre me ajudam a melhor o meu trabalho. 
A gratidão que sinto e devo à Marina são imensos e sei que ela tem a noção disso. 
Mari, AEL sempre estará aqui para você! 

Sem mais delongas... Aqui vai mais um pouco desse incrível aniversário! 

Boa leitura! 

Ps: Teremos algumas músicas nesse capítulo e os links para as mesmas estão nas Notas Finais.

Capítulo 30 No Ordinary Love

Cosima pressionava suas unhas contra o couro do banco onde estava, denotando o quão tensa estava. Não era medo nem receio. Era a ansiedade da espera, a expectativa de finalmente ter aquilo que tanto ansiava. Aquilo que mais buscou sem nem mesmo ter a clareza da busca. Ela, aquela pessoa, aquela mulher que tanto permeava suas fantasias e abalava com todas as suas estruturas, estava ali, ao seu lado. Tão próxima que conseguia sentir, claramente o calor emanado por seu corpo.

A despeito do frio do lado de fora, o interior daquele carro estava quente, beirando ao quase insuportável, pois ambas respiravam ofegantes, despejando lufadas de ar quente que insistiam em embaçar os vidros do carro.

Ambas evitavam se olhar diretamente, apenas tendo a ciência de que estavam uma ao lado da outra, da presença quase sufocante e da necessidade gritante que lhes consumiam.

Delphine ainda tinha o sabor da pele de Cosima em sua boca após ter, sorrateiramente, lambido o lóbulo da orelha dela. Era doce e provocante na medida certa e enchia sua boca de água, como se a sede por ela só fizesse aumentar. Querer, desejar, ansiar em sorver tudo de Cosima, cada gota possível e imaginária. Estremeceu com a imagem que veio em sua mente que parecia fugir a seu controle.

O gemido da mulher a seu lado lhe indicou que ela acabara de ter o mesmo vislumbre. Sem nem se quer ter pensando ou racionalizado, haviam se conectado e ambas tiveram a certeza que estavam prestes a viver a mais surreal das experiências.

Estavam no limiar de suas forças, não sabiam se conseguiriam suportar a presença da outra sem se lançarem em seus braços, pois eram dolorosamente palpáveis as sensações que as arrebatavam. Era como se sentissem estar se tocando sem nem mesmo fazê-lo, pois a energia de uma chocava-se contra a da outra, na medida em que seus acelerados corações pulsavam. Era um verdadeiro duelo de vontades e Delphine sabia que deveria estar sendo ainda mais difícil para Cosima, pois havia outra pessoa. Queria não pensar naquilo durante aquela noite, mas era inevitável, pois havia lhe feito uma promessa que estava certa que não cumpriria, pois já não tinha mais forças e só não faria se Cosima assim o desejasse, mas as mensagens que o corpo dela lhe passava lhe diziam que ela estava na mais perfeita e completa agonia. Ansiando as mesmas coisas. Sendo dominada por um tesão absurdo e uma necessidade gritante.

E a ansiedade de viver tudo aquilo fez com que Delphine acelerasse o seu potente carro que cortava as ruas de Paris, vencendo a distância que precisavam percorrer em poucos minutos.

Felizmente (?) chegaram ao seu destino no exato instante em que Cosima estava com ambas as mãos apertando as próprias coxas e de olhos cerrados, empurrando fortemente o seu corpo contra o encosto do banco.

- Cosima? Chegamos! – Delphine a despertou.

- Hã? – Ela abriu os olhos um tanto quanto aturdida e viu o rosto do simpático manobrista que segurava a porta para que ela descesse. Virou-se para Delphine e essa lhe olhava com um misto de solidariedade e provocação nos olhos, pois ela queria deixar claro para Cosima que também não estava sendo fácil para ela.

Desceram do carro, que fora levado por um dos rapazes enquanto o outro as guiou pelo caminho de acesso ao singular restaurante que Delphine queria leva-las. Só então Cosima balançou a cabeça para tentar focar em outra coisa que não a mulher estupenda ao seu lado e mal acreditou no que seus olhos mostravam e seu estarrecimento não era nem um pouco descabido, pois estavam exatamente sob a Torre Eiffel, mais precisamente diante do pilar sul da torre e lá se via a entrada de um elevador exclusivo para...

- Le Jules Verne! – Cosima sussurrou com tom de devoção o nome daquele espetacular lugar. Olhou para Delphine e anuiu negativamente para ela, pois fazia uma breve ideia do quão sofisticado e absurdamente caro seria aquele lugar. – Não Delphine. Isso é demais! – disse se aproximando perigosamente dela.

- Cosima... – lhe segurou gentilmente pelos braços – Hoje é o seu dia. E você me permitiu leva-la nos lugares que eu mais gostava em Paris. Isso inclui esse lugar. E... – sorriu sedutoramente. Cosima se sentiu arrepiar da cabeça aos pés com a ansiedade pelo que ela diria - ... Isso faz parte do seu presente!

Cosima arregalou os olhos e entreabriu a boca tentando articular algum outro argumento, mas estava completamente impactada com o poder daquele lugar e a forma como Delphine parecia conhecê-la tão intimamente.

Sim, Cosima era fã de Jules Verne e ele lhe lembrava muito de seu pai, que lia os livros daquele autor para ela desde a mais tenra idade ao ponto dela ter se fantasiado de Capitão Nemo em um Halloween, quando tinha 9 anos de idade. Foi inevitável escancarar um saudoso sorriso e assim que Delphine a olhou nos olhos compartilhou daquela lembrança tão divertida e linda. E ambas foram tocadas pela emoção e lágrimas quiseram vir à tona. A loura sorriu e inclinou lentamente sua cabeça para o lado, se apaixonando ainda mais por ela. Começou a se questionar se isso teria um fim ou se estar com Cosima seria um constante estado de se apaixonar mais e mais a cada dia.

O suave som do elevador abrindo suas portas as despertou e o simpático senhor que o conduzia as saldou e gentilmente Delphine conduziu Cosima até ele. A viagem naquele pequeno cubículo já era uma atração a parte, pois o mesmo era panorâmico e permitia que toda a Paris fosse se desnudando para elas a medida que subia. Inconscientemente a suas mãos se procuraram, como se não conseguissem mais ficar longe.

Delphine realmente conhecia e amava cada centímetro daquela cidade, mas estava redescobrindo esse amor através dos olhos da mulher ao seu lado e isso estava lhe proporcionando uma felicidade há muito esquecida. 

Assim que atingiram o segundo andar da torre, as portas se abriram bem diante da charmosa entrada no restaurante que possuía um toldo marrom sobre uma escada curta. De cada lado havia os menus do restaurante, sendo um em francês e o outro em inglês.

 Era impossível para Cosima esconder o seu encantamento tanto que Delphine precisava conduzi-la pelo caminho a ser percorrido. Assim que se aproximaram do recepcionista e ela mencionou seu sobrenome o homem arregalou seus olhos e informou que o chef Alain Ducase estava a sua espera. A morena arregalou ainda mais os olhos e adentrou no elegante recinto e foram passando por uma charmosa sala de espera que já estava repleta de pessoas e todos ali, sem exceção olharam para elas já que era humanamente impossível não chamarem atenção já que se tratava de duas belíssimas mulheres.

Cosima pensou que fossem aguardar ali junto aos demais, porém parecia que Delphine não era esse tipo de pessoa e logo foram guiadas por entre as mesas e em direção àquela reservada para elas. E, como não poderia deixar de ser, ficava em uma das extremidades do salão justamente na quina entre duas imensas janelas de vidro e que lhes permitiam uma visão perfeita da cidade a seus pés.

Após se acomodarem o metre veio saldá-las e repassar as opções que teriam para a refeição da noite e enquanto Delphine conversava com o homem, Cosima percebeu que havia um pequeno palco montado a poucos metros dela e sobre ele haviam alguns instrumentos de corda e um microfone Shure 55SH cor de cobre, indicando que haveria um show naquela noite. Aquilo a deixou ainda mais empolgada pelo que aquela noite poderia lhe reservar. Focou em Delphine e passou a admirar como ela parecia perfeitamente à vontade naquele ambiente e o seu vasto conhecimento de vinhos era ainda mais impressionante.

- Tens alergia a algum tipo de alimento? – Delphine lhe perguntou com denotado cuidado.

- Não que eu saiba. – e se perdeu no olhar dela que a encarou por alguns segundos com um sorriso leve e voltou-se ao metre. Cosima permaneceu admirando-a e vagarosamente percorreu cada traço da face dela, contemplando cada detalhe como se pretendesse guardar tudo em sua mente. Desceu seus olhos pelo esguio pescoço dela e voltou a encontrar aquelas belíssimas pintinhas que eram uma característica dela e foi inevitável lembrar da expressão que tão bem as definiam.

“Grains de beauté...” Suspirou.

- O que disse? – Delphine a olhou curiosa e poucos segundos depois a música ambiente que tocava ali fora modificada por outra subitamente e ela percebeu que Cosima havia feito aquilo involuntariamente. E então prestou atenção na música.

- Esse idioma... – Delphine franziu a testa como se buscasse concentração – Acredito que seja...

- Português! – Cosima sorria, pois acabou de perceber o que havia acontecido ali. – E o nome dessa música é Grains de beauté, de uma cantora brasileira chamada Céu.

- A melodia e a voz são lindíssimas, mas confesso que o meu português está enferrujado. – Delphine justificou-se. – O que diz a letra? – Cosima corou lindamente enquanto ponderava. Realmente não falava português, porém como amante da boa música, havia buscado compreender o que aquela, entre outras músicas em português, queriam dizer.

- É... Algo mais ou menos assim:

“Mesmo de cara lavada
Diz que sou sua pintada
Eu já lhe disse, meu amor
Isso são grains de beauté
Que aqui estão pra ajudar você
A encontrar o caminho de casa...”

À medida que o refrão daquela música se repetia, Cosima se esforçava para traduzi-lo cantarolando baixinho e derretendo o coração da apaixonada Delphine que suspirava escancaradamente.

“Encontrar o caminho de casa...” Delphine lançou essa frase e deixou Cosima pensativa. Havia mais promessas implícitas naquelas palavras e ambas sabiam daquilo, sentiam em seus íntimos como a certeza do ar que respiravam.

- Esse lugar é fantástico Delphine – ela quis aliviar um pouco a tensão absurda entre elas. – E realmente não sei como você faz isso, mas era um lugar que eu sempre quis conhecer, desde que soube de sue existência.

- Foi um palpite. – ela respondeu – Eu presto atenção em você Cosima! – a morena engoliu em seco com aquela afirmação. – E presumi que alguém como você, uma ávida e inteligente leitora, certamente conheceria ou compreenderia a referência desse lugar. – prosseguiu calmamente – Além de eu adorar o chef que assina as criações gastronômicas daqui.

- E você, mais uma vez, acertou. – a loura sorriu – Porém, se dependesse de mim, eu jamais viria aqui, pois acho os valores exorbitantes demais. Surreais na verdade. Principalmente se pensarmos em tantas pessoas que literalmente não tem o que comer. – ela realmente falava sério, o que fez a sua professora ponderar por alguns instantes.

- Infelizmente essa é uma verdade Cosima. Mas se pensarmos na gastronomia como uma forma de arte e a compararmos com as artes plásticas por exemplo. Um Picasso ou um Cézanne custam centenas de milhões de dólares e esse preço se deve a uma série de fatores que atribuíram tais valores à arte. – Cosima ensaiou em contra argumentar, mas hesitou – Portanto o ideal é que todas as pessoas no mundo pudessem ter acesso à cultura e à arte igualmente. Mas infelizmente ainda estamos engatinhando nesse sentido.

Cosima maneou a cabeça, ponderando cada palavra que Delphine lhe dizia e chegava a ser irritantemente perfeito como ela sempre conseguia ter razão no que falava. Riu daquela constatação assim que o garçom se aproximou da mesa delas trazendo não uma bandeja, mas um carrinho com uma série de pratos.

- Tomei a liberdade de optar pela sequência de seis pratos que são sugestões do chef. – Cosima pareceu não protestar até porque muito provavelmente não saberia ao certo o que escolher. – E, por favor, não se sinta culpada pelo prazer da apreciação da boa gastronomia. – disse enquanto sacudia levemente o guardanapo de tecido cinza e o colocava no colo.

- Muito bem srtas. A nossa sequência é a seguinte: primeiro um marinado dourado de abacate com bottarga. – Serviu os pratos com pequenas porções neles. Cosima olhou curiosa para ele e Delphine percebeu a duvida pairando em seu rosto.

- Bottarga é uma iguaria que provém da região mediterrânea. Feita com ovas de determinados peixes. – piscou um dos olhos e gesticulou para que o garçom continuasse a explicar os demais pratos.

- Temos em seguida um Foie gras de pato preservado com marmelo; Scallop marinho com couve-flor e caviar de ouro... – À medida que o homem prosseguia em sua explicação Cosima se surpreendia com a quantidade de comidas e combinações que ela desconhecia completamente, mas como era um tipo de pessoa que adorava descobertas, iria se permitir provar tudo. – E, por fim e para acompanhar tais pratos um SAINT-JULIEN: Clos du Marquis, safra 2007.  – Exibiu a garrafa e Delphine a aprovou com satisfação.

- Esse vinho é fabuloso. – a loura disse enquanto esperava ser servida. Logo em seguida o garçom se retirou e ela estendeu sua taça em direção a sua aluna. – Cosima, eu queria lhe desejar um feliz aniversário lhe agradecendo... – a outra pareceu não compreender bem o que fora dito a ela – Lhe agradecer por me permitires passa-lo com você e... – hesitou verdadeiramente e tentou retomar a fala umas duas vezes, mas ficou estranhamente temerosa, se sentindo exatamente igual a mais cedo, quando mal conseguiu segurar suas lágrimas diante dela. Era intenso demais o que estava sentindo e não sabia até que ponto poderia ir com ela.

Sem mais aguentar fechou seus olhos e percebeu que seu corpo inteiro começava a tremer sutilmente e exatamente por ter fechado os olhos, não percebeu que Cosima já estava com os olhos marejados e sorria lindamente. E, tomada por uma emoção descomunal, segurou a outra mão dela e aquela grande mulher estremeceu verdadeiramente.

- Olha pra mim Delphine – sussurrou, e aquele não era um pedido e sim um comando. Para a loura, não restava mais nada além de se permitir. Lentamente abriu seus olhos e se perdeu DEFINITIVAMENTE nos olhos de Cosima.

- Cosima eu... – gaguejou e depositou a taça de vinho na mesa. Aquilo não mais importava.

- Fala para mim Delphine... Diga-me o que você está sentindo. O que você sentiu hoje no almoço, quando saiu “correndo” da mesa. Me fala, por favor.

- Eu...

- Com licença. Posso lhes servir o segundo prato? – o jovem garçom voltara para a sua função e Delphine sentiu muita pena dele, pois fora alvo do mais mortal dos olhares proferido por Cosima, levando-o a engasgar e ela a gargalhar. O rapaz havia interrompido um momento muito especial e a ira de Cosima a divertiu, mas procurou se recompor bebericando seu vinho. Ele serviu seus pratos as pressas e saiu quase tropeçando nos próprios pés.

- Tadinho Cosima. – Continuava rindo - Ele estava apenas fazendo seu trabalho. – enxugava as lágrimas com o guardanapo. – Prove o vinho. – se recompôs. Cosima cerrou os olhos e levou sua taça a boca.

- Não pense que a srta escapou de mim. – ameaçou, gerando nova gargalhada de Delphine e atraindo a atenção das pessoas mais próximas que as admiravam e viam o quanto aquelas duas pessoas estavam felizes ali naquela mesa.

E o jantar transcorreu daquela maneira, suave, romântico e divertido com Cosima tendo as mais contraditórias reações às novidades gastronômicas que estava conhecendo. Hora amando, hora quase colocando para fora o que acabara de comer.  Quando já estavam prestes a provar da sobremesa um homem de meia-idade e aparência comedida se aproximou delas e pelos trajes, Cosima presumiu tratar-se do chef daquele restaurante.

- Cosima, esse é o Chef Alain Ducasse. – O homem curvou-se e tomou a mão dela na dele e a beijou discretamente.

- Bonne nuit, mademoiselle Cosima. Espero que tenham apreciado esse menu especialmente feito para vocês. – Cosima arregalou os olhos após aquela informação. Cogitou que jamais teria dimensão de quão grande seria a influência de Delphine. E estava prestes a descobrir que estava longe de saber.

- Muito obrigada Alain! Estava tudo soberbo como sempre. – Ela o agradeceu.

- E já está tudo pronto para a apresentação. – Ele lhe informou e ela sorriu sugestivamente. Cosima a olhou curiosa e ela permaneceu com aquele sorriso nos lábios. Só então percebeu uma movimentação no pequeno palco mais adiante e alguns músicos começaram a assumir seus postos e quando já estavam prontos um homem de terno e gravata, que seria o gerente do local. subiu ao palco.

- Delphine... ? – Ela lhe questionou um tanto quanto temerosa. A outra apenas deu de ombros e então Cosima voltou-se para o palco.

- Boa noite senhoras e senhores, excepcionalmente hoje teremos uma apresentação especialíssima em nosso estabelecimento. Uma cortesia da Srta. Delphine Cormier – Ele a indicou e logo as pessoas aplaudiram discretamente. Menos Cosima, ela estava paralisada e com os olhos fixos em sua companheira.  – Bom, sem mais delongas... Le Jules Verne tem a satisfação de lhes trazer Caro Emerald! – suspiros de incredulidade ecoaram por ali e as luzes de todo o salão baixaram e um holofote focou o centro do palco onde uma belíssima e marcante figura estava parada de pé. Trajando um lindíssimo vestido preto que marcava suas curvas, usava suas tradicionais luvas e no cabelo uma lindíssima presilha em formato de uma rosa vermelha, aquela espetacular artista deu inicio a sua apresentação.

- Bonne nuit à tout le monde... E Delphine – Cosima não conseguia crer naquilo. Uma de suas cantoras favoritas estava ali, a poucos metros dela e conhecia sua professora. Será que poderia ser mais surreal que aquilo? – Gostaria de pedir a permissão de vocês para dedicar esse pequeno show a aniversariante da noite. Srta Cosima Niehaus. – Cosima agradeceu por estar sentada senão teria caído ao chão. Alternava o olhar entre aquela cantora e Delphine que lhe sorria lindamente. – E tenho certeza que não haverá “Uma Noite Como Essa!” – Logo os acordes de uma conhecida melodia tomou o lugar e contagiou a todos.

(...) I have never dreamed it

Have you ever dreamed a night like this
I cannot believe it
I may never see a night like this
When everything you think is incomplete
Starts happening when you are cheek to cheek
Could you ever dream it
I have never dreamed, dreamed a night like this (...)

 

“Supresa!” Delphine projetou na mente de Cosima que estava maravilhada. Havia se amaldiçoado por não ter podido ir ao show que aquela incrível cantora fizera em Paris nas duas ultimas noites e como se por mágica, ela estava ali, diante dela, cantando para ela, em seu dia mais especial. Delphine era realmente impressionante e imparável.

“Muito Obrigada Delphine” Lhe olhou intensamente enquanto cantarolava as ultimas frases daquela deliciosa canção. Certamente ela jamais teria sonhado com uma noite como aquela.

“E está longe de terminar” Delphine a provocou já se levantando e lhe estendendo a mão. – Dança comigo? – Cosima não conseguia crer naquele pedido. Tinha a certeza que aquele não era um devaneio oriundo de sua conexão. Estava aprendendo a identificar. E ela a estava convidando para dançar com ela em meio àquelas pessoas? Cosima riu desse pensamento conservador e desferindo o sorriso mais escandalosamente sedutor aceitou o convite assim que a segunda música teve inicio.

All it costs is just a minute now

For one dollar you can show me how
I'll take your hand and then your worries too
In just one dance I'll make your dreams come true

Don't know why you play hard to get
I'm here to kiss away any thoughts of your regret
The silk tie from Siam shows elegance and class
Handsome as the heavens that a film would never cast

 

O inicial choque de várias daquelas pessoas ali logo se converteu numa admiração intensa, pois aquelas duas mulheres dançavam com uma beleza inigualável, como se fossem parceiras de dança ha anos. Delphine conduzia aquela dança com soberba e elegância, girando Cosima, a lançando e a puxando de volta para si repetidas vezes.

Em determinado momento em que se aproximaram do palco, Delphine lançou um beijo ao vento para aquela cantora que lhe piscou um dos olhos e continuou a cantar e a encantar a todos ali com sua contagiante alegria e ao termino da música Delphine havia inclinado Cosima sobre uma de suas pernas e a puxado de volta, causando um frisson das pessoas que alternavam os aplausos para a artista no palco e para elas duas.

Quando já estavam retornando para a sua mesa e Cosima ria igual criança, a voz de Caro se fez ouvir novamente.

- Agora, se me permitem, eu gostaria de convidar a nossa benfeitora dessa noite e minha amiga, para dar uma palhinha para vocês. – Ambas paralisaram. Delphine virou-se para a cantora e a encarou com intensidade enquanto Cosima buscava seus olhos. - Delphine? O palco é seu. – Ela apertou intensamente a mão de Cosima e em seguida a ergueu para depositar um demorado beijo ali e a levou até a mesa para que sentasse.

Cosima só conseguia obedecer e esperar pelo que Delphine havia preparado para ela. Enquanto caminhava até o palco aquela cantora prosseguia em seu anuncio

– A música que a Delphine irá cantar é uma espécie de parceria nossa. Pois ela foi baseada em um poema que remonta ao século XVIII... – Delphine já estava no palco retirando o seu blazer e dobrando as mangas de sua blusa até os antebraços. – E que fora fruto de suas pesquisas acadêmicas. Esse poema é de autoria de...Evelyne Chermont – Delphine virou-se para encarar Cosima naquele exato instante e percebeu o estarrecimento dela àquela notícia. Pensou em penetrar na mente dela e tentar buscar as informações que mais queria. Pois aquele era seu plano inicial. Mas algo havia mudado. Algo intenso demais e ela decidiu deixar qualquer medo e desconfiança para depois. Não queria que nada mais atrapalhasse aquela noite e então se conteve. Segurou o microfone com uma das mãos e depositou a outra em seu bolso.

- Boa noite! Espero que estejam aproveitando o show. – olhou para os músicos ali e piscou novamente um dos olhos para Caro que havia descido do palco e pigarreou. Com um quase imperceptível aceno de cabeça, solicitou que os músicos começassem. – Essa música se chama Paris.

 

(...) Where I am

I will stand alone
I don’t need the money
I do want for much
These two hands
Never will they mourn
I’d rather you not love me
Before you want too much(...)

Cosima estava sendo violentamente tocada pelo poder da voz de Delphine, a suavidade e o tom provocativo na medida certa. A postura resoluta e estupidamente charmosa como se sempre pertencesse aquele local. Ela parecia uma verdadeira artista boemia francesa. E além de todo esse efeito existia o impacto da revelação da autoria do texto que inspirara aquela música.

Então Delphine Cormier conhecia Evelyne Chermont! Uma das mulheres que pesquisava. Uma das mulheres que mais admirava e com quem indiretamente havia sonhado. O que aquilo realmente poderia significar? Em seu intimo uma ideia começou a se avultar, mas era tão absurda que decidiu não pensar naquilo. Não naquele momento, naquela noite. Sabia que teria tempo de conversar com ela, mas ali só queria se sentir preencher pela melodiosa voz de Delphine que lhe atingia de formas indizíveis embora a letra a fizesse temer um pouco. Contudo ela tinha a certeza que o que quer que estivesse lhe acontecendo, também atingia sua professora.

Há alguns instantes atrás, ali mesmo naquela mesa, ela estava prestes a dizer o que estava sentindo e seus olhos eram os mais transparentes possíveis e ambas estavam num nível de envolvimento que não tinha mais como retornarem.

Cosima realmente duvidava se conseguiria resistir por mais tempo. Especialmente após tudo o que estava vivendo naquele dia. Continuou a encarando cantar. Dessa vez sua mente cedeu às vontades de seus desejos e então varreu o corpo de Delphine com os olhos. Salivando e se permitindo sentir e se deixar tomar pelas fantasias que lhe tiravam a razão e então o seu olhar de admiração assumiu um ar de cobiça e pura luxuria e tal gesto não passou despercebido por Delphine, pois próxima ao termino da canção, cerrou seus olhos e retirou sua mão do bolso tão somente para apertar a própria coxa, indicando que estava sendo varrida pelo desejo.

Desejo! Tesão! Agonia! Necessidade! Loucura!

A urgência uma pela outa nunca fora tão gritante quanto naquele momento. E parecia que nada mais importava. Desejaram que todos ali sumissem e só existissem elas.

Delphine encerrou a canção e fora ovacionada por aplausos mais entusiasmados e desceu do palco após agradecer aos músicos e a gentil plateia. Mas antes de retornar à mesa foi cumprimentar devidamente aquela cantora e Cosima percebeu que elas realizaram o mesmo gesto que vira sendo realizado entre sua professora e a Florence na noite do baile. Não poderia ser coincidência. Existia algo ali, naquele gesto, mais um questionamento para somar-se a tantos outros que já tinha, mas logo esqueceu essa ideia quando viu que ambas vinham até a mesa.

- Essa é a Cosima, Caro... – as apresentou.

- Muito prazer em conhecê-la. Confesso que estava ansiosa para saber quem era a pessoa tão especial que fez a Delphine mover céus e terra em pouco mais de um dia para que tudo desse certo. – a loura corou intensamente e aquelas informações lançaram uma poderosa mensagem ao coração de Cosima. – Bom, cantarei mais uma para encerrar. A garganta está cobrando seu preço. Cosima, como hoje é seu dia, tens algum pedido? – Caro virou-se para ela e ambas sorriram – Muito bem. Boa escolha! – E lhe piscou um dos olhos. Cosima não havia verbalizado nada, mas já começava a usar conscientemente suas habilidades e projetou a canção que queria que encerrasse aquela noite. Delphine lhe olhava maravilhada e voltou a segurar a mão dela na sua e juntas sentaram para apreciar a ultima canção.

(...) So let it burn, it takes its turn
One we never would allow
There is no heart that chance will break
Nothing else could ever stop us now

‘Cause I belong to you
That endless nights are far away
Are gone and you
Could never love another
And I love you too
I see it up above and now I feel the truth
I belong to you (...)

******

O silêncio que imperava no elevador que descia contrastava com o turbilhão que fazia aquelas duas mulheres estremecerem e ansiarem uma pela outra. A tensão entre elas era palpável como se pudesse ser tocada por qualquer uma daquelas outras pessoas que ocupavam aquele cubículo.

Delphine não conseguia retirar o sorriso bobo dos lábios da mesma maneira que não conseguia manter os olhos longe de Cosima que estava logo ao seu lado, com a cabeça levemente inclinada para trás, recostada no vidro e com os olhos fechados. Seus lábios se moviam quase imperceptíveis, mas ela percebia que a outra balbuciava o refrão da ultima música e se atinha a frase final dela.

“Porque eu pertenço a você...” Cosima sussurrava tais palavras, mas elas poderiam perfeitamente partir de Delphine, pois naquele instante estava completamente entregue. Toda a sua vontade estava nas mãos de Cosima, tudo nela pertencia a ela. E naquele exato instante estava pronta para se entregar como ha muito tempo não o fazia. Como só havia feito com uma única pessoa. Suspirou cerrando os olhos e quando os abriu ela lhe encarava com um misto de doçura e desejo, encantamento e paixão.

Estavam mais do que prontas.

O elevador chegou ao seu destino e todos os seus ocupantes saíram, mas curiosamente o único carro que já estava a espera era o de Delphine que demorou alguns segundos para compreender aquilo, mas assim que visualizou o sorriso de canto de boca em sua aluna, compreendeu o que havia acontecido.

O manobrista lhes entregou a chave do carro com certa expressão de confusão estampada no rosto e seguiu para atender os demais clientes que vieram no elevador junto a elas.

- Com pressa Cosima? – perguntou enquanto girou a chave entre os dedos. Ela apenas soltou um leve sorriso que, aos poucos, esmoreceu e deu lugar ao mesmo olhar do elevador. Lentamente entraram no carro e o silêncio retornou para dominá-las e as lançou numa atmosfera de tensão insuportável.

Não ousavam dizer mais nada, pois qualquer coisa poderia quebrar aquele encantamento, toda a beleza que significou aquele dia e que estava prestes a ter o seu desfecho e uma tinha receio de perguntar o que a outra queria, embora fosse mais do que certo que ambas desejavam a mesma coisa. Delphine não havia nem se quer dado a partida no carro e já começava a sentir a dor do afastamento iminente.

- Obrigada por um dos melhores aniversários que já tive. – a voz doce de Cosima a atingiu em cheio lhe fazendo sorrir de dentro para fora. – Todo o esforço e trabalho que lhe dei...

- Cosima...- sentiu a voz falhar, mas respirou fundo buscando a coragem que sempre fora um traço forte de sua personalidade mas que, próxima a ela, parecia falhar -... Eu...eu – paralisou assim que sentiu a mão de Cosima pousar em sua coxa.

- Delphine...Hoje eu me senti tão feliz e plena, como ha muito não me sentia e poder ter estado com você nesse dia, ter lhe conhecido um pouco mais, ter podido me...conectar a você desse jeito foi, sem dúvida, o melhor dos presentes. – girou seu corpo para olha-la melhor. A loura esticou os braços, com as mãos no volante e o apertou, completamente embevecida com aquelas palavras.

- Mas ainda não te dei o seu presente! – disse com expressão divertida.

- Mais presentes? Você já me presenteou demais! – o rubor tomou conta de seu rosto. O que mais aquela mulher incrível poderia lhe oferecer? Não conseguia mais pensar em nada, pois sabia que o imprevisível era o que mais próximo definia Delphine Cormier e aparentemente ela desconhecia a palavra limites.

- Para você nunca é demais Cosima! – As palavras saíram quase que por vontade própria, surpreendendo a ambas. E então Delphine decidiu se lançar naquele abismo torcendo que Cosima estivesse ao fundo para segurá-la – E o seu presente está em meu apartamento – foi cerrando os olhos à medida que ia dizendo tais palavras.

Cosima, ao contrário, arregalou seus olhos e engoliu em seco interpretando todos os significados daquela informação. E lá estava o convite velado. O pedido silencioso que reverberava profundamente em seu intimo. Recostou a cabeça no encosto do banco, baixou lentamente a cabeça e olhou intensamente para Delphine que, apreensiva, lhe esperava.

- Me leve para onde você quiser! – Fez questão de articular cada palavra com precisão e numa respiração aliviada, Delphine deu partida em seu poderoso carro, acelerando com demasiada força fazendo com que o característico som do pneu cantando ecoasse ao longe. Cosima riu da urgência quase juvenil da Delphine, mas tratou de afivelar bem o seu cinto de segurança.

Não levaram nem cinco minutos para acessarem a rua onde ficava o prédio de luxo de Delphine e Cosima observava pela janela o requinte da vizinhança e o charme das construções, tentando assim, pensar em outra coisa que não o que estava prestes para acontecer entre ambas. Estava muito longe de estar arrependida da decisão tomada, mas mesmo assim algo lhe deixava tão temerosa quanto ansiosa. Algo como um receio antigo. Um medo de se entregar aquele sentimento avassalador.

Algo dentro dela gritava por Delphine, porém um resquício de razão lhe dizia para ter cuidado ao mergulhar no Oceano Cormier. Riu desse pensamento e sabia que isso indicava que seu nervosismo estava atingindo níveis gritantes.

Entraram no estacionamento de um prédio luxuosíssimo e subiram uma rampa circular por dois andares e logo alcançaram o andar que continha uma placa com o nome dela. Olhou incrédula quando a viu estacionar seu carro ao lado de outros três, inclusive o que usaram ao longo do dia. Ela realmente tinha uma andar de estacionamento só para ela.

- Vamos? – Delphine lhe olhou docemente percebendo o nervosismo estampado no rosto tão querido. Teria ela se arrependido? - Cosima, não precisamos fazer nada que você não queira. – Disse sem conseguir esconder o pesar que tais palavras lhe causavam.

- Esse é exatamente o problema Delphine... O que eu quero! – a agonia lhe definia e fora impossível para a outra não se compadecer. De súbito soltou seu próprio cinto de segurança e quando Cosima pensou que ela se debruçaria sobre ela, abriu a porta do carro, saiu e o contornou. Abriu a porta ao lado de Cosima e, para seu total estarrecimento, abaixou-se diante dela e lhe segurou ambas as mãos entre as suas, tomando o cuidado de sempre lhe olhar nos olhos, como se, com aquele gesto, quisesse deixar claro que ela estava completamente ali, também entregue metafórica e literalmente aos pés de Cosima.

- Por favor, me ouça agora! – desferiu um breve beijo em uma das mãos dela – Eu lutei Cosima, eu tentei combater esse sentimento que surgiu no exato instante em que lhe vi, pois ele me assustou muito. VOCÊ me assustou e ainda assusta demais, não posso mentir – sentiu as lágrimas vindo à tona – Mas você é impressionante... Uma verdadeira força que vem me arrebatando e me faz só querer estar com você. – Caiu a primeira lágrima.- Beijá-la, tocá-la, senti-la, tê-la em meus braços. – voltou a beijar as mãos de Cosima e sentiu o sal de mais uma lágrima que caíra. – Mas se você me pedir para leva-la para casa ou para me afastar de você o farei. Será a coisa mais difícil que teria de fazer, mas... faria. Então... – lhe olhou suplicante – O que você quer que eu faça?

Delphine estava completamente desarmada, despida de toda a sua segurança e com todas as suas defesas baixas. Completamente exposta diante de Cosima que a encarava com uma expressão de surpresa e estarrecimento. O silêncio de Cosima gelava o sangue de Delphine que estava prestes a sufocar com a ansiedade que a consumia, mas tudo o que sentiu, tudo o que havia dito, a questão lançada fora respondida, só que não com palavras.

Num rápido movimento, Cosima desvencilhou suas mãos e tomou o rosto de Delphine trazendo-a até ela para deferi-lhe o mais apaixonado e intenso dos beijos trocados entre elas, pois acima de todo o desejo havia um sentimento muito mais intenso e antigo entre elas e o gosto de suas lágrimas se misturaram e então, tomadas pelo arrebatamento do momento, começaram a sorrir, ainda com suas bocas coladas... Riam com seus corações. E reestabelecida de suas forças, Delphine ergueu-se e a puxou contra si, novamente segurando a mão dela.

Olhavam-se encantadas enquanto o elevador exclusivo as levava até os demais andares que pertencial à Delphine e assim que as metálicas portas se abriram, em poucos passos, estavam entrando no apartamento dela. Algumas luzes foram acesas, mas só o suficiente para manter o clima acolhedor entre elas. E então Cosima varreu o ambiente com os olhos e conseguiu realmente ver Delphine em cada detalhe da decoração elegante, clássica e arrojada. Passeou pela ampla sala sob a observação atenta de Delphine que havia soltando sua mão para se dirigir até o bar e viu quando Cosima parou diante de três telas penduradas em uma das paredes do corredor.

- São originais? – Sabia que a pergunta era desnecessária, pois em se tratando de Delphine Cormier, era mais do que certo aquelas serem telas verdadeiras e certamente caríssimas. Ela realmente gostava de se cercar do que era muito bom.

- Sim são. Levei um certo tempo para juntá-los. – disse mais ao longe. – Quer beber alguma coisa? – Cosima maneou a cabeça, pois não queria se embebedar. Não naquela noite e já havia bebido no jantar. Voltou para a sala e olhou para Delphine.

- Não sei Delphine... Acho que já bebi demais! – Delphine ergueu uma das sobrancelhas e compreendeu o que ela queria dizer. Devolveu a garrafa de vinho que havia sacado de sua pequena adega e caminhou até ela, mas antes de alcança-la Cosima se afastou, não queria fugir, apenas desejava “brincar” com ela e então parou diante das imensas janelas ali e contemplou a belíssima vista dali, especialmente da Torre Eiffel, onde estiveram ha pouco tempo atrás.

- Isso aqui é lindo. – Cosima suspirou encantada, e algo ocorreu a Delphine.

- Vem comigo! Tem algo que preciso lhe mostrar e acredito que vais gostar – E antes mesmo que a morena pudesse dizer qualquer coisa, se sentiu ser levada por um dos corredores que existiam ali e que terminava na base de uma escada de metal, cujos degraus eram feitos de vidro e possuíam uma iluminação discreta e que ia sendo acionada à medida que subiam. No final da escada uma porta de espesso vidro fosco se abriu dando acesso a um outro andar. Era o terraço daquele edifício e assim que a atravessaram sentiram a fria brisa da noite.

Estavam no topo daquele prédio e para a surpresa de Cosima, o ambiente possuía uma decoração tão ou até mais sofisticada que o próprio apartamento. Numa das extremidades havia uma espécie de armação de madeira e ferro, de onde pendiam plantas trepadeiras além de inúmeros vasos pendurados nas paredes e no chão. E bem no centro e sob as plantas havia uma piscina aquecida ao lado de um ofurô. Ambos cercados por espreguiçadeiras e mesas de apoio que garantiam o conforto e o requinte. Tudo iluminado com descrição e de uma forma que proporcionavam a privacidade. Mais a esquerda havia uma charmosa estufa de vidro. Era um verdadeiro jardim suspenso em plena Paris.

- Isso é lindo Delphine! Quem cuida disso tudo? – E teve sua resposta ao vê-la abrir a estufa com uma chave que trazia no bolso e estava junto a chave de seu apartamento. Mas uma surpreendente faceta de Delphine que só aumentava o seu fascínio por ela.

Cosima adentrou na estufa e foi recebida por deliciosos perfumes de ervas, flores e rosas que geravam uma tranquilidade incrível. Mas tal tranquilidade não durou muito, pois sentiu os poderosos braços de Delphine lhe envolvendo por trás, encaixando seus corpos valendo-se de sua maior estatura. Logo sentiu seus lábios provando e explorarem toda a extensão de sua nuca e como se já não fosse provocação bastante, passou a acariciar de forma mais provocante, a sua barriga.

Ambas estavam em chamas e prestes a entrarem em ebulição a qualquer instante mas o som de leves batidas nos vidros as alertou. Eram gotas de chuva que anunciavam algo maior. Cosima estremeceu.

- É melhor entrarmos! – Delphine esfregou a lateral dos braços de Cos e voltou a guia-la pela mão de volta para o interior do prédio e assim que entraram no apartamento, Delphine virou-se para ela. – Acho que está na hora do seu presente. – Com pesar, soltaram as mãos e Cosima a viu seguir por um corredor que ela deduziu levar a seu quarto ou escritório.

Alguns instantes depois, ela retornou e tinha ambas as mãos escondidas em suas costas e no rosto tinha a expressão mais encantadora que Cosima já havia visto, levando-a a se questionar como era possível aquilo. Ela continuar se mostrando cada vez mais linda.

Ambas foram caminhando uma em direção a outra e novamente a energia poderosa que emanava de ambas voltou a envolve-las só que dessa vez de uma forma diferente pois não haviam mais barreiras entre elas e a entrega estava prestes a acontecer.

- Cosima...mais uma vez...Feliz Aniversário – e estendeu um pacote perfeitamente embrulhado num papel cor de cobre fosco com uma fita de tecido marrom. Suas mãos se tocaram no momento da entrega e uma poderosa descarga elétrica as percorreu.

A morena recebeu o seu presente e assim que o segurou, deduziu tratar-se de um livro e foi difícil esconder sua ansiedade. Delphine acertou. Ela sempre adorava ganhar livros e com exagerado cuidado (segundo uma ansiosa Delphine) ela foi desfazendo o embrulho e assim que soltou o papel no chão, se comoveu com o titulo que leu.

- Delphine eu...

- Você disse que era um de seus favoritos... – Cosima acariciava a capa de uma lindíssima edição de Mrs. Dalloway de Virginia Woolf, do qual ela retirou a citação que encerrou a sua brilhante aula da sexta-feira. Mas claro que ela já possuía tal livro e ela tinha a certeza que Delphine sabia disso, mas existia algo mais ali.

- Sim... É sim, mas eu nunca vi essa edição – girou o livro que estava protegido por uma capa plástica, o que indicava ser uma edição antiga. Olhou com certa duvida para a sua professora e essa apertava os lábios e as mãos denotando toda a expectativa que sentia. Não se conteve.

- Abra! – Cosima se comoveu com a urgência dela o com reverência o abriu. Piscou incrédula, relendo repetidas vezes o que estava escrito ali e olhou chocada e extasiada para a mulher a sua frente. Engoliu em seco e após respirar mais profundamente, leu em voz alta o que havia escrito ali.

“Chloé, não poderia existir outra pessoa que não você para receber essa primeira impressão, repleta de imperfeições e desesperos, dores e alegrias. Tudo aquilo que me proporcionaste tão intensamente. E, guarde o nosso segredo, mas... És a minha Clarissa. E espero muitíssimo que encontres esse extraordinário amor que buscas.

Com amor,

Virginia.

Era uma dedicatória, escrita a próprio punho pela Virginia Woolf em pessoa, uma das mulheres que Cosima mais admirava. Ela não acreditava naquilo. Não era apenas uma primeira edição qualquer, tratava-se do texto original, repleto de rasuras e rabiscos feitos por Virginia e por...

- Quem é Chloé!? – Não era exatamente uma pergunta, mas um questionamento, pois Cosima presumiu que Delphine não saberia. Certamente havia adquirido aquele raríssimo exemplar em algum leilão de arte ou negociação com colecionadores. Porém a pergunta atingiu a mulher loura em cheio. – Ela deve ter sido uma mulher fascinante... Para merecer tamanha honra. – Deslizava gentilmente os dedos sobre as letras.

“Ah Cosima... Como eu queria te contar tudo agora... Nesse exato momento... Mostrar-te minhas verdades e meus segredos mais profundos” Pensou secretamente para que ela não ouvisse e lembrou-se de Virginia e do dia em que recebera aquele mesmo livro em mãos. E do sentimento que não pode retribuir, pois seu coração só pertencia a uma única pessoa.

Cosima ainda contemplava embevecida o seu presente e sabia que não adiantaria recusar tal honra então ouviu os acordes suaves de uma música que lhe pareceu familiar, mas que de inicio, não reconheceu. Procurou Delphine ao seu lado e pensou que ela havia ido colocar uma música para tocar, mas se enganara. Na extremidade daquela sala, sob a penumbra, ela estava sentada ao piano. Era ela tocando... Cosima caminhou lentamente ao seu encontro, completamente capturada pelo magnetismo que provinha dela. Olhavam-se fixamente e no exato instante em que Delphine se afastou para que ela sentasse ao seu lado, iniciou as primeiras palavras daquela música que fora, finalmente reconhecida por Cosima.

 

I gave you all the love I got
I gave you more than I could give
I gave you love
I gave you all that I have inside
And you took my love
You took my love

 

E como se sempre houvessem cantado aquela musica juntas, Cosima juntou-se a ela.

Didn't I tell you
What I believe
Did somebody say that
A love like that won't last
Didn't I give you
All that I've got to, give baby

 

E a perfeição do que as unia era transmitido naquela letra.

I gave you all the love I got
I gave you more than I could give
I gave you love
I gave you all that I have inside
And you took my love
You took my love

I keep crying
I keep trying for you
There's nothing like you and I baby

 

E com o refrão da música, verbalizaram o que tudo aquilo representava para ambas.

This is no ordinary love
No ordinary love
This is no ordinary love
No ordinary love

 

Ambas tinham lágrimas em seus olhos e a emoção lhes consumia, embargando suas vozes. Delphine tocava com paixão jamais sentida e ambas se perdiam uma na outra.

Ao final da música ambas tremiam, mergulhadas naquele arrebatamento e então, a chama em seus olhos as lançou uma contra outra e teve inicio ali a perdição de ambas!

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Grains de Beuté https://www.youtube.com/watch?v=hxr0F3AbQks 
A Night Like This https://www.youtube.com/watch?v=74LXx0wSqMI 
Just One Dance https://www.youtube.com/watch?v=6QUmPZmkr4I 
Paris https://www.youtube.com/watch?v=B3aWlt81EwU 
I Belong To You https://www.youtube.com/watch?v=81h1m6wLxt0 
No Ordinary Love https://www.youtube.com/watch?v=5cVv8G7MIHY


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Comentários para 30 - Capítulo 30 No Ordinary Love:
patty-321
patty-321

Em: 30/01/2018

Me abanem por favor  mais um capítulo espetacular. Dar pra está la presenciando toda a emoção em qye elas estão mergulhadas. E realmente um amor extraordinário. Que aniversário divino a cosima teve. Del e avassaladora e poderosa demais. Pena qcacabou aí  sera mais uma longa espera. Bjs


Resposta do autor:

Nada menos que o extraordinário para essas duas! Obrigada pelo carinho.

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Liana
Liana

Em: 29/01/2018

Capítulo magnífico !!!!!

Difícil vai ser esperar até o próximo !

:) 

Parabens autora . 


Resposta do autor:

Espero que tenha valido a pena a espera.

 

Responder

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juno2018
juno2018

Em: 28/01/2018

Nossa!! Amei. Essas duas deixam a gente tensa. E que tensa a espera até Domingo!! 


Resposta do autor:

Os domingos logo chegarão! 

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