CAP.4. Isabella. O CRIME
ISABELLA
O CRIME
Adoro mesmo meu trabalho, o que eu não adoro são as ligações de madrugada, acordar sabendo que algum crime foi cometido não é muito legal. Eu estava tendo ótimos sonhos quando escuto meu celular tocar.
- Alô.
- Desculpe Delegada, mas temos um caso de urgência.
Com estas palavras acordei completamente em um instante.
- Diga oficial Fagundes, estou escutando.
- Um homicídio, porém, não um homicídio qualquer, mas, sim do senhor Augusto Baesse.
- Co..como assim?
- Morte por facada, pela esposa.
- Estou indo agora, me passe o endereço.
Não estava compreendendo como aquilo acontecera. @s Baesse são amig@s de minha família a muito tempo. Cresci com seus filh@s, Rebeca e Luiz, brincávamos junt@s sempre em sua casa que hoje é palco de um assassinato.
Atordoada levantei rapidamente, escovando os dentes enquanto vestia minhas roupas, um jeans apertado e minha adorada jaqueta de couro preto, sei que não é uma roupa costumeira para uma delegada, mas, nunca fui de trajes sociais.
Saí rapidamente do quarto, entristecida pela morte de um amigo, vou em direção a garagem do prédio que resido, subo em minha moto, uma Kawasaki Ninja ZX-14R, meu xodó, sempre a uso quando necessito chegar rapidamente a um local.
Faço o caminho em dez minutos, que por sua vez, sabia de olhos fechados. Foi o prazo de descer da moto que o oficial Fagundes aparece para me atualizar dos fatos.
- Fagundes conte-me o que aconteceu.
- Sim senhora. Recebemos uma chamada da filha da vítima que encontrou no chão da sala seu pai esfaqueado no peito, com sua madrasta segurando a faca suja de sangue. Chegamos rapidamente, não houve tentativa de fuga, mas ela alega legítima defesa.
Legítima defesa? Como assim? Pelo que me lembre ele sempre foi uma ótima pessoa, não acredito que tenha feito mal a alguém, um homem de 60 anos que casou com uma mulher de 30, não é possível que isso tenha acontecido, não acredito. Foi pensando nisso que fiz o caminho até a cena do crime, que já estava interditada, com o oficial Fagundes do meu lado.
Dentro da casa, meu amigo estava estirado no chão, com a mão no peito, ainda com os olhos abertos, sem brilho algum, sem vida, uma poça de sangue se formara, manchando sua camisa branca.
- Oficial Fagundes já levou a suspeita para a delegacia?
- Sim Delegada.
- Libere o corpo para autópsia, vou até a delegacia colher o depoimento da suspeita.
Dei meia volta. Já fora da mansão... no canto direito, sentada no chão, avistei chorando minha amiga Rebeca.
- Olá Rebeca, como você está?
- Oi Isabella, como acha que estou? Meu pai acabou de ser assassinado!
- Perdão pela pergunta, se precisar de algo é só me chamar.
- Tudo bem, eu que peço desculpas, estou nervosa. Só preciso de uma coisa, que esta mulher apodreça na cadeia.
- Se ela for mesmo culpada, pode ter certeza que farei o possível.
- Lógico que ela é, eu vi, eu vi tudo, ela ajoelhada no chão do lado do corpo do meu pai com a faca na mão.
- Compreendo... Rebeca, preciso que compareça mais tarde na delegacia para prestar seu depoimento.
- Certo Isabella, agora vou ligar para meu irmão que ainda não sabe o que aconteceu.
Saí de perto dela com meu coração na mão, peguei minha moto e fui o mais rápido que podia para a delegacia. Chegando lá, já tinham jornalistas na porta, como pode eles saberem de um crime primeiro que a delegada? Nunca vou entender como isso funciona.
Vou explicar o porquê de tanta audiência neste caso, a família Baesse é uma das mais importantes da cidade. Além de serem ricos, o casal em questão sempre teve a necessidade de transparecer para a mídia um casamento de contos de fadas, ou seja, o homem rico que se apaixona pela moça pobre e bonita, e foram felizes para sempre. Viu porque que não acredito em contos de fadas ou no amor?
Já dentro da delegacia peço para o oficial Santos preparar a suspeita para o depoimento. Entrei na minha sala e esperei intermináveis cinco minutos para que ela adentrasse pela porta. Sua imagem estava deplorável, o rosto inchado, hematoma em um dos olhos, aquela mulher linda, com os cabelos ruivos perfeitamente alinhados agora estava completamente bagunçada. A roupa estava suja de sangue e entre seus punhos, algemas, nunca pensei que veria uma cena dessa. Não era íntima de Cecília, mas, com a proximidade de nossas famílias sempre pude apreciar sua beleza, que naquele momento estava apagada. Retirei suas algemas...
-Sente-se senhora Baesse.
- Obrigada.
- Preciso colher o seu depoimento, então, necessito que me conte detalhadamente tudo que aconteceu.
- Tudo bem. Eu estava na sala de jantar, cortando a carne assada que preparei para o jantar, quando, Augusto chegou bêbado, gritando o meu nome, rapidamente fui até a sala de estar, onde ele estava, ainda com a faca na mão, o encontrei com ódio nos olhos, disse que eu estava lhe traindo, depois começou a me bater, primeiro me socou o rosto, como você mesma pode perceber, depois na barriga, não aguentei e caí no chão. Então, ele deitou em cima de mim e começou a tirar a calça, eu fiquei com muito medo e como reflexo, enfiei a faca que estava em minha mão, nele. O joguei de lado e não consegui sair de lá e nem fazer nada, só ver ele morrer. Logo Rebeca chegou e comunicou a polícia.
- Não compreendo senhora Baesse, para tod@s vocês eram extremamente felizes.
- Sim, ele me obrigava sorrir para tod@s e dizer o quão maravilhoso era meu casamento, mas, na realidade ele era muito ciumento e possessivo, e por consequência, as surras se tornaram rotineiras.
- Então, me diga, como @s filh@s do senhor Baesse não têm conhecimento sobre estes fatos?
- Porque ele me ameaçava, dizia que me mataria e depois minha mãe, se contasse para alguém, me proibiu de ter amig@s e de ver minha família, no máximo fazia ligações para dizer que estava tudo bem, como para tod@s meu casamento era considerado maravilhoso, então era fácil acreditar nas mentiras que contava.
- Certo, você ficará retida até o julgamento, já que você não tem provas suficientes para lhe soltar, uma dica que te dou, arrume um bom advogado.
- Cada surra uma joia, eu tenho muito dinheiro para pagar um bom advogado, está sendo providenciado pelo meu tio.
- Ótimo... Santos, leve a suspeita de volta para a cela.
- Sim senhora.
Deitei na cadeira, olhei para o relógio que já marcava seis horas da manhã. Nem havia percebido que passara tanto tempo. No que acreditar? Será mesmo que ela esteva o traindo? Não sei, não posso acreditar que aqueles hematomas foram feitos por Augusto, eu o conhecia, era um homem bom, caridoso e não o monstro que ela acabara de descrever. Não sei no que acreditar, agora é esperar a autópsia do corpo e o corpo de delito da suspeita, para saber perante as provas, os verdadeiros fatos.
- Quer saber, vou em casa tomar um banho, um bom banho que hoje será um longo... longo dia.
Rumei até a saída, repleta de jornalistas querendo entrevista, praticamente corri deles e subi em minha moto e fui em direção ao meu apartamento. Ao entrar em casa, o cansaço se fez presente. Fui para o quarto, retirei toda minha roupa já indo em direção ao banheiro.
- Nossa, como preciso de um banho!
Depois do banho fiz minha higiene matinal, coloquei um short e uma camiseta larga e caminhei até a cozinha, ver se encontrava algo para comer.
- Graças a Deus, a dona Cândida fez bolo de cenoura com chocolate ontem!
Dona Cândida é minha assistente do lar, ela é uma senhora muito boa e sempre cuida bem de mim, ela já deve estar chegando por sinal.
- Vou deitar um pouco, preciso descansar.
Foi o prazo de deitar que meu telefone toca, mamãe, viche, lá vem bomba.
- Bom dia Dona Tereza.
- Não me chame assim menina! Como algo assim acontece e você não me avisa, fiquei sabendo pela televisão que minha filha está encarregada da investigação de assassinato do nosso melhor amigo, meu e de seu pai.
Melhor amigo? Mamãe é mesmo exagerada, tá que el@s são amig@s da família, mas só por conta do status social, mamãe nunca gostou, digamos, de se misturar.
- Mamãe eu estava trabalhando, você queria o quê? Que eu parasse tudo que estava fazendo para te ligar?
- Lógico que sim! Eu tinha que estar lá para prestar minhas condolências a família.
- Fazer o que lá? A casa ainda está fechada por decorrência da investigação, se quer prestar suas condolências vá ao funeral.
- Mas, me diga, foi mesmo Cecília que o matou?
- Sim mamãe, foi.
- Eu sabia, sempre disse para seu pai que ela não prestava, onde se viu casar com homem com o dobro da idade, só pode ser por dinheiro, deve tê-lo matado para ficar com a herança, isso está na cara.
- Tá bom mãe, sempre soube que você era detetive.
- Para de gracinha Isabella, estou falando sério, coloque aquela mulher na cadeia
- Não sou eu que faço isso, não sou juíza.
- Você me entendeu.
- Está certo, agora me deixe dormir, levantei de madrugada e estou muito cansada, logo terei que voltar para delegacia.
- Durma, mas eu quero ser atualizada de tudo.
- Ok, ok.
Olhei para o relógio já eram quase oito da manhã, fechei meus olhos e o cansaço me consumiu.
Acordei depois de uma hora, com corpo pesado. Dona Cândida Já havia chegado, dava para ouvir barulho de panelas na cozinha. Levantei preguiçosamente, meu corpo ainda sentia a noite não dormida. Coloquei minhas costumeiras roupas e fui em direção a cozinha.
- Bom dia dona Cândida!
- Nossa menina, assim você me mata de susto, pensei que estivesse no trabalho, te vi na televisão agorinha.
- Ai, nem me lembre disso, esses jornalistas vão me matar uma hora.
- E como você está? Eu sei que você cresceu com aquela família.
Sempre Dona Cândida cuidando de mim, a única pessoa que perguntou como eu estava.
- Estou bem... é complicado.
- Precisando de qualquer coisa, estou aqui menina.
Não aguentei e dei um caloroso abraço naquela mulher, sempre tão bondosa. Desvencilhei do abraço para atender o celular.
- Fala Fagundes.
- Delegada, a senhorita Rebeca acabou de chegar para prestar depoimento... e a advogada de defesa também.
- Diga que já estou a caminho.
- Que Deus me ajude Dona Cândida, disse saindo de casa.
Fim do capítulo
Um delicioso fim de semana meninas.
Begos grandes!!!!
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