CAP.3. Gabriela. A PROSPOSTA
A PROPOSTA
Grabriela
Despertador toca, todo dia o mesmo toque, a mesma sensação. Mais um dia, como todos os outros. Penso nisso antes de me levantar. Que emocionante minha parada vida. Enfim... Vou ao banheiro fazer minha higiene matinal, e tomar um longo banho, pra ver se espanto um pouco essa falta de vontade. Me arrumo, com as costumeiras roupas, terninho preto, uma camisa branca e sapato de salto alto. Pego minha bolsa na poltrona cor de rosa, no canto do quarto e saio pela porta. Sempre me pergunto porque não dou um fim nessa poltrona, mas, não consigo, foi presente de minha mãe quando ainda estava no Ensino Médio. Naquele tempo, eu era, digamos, diferente, assim, se eu acidentalmente tacar fogo nela, minha mãe ficaria muito triste, então, finjo que ela não existe ali.
Desço as escadas, já sinto o cheiro do café que exala pela sala, como de costume, minha mãe acorda todos os dias para fazer meu desjejum, ela sempre diz que não como direito e blá blá blá. Nossa vida nem sempre foi assim, uma casa grande e um farto café da manhã, meu pai, “maravilhoso”, nos deixou quando eu era ainda um bebê. Então, continuando, minha mãe me criou sozinha, com muito esforço, limpando e lavando para outras pessoas. Sempre estudei em escola pública, mas, sempre tive o sonho, dar algo melhor pra ela. Assim, passei em uma Universidade Pública, o Escritório ao qual trabalho hoje ainda é o que estagiei “Lemes e Associados”, não entendo como as pessoas gostam de colocar seus sobrenomes em tudo, enfim, já perceberam que divago muito não é? Depois fui chamada para efetivação e no dia fiquei muito feliz, bons momentos foram aqueles. E foi pensando neles que consegui sorrir pela primeira vez naquele dia.
- Que bom, está sorrindo já pela manhã, diz minha mãe.
- Só estava me lembrando de algumas coisas.
- Lembre mais destas coisas minha filha, você verá que será bem mais feliz.
Todo dia era a mesma coisa, de um jeito ou de outro ela sempre parecia um livro entediante de auto ajuda, mas, não posso criticá-la, sou tudo que ela tem agora, a única filha.
- Estou vendo que fez o café, mas, não tenho tempo de comer, já estou atrasada.
- Nem me venha com essa, senta e come que estou mandando! Fez aquela cara risonha me dizendo que não está mandando nada, mas, pedindo para que eu coma.
- Tudo bem um café rápido, acho que dá tempo.
Comi correndo para não discutir logo pela manhã, segui para meu carro, apertei o alarme e entrei. Aquele cheiro de carro novo invadiu minhas narinas, liguei o rádio, por ligar, nunca prestava atenção nas letras das músicas. Sempre pensei demais, não dando espaço para sons ao redor.
Depois de meia hora adentro pela porta do Escritório, coloco um sorriso falso no rosto para cumprimentar a recepcionista.
- Bom dia Alice.
- Bom dia Dra. Gabriela.
Subo o elevador, que graças ao bom pai, estava vazio. E lá vai novamente, meu sorriso falso, agora era a vez de minha secretária, Ana.
- Bom dia Ana.
- Bom dia Dra. Gabriela! Doutor Francisco está lhe chamando em sua sala, para um assunto urgente.
- Tudo bem, só vou deixar as minhas coisas e já irei falar com ele. Obrigada.
Entro na minha sala, mesa, cadeira, sofá no canto, um pequeno lavabo, era ampla, não havia muita decoração, nunca tive cabeça pra isso. Era tudo que eu sempre sonhava, uma boa profissão, ser respeitada, mas hoje percebo que trocaria tudo para ter Beatriz comigo novamente.
Do nada a porta se abre, me assusto, como sempre Vínicos, meu melhor amigo, pelo menos, melhor amigo de trabalho entra, dando a louca. Foi amizade a primeira conversa, eu já estava no escritório quando ele chegou, perdido, conversamos um pouco e ele descobriu que eu sou lésbica então ele se abriu dizendo que é gay, desde aquele dia, eu sou sua maior confidente, e ele é o único neste lugar que sabe a verdade sobre mim, sem máscaras. Como eu escuto meldels!
- Gata você perdeu a festa de sábado foi maravilhosa!
- Bom dia pra você também Vini.
- Deixa disso, lá vem a carranca de novo, já disse que tem que sair dessa.
- Me nego a te escutar essa hora da manhã.
- Então nem vou te contar que eu encontrei um homem lindo, maravilhoso, ai, acho que me apaixonei.
- Sei, até a próxima festa né bicha.
- Ai não fala assim, é sério!
- Sei bem, vamos almoçar junt@s e você me conta melhor, tenho uma reunião com o Dr. Francisco.
- Ai, nada bom, nada bom. Fiquei curioso, quero saber tudinho dessa reunião.
- Tá, tá, te conto no almoço.
- Certo! Te encontro aqui na sua sala meio dia em ponto, não me deixa esperando, como sempre faz.
Falou já saindo da sala. Soltei um suspiro profundo, toda vez que Dr. Francisco me chamava era algo sério. Coloquei o melhor sorriso no rosto e segui para sala do meu chefe. Olhei para a maçaneta, de um metal brilhante, dava quase para ver meu reflexo nela, e sem muita vontade abri a porta.
- Bom dia Dr. Francisco, Ana disse que você tem um assunto sério para tratar comigo.
- Bom dia Gabriela, tenho sim, sente-se. Teremos que tratar de uma causa muito difícil que envolve uma das famílias mais influentes da cidade e só pude pensar em você.
- Obrigada pela confiança, mas, de quem estamos falando?
- Você já leu o jornal de hoje? Ou viu o noticiário da manhã?
- Ainda não, porquê?
- Pois bem Gabriela, iremos defender Cecília dos Santos, mais conhecida por Cecília Baesse, uma das maiores socialites da cidade. Pois bem, ela assassinou o marido e alega legítima defesa.
- Me desculpe Dr., mas você está dizendo que o casal de contos de fadas, que adora mostrar em público todo o amor dos dois, não era tão perfeito assim?
- Isso, pelo menos é o que alega nossa cliente, segundo ela era rotineiramente agredida pelo marido. Esse caso não será fácil Gabriela, ele era um homem muito importante e respeitado, a família já veio a público massacrando nossa cliente. Um homem de bem e da sociedade, não poderia fazer algo assim, não é mesmo? É isso que os jornais alegam. E outra, ela vem de uma família pobre, assim, ele é visto como um salvador. Será um desafio, e gostaria que você aceitasse essa empreitada.
Pensei durante uns instantes, como dizer não ao seu chefe? Não existe essa possibilidade, a pergunta era retórica, é claro, então, não havia escapatória. Com um sorriso no rosto disse:
- Aceito sim, será um desafio, mas, vamos ganhar mais esta.
- É assim que se fala! - Ele diz animado, coçando a barba – Então necessito que vá a delegacia e converse com o delegado que está investigando o caso, e também com nossa cliente, precisamos de sua versão para trabalhar nela.
- Tudo bem, vou agora mesmo.
Assim me despedi do meu chefe. Agora tenho que desmarcar o encontro com o Vini para o almoço, só faltava mais essa, ele vai me matar.
Peguei meu celular no bolso da calça e mandei uma mensagem.
- Vini não consigo te encontrar para almoçar hoje. Depois te explico.
Então, vamos lá Gabriela, mais um caso, é só mais um caso.
Fim do capítulo
Olá meninas. Boa leitura!
Beijos grandes!!!!
Comentar este capítulo:
Day Persil
Em: 26/01/2018
Ansiosa para o encontro entre elas rs
Resposta do autor:
Eu também, essas duas que não se encontram nunca.
celmb
Em: 24/01/2018
so mas um caso não Gaby... esse caso vai tira vc da escuridao!!
capitulo muito curto autora!!
Resposta do autor:
Estou escrevendo um artigo científico essa semana, meu tempo está muito reduzido, mas, prometo que semana que vem os capítulos serão maiores.
(:
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