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  • Capítulo 9 - Lembranças e (novas) memórias

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O CASO DAS ROSAS por pamg

Ver comentários: 6

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Palavras: 3638
Acessos: 4164   |  Postado em: 24/01/2018

Capítulo 9 - Lembranças e (novas) memórias

A delegada fez um gesto (galante) cedendo lugar para a que a morena passasse primeiro pela porta. Essa ainda estava em silêncio absoluto depois do beijo roubado pela delegada.

— Boa tarde, senhora Joana!

— Boa tarde, senhora! Boa tarde, advogado!

A mulher transparecia raiva, medo e angústia. Não cumprimentou as agentes. Essas, por sua vez, pouco importaram para essa falta de trato. Sabiam que a conversa que aconteceria em instantes seria fundamental para o caso.

— Minha cliente quer acesso às acusações que a filha dela está enfrentando. — Foi o advogado quem primeiro falou.
— Eu entendo, mas não podemos conceder. —  A delegada quem respondeu.

— Vamos solicitar judicialmente! — O advogado, talvez pelo nervosismo de sua cliente, aparentava empáfia.

— Direito de vocês, fiquem à vontade. —  A delegada estava incrivelmente calma e se tomou para si a responsabilidade de responder ao advogado. Enquanto isso, a morena observava a delegada e a mãe de Beatriz.

— Por que vocês estão fazendo isso com minha menina? — A mãe de Beatriz tomou a palavra chorando.

— Não estamos fazendo nada contra sua filha, senhora Joana. —  A loira continuava tomando a dianteira da situação, isso não incomodava a morena. Na verdade, estava tendo tempo para observar Joana. Queria entender se a mulher era cúmplice do ex-marido ou mais uma vítima. Achava importante identificar isso, pois se a mulher também fosse uma vítima, seria merecedora de acolhimento.

— Vocês estão transformando ela em um monstro!

— Nós? A senhora já escutou falar da menina Beth Thomas? — A loira falou capturando a atenção da morena, que saiu do seu exercício de avaliação de Joana e passou a observar com admiração a loira. Achou interessante que ela conhecesse o caso.

— A senhora não precisa responder, Joana. — O advogado alertou a cliente.

— Realmente não precisa, mas deixa eu te contar esse caso: nos anos 80, uma menina perdeu sua mãe quando tinha apenas um ano de idade. Ela e seu irmão ficaram sob a tutela do pai biológico, que abusou sexualmente das duas crianças. Os médicos identificaram os abusos e depois de seis meses as crianças foram acolhidas por uma assistente social. Pouco tempo depois, Beth e seu irmão foram adotados por um casal. Todos pensaram que estava tudo resolvido, mas Beth começou a ter pesadelos sobre “um homem que caía sobre ela e a machucava”. — A delegada fez aspas com a mão, ao falar essa última frse. — Estes pesadelos preocupavam seus pais adotivos, mas o que realmente os alertou foram certos comportamentos da menina. Ela se tornou muito violenta com eles, com o seu irmão, e chegou até mesmo a matar animais de estimação e….

— Pare com isso agora mesmo! O que a senhora está insinuando? Minha filha teve mãe e não foi abusada! — A mãe de Beatriz falou gritando com a delegada.

— Acho que essas premissas não exatamente verdadeiras, não é mesmo? Onde está seu ex-marido nesse momento, dona Joana?

— Eu sei que vocês acharam as denúncias que a tia de Beatriz fez contra meu marido. Se acharam esses arquivos, devem ter achado também o relatório que concluiu que não houve agressão sexual contra minha filha.

 

A mãe justificava pelo ex-marido. Se referiu a ele como “meu marido”, não como “ex” e isso chamou atenção da morena. Ela também não esboçou nojo ou repulsa do homem, mas sim de sua irmã, quem havia registrado a denúncia, a quem se referiu como “Tia de Beatriz”. A morena não poderia fazer um julgamento precipitado, mas os indícios de que Joana era uma mãe omissa ou cúmplice eram fortes. Tomou a palavra:

 

— Esse é fato curioso, sabe, dona Joana?! Uma criança sofre abuso sexual na infância, HAVENDO OU NÃO conjunção carnal. Caricias, imagens e filmes impróprios, exposição a atos sexuais são abusos. Trocando em miúdos, o abuso sexual infantil é quando uma criança ou adolescente é usado para gratificação sexual de um adulto ou adolescente mais velho, baseado em relação de poder, sendo induzida ou forçada a práticas sexuais COM OU SEM VIOLÊNCIA FÍSICA. No caso de Beatriz não foi possível comprovar a conjunção carnal, mas apenas isso. O que não significa que não aconteceu algum abuso. Não sei se a senhora sabe, dona Joana, mas a criança vítima desse tipo de abuso pode desenvolver uma série de comportamentos diferentes. Alguns que sua filha, de apenas 10 anos, desenvolveu, segundo nossos arquivos. Ela foi diagnosticada com depressão, repulsa ao convívio social e, embora tivesse uma inteligência fora do comum, “acidentalmente” matou 1 gato e 1 cachorro de estimação em um curto espaço de tempo. Esses são indicativos comportamentais de traumas e problemas. — Deu ênfase em algumas palavras para deixar claro sua linha de reflexão.

— Vocês deveriam conversar com seus colegas da Secretaria de Saúde, detetive. Eles vão esclarecer que depressão é uma doença. — O advogado tentou minar a exposição das agentes.  Porém, Dias não o deixou sem resposta:

— Doutor, qualquer um desses comportamentos podem ser causados por diversas situações. TODOS esses comportamentos juntos montam um quadro. E dona Joana, sabe qual é o determinante para que essas crianças se recuperem? — Agora olhava para a mãe — Ter um tratamento adequado e  o acolhimento da família.

Joana começou a chorar compulsivamente. 

— Meu marido foi inocentado! — Falou em meio aos soluços.

— A senhora já ouviu falar na síndrome do segredo? — A morena tinha cada vez mais certeza de que Joana foi omissa. A mãe de Beatriz respondeu à pergunta de Alycia com um gesto sinalizando que não conhecia a síndrome citada. Enquanto isso, a delegada, apesar da situação, estava encantada com o conhecimento da morena. Essa  prosseguiu.

— Pois bem, os abusos sexuais acontecem quase sempre em segredos. É muito comum o adulto agressor exigir que a criança seja “cúmplice”, num pacto inconsciente de silêncio, ameaçando-a que será mais punida ainda caso conte para alguém, gerando assim um medo que a paralisa diante da possibilidade de pedir ajuda. Crianças abusadas se sentem aterrorizadas, confusas e com muito medo de contar sobre o abuso. Diante da intimidação que sofrem, em geral por uma pessoa mais velha, sentem-se culpadas do abuso e, por isso calam-se.

— Eu não exigi que a minha filha se calasse sobre nada. Eu trouxe ela para esse exame, assim que fomos intimadas.

— A senhora não precisa responder à nada do que elas estão falando, Joana. Elas precisam provar cada palavra e pelo que eu percebi aqui, há uma monte de suposições e apenas isso. — O advogado falou em tom desafiador.

— A senhora não pediu, mas a senhora tem 100% de certeza que seu ex-marido agiu como a senhora? Aliás, onde ele está agora? — A loira perguntou.

— Essa conversa terminou! — O advogado foi categórico. — Nós não viemos aqui para isso. Venha Dona Joana. E Vocês. — Apontou para as agentes. — Vocês receberão notícias nossas. A mulher foi amparada por se advogado e sairam.

 

__________________________________________________________________________
—  Percebi que, à princípio, você estava analisando a mãe de Beatriz. Não acreditou que ela soubesse de algo?
— Crimes de proximidade são sempre complexos, em minha opinião. Acho que a privacidade do lar, embora necessária, acaba por privilegiar agressores. As relações de poder que permeiam um relacionamento podem acabar vitimando mais que uma pessoa dentro da mesma família. — A fala da detetive era muito profissional, mas seu tom de tristeza apontavam para algo pessoal. A delegada imaginou que ela estivesse se referindo ao relacionamento do seus próprios pais, mas achou melhor não falar nada, tinha a nítida impressão que Alycia detestava se sentir vulnerável. — Então, tentei avaliar qual era a situação dela.

— Pela forma como você direcionou a conversa, você assumiu que ela foi omissa ou cúmplice. Certo?

— Sim, não sei qual dos dois, mas sei que não é exatamente inocente. Ela tratou a denunciante, que é irmã dela, como “a tia de Beatriz” e tratou o ex-marido como “meu marido”.  Uma ou outra fala poderia ser ato falho, mas as duas falas em uma mesma frase... Não sei! Não posso afirmar, mas acho que indica oposição à denúncia da irmã, talvez até repulsa, e apoio ao ex-marido.

— Você é boa, Dias! Realmente boa! — Era um elogio estritamente profissional, a delegada estava realmente impressionada com as habilidades da detetive, mas com o contexto que envolvia as duas, o elogio assumiu o outro sentido. A morena sentiu um arrepio percorrer seu corpo,  o rosto corou e ela resolveu sair daquela sala o mais rápido possível.

— Vamos? Helena deve estar cansada de nos esperar. — Disse já abrindo a porta quase correndo. A delegada achou graça, mas nada disse, apenas seguiu a morena. Avistaram Helena no corredor. Antes de chegarem próximo da filha de Furtado, Emily disse:

— Alycia, vamos encerrar o expediente mais cedo, já são quase 17h. Você tem horas extras suficientes para sair um pouco mais cedo. Ok? E…. bom, eu gostaria muito que você saísse com a gente. Não se sinta obrigada a ir. Sei que não quer tanta proximidade comigo, ou acha que não quer… mas eu gostaria que fosse.

A morena se sentiu desconfortável com aquelas palavras.

 

— Eu vou, Emily. Eu sei que você tem uma história com a Helena, mas eu também tenho, ela é a  minha melhor amiga. Eu não faria esse tipo de grosseria. E… olha, eu não disse que não quero proximidade com você. Podemos ser amigas, não quero um relacionamento, porque não tenho espaço para isso em minha vida. Além disso, a gente nem se conhece direito e você deve ser cerca de mulheres apaixonadas, como a ruiva bonitona.

A loira ia responder, mas teve uma ideia. Além disso, estava achando graça dessa crise de ciúmes da morena. Parou em frente a sua sala e fez sinal para que Helena se aproximasse delas.

__________________________________________________________________________

— Oi, meninas! Já terminaram lá?

— Sim, vou me organizar para irmos. A Li chegou?

— Sim, saiu para atender uma ligação, mas já deve estar entrando novamente…. Olha ela lá.

 

Alycia se virou e paralisou, viu a mesma ruiva que havia saído mais cedo com a delegada. Sentiu o rosto ficar vermelho e não ousou olhar para a loira, pois sabia que ela estava se divertindo com a situação.

 

— Eu acho que vou trabalhar aqui. — A ruiva se aproximou falando em um tom amistoso.

— Essa já é a segunda vez que bato ponto aqui hoje.

— Aham! Vou é te prender aqui. — A delegada respondeu brincando. Helena riu, mas Alycia não se mexia. Estava envergonhada por sua crise de ciúmes. “Meu Deus a ruiva é a prima! Que vergonha”. Seus pensamentos foram interrompidos pela loira:

— Alycia, essa ruiva bonitona - Disse usando as mesmas palavras que a morena havia usado antes e quase não contendo o riso. — É a minha prima e amiga, Elize. Elize, essa é a Alycia Dias, a melhor detetive dessa unidade.

— E a mais bonita também. — Foi Helena quem completou. Ela falava o que de fato pensava, mas também fez isso para mexer com a morena. Alycia, até aquele momento, não sabia que era possível que sua pela assumisse aquele um tom de vermelho tão forte. Estava visivelmente constrangida. Tentou disfarçar.

— Prazer, Elize e pode me chamar de Alycia. Nada de Dias. E não acredite em tudo o que sua prima ou essa aí dizem. — Sorriu apontando para Emily e Helena.

— Olha. Minha prima e Helena não costumam errar, viu?! — A morena teve a sensação de que estavam falando de outra coisa ali… A ruiva achou graça na morena constrangida, mas achou melhor aliviar: — Veja como Emy acertou ao me chamar de bonitona!
Todas riram.

— Então, agora que todas já se conhecem, vamos? Vocês são companhias maravilhosas, mas eu cresci nessa delegacia, não tô mais a fim de passar o dia por aqui. — Foi Helena quem falou.

— Vamos, sim. — Todas responderam.

— Vou organizar umas coisas e já encontro vocês. —  A loira disse seguindo em direção a sua sala.

— Eu também. — A morena disse caminhando em direção ao QG.

— Ok, nós esperamos vocês aqui.

Alycia aproveitou os segundos sozinhas para respirar fundo e organizar sua cabeça. Sabia que precisaria se desculpar com a loira. — Além de ter entendido tudo errado, eu não tinha o direito de fazer ceninha. -  Respirou fundo mais uma vez e foi se encontrar com as “amigas?”.

Alguns minutos depois todas estavam na porta da DP e resolveram seguir para a Praça da Liberdade, que ficava há poucas quadras dali. Haviam alguns lugares gostosos no entorno da Praça para terminarem a tarde.

___________________________________________________________________________

—  Que saudade que eu estava de todas vocês! — Foi Helena quem começou falando. — E melhor do que ter a amizade de todas as vocês é poder desfrutar da companhia de todas ao mesmo tempo. Como eu senti falta de cada uma! — Disse sorrindo.

— Nossa, meu nível de glicose subiu! — A ruiva disse em tom de brincadeira e todas riram. — Também senti sua falta, baixinha.

— Baixinha é a senhora sua mãe! —  Helena revidou.

— Olha, a baixinha voltou toda nervosinha. — Todas riam. — E agora temos a companhia da famosa Alycia. — A ruiva completou.

— Eu sou famosa?

— Claro, Helena falava de você, Furtado falava de você e Emily acompanhou por muito tempo o resultado da sua pesquisa de conclusão de curso e, logo, também falava muito em você. Você tem um grupo de fãs. — A ruiva disse achando graça do constrangimento da morena.

— Calma, Aly! Relaxa, porque você está mais vermelha que um tomate. De agora em diante, prepare-se para ter por perto uma pessoa que é mais debochada que eu. — Disse Helena rindo.

— Percebi, vocês são uma dupla e tanto. — A morena falou apontando para Elize e Helena.

A loira observava a mesa a sua frente e estava sentindo o coração transbordando de felicidade. Ali estavam as pessoas que, naquele momento, mais importavam para ela. Seus pensamentos foram interrompidos por Helena:

 

— Emy, viu algum passarinho ou passarinha verde por aí? Tá com uma cara de boba! — A morena não olhou diretamente para a loira, mas sentiu ciúmes pensando que a loira estava paquerando alguém que estava no estabelecimento.

— Tá mesmo, Emy. Tá viajando. —  A ruiva incentivou.

— Vocês são chatas demais. Mas admito que foi uma passarinha. Aliás, três passarinhas. Estava olhando para vocês e pensando em como sou feliz por ter todas vocês aqui. — A morena sentiu o ar faltar. A loira sabia ser encantadora.

— Nossa, vocês vão me fazer ter diabetes. Parem com isso. Helena, conta para gente como foi o tempo fora. Gostou? — A ruiva pediu.

— Nossa! Foi muito bom, mas nada como o nosso lar, né?! Digo no sentido mais amplo mesmo, não no de casa. É bom ter sua rede apoio, seus amigos, enfim. Foi excelente, mas senti falta de tudo aqui.

— Tá pensando em fazer doutorado?

— Sim, já está tudo encaminhado, mas estudarei aqui. Não quero nem bolsa sanduiche. Agora só saio do Brasil à passeio. Na maioria do tempo, estudar fora é muito bom, mas tem alguns momentos que sei lá…

— Esse “sei lá” tem a ver com rabo de saia? — A loira perguntou.

— Pensei o mesmo. — A ruiva cutucou.

— Mais ou menos.

Helena passou os minutos seguintes contando suas desventuras amorosas. Havia encontrado a pessoa que ela acreditava ser amor da sua vida, uma espanhola, mas não estava disposta a ir para a Espanha e a mulher não estava disposta a vir para o Brasil. Então, após o fim do curso, se separaram. O jeito brincalhão de Helena deu lugar a um ar triste.

— Sei como é isso, mas, às vezes, isso é providência divina para que você conheça o verdadeiro amor da sua vida. — A loira tentou não olhar para a morena, sentia que estava sendo observado ela.

 

— É, a Emy tá certa! Você lembra como ela sofreu naquela época e agora tá aí toda apaix….Toda certa de que o mundo dá voltas.

Alycia novamente ficou vermelha, primeiro porque entendeu a indireta e, segundo, porque estava curiosa sobre essa “tal época” em que loira sofreu, mas preferiu não perguntar sobre.

— E você Alycia, também é do grupo dos desiludidos. —  A ruiva tentava fazer a morena se abrir.

— Talvez. De um jeito diferente sou sim, na verdade. Eu acredito no amor, mas não para mim.

— Como assim?

— Ela não acredita que pode amar ou ser amada. — Foi Helena quem respondeu. Alycia olhava para um ponto ao longe.

— Mas você não pode crer em algo que não depende de você. Ser amada depende de outras pessoas, não de você. — Foi Emily quem falou, trazendo a atenção da morena de volta para a conversa. Se olharam e a morena respondeu.

— Talvez, mas não posso corresponder.

— Porque?

— Ela acha que não tem mais coração. — Helena interveio novamente.

— Mais ou menos isso. Na verdade, eu acho que o amor deixa as pessoas vulneráveis e o resultado da vulnerabilidade nem sempre é bom.

— Nossa! Isso é muito radical! — A ruiva disse, sentia-se triste por sua prima, percebeu que ela teria muito trabalho para conquistar a morena. Continuou. — Eu não posso te julgar, sabe?! Na verdade não nos conhecemos muito bem e tal, mas acho que é bom você pensar que só temos uma vida, sabe?! As pessoas quase nunca morrem de amor, você é uma pessoa independente, ao que parece, bonita, competente, inteligente, se algum relacionamento não der certo, você vai se machucar, mas vai sobreviver e o melhor, vai viver. Olha a Helena, ela tá triste, mas tá viva e me arrisco a dizer que está feliz por estar aqui com a gente.

— Sem dúvida! — Helena afirmou.

— Quanto mais círculos de convivência você tem, mais apoio e oportunidade de ser feliz você tem. — A ruiva completou sua reflexão.

— É, talvez…. Não sei.

— Você está na companhia das pessoas mais legais desse mundo, vamos colorir sua vida. — A ruiva disse, selando delicadamente o início de uma amizade.

— E também a pessoa mais modesta do mundo. — A loira zombou da prima.

— Fala sério! Somos as mais legais sim. — Helena concordou com a ruiva.

“Realmente formavam uma dupla animada.” —  A morena pensou.

Nas horas seguintes, foram mudando de assunto e falaram muita besteira. Riram até a barriga doer. Alycia não lembrava de ter tido momentos tão agradáveis assim. Não em grupo. Amava Furtado e sua filha, passou muitos dias e tardes agradáveis com eles. Mas nunca com um grupo de “amigas?”.

— O papo tá bom, mas já são quase meia-noite e Alycia e eu estamos trabalhando em um caso bem desgastante. É melhor irmos, precisamos descansar.

— Emily tem razão. Foi muito bom, mas já vou chamar um Uber. — A morena anunciou.

— De jeito nenhum! Eu te levo. — A delegada assumiu aquela postura segura que arrepiava a morena, mas ela ainda tentou protestar:

— Não precisa.

— Claro que precisa, eu pedi para te buscarem hoje de manhã, eu te levo, minha responsabilidade. Além disso, será um prazer! — Sorriu com leveza, não havia qualquer segunda intenção em sua oferta e Alycia percebeu.

— Vai com ela, Alycia. Eu moro perto de Elize e vou pegar uma carona com ela. Assim, nós todas chegamos seguras em casa.

— Tudo bem. — A morena cedeu.

— Gente, vamos encontrar no final de semana de novo? — A ruiva falou animada.

— Claro. — Helena respondeu.

— Uai, eu topo. — Emily concordou.

Olharam para Alycia que não havia dito nada ainda.

— O que? Eu também? — A morena parecia confusa.

— Claro! Você faz parte de uma gangue agora. — Elize falou risonha.

— Okay. Okay.

— Vamos? — A loira chamou a morena.

Todas se despediram prometendo que se reuniriam no final de semana. Helena ficou responsável por pensar no programa e avisar a todas. Alycia e Emily foram caminhando até a delegacia. A loira havia deixado o veículo no estacionamento.

Emily decidiu não forçar nenhum assunto com a morena. Essa por sua vez começou a falar do caso em que as duas trabalharam juntas. Pegaram o carro e seguiram em direção ao apartamento de Alycia sempre falando sobre  Beatriz.

Chegaram.

— Você quer subir.

— Não, obrigada. Trabalhamos cedo amanhã, mas obrigada pelo convite. Na verdade, quero falar duas coisas para você.

— Emily.

— Shiii…  Calma, a primeira coisa é sobre minha família. Meu pai faleceu quando eu tinha 13 anos. Ele estava muito doente. Quando ele se foi me senti  triste e aliviada. O sofrimento dele me fazia mal, fazia mal para minha mãe e, principalmente, fazia mal para ele, por isso eu fiquei aliviada. Por muito tempo me senti culpada por esse alívio. Pensei que havia gostado da morte dele. Hoje entendo melhor isso. A segunda coisa é sobre você, é que quando você está falando, ainda que seja sobre o caso horripilante em que estamos trabalhando, me sinto em outra dimensão. Parece que o mundo ao redor para.

— Emily… eu…

— Shii… Eu estou te falando isso porque você disse que não sabe nada sobre mim, que não me conhece. Eu quero mudar isso. Agora você já sabe de duas coisas sobre mim. São duas coisas que só você sabe…. E Alycia, eu não quero mais roubar seus beijos. Quero ganhá-los. E vou esperar isso acontecer. Boa noite! Fica bem!

Elas se olharam por alguns instantes, a loira não disse mais nenhuma palavra. Alycia saiu do carro desejando boa noite para a loira. Não conseguiu falar mais nada, estava encantada e, ao mesmo tempo, tocada pela atitude da delegada.

Quando Alycia estava abrindo a porta da sua casa, sentiu o celular vibrar e quando foi verificar era uma mensagem da delegada:

Terceira coisa:quando sinto seu perfume ou te vejo em qualquer lugar, fico sem respirar por alguns segundos. E isso acontece sempre. Sempre.


Fim do capítulo


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Comentários para 9 - Capítulo 9 - Lembranças e (novas) memórias:
Mascoty
Mascoty

Em: 21/02/2018

Eita! Alicia agora esta perdida rss! ainda mais com essa dupla casamenteiras helena e Elize! mas prmeiro ela tem que superar seus fantasmas para conseguir da uma chance ao amor da delagada!

Gostei do interrogatorio da mae da Betariz, isso acontece muito crianças sendo abusadas por familiares e a propria mae ignora o fato e ainda da desculpas pelo parceiro!

Gostando muito de suas abordagens  no assunto! você esta de parabens

bjs

Mascoty


Resposta do autor:

Estou adorando ler seus comentários, Mascoty! :)
É gostoso acompanhar suas impressoões a cada capítulo. Espero que continue lendo e curtindo!
Um bjo e seja bem-vinda, querida!

 

Responder

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rhina
rhina

Em: 29/01/2018

 

Olá 

Boa noite 

É um imenso prazer ler sua história. 

Rhina

Responder

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mtereza
mtereza

Em: 27/01/2018

Sinto que a Alycia não irá resistir muito tempo

Responder

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Socorro
Socorro

Em: 25/01/2018

Essa DELEGATA não é mole não... amei sua atitudes ..Vai ter um trabalhinho com a morena e no final vai ser bom d++

Quero a morena roubando beijossss viu autora...

To adorando tudo isso... volte logo... bjs


Resposta do autor:

Ainda vai ter beijo demais nessa estória ahahahha <3

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Day Persil
Day Persil

Em: 25/01/2018

No Review

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patty-321
patty-321

Em: 25/01/2018

Te joga alicia. Ela vai aprender a se permitir ser feliz. Bjs


Resposta do autor:

Acho que a Emily vai ajudá-la a se jogar  :)

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ik felix
ik felix

Em: 24/01/2018

A Alycia tem que se permitir mais. E seguir o conselho da Elize. Abraço e até o próximo!


Resposta do autor:

Eu tenho quase certeza que ela vai seguir sim :)

Responder

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Rita Dlazare
Rita Dlazare

Em: 24/01/2018

No Review

Responder

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