Capítulo 4
Como que notando meus segundos de transe momentâneo, rapidamente o médico tratou de me trazer um copo de água com açúcar o qual tomei rapidamente. Percebendo que já havia saído do estado de torpor em que me encontrava, o médico tratou de explicar melhor a cerca da minha condição de saúde.
--Srta. Bárbara, entendo que sempre há um choque inicial quando uma pessoa descobre que está com uma Infecção Sexualmente Transmissível, mas não há o que temer visto que é curável... Você está com blenorragia também conhecida popularmente como gonorreia, nada que o tratamento a base de antibióticos e mudanças no estilo de vida não resolvam. Com relação ao problema do fígado, não recomendo nenhuma medicação visto que ainda é algo bastante superficial, você suspendendo o uso de álcool, a regeneração completa do seu fígado estará garantida.
--Doutor, muito obrigada pela paciência em explicar o que se passa com o meu organismo, se possível, gostaria que o Sr. não comentasse absolutamente nada do meu diagnóstico com os meus pais. Eles são muito religiosos, não quero nem imaginar qual seria a reação deles.
--Não se preocupe, Bárbara. Foi por esse motivo que preferi ter essa conversa em particular.
--Muito obrigada mesmo, não sei nem lhe agradecer... -disse contente.
--Você tem muita sorte, mocinha. A doença foi detectada ainda na fase inicial, então alguns danos puderam ser evitados, amanhã mesmo você terá alta, no máximo em duas semanas você estará completamente curada. Deixarei a sua receita com a Dra. Paula que é a nossa psicóloga aqui do hospital para evitar que seus pais descubram sobre a doença. Tome os antibióticos no horário correto e tudo ficará bem, não esquecendo é claro do uso de preservativo antes de qualquer relação sexual. -o médico dizia enquanto evoluía no meu prontuário, retirando-se em seguida.
Depois da explicação médica, a sensação era muito melhor do que ter ganhado na loteria. Nessa hora acreditei sem pestanejar que Deus não havia esquecido de mim, muito pelo contrário, ele estava me dando uma oportunidade para um novo recomeço, para que eu me tornasse um novo ser humano e não um ser medíocre e vazio. Os meus sentimentos eram mesclas de felicidade por saber que eu não tinha uma doença mais grave, felicidade por saber que poderia recomeçar, esperança, enfim, estava repleta de sentimentos bons dentro de mim.
Apesar de ser obrigada a passar o restante da quarta-feira em um hospital, pela primeira vez estava me sentindo feliz por vê toda preocupação, amor e cuidado que meus pais me tratavam, me sentia muito amada e protegida com os dois bem ali do meu lado.
Não demorou para que a quinta-feira chegasse com tudo. A parte mais difícil foi os meus pais me deixarem sozinha por alguns minutos a fim de que eu pudesse pegar a receita médica no consultório da psicóloga. Felizmente meu pai precisou ir trabalhar, e, com muito custo convenci minha mãe de que ficaria bem a esperando na recepção enquanto ela fosse rapidamente à lanchonete.
Aproveitando esse tempinho que ficaria sozinha, me dirigi até o local onde a Dra. Paula ficava, entretanto, quando adentrei no consultório, não havia ninguém lá. Permaneci ali por mais de dez minutos com a esperança de que alguém adentrasse o local, acabei desistindo. Quando estava me aproximando da maçaneta para procurar pelo médico que me atendeu no dia anterior, eis que alguém abre a porta violentamente acertando em cheio a minha testa.
--Aaaiiiih! -foi a única coisa que consegui explanar enquanto segurava o galo que já começava a se formar na minha testinha.
--Desculpa aí loirinha, mas não tenho bola de cristal pra imaginar que você estava bem atrás da porta, na verdade nem sabia que haveria alguém no consultório uma hora dessas. -uma moça morena e branca, bastante jovem, disse me ajudando a sentar em uma confortável poltrona que havia ali.
--Estou procurando a psicóloga Paula Barretos, sou paciente do doutor Humberto Campos, e ele deixou a minha receita com ela. -respondi analisando aquela jovem. Era loucura da minha cabeça ou ela parecia muito com alguém que eu conhecia?
--Entendi. Você deve ser a Bárbara Lancellotti. A Dra. Paula precisou atender um caso de urgência, mas deixou sua receita comigo. Aqui está! -disse me entregando o receituário.
--Quem é você? -perguntei curiosa, ainda em dúvidas se aquela morena era ou não a pessoa que eu achava...
--Sou Larissa Guimarães, acadêmica de psicologia, substituo a Dra. Paula quando ela precisa se ausentar. -como a moça estava sendo bastante simpática logo descartei a hipótese dela ser quem eu pensava, realmente isso estaria fora de cogitação...
--Prazer! Meu nome é Bárbara, mas isso você já deve saber... -Larissa falou me interrompendo.
--Espera aí! Eu acho que te conheço de algum lugar. -nisso a moça ficou longos minutos me observando até que completou. -Sabia! Você é a imitação da Paris Hilton. Algum tempo atrás estacionou seu carro na frente da garagem da minha casa, depois ainda reclamou quando eu te acordei. -respondeu nada amistosa, sendo grosseira como na primeira vez.
--Sabia mesmo que seu rosto era familiar, só não sabia da onde. Te devo mesmo um pedido de desculpas, meio que era acostumada a fazer muitas besteiras e dormir na frente da sua garagem com o carro empatando foi a gota d'água. -respondi mergulhando naqueles olhos azuis piscina tão lindos.
--Do jeito que você estava toda metida e nariz empinado naquele dia, pensei que seria mais fácil cair um meteoro sobre a Terra do que te vê novamente, ainda mais me pedindo desculpas, Paris Hilton. -respondeu me zombando.
--Não estou aqui para ouvir suas gracinhas. Já lhe pedi desculpas, mas se não quer aceitar, o problema é todo seu.
--Calma aí, Paris... -antes que ela prosseguisse, a interrompi.
--Já chega! Uma boa tarde Dra. Larissa. -disse guardando a receita na minha bolsa e partindo ao encontro da minha mãe que já estava com os nervos a flor da pele querendo saber onde eu estava durante todo aquele tempo.
XXXX
Dito e feito. Depois daquele episódio no hospital em que tive a oportunidade de recomeçar uma nova vida, me tornei uma pessoa mais humana e feliz. Aprendi que não precisava mais ir para a Igreja dos meus pais para Deus me amar. Usei os medicamentos da maneira que o médico prescreveu e aos poucos os sintomas da gonorreia iriam sumindo, com isso, eu sentia menos falta das bebidas alcoólicas, não precisava mais de fugas.
Dois problemas passaram a se fazer mais presentes na minha vida. O período de férias estava acabando e isso me forçaria a voltar para a faculdade de medicina, mas eu não gostava absolutamente nada do meu curso, a verdade é que fui obrigada a me tornar uma grande médica como os meus pais, eu tinha talento para o desenho, meu sonho seria ser uma grande designer, mas pra minha família isso era profissão de vagabundo. Outro problema era o fato de que já aceitava normalmente o fato de eu ser lésbica, isso não era mais um bicho de sete cabeças para mim, a questão é que eu não viveria no armário a vida toda. Como meus pais reagiriam quando descobrissem minha sexualidade? Com certeza seria um escândalo ou então eles me levariam a força para a Igreja com o pretexto de eu estar sendo possuída pelo diabo.
Uma distração que estava me fazendo um bem enorme era fazer caminhada em um parque que havia próximo de casa e pintar nas minhas telas todas as maravilhas da natureza que aquele lugar ofertava.
--Eu ainda não havia descoberto esse seu talento para a pintura. -com o susto daquela voz que achava não ouvir nunca mais, fez que eu derrubasse a tela e os pinceis, destruí a pintura e ainda manchei a minha blusa novinha.
Fim do capítulo
Estão gostando da história meninas ou ela tá chata? Bjs :)
Comentar este capítulo:
zilla
Em: 13/03/2018
Olá moça sumida! Será que a senhorita daria de retornar à postar!?
Mega ansiosa pela continuidade da história
Resposta do autor:
Boa noite, Zilla.
Pretendo continuar com a história o mais rápido possivel. Infelizmente o HD do meu notebook teve um problema e perdi a história, então estou reescrevendo tudo e o tempo também anda curto.
Quando vc menos esperar a história estará completa :)
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