O CASO DAS ROSAS por pamg
Capítulo 3 - A reunião de transição
Os dois delegados estavam de pé na parte da frente da sala. A loira vestia uma calça jeans, bota preta e camisa da mesma cor. O uniforme de campo tradicional da PC. Ela transparecia muita calma e segurança. Alycia se sentia atraída pela mulher que estava a sua frente. Novamente entrou em um estado de transe.
A loira olhava o grupo à sua frente, atentamente. Parou ao ver que a morena a observava, sorriu discretamente para ela, o gesto tirou Alycia do seu transe momentâneo. - Que diabos está acontecendo comigo? Essa é a segunda vez em poucas horas que fico com cara de idiota perto da nova delegada - pensou e desviou seu olhar para Furtado que emocionado passava a palavra para Emily.
Emily respirou fundo e começou. - Muito bem, acho que a essa altura a rádio peão se encarregou de me apresentar. Então, serei breve. Assumo esse lugar com muito orgulho do meu antecessor, Furtado foi meu professor e mentor, como também de muitos de vocês - olhou rapidamente para a morena e voltou a falar, agora olhando para todos - tenho trinta anos e estou na Polícia Civil desde os 22 anos de idade. Assim, embora seja nova, conto com certa experiência. - olhou para Furtado - Admiro o trabalho desse homem a quem estou precedindo, e pretendo da continuidade ao seu legado. - Furtado ficava cada vez mais emocionado.
- Dito isto, quero reiterar o que disse a alguns mais cedo. Estamos em um momento crítico, um criminoso famoso voltou a atuar em Belo Horizonte. Tenho conhecimento do caso, mas feçizmente temos uma especialista neste assunto. Então, vocês se reportarão a ela, sobre o caso dos raptos e ela se reportará a mim: a detetive Alycia Dias o
- Começou um burburinho e todos olhavam para a morena, Alycia estava com a respiração e o coração acelerados, não esperava por isso. A loira voltou a falar, captando novamente a atenção de todos - Antes que qualquer engraçadinho se atreva a comentar. Não estou fazendo isso por irmadande feminina. Até poderia, mas não é o caso. Alycia tem trabalhos publicados sobre o assunto, o pesquisou e foi a a pessoa que fez descobertas mais relevantes sobre o caso. - A cada palavra da loira, a morena estava ficando cada vez mais ansiosa, não gostava de ser o centro das atenções - Por hoje não vamos nos prolongar. Dias permaneça aqui e outros estão dispensados. Lembre-se as vidas de crianças estão nas mãos de vocês.
Alycia permaneceu em seu lugar e logo escutou um gracejo - já conseguiu uma nova puxa saco, você é virada para lua mesmo - revirou os olhos e esperou que os outros saíssem para se dirigir a sua nova chefe.
- A sala já estava mais vazia, havia apenas algumas pessoas abraçando Furtado. A loira e a morena se olharam. Novamente, a sensação estranha tomou conta das duas. Foi a loira quem rompeu o silêncio. Com a voz suave disse - Você já convocou o marido para conversar sobre a mensagem?
- Sim. Ele já está a caminho.
- Ótimo, se você não se importar, gostaria de acompanhar a conversa.
- Claro!
- Alycia, você sabe que com o histórico desse criminoso é provável que Júlia não esteja mais viva e que outras crianças estejam em perigo, não sabe?!
- Não se preocupe, sei sim. Estou tentando ser ágil, mas sei que as estatísticas estão contra Júlia.
- Ok, assim que o Robson chegar, peça para me chamarem.
- Sim, senhora.
- Não, por favor, me chame de Emily.
- Desculpe. Sim, Emily.
- Pode ir, não deixe de se alimentar.
- É… sim… com licença.
A morena fez uma cara de estranhamento, ao que a loira percebeu que tinha sido muito intimista e elas pouco se conheciam. Entretanto, resolveu não se desculpar, estava mesmo preocupada com a morena. Sabia que os dias seriam difíceis. Lidar com corpos não é fácil, mas naquele caso seriam corpos de crianças. A loira confiava na morena, mas sabia que mesmo ela sendo muito eficiente, possivelmente perderiam algumas vítimas.
A morena se afastou e se assustou ao perceber que estava indo à lanchonete se alimentar, como a outra havia sugerido.
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Alycia, o pai da vítima já está te aguardando. Vou pedir para ficar na sala de interrogatório.
Ao ler a mensagem, Alicya deixou o restante do lanche como estava e voou para o seu destinou. Apenas respondeu a mensagem pedindo que a delegada também fosse informada.
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- Robson, sentimos pela situação que sua família está passando, por isso resolvemos poupar sua esposa de escutar essas perguntas. - o homem não estava entendendo nada- Vimos mais cedo uma mensagem em seu celular, pelo horário e pelo conteúdo, acreditamos que alguém te esperava na porta de sua casa quando sua filha foi levada. Ainda pelo conteúdo, no qual a pessoa diz que não se aproximou, imaginamos que seja uma mulher. - agora o homem estava assustado e lágrimas brotavam do seu rosto - não se preocupe não falaremos com Léa sobre isso, mas precisamos conversar com essa mulher para saber se viu algo.
- Sim, é uma mulher. Tivemos um caso, mas não está acontecendo mais nada. Por isso nem mesmo a respondi. Vocês acham que pode ter levado minha filha?
- Sinceramente, não. - Dessa vez a loira tomou a frente - O desaparecimento da sua filha possui características que apontam para o criminoso de cinco anos atrás. Mas acreditamos que essa mulher viu algo. Se não o rapto, alguém vigiando sua casa. - Relutante, o homem entrega o aparelho celular para a loira que, rapidamente, passa o aparelho para a morena. Na troca, as mão se tocam e ambas sentem uma corrente elétrica atravessar o corpo. Em frações de segundos os olhos se encontram. Entretanto, a morena logo corta o contato, pois sabe que o tempo é precioso nesse caso.
Alycia sai da sala e chama dois agentes que estavam em suas mesas. Ela já havia sido oficialmente “nomeada” chefe do caso, então não se intimidou com os olhares de desaprovação quando passou uma tarefa para os dois.
- Localizem Márcia. A mulher quem enviou essa mensagem - mostrou a mensagem na tela - e tragam-na aqui imediatamente. - Os homens não tiveram tempo de retrucar. Assim qeue deu a ordem, Alycia correu para a sala de interrogatório em que sua chefe e Robson estavam.
Ela entrou e fez um sinal de positivo com a cabeça, indicando para sua chefe que já tinha dado andamento. Sentou e sentiu o celular vibrar. Eram os dois agentes avisando que já tinham localizam Márcia e que ela não residia longe dali, eles a trariam em menos de uma hora.
- Robson - Alycia aproveitou a pausa de Emily para falar - Márcia já está a caminho. Você não precisa ficar na mesma sala que ela, mas gostaria que acompanhasse nossa conversa. Você a conhece melhor e pode perceber se o comportamento dela está ou não diferente.
A loira achou a ideia da morena perspicaz e resolveu concretizá-la, sem nem mesmo esperar que Robson respondesse. - Venha, Robson, você ficará na atrás desse espelho com mais um agente.
A loira saiu levando o pai da vítima, mas logo retornou. - Desliguei o microfone e ele ainda não está nos ouvindo. Alycia, tenho que dizer, os pais levaram muitas horas procurando a menina por conta própria, para depois nos chamar. Esse caso não está animador. A porta da delegacia está tomada de emissoras e…. - parou ao ver a morena revirar os olhos, quase involuntariamente. - Falei algo de errado?
A morena percebeu o que havia feito, mas já era tarde e resolveu falar o que pensava - Um caso famoso e uma chefe nova, essa é uma mistura política péssima. Você ficará mais preocupada com as câmeras, porque sabe que isso pesará em sua carreira. - Disse tudo sem respirar sem olhar para loira, mas logo que o fez, se arrependeu por cada palavra dita. A loira tinha um olhar que ficava entre o triste e o decepcionado.
Emily respirou fundo e falou - Desculpe se pareci displicente em minha fala. Não sou, nem foi minha intenção. A minha preocupação como a quantidade de emissoras tem a ver com sua pesquisa e suas descobertas - a morena sentiu uma pontada no peito. A loira continuou -. O que eu ia dizer é que gostaria de saber sua opinião sobre soltar um comunicado à imprensa. Já solicitei o documento à assessoria de comunicação, mas gostaria que você desse a palavra final. - a loira terminou de falar se levantou e quando já estava atravessando a porta disse - me avise quando Márcia chegar. - Não esperou pela resposta e saiu dali.
A morena ficou na sala, sozinha, pensando no que acabara de acontecer. Sabia que precisava se desculpar. Mandou uma mensagem para Patrícia, da assessoria de comunicação, solicitando que lhe fosse enviado o documento e aguardou. Não teve forças para levantar. Resolveu esprar Márcia chegar sem sair daquela sala.
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A loira chegou em sua nova sala e fechou as persianas, as divisórias de vidro lhe davam muito pouca privacidade. Ficou realmente chateada com a atitude da morena. Até aquele momento, não tinha feito nada além de ser gentil com ela. Tirou o celular do bolso, abriu o whatsApp e mandou uma mensagem para Eliza, sua amiga-irmã:
Emily: Oiê. Dia de cão. Acabou que hoje virou o meu primeiro dia aqui.
Elize: Nossa! Estou vendo na tv que aquele criminoso voltou. Que azar o seu.
Emily: Vou sair daqui muito tarde hoje, mas posso passar aí.
Elize: Claro que pode. Estou de férias e tranquila. Venha para dormir por aqui. Além do caso, aconteceu mais alguma coisa?
Emily: Não sei muito bem… quero conversar.
Elize: Te espero amiga, fique bem.
Emily ia se despedir quando o telefone de sua sala tocou, era sua assistente informando que Márcia já estava no local. Saiu deixando o celular para trás.
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Emily entrou na sala e viu uma linda mulher sentada a frente da detetive. Ela chorava compulsivamente. Imaginando o que ela estaria pensando, a loira foi logo falando:
- Márcia, você não está sendo acusada de nada. Sabemos que não foi você. Queremos saber se você viu algo suspeito?
A morena, por sua vez, entregou um copo de água para Márcia e completou:
- Tome, não estamos te culpando, mas cada segundo conta. Precisamos da sua ajuda.
A mulher bebeu toda a água e logo respondeu que não havia visto ou feito nada. A morena ia falar, mas foi interrompida pela loira.
- Márcia, você é a única pessoa que com certeza viu algo. Você pode não ter percebido, mas estava lá no mesmo momento que o raptor. Por favor, descreva onde parou seu carro. - A mulher respondeu. - Agora tente se lembrar de quantos carros haviam a sua frente. A mulher disse que havia apenas mais um carro na rua. Ele não estava próximo, estava cerca de duas casas à frente, mas reparou nele porque era um veículo estranho, era um gol vermelho modelo antigo, mas muito em cpmservado, parecendo novo e com vidros escuros.
Alguém bateu na janela de vidro da sala de interrogatório. A loira saiu e Robson já estava ali na porta. - Nenhum dos meus vizinhos tem carro vermelho ou carro antigo.
Bingo! A primeira pista!
A loira e a morena se olharam com satisfação. Ambas sabiam que essa era a primeira pista concreta em anos. - Alycia, reúna a equipe. - Disse a loira.
Fim do capítulo
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