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An Extraordinary Love por Jules_Mari

Ver comentários: 4

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Palavras: 8412
Acessos: 7053   |  Postado em: 07/01/2018

Notas iniciais:

Boa noite a tod@s, 
Passadas as festas, vamos retomar o nosso ritual dos domingos a noite. Agradecemos imensamente o retornos que nos dão com seus comentários e eles sempre são maravilhosos para nós. 

Uma excelente leitura.

Capítulo 27 A Traição

Delphine lia todas as notícias acerca do incidente no Baile beneficente que foram coletadas por sua equipe de assessoria e que, brilhantemente, conseguiu encobrir os rastros e desviar a atenção de qualquer explicação fora do “normal” ou que pudesse gerar uma ligação a ela ou a próproa Ordem.

Olhou pela janela de seu jatinho e contemplou pesadas e assustadoras nuvens de tempestade carregadas ao redor da pequena aeronave e foi inevitável não associá-la a tudo que estava acontecendo em sua vida naquele momento pois tinha a mente em turbilhão. Voltou a encarar as demais integrantes daquele voo, suas mais leais irmãs. Stella e Helena estavam sentadas diante dela e permaneciam mergulhadas em suas pastas, arquivos e computadores, estudando todas as informações trazidas por Stella acerca do Martelo e de Lamartine.

Assim que o estrondo de um trovão sacolejou o avião, Helena se sobressaltou e teve sua mão gentilmente segurada por Stella na tentativa de lhe passar a tranquilidade necessária para tudo que estava por vir e então dirigiu sua atenção para Delphine assim que sentiu o peso do olhar dela sobre elas. Se encararam por alguns instantes, quase travando um breve duelo, e Delphine poderia facilmente acessar qualquer informação que quisesse de sua mente se assim o desejasse se não fosse o pacto que ela estabelecera com todas aquelas que compunham a cúpula da Ordem. Era a forma dela lhes garantir a privacidade e reafirmar a sua confiança. Mas Stella sabia que o olhar incisivo de sua Mestra se devia ao temor que ela sentia em relação a Helena, pois sabia o quanto ela era importante para Delphine e que essa tinha receios de que sua amiga fosse magoada.  Essa disputa de olhares só fora interrompida por raios seguindo de trovões ainda mais altos que clareavam o interior do avião e que acordou Susan e Genevieve.

- Droga Delphine! Controle-se! – Genevieve a repreendeu, o que causou o total espanto de Helena, que olhou pela janela e em seguida encarou Delphine assustada. A loura apenas riu levemente e sem vontade, recostando a cabeça no banco e fechando os olhos.

- Não tenho nada a ver com isso Genevieve! – Disse enquanto buscava uma posição confortável reclinando seu assento. Helena riu nervosamente e buscou alguma explicação em Stella, mas essa apenas deu de ombros e indicou Delphine com um movimento de queixo. Surpreendentemente a tempestade que estava prestes a alcançar o avião, pareceu se dissipar.

- Nunca se sabe! – Stella piscou um dos olhos, deixando Helena estarrecida. Teria Delphine causado a tempestade ou teria ela a dissipado? Constatou que realmente não tinha dimensão real do que aquela mulher diante de si era capaz e sentiu um certo temor se formar dentro de si. Embora não quisesse e lutasse contra, mas começava a temer Delphine e aquilo a perturbava demais. Não conseguia tirar da mente tudo o que viveu ao seu lado nos últimos dias e do que ela poderia ter realmente feito naquele Baile se não tivesse saído do seu transe a tempo.

Viu o quão devastada ela ficou ao ouvir os relatos dos momentos em que ela não conseguia se lembrar. O pesar e o arrependimento em sua linda face quando soube que algumas pessoas haviam se machucado. Mesmo todas ressaltando que foram ferimentos leves, Delphine se amaldiçoava por seu descontrole. O que só aumentava a sombra que pairava sobre seus olhos.

Despertou de seus pensamentos quando o piloto informou que haviam recebido permissão para o pouso no aeroporto de Dublin e novamente se sentiu angustiada por estar voltando àquela cidade. Mas os últimos movimentos de Lamartine e a recente derrota que ele vivenciou disparou um alerta em todas da Ordem. Além do mais, precisariam estudar todo o material que Stella estava trazendo sobre as ações do Martelo. E para tanto, uma reunião extraordinária fora marcada.

Logo o avião pousou em Dublin quando a noite começou a cair e ainda na pista, Benjamim as esperava com a sua SUV preta e uma outra mais atrás. Delphine foi a ultima a descer do avião e assim que saltou do ultimo degrau da escada de metal ouviu seu nome ser chamado com extrema empolgação.

- DELPHINE!- Ela levantou os olhos a tempo de ver a porta traseira do segundo carro ser aberta e uma garotinha loura sair de lá e correr em sua direção, passando por todas ali e saltando em seu colo. – Que saudade! – E lhe envolveu em um apertado abraço com seus pequenos bracinhos.

- Olá...Manu! – Fora pega totalmente de surpresa e sem conseguir compreender direito, se sentia verdadeiramente feliz com aquele reencontro. Olhou mais adiante e viu Siobhan sair do segundo carro e vir em sua direção.

- Essa garotinha é muito teimosa e persuasiva. Só sossegou quando eu disse que a traria para busca-la. – S explicava a presença da criança. Todas as mulheres assistiram aquela cena com denotada curiosidade e era impossível não se comover com ela, ainda mais sabendo da história daquela pequena menina.

- Vejo que você cortou o cabelo! – Disse enquanto piscava um dos olhos para S. – E adorei a trança. – Acariciou os cabelos da garota.

- Foi a Sra. S que cortou. Acredita que eu nunca tinha cortado o cabelo antes? Olha que blusa legal! Eu adoro sorvete de limão. E... “Não gosto muito de chá... Mas não diga a Sra. S”. – A empolgada garotinha falava sem quase respirar fazendo com que Delphine olhasse atordoada para as demais que riam da inusitada cena.

- Manu, deixe a Delphine respirar um pouco. – S tentou tira-la do colo de Delphine mas sem sucesso. Olhou para Delphine que lhe piscou o olho novamente enquanto se abaixava para colocar a garotinha no chão.

- Tudo bem Manu... Vamos para casa e lá você me conta todas as novidades okay? Está frio aqui fora.

- Tá certo! Mas eu vou no carro com você! – O tom usado pela Pequena Manu estava longe de ser um pedido, estava muito mais para uma ordem. Todas se entreolharam surpresas e logo estavam rindo. Apesar do clima tenso que as havia levado até aquela cidade, aquela pequena garotinha tinha o poder de suavizar a todas que a cercavam.

Já no carro, Manu fez questão de ir grudada à Delphine e com poucos minutos do carro em movimento, pegou no sono e deitou sua cabecinha no colo de Delphine, se aninhando. Siobhan e Genevieve olharam para o banco de trás e quase não acreditaram na cena. Aparentemente aquela poderosa mulher parecia não ter a certeza de como agir com a espontaneidade daquela pequena garota pois Delphine tinha ambas as mãos espalmadas um pouco acima do corpo da menina, sem saber ao certo onde coloca-las. Olhou suplicante para as mulheres a frente e viu S anuir com a cabeça enquanto ela se voltava para olhar a estrada. Ainda respirou fundo e hesitantemente foi baixando as mãos e logo estava acariciando a cabeça da menina enquanto a outra repousava sobre o ombro.

Se perdeu contemplando-a e foi inevitável pensar nas terríveis coisas que ela poderia ter vivenciado naquela casa pois fora encontrada em um estado lastimável, com o corpo e os cabelos muito sujos além da aparência frágil como se pudesse ser quebrada com um abraço mais intenso. Contudo, ela possuía uma força de vida impressionante e tê-la ali em seus braços fez com que uma estranha e esquecida sensação acalentasse seu coração. E algo lhe ocorreu.

- Quem é ela Siobhan?

- Ainda não sabemos nada além do que ela nos disse. Investigamos toda aquela casa e procuramos nas listas de crianças desaparecidas tanto na Turquia quanto aqui na França e não encontramos nenhuma referência a ela. Já as outras meninas conseguimos encontrar algum parente, mas nada dela – Siobhan explicava enquanto dirigia seguindo o carro de Benjamim. O gemido da garota chamou a atenção de todas. – Pois é... Aparentemente ela tem pesadelos terríveis sempre que dorme. – S suspirou e trocou olhares com Genevieve.

A garotinha gemia baixinho e contorcia seu pequeno corpinho como se estivesse vivenciando algo muito desagradável. O sofrimento de uma criatura tão inocente quanto aquela fez Delphine cerrar os olhos e toma-la ainda mais em seus braços, baixando seu rosto e beijando a pequena testa.

- Xiii... Calma Manu. Já passou! – E fechou os olhos lentamente e novamente ela o fez. Tomou para si a dor que aquela pequena criatura possuía em seu coração e lágrimas logo escorreram de seus olhos. Delphine se chocou com tamanha dor que encontrou em um coração tão pequeno e se surpreendeu que ela tenha sobrevivido a tudo o que vivenciou em seus poucos 7 anos. Quando abriu os olhos a garotinha não mais dormia e lhe olhava  profundamente com uma serenidade que não pertencia a uma criança. Por uma fração de segundos, pensou já ter visto aquele olhar antes.

“Obrigada” Ela lhe agradeceu sinceramente e se ergueu coçando os olhos. – Já chagamos? Eu estou faminta! Você também está? Teremos sorvete para o jantar Sra. S? – A energia daquela criança era impressionante.

Logo estavam estacionando os carros na garagem que ficava aos fundos da Fundação Ártemis. As duas SUVs pretas faziam parte de um numeroso acervo de veículos que pertenciam à Fundação e eram usados nas missões do Exercito. Indicando uma fração do poder que aquele grupo possuía.

Subiram as escadas que dava acesso ao interior da Fundação e lá dentro foram encaminhadas para os seus devidos aposentos. E novamente todas as mulheres no interior da fundação saldavam Delphine por onde ela passasse. A pequena Manu não soltava sua mão por nada e assistia a tudo com ar curioso. E quando um terceiro grupo de mulheres saldou Delphine com aquele gesto peculiar, Manu fez o mesmo para elas, causando uma gargalhada coletiva em todas.

- Essa garotinha mal chegou e já faz parte da Ordem? – Stella brincou com ela.

- Vamos iniciar uma célula mirim da Ordem. – Foi a vez de Helena se divertir. Todas riam menos ela, pelo contrário, a garotinha ia fechando seu semblante e formando um bico. Como se estivesse prestes a explodir.

- EU SOU SIM DA ORDEM! – Ela gritou, surpreendendo a todas, mesmo ser ter a clareza do que aquilo significava e no instante seguinte, todas as luzes daquela sala começaram a piscar freneticamente. Todas se voltaram para ela que bufava e tinha as mãos cerradas. – EU SOU DA ORDEM DO LABRYS DESDE QUE NASCI! – Essa ultima informação pegou a todas de surpresa e logo algumas lâmpadas começaram a estourar.

“Manu!” “Pare com isso agora!” Delphine demandou e precisou de um certo esforço mental para poder domar a pequena Manu.

Não sabia ao certo o que aquela afirmação da menina significava mas alguma coisa nela preocupava Delphine e as demais. Era evidente que existia muito poder naquela garotinha, poderes que deveriam proceder de alguma linhagem hereditária. Sabia que precisava descobrir a origem dela o quanto antes. Trocou olhares com Siobhan e essa entendeu de imediato o que precisaria fazer.

- O jantar será servido em uma hora. – anunciou S. – Venha Manu, vamos para o seu quarto. – A garotinha olhou para Delphine suplicante.

- Deixe-a comigo S. Peça para trazerem uma muda de roupa para ela. – Inevitavelmente todas ali foram arrebatadas pelo sorriso luminoso que ela deu e seguiu quase saltitando ao lado de Delphine que pensou que iria se arrepender daquilo, pois a garota não parava de falar um instante se quer.

Assim que entraram no quarto principal daquela mansão o encantamento da menina comoveu aquela poderosa mulher.

- UAU! Quantas pessoas dormem nessa cama? – Correu e se jogou nela.

- Apenas eu! – Respondeu enquanto já começava a retirar o seu sobretudo e desabotoar sua blusa. – Essa casa e todo o terreno que você conseguir ver pela janela está na minha família há muitos anos.

- Esse travesseiro é tão macio e cheiroso. – A pequena disse enquanto abraçava um dos inúmeros travesseiros que existiam ali. – Mas você precisa de todos esses só pra você? - Delphine riu saudosamente com aquela observação da Pequena Manu e lembrou-se de quem sempre lhe “repreendia” daquele seu pequeno luxo. Voltou a encarar a menina que perambulava pelo imenso e confortável quarto, que possuía todas as modernidades do mundo atual mas guardava muito do passado e da história que envolvia aquele lugar místico.

Uma batida na porta indicou que uma das mulheres que trabalhavam na Fundação traziam as coisas de Manu que não esperou que Delphine dissesse nada e correu até a porta, ficando de ponta de pé para abri-la mas nem assim alcançou. Baixou seus pesinhos e suspirou mas não se deu por vencida e sem maiores esforços a maçaneta começou a se mexer sozinha. Delphine arregalou os olhos diante daquela diminuta mas poderosíssima criança.

Um senhora com traços tailandeses estava do lado de fora trazendo uma muda de roupas para a pequena Manu, e que pertencia a uma das crianças que habitavam aquela Fundação transitoriamente, quando eram resgatadas. Assim que Delphine a pegou viu que ficariam folgadas.

- Precisamos comprar roupas novas para você! Venha! – estendeu a mão para leva-la até o banheiro mas a garotinha ficou imóvel, com a boca aberta. – O que foi Manu? – Delphine se ajoelhou diante dela.

- Eu nunca tive roupas novas. Roupas só minhas! – Disse com um sopro de voz. Aquele relato a tocou profundamente e intimamente Delphine fez uma promessa silenciosa àquela menininha. De jamais deixa-la passar qualquer outra necessidade. – UAU! UMA PISCINA!? – Delphine assustou-se com a empolgação dela e riu alegremente.

- Não é uma piscina Manu. É uma banheira. – Disse pensativa. – Que tal tomarmos banho de banheira? – Os redondos olhos azuis da garota ficaram ainda mais vividos e aquele sorriso luminoso reapareceu. Num átimo de segundo ela já estava apenas de calcinha. – Calma mocinha. – Deixe-a encher antes.

Alguns longos minutos depois – segundo Manu – ela era erguida por Delphine e colocada gentilmente na água morna. A alegria da menina era contagiante e preenchia o coração de Delphine de uma alegria desconhecida. Essa sentou-se na borda da banheira e começou a jogar água na cabeça da menina.

- Isso é muito bom! – Manu começava a bater as mãos na água, salpicando para todos os lados e molhando Delphine, que ria da brincadeira da criança. E como se algo a puxasse, ela caiu sentada dentro da banheira e irrompeu numa sonora gargalhada. Retirou o roupão que vestia e tratou de tomar banho com a menina e procurar conhece-la ainda mais. Sentia que precisava fazer aquilo. Que devia!

Com pesar, terminaram o banho só após Delphine prometer a Manu que o repetiriam mais vezes. Ela a envolveu numa felpuda toalha e a sentou no balcão para lhe secar o cabelos. A menina ria sentindo cócegas com o secador em seu cabelo incrivelmente loiro e depois olhou para Delphine e tocou nos cabelos da mulher.

- Seu cabelo é tão bonito!

- O seu também é!

- Queria que fosse como o seu. Com esses... – ela procurou a palavra – cachos!

- Mas você é linda do jeitinho que és. E jamais deixe que digam que não okay? A garotinha concordou solenemente e viu Delphine se afastar um pouco para pegar algo para passar no cabelo da menina. Ela estava com outro roupão cinza entreaberto.

- Isso doeu? – Indagou.

- O que? – Delphine se aproximou sem realmente entender.

- Isso aqui! – Manu tocou levemente a pequena cicatriz no lado esquerdo do abdômen da mulher a sua frente. Delphine baixou os olhos e tocou a própria cicatriz, só então ergueu a cabeça e encarou a menina.

- Um pouquinho! – e lhe piscou um dos olhos. – Mas sou forte e logo fiquei boa. – Desceu a menina do balcão. – Mas agora vamos, devem estar esperando por nós!

 

******

 

O vapor quente preenchia o banheiro embaçando os espelhos e o box de vidro temperado. Dentro dele Stella e Helena tomavam um longo e demorado banho concluindo o que iniciaram no chão do quarto.

- Acho que agora já chega Gibson! – disse uma ofegante Helena, que lutava para manter-se de pé após o terceiro orgasmo proporcionado por Stella. – Já passou da hora de irmos jantar.

- Por mim nem sairíamos desse quarto essa noite! – Stella a provocou, penetrando-a mais profundamente, obrigando-a a dar um gemido ainda mais alto – Mas sei que o dever nos chama. – E retirou seus dedos, voltando para baixo da forte ducha e prosseguindo com seu banho como se nada tivesse acontecido. Helena a olhava intensamente e ainda estava encostada na parede, se recuperando. Realmente não conseguia resistir aos “talentos” de Stella que sempre parecia conseguir o que quisesse com ela.

Ter estado com ela nesses últimos dias fez com que Helena repensasse muita coisa em sua vida e percebesse que o que sentia por Stella sempre estivera ali, dentro dela adormecido e ia muito além do sex* fenomenal que tinham. Mas sabia que não poderia, nem deveria se deixar levar. Ela não quisera um relacionamento sério antes e provavelmente também não o iria querer naquele momento. Suspirou pesadamente enquanto a observava se banhar totalmente despreocupada.

- Bom, vou sair desse box enquanto ainda tenho forças... – Disse já “escapando” dali no segundo antes de Stella tentar a alcançar. Voltou para o quarto ainda se enxugando e se dirigiu até sua mala para pegar sua muda de roupa. Só então percebeu que havia esquecido o seu desodorante. Fez menção em chamar Stella e lhe pedir o seu emprestado, mas julgou ter a devida intimidade para fazê-lo sem perguntar e se dirigiu para a mala de mão que ela trouxera onde certamente estaria sua nécessaire. Assim que retirou a pequena bolsa de couro marrom, reparou uma pasta de papelão com o logo da CIA. Achou aquilo estranho pois havia visto todos os arquivos que ela trouxera. Cogitou ser algo que não dizia respeito à Lamartine e sim algum trabalho secreto daquela mulher, mas algo dentro de si a impeliu a olhar o que tinha dentro e logo um sobrenome lhe chamou a atenção.

- Niehaus! – sussurrou.

- Achou o que procurava? – A tranquila e calma Stella não combinava com a situação de quem acabara de ser descoberta. O desconforto coube à Helena que assustou-se e soltou a pasta que caiu no chão espalhando seu conteúdo. Helena ia mencionar algo quando uma foto capturou toda a sua atenção, fazendo-a alternar o olhar incrédula entre a foto e Stella.

- Como assim? – Abaixou-se para pegar a foto que era a primeira de uma sequência que mostrava o interior da cafeteria de Cosima. E não apenas isso, as fotos em questão mostravam a dona daquele estabelecimento conversando com uma figura que tanto Stella quanto Helena conheciam muito bem.

- Sua desconfiança, como sempre, estava correta Katz! – Stella disse enquanto juntava os papeis espalhados. Helena olhava repetidas vezes para as fotos que mostravam aquela mulher entregando uma mala metálica, para Cosima.

- Mas por que você escondeu isso de mim? – a surpresa inicial dera lugar a uma raiva doida. Stella havia mentido para ela. – A menos que tenhas algo a ver com isso! – jogou as fotos aos pés de Stella que não alterou seu tom de voz.

- Eu quis ter certeza antes de lhe contar pois, como podes ver, trata-se de uma traição gravíssima de todos os juramentos da Ordem. – Caminhou em direção a Helena com certa cautela. A morena parecia um felino enjaulado, andando de um lado para o outro, tentando ordenar seu pensamento. – E temia que você tivesse uma reação explosiva como essa. – A tocou gentilmente nos braços. Helena se desvencilhou e a encarou com fúria e os olhos carregados de mágoa.

- Porr* Gibson! Eu confiei em você! – Helena experimentava um duplo sentimento de traição. Por Stella ter escondido aquele segredo dela e pela traição maior à Ordem.

- Use a cabeça Katz! Controle-se! – Só então Stella alterou seu tom de voz. – Pois precisamos descobrir qual a real intenção dela e se ela está trabalhando sozinha.

- Você quer dizer...Confrontá-la? – Helena a encarou com receio. Stella negou com a cabeça. – Expô-la para Delphine? – Arregalou os olhos.

- NÃO! – Stella quase gritou. – Isso é traição! E sabes qual a punição para isso na Ordem. Ainda pior por se tratar de algo tão sério quanto divulgar informações sobre a Ordem para leigos.

Helena se sentiu estremecer e temeu o que Delphine poderia fazer se descobrisse aquela traição de alguém tão próxima a ela. Pensou no quão assustadora ela poderia ser quando queria e que aquela era a lei mais sagrada da Ordem. O voto de silêncio.

- Tem razão Stella! – Tentava tranquilizar seus nervos e colocar suas ideias no lugar. - Vamos aproveitar que toda a cúpula está aqui essa semana. E vamos observá-la. Saber se mais alguém está envolvida nisso. – Disse enquanto terminava de se vestir.

As duas desceram logo em seguida e entraram na sala de jantar que continha uma enorme mesa de jantar oval e todas as demais mulheres da cúpula da Ordem estavam lá, assim como a pequena garotinha, que fizera questão de sentar-se ao lado de Delphine.

- Vejo que não fomos as ultimas Manu. – piscou um dos olhos para a menina e indicou as duas mulheres que acabaram de entrar.

- Era apenas um banheiro e nós somos duas... – Stella brincou com Delphine que riu com uma cara sacana para Helena que se esforçou para soar normal. Mas falhava miseravelmente. Delphine franziu rapidamente a testa enquanto olhava para sua amiga e percebeu que essa evitava lhe olhar. Lamentou mais uma vez não ser capaz de mergulhar na mente dela.

- Vocês sabiam que o garfo foi inventado há muito tempo atrás... ?- Manu atraiu a atenção de Delphine e das demais mulheres ali para ela - ... Ainda antes de cristo? – Todas ficaram surpresas com aquela criaturinha ter aquela informação. Mas ela não se conteve e prosseguiu. – E só chegou aqui na Europa porque a filha de um grande imperador... Cristiano...Não... Cons...

- Constantino! – Delphine a ajudou.

- Isso! Esse ai. E ele só tinha dois dentes e não três! – Disse enquanto girava o utensilio na mão.

- Isso mesmo Manu. Isso foi no século XI... Há muitos anos atrás – corrigiu quando percebeu que a pequena não entendia com clareza a contagem temporal - E a igreja quis proibir o seu uso dizendo que ele parecia com a forquilha do diabo.

- Que gente boba. – a menina fez uma careta.

- Gostei dela! – Stella comentou e todas as demais riram encantadas com a espontaneidade da menina. E logo Manu se tornou o centro das atenções com comentários que em nada condiziam com a sua pouca idade. E logo Delphine pareceu esquecer Helena ou qualquer um de seus problemas.

- Mas diga-nos Manu. Onde você aprendeu tudo isso? – Genevieve, que estava sentada diante dela lhe perguntou. A menina pensou um pouco e bateu seus dedinhos no queixo, parecendo pensar. Ela conquistava a todas ali sem esforço algum.

- Nos livros velhos que tinham lá na casa onde eu morei e nos jornais que serviam de banheiro para nós. – a naturalidade com que ela disse aquilo atingiu a todas com intensa violência. A garota disse aquilo entre uma garfada e outra e nem se deu conta que todas ali pararam de comer e se olhavam compadecidas dela. – E eu gosto muito mesmo de ler. Desde que eu me lembro eu leio.

- Mas quem lhe ensinou a ler? – Delphine a questionou realmente interessada.

- Ninguém! – respondeu ainda com um resto de comida na boca.

- Não fale de boca cheia criança! – S a repreendeu.

- Ninguém lhe ensinou a ler? – Susan insistiu.

- Eu aprendi sozinha... – continuou a comer e quase falou de boca cheia novamente – Desculpa Sra. S. Eu ouvia na minha cabeça, sabe... As vozes das pessoas lá da casa quando elas liam alguma coisa. E assim eu aprendi. Depois eu lia tudo que via pela frente.

As mulheres ali se entreolharam incrédulas. Estava mais do que claro que se tratava de uma menininha muito especial que tinha não só aprendido a falar mas também a ler utilizando poderes mentais poderosíssimos e que levavam anos para serem dominados.

Siobhan e Helena se olharam com denotada preocupação.

- Criança, e sua mãe? Você lembra dela? – S a questionou pausadamente, atribuindo doçura a sua voz. Só então o semblante alegre de Manu deu lugar uma expressão triste e densa. Delphine anuiu negativamente para S, indicando que já tinha sido demais e tocou o bracinho dela.

- Que tal a sobremesa agora? – Del a questionou tentando suavizar o clima.

- Ela morreu para me salvar! – a menina disse secamente. Aquela afirmação atingiu a todas com dolorida intensidade. E como se uma descarga elétrica atingisse a todas, se compadeceram da menina. – É tudo que eu consigo me lembrar dela. – disse de cabeça baixa e com a voz embargada.

- Tudo bem Manu! – Delphine saiu de seu lugar e se ajoelhou diante da menina e a envolveu com seus braços lhe transmitindo tranquilidade e paz.

- Vejam só, o sorvete chegou! – Siobhan anunciou e como mágica Manu ergueu a cabeça com um lindo sorriso estampado no rosto ainda molhado de lágrimas e deu várias palminhas. Todas riram da súbita mudança de humor da garota e logo ela estava de volta contando suas histórias.

- Você precisa parar de encará-la Helena! – Stella se aproximou de Helena enquanto voltavam para a sala principal após o jantar. - Tens de disfarçar melhor minha cara!

- Eu sei Stella, mas minha mente não para de funcionar um segundo. – Reconheceu sua incompetência em guardar seu desconforto.

- Mas eu peço que se controle. Pelo menos na frente da Delphine. Pois ela não pode atingir a sua mente mas pode me fazer dizer o que ela quiser. – Stella disse entre dentes se afastando dela e bebericando sua xicara de chá.

- Bom, sugiro que iniciemos a nossa reunião o quanto antes. – Delphine assumiu a sua função. – Sem contar que Stella precisa voltar em breve para os EUA. – Todas concordaram e se dirigiram para a imensa porta de acesso a sala de reuniões da Ordem e foram seguidas pela Pequena Manu que jurava que também iria com as demais.

- Ei pequena... – Delphine ajoelhou-se para falar com ela olhando em seus olhos. – Você não pode ir conosco. – Ponderou – Pelo menos não ainda. – Piscou um dos olhos. – Vá com a Myuko. – A menina pareceu não aceitar de imediato mas findou concordando. Delphine se despediu dando o breve beijo na testa dela e seguiu em direção a porta, mas ainda a ouviu em sua mente.

“Promete que vai me dar um beijo de boa noite?”

Delphine olhou por sobre o ombro e lhe sorriu docemente.

“Prometo!” E a porta se fechou atrás dela.

Seguiram por toda a extensão daquele corredor em silêncio e desceram em dois grupos pelo elevador que as levou até a câmara de reuniões da Ordem. As guardas que guardavam aquela porta as saldaram e assim que adentraram na sala as luzes foram acionadas sem nenhum interruptor ser tocado.

- Nunca me cansarei disso. – Stella comentou enquanto buscava o seu acento assim como as demais, exceto Delphine que se manteve de pé para dar inicio àquela reunião.

- Já que estamos todas presentes, declaro iniciada essa sessão extraordinária da alta cúpula da Ordem do Labrys. - Olhou para todas se demorando um pouco mais em Helena e em seguida pousou seu olhar em Stella. – Srta Gibson, a palavra é sua.

Stella se levantou e foi em direção a uma das imensas TVs que existiam ali e inseriu um pen drive contendo uma série de informações as quais também eram projetadas nas telas menores diante de cada uma das demais mulheres ali.

- Como podem ver, demos continuidade ao desmantelo do esquema de exploração sexual de Lamartine com a derrubada de mais uma de suas “casas” na ultima sexta-feira e meu pessoal acabou de me enviar o endereço de mais cinco. Sendo duas aqui na Europa e as demais na Ásia. Precisamos nos organizar para derrubá-las também.

- O grande problema é que casas como essas só existem porque existe a procura pelos serviços oferecidos nelas. O machismo imperante. – Lamentou-se Waris, a representante do continente africano no Conselho.

- Exato! Precisamos atacar a origem do problema e não apenas as consequências. – Akemi, uma senhora asiática se manifestou.

- Perfeito! O grande problema é o machismo e o patriarcado! – Anna Pietrova praguejava com seu rígido sotaque russo. – Vejo que uma dessas casas é no Cazaquistão! Minhas meninas podem lidar com isso. Então sugiro que comecemos por lá. – Todas pareceram concordar e passaram a discutir como seria a investida e quais as estratégias iriam utilizar. Apenas Delphine e S não se pronunciavam. A loura observava a exaltação das demais mulheres ali e a ruiva lhe olhava atentamente e seus olhos se encontraram e se comunicaram. Siobhan sabia que a antiga alma de Delphine já havia vivenciado inúmeras reuniões como aquela em séculos de existência da Ordem e ela também sabia que a luta parecia que nunca teria um fim. Viu um vislumbre de um antigo cansaço pairar nos belos olhos e um suspiro derrotado denunciar seu estado.

- Concorda Delphine? – Helena lhe questionou, trazendo-a de volta à reunião e a realidade. Percebeu que todas ali lhe olhavam com denotada expectativa e ansiedade. Sabiam e confiavam cegamente nela e em sua incrível habilidade de criar estratégias contra Lamartine e o Martelo.

- Senhoras! – iniciou ainda sentada – A história de embates entre a Ordem do Labrys e o Martelo é muito mais antiga do que qualquer uma de nós e sabem por quê? – Percebeu que as mulheres se entreolharam com certa apreensão. – Por que o que alimenta essa luta é algo que está impregnado em nossa cultura. Algo que chamamos de patriarcado. Então, para lutar contra homens como Lamartine, temos de atacar o que o alimenta. – Levantou-se de pronto. – Temos de evitar que novas gerações de machistas surjam. Discutir relações de gênero nas escolas é imperativo – Uma das telas focou em imagens de alguma escola em alguma parte do mundo. – Temos de empoderar cada vez mais meninas – Outra tela focou uma marcha de mulheres – E educar melhor os nossos meninos – imagens de garotos segurando bonecas foram mostradas numa terceira tela. – Contudo e enquanto trabalhamos nisso tudo – todas as telas apagaram para em seguida mostrarem a imagem que era a marca registrada de seus principais inimigos – Temos de combater diretamente aqueles que representam todo o mal por trás do Patriarcado. O Martelo! – A menção daquela palavra, carregada de significado, causou estremecimento de todas ali e a tempestade que castigava a região, atingiu seu ápice.

- Somos a linha de frente senhoras! – começou a rodear a mesa, tomando o cuidado de tocar no ombro de cada uma delas, lhes transmitindo confiança – A inteligência que nos mune de informações – tocou em Stella – A sabedoria que guia nossas forças – tocou nos ombros de Anna e Akemi – A resistência e a quebra de paradigmas tradicionais – alcançou Waris – A sagacidade e a determinação – Acariciou o cabelo de Genevieve e tocou o ombro de Susan. – A união, a impetuosidade e a família – olhou firmemente para Siobhan – E a lealdade e a dedicação que nos protege. – Parou ao lado de Helena, completando a volta e retornando ao seu lugar. – Somos a Ordem do Labrys! – E encerrou seu discurso realizando a saudação característica daquele seleto grupo e fora seguida por todas elas, numa enxurrada de energia.

Com todos os encaminhamentos decididos, Delphine deu aquela reunião por encerrada e fez menção a dispensar todas.

- Não vamos mesmo falar sobre... Eevelyne Chermont? – Stella, mantendo a sua usual ousadia, tocou no assunto que todas ali temiam e que sabiam que precisava ser discutido. Tanto que estremeceram ao ouvir aquele nome, enquanto Delphine paralisou no meio de um passo e retornou lentamente para encarar a sua irmã da Ordem. Aquela a quem sempre admirou a ousadia e perspicácia para buscar a origem de todo e qualquer problema que pudesse atingir a Ordem. Mas o fato era que ela mesma não conseguia parar de pensar nisso e na ousadia do Lamartine e temia o que aquilo poderia significar. Se ele estaria ao ponto de revelar o segredo mais profundo e antigo daquela longuíssima luta.

- Ela tem razão Delphine. Precisamos discutir os motivos que o levou a fazer isso. A trazer esse nome a tona. – S endossou aquela cobrança. – Quando foi a ultima vez que ele a chamou assim?

Delphine a encarou com certa dureza mas a tristeza por trás era mais poderosa. E precisou fazer um esforço para conter sua emoção para poder responder àquele questionamento.

- Muito tempo Siobhan! – olhou para todas arriando os ombros.

- Exato! Certamente foi bem antes de todas nós fazermos parte da Ordem. – Susan se juntou a conversa.

- Não! Muito antes de qualquer uma de vocês se quer ter nascido. – Delphine enfim as esclareceu, o que causou estarrecimento de todas e redobrou a preocupação com aquele fato.

Delphine ergueu a cabeça, fechou os olhos com força e tocou sua testa com ambas as mãos, num gesto característico seu, como se buscasse a memória exata e logo, rápidas cenas de um dos embates mais violentos entre eles veio a sua mente e constatou que tal fato ocorreu ha quase 100 anos em meio a Primeira Grande Guerra, quando ambos estiveram em lados opostos naquele confronto e que tal encontro custou a vida de quase todas as integrantes da Cúpula da Ordem daquele período. E se sentiu invadir pela tristeza avassaladora daquele momento e abriu seus olhos que estavam marejados e encarou a todas ali e percebeu que foi por muito pouco que algo semelhante poderia ter ocorrido na noite do Baile, quando ela pareceu perder o controle sobre si mesma e sobre a situação.

- Ele não é inconsequente! Tão pouco é leviano. – a Mestra da Ordem ponderava enquanto andava entre suas irmãs. – Mas algo o exasperou! O deixou nervoso. – Concluiu parando próxima a uma grande janela, dando as costas para as demais, o que a impediu de ver as trocas de olhares sugestivos entre várias delas. Denotando que havia alguns segredos pairando naquele ambiente.

- Mas nada mudou em nossos planos! – Virou-se para elas. – Continuo sendo Delphine Cormier e precisamos, mais do que nunca, manter a Ordem em segredo.

- Isso nos leva a Srta. Niehaus... – Finalmente Helena se pronunciou e atraiu a atenção de todas para ela que em seguida focaram em Delphine, apreensivas de qual seria a postura de sua mestra, uma vez que aquela misteriosa mulher parecia estar cada vez mais próxima da Ordem e dela.

- Deixem-na comigo! – Delphine valeu-se de toda a sua autoridade, deixando claro que não queria deixar margens para novos questionamentos. – Todas já têm suas agendas! Sugiro que descansemos, pois teremos muito que fazer nos próximos dias. Uma boa noite a todas. – Disse já saindo sem se quer esperar a resposta de nenhuma delas.

Subiu as escadas com passos cadenciados e com sua mente fervilhando sobre os últimos acontecimentos, mas inevitavelmente sua mente lhe levava de volta até Cosima e a todas as intensas sensações e os incômodos questionamentos que lhe atingiam toda e qualquer certeza. Abalando severamente a sua ponderada razão.

Sacou seu celular do bolso de sua calça e buscou o número dela. Calculou mentalmente a breve diferença de fuso, mas hesitou na ligação pois lembrou-se que já era tarde e que sua orientanda precisava repousar devido ao acidente que tivera. E novamente sentiu aquele incomodo frio na espinha e a amargura do pavor de pensar em algo acontecer à Cosima, principalmente se isso ocorresse por sua causa.

Em sua mente, estava ficando cada vez mais claro quem Cosima representava em toda aquela história e não queria nem pensar do que poderia lhe acontecer se Lamartine fizesse algo com ela.

Bateu a porta de seu quarto com certa intensidade e assustou-se com um movimento sorrateiro na penumbra que havia ali. Tinha alguém em seu quarto... Na sua cama... Aproximou-se com cautela mas a cada passo sentia seu coração magicamente se aquecer. Parou ao lado de sua cama e viu o pequeno volume sob as grossas cobertas, bem no centro de sua cama, dormia profundamente a pequena Manu.

Delphine ajeitou a colcha sobre ela, certificando-se que a menina estivesse bem agasalhada, pois a noite, que já se aproximava da madrugada, estava fria. Mas o sono, como de costume, estava lhe deixando na mão e então decidiu fazer o que havia prometido a Cosima.

Sentou-se diante de seu notebook e separou todo o material que jugou necessário para sua orientanda preparar uma boa aula. Anexou no e-mail e pensou alguns instantes sobre o que escreveria no corpo do e-mail. Abriu um sorriso sacana de canto de boca à medida que seus dedos deslizavam pelo teclado digitando uma mensagem direta para ela.

 

******

Estrondos ao longe fizeram com que a pequena criatura em seus braços estremecesse e lhe despertasse. Delphine coçou os olhos e percebeu os bracinhos de Manu lhe envolvendo e apertando com cada estrondo. A garota estava acordada e gemia baixinho sempre que um novo estrondo ecoava ao longe.

- Calma mocinha! – Delphine acariciou os loiros e bagunçados cabelos da menina. – Não precisa se preocupar com nada aqui. – Piscou um dos olhos, mas inevitavelmente ela estremecia e Delphine deduziu que aqueles sons certamente era de tiros. Muito provavelmente Siobhan estaria treinando.

Levantou-se da cama com dificuldade pois Manu não desgrudava dela e chegou até a janela, erguendo a garota e a colocando no colo.

- Veja! – Apontou ao longe – É apenas a Sra. S... – tentou buscar uma explicação para uma criança de 7 anos do que estava acontecendo ali.

- Treinando? – Manu indagou com seus expressivos olhos arregalados.

- Isso mesmo. – Delphine riu. – Você é realmente muito esperta pequena. Mas eu acho que está na hora da Srta tomar seu café da manhã. – Fez cocegas na menina – E, se não me engano, suas aulas começariam hoje.

- Isso! – Manu bateu palminhas – Eu posso ler tudo o que eu quiser nas aulas? – Delphine gargalhou e a levou para o banheiro.

 

******

 

A chuva havia dado uma trégua naquela manhã de segunda e Siobhan, conhecida por sua rigidez nos treinamentos, colocou todas as integrantes do Exército de Artémis que moravam na Fundação para treinar e enquanto ela dava aulas de como ser uma espetacular atiradora de elite, Stella e Helena se aproximavam e ficaram assistindo de longe.

Helena mal conseguiu dormir, pensando na sua descoberta da noite anterior e de como aquilo iria atingir a harmonia da Ordem. E por mais que Stella tentasse, não conseguia dissuadir sua companheira da ideia de aproveitar a presença de todas ali para expor aquela suposta traição.

- Sra. Sadler, qual é o seu recorde? – Uma das mulheres ali questionou com tom provocativo, para saber o quão longe a S conseguia atirar. A mulher mais velha riu e recarregou seu rifle.

- Um Sniper consegue tiros a mais de 3 km de distância, mas é com outro tipo de arma. Com um de arma de braço como um rifle desses...Hum... – S disse maneando a cabeça e apertando os olhos lentamente – Girou a arma de súbito e num único e inesperado disparo atingiu um prato-alvo que fora lançado a centenas de metros e envolto numa leve neblina, o que dificultava ainda mais sua visão e enaltecia o seu feito. Todas ali aplaudiram estarrecidas e sem se virar, recarregou sua arma – Mas existe alguém aqui que é ainda melhor do que eu em tiros de longa distância – Virou-se e estendeu a arma para as duas mulheres que se aproximaram. Elas se entreolharam e Stella sorriu.

- É a sua chance! – a loura disse.

- Helena... – S lhe ofereceu o rifle e ela o olhou com certa desconfiança. Sabia que sua antiga treinadora adorava desafiá-la e ela, por sua vez, divertia-se em impressioná-la e provoca-la. Olhou de canto de olho para Stella que demonstrava um semblante indecifrável.

- Tudo bem S! Aceito seu desafio mas... – ponderou um pouco mais sobre sua decisão – ...Se eu lhe superar você irá tirar uma dúvida minha?

- O que você quiser! – Siobhan nem se quer hesitou. O que surpreendeu até mesmo Stella. Helena olhou para S intensamente e esperou o incomodo silêncio imperar e logo todos os ensinamentos de Siobhan vieram a sua mente como uma enxurrada. Sentir o vento...Controlar a respiração...Sentir a arma como extensão de seu corpo e então, com um aceno sutil de cabeça indicou que estava pronta e então S ergueu sua mão e o lançador de alvos disparou um disco de porcelana a mais de 1 km de distância.

Quando todas achavam que o alvo já estava fugindo ao alcance daquela arma específica, Helena ergueu a arma, apoiando-a contra a lateral de seu seio direito e mirando por menos de um segundo, disparou. Todas suspenderam suas respirações por alguns segundos até que ouviram o som do estrondo que indicou o estouro do prato. Sonoros suspiros de admiração foram ouvidos e então Helena caminhou em direção a S para lhe entregar sua arma. Aproximou-se demasiadamente dela e com a sua boca bem próxima ao ouvido de S, para que só ela ouvisse, a confrontou.

- Por que você traiu a Ordem?

******

Ansiedade nem se aproximava do que Cosima estava sentindo naquele instante em que relia o e-mail que Delphine havia lhe enviado. O nervosismo era alimentando por um amargo sentimento de insegurança pois desde que recebera aquele e-mail na segunda-feira, não teve mais nenhuma notícia de sua orientadora ao longo de toda a semana e estava há poucas horas de substituí-la em sala de aula.

Decidiu focar toda a sua atenção na preparação daquela aula pois pretendia aproveitar aquela raríssima oportunidade de ministrar um aula num dos “templos sagrados” da docência superior. Procurou ocupar sua mente e gastar seu tempo enfurnada na biblioteca da Universidade e chegou até mesmo a recusar os vários convites dos amigos para sair e desopilar.

Só abriu uma exceção no seu planejamento para assistir a primeira aula da Professora Marion Bowles que parecia que a ministrava só para ela, tanto que praticamente todos os questionamentos e provocações foram direcionados para ela. Cosima não tinha certeza se aquilo era uma provocação para chamar sua atenção e ou se para testá-la. Mas para ambos os casos, Cos conseguiu responder a tudo com eximia a segurança de quem levava a sua formação a sério e de quem fora para aula com todo o material previamente lido e fichado.

Lembrou-se da desagradável insistência da professora em sair para um café após a aula e respirou aliviada – ironicamente – quando Shay a ligou e a “salvou” daquela estranha situação.

Suspirou derrotada enquanto se dirigia para o banho e lembrou da incomoda conversa que teve com sua empolgada namorada, que fazia inúmeros planos para a visita que faria a ela e Cosima só conseguia pensar na culpa que lhe consumia pelo beijo tão ansiado que dera em Delphine mas que lhe deixava numa situação extremamente desconfortável. Para Shay, aquela viagem soava quase como uma lua de mel e para ela, seria o momento de por um fim na relação delas.

Pensou em conversar por telefone mesmo e evitar a vinda dela, mas logo se repreendia dessa ideia pois seria muita covardia com ela.

- Ahhhhhh – Esbravejou sob o chuveiro, tentando aliviar toda a carga extremamente pesada que sentia sobre os ombro e a comprimir seu estômago. Sacudiu a cabeça e passou a repassar mentalmente todos os slides que preparara para a aula e foi se vestindo. Decidiu caprichar no visual pois pretendia sair com os amigos após a aula para se distrair e até mesmo iniciar as “comemorações” de seu trigésimo quarto aniversário.

Optou por uma calça de couro sintético marrom que se ajustava com perfeição ao seu corpo. Optou por um sapato fechado e se salto alto e uma blusa preta leve com estampas quadriculares nas magas soltas e um decote em V. Usou os dreads soltos e caprichou um pouco mais na maquiagem.

Parou diante de seu computador e leu, pela milionésima vez, o e-mail provocativo de Delphine:

“Minha cara Cosima, como prometido seguem os materiais que havia previamente separado para essa aula, assim como a apresentação que elaborei. SUGIRO que siga o meu planejamento.”

“Lhe desejo um ótima aula.”

“Atenciosamente,

Delphine Cormier

PhD”

 

Ps: Não faça nada que eu não faria Srta Niehaus!

 

- Me aguarde Srta Cormier! – Cosima sussurrou enquanto fechou a tampa de seu computador para coloca-lo em sua bolsa e partir para a Universidade.

 

*****

Palmas seguidas de risos empolgados eram os sons que podiam ser ouvidos nos corredores e provinham da sala de aula da Professora Cormier, contudo não era ela que ministrava aquela aula nem tão pouco causava aquelas reações intensas no numeroso quórum que estava ali presente.

O público era composto em sua imensa maioria pelos alunos daquela disciplina mas também alguns professores estavam ali, entre eles a própria Marion Bowles que fez questão de conferir aquela “novidade” inesperada, pois JAMAIS Delphine Cormier havia cedido o seu “palco” para mais ninguém pois era algo praticamente sagrado e histórico naquela instituição. Quase como uma tradição estabelecida mas que, como tudo na vida de Delphine, estava sendo quebrada por Cosima.

- Então quando pensamos em mulheres eloquentes ou proeminentes que permearam a história ocidental, vários nomes nos ocorrem embora não estejamos muito acostumados(as) a vê-las nos livros didáticos por exemplo. – Cosima parecia ter nascido para aquele trabalho. O nervosismo que a fizera perder o apetite antes da aula não fora percebido por ninguém, pelo contrário, a naturalidade com que ela conduzia aquela aula impressionava e cativava a todos(as) presentes. E ela prosseguia.

- Desde as mais remotas civilizações, a figura da mulher é encarada com fascínio e medo, como é o caso de personagens alegóricas e mitológicas, como Helena de Troia (cuja beleza provocou uma guerra) ou Eva, que induziu o primeiro homem (Adão) ao pecado. Denotando a nossa vocação – apontou para si mesma – Para a desordem não é? – Risos empolgados. - Mas, ao mesmo tempo, há figuras femininas decisivas, como, entre os gregos, Diotima de Mantineia, filosofa e sacerdotisa, e Safo de Mitilene, poetisa e supostamente a primeira lésbica famosa da nossa história. – Nova onda de risos e aplausos.

- No Oriente Médio, temos o exemplo da Rainha de Sabá, uma das mais poderosas da Arábia, o de Maria Madalena, “prostituta” que teve papel de destaque entre os seguidores de Jesus Cristo, e Maria, mãe de Jesus, que, a despeito da veracidade de sua concepção virginal e de sua santidade, exerceu e ainda exerce uma influência enorme sobre milhões de pessoas que creem em sua história. – Cosima falava e usava sua apresentação para ilustrar o que  dizia, fazendo questão de ignorar a apresentação enviada por sua Orientadora. Sentiu o tom provocativo e desafiador no e-mail de Delphine e quis, propositalmente, preparar uma aula só sua, mesmo que seguisse o tema pensado, mas estava dando a sua perspectiva.

Chegou a hesitar em modificar tanto assim o que lhe fora solicitado por temer a reação de Delphine, mas essa não estava ali para desafia-la diretamente e a reação entusiasmada dos estudantes e dos Semideuses, que fizeram questão de estarem presentes, só lhe enchiam da certeza de que havia acertado em suas escolhas.

Contudo, ela não percebera nem ninguém mais ali, que uma certa figura loura acabara de entrar e se sentar na ultima fileira de cadeiras, bem no canto da parede e assistiu a continuidade daquela aula com extrema atenção.

- No Egito Antigo, tivemos mulheres como Hatshepsut, esposa de Tutmés II, que também foi ela mesma faraó do Egito, Nefertiti, esposa de Aquenatón, e a mais famosa de todas, Cleópatra, cujos ardis, nos tempos do domínio romano sobre o Egito, fizeram dois generais de Roma, Júlio César e Marco Antônio, atrelarem-se a ela amorosa e politicamente. Entre as muitas figuras femininas de destaque na Idade Antiga, há ainda Roxane, a princesa persa que se tornou cônjuge de Alexandre Magno, da Macedônia. 

Cosima prosseguia cada vez mais empolgada, interagindo com os estudantes que lhe enchiam de perguntas e que eram perfeitamente respondidas. Demonstrando todo o preparo que ela fizera para aquela aula.

- Na Idade Média, temos a rainha Isabel de Castela, que, ao lado de seu marido Fernando de Aragão, promoveu a Unificação da Espanha no fim do século XV, expulsando os mouros da Península Ibérica. Em Portugal, há a dramática história de Inês de Castro, narrada pelo poeta Luís de Camões em Os Lusíadas. Inês foi perseguida e morta pelo rei D. Afonso IV para que não pudesse levar a cabo uma possível união matrimonial com o futuro rei D. Pedro. No período medieval, a mulher de maior destaque foi, sem dúvidas, Joana D'Arc, que chefiou tropas do exército francês na Guerra dos Cem Anos, mas acabou sendo perseguida e morta, acusada de heresia justamente por que...

“Cuidado Srta. Niehaus, para não deixar sua paixão contaminar sua análise critica...” Cosima paralisou ao ouvir aquela voz tão conhecida bem em seu intimo e instintivamente varreu as fileiras de cadeiras e com o magnetismo que é comum entre elas, caminhou lateralmente e a localizou. Se sentiu derreter por inteira ao encontrar os olhos intensos de Delphine sobre ela.

Todos ali estranharam a parada brusca de Cosima e a mudança em sua postura e perceberam que ela olhava fixamente para algum ponto daquela sala e logo todos se viraram para lá e incrédulos, encontraram a professora Delphine Cormier, tranquilamente sentada, com as pernas cruzadas e a usual postura soberana, assistindo a aula de sua orientanda.

- Não precisas parar por minha causa Srta. Niehaus. Podes prosseguir, por favor.

“Puta que pariu!” Cosima engoliu em seco. Ela estava mesmo ali.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 27 - Capítulo 27 A Traição:
Ska
Ska

Em: 14/01/2018

Olá meninas  tudo bom?

Então primeiro eu gostaria de saber se tem algo q eu posso fazer pra receber no e-mail quando a estória for atualizada pq fico o domingo todo entrando pra saber se ja foi, sei la sabe favoritar ou algo assim pois confesso q não sei mexer mto bem no site 

E segundo acho q elogiar vcs e o quanto escrevem eu ja o fiz ne ...rsrsr mas estou amando tudo, estou lendo todos os capítulos postando duas ou três vezes rsrs... e pelo q li acho q a cosima  e tipo a reencarnação do amor passado de Delfhine, ah se essas duas se abrissem uma com a outra se cosima deixasse Delfhine saber dos sonhos tudo ia ser esclarecido, sinto falta de mais diálogo entre as duas pq e tão bom quando estão juntas q eu quero mais. E ainda q eu não comente eu estou aqui sempre lendo e me encantando com a estória bjss meninas 

Ps: ciúmes pq vi varios comentários de vcs falando pras meninas adicionaram vcs no face e não falaram o mesmo pra mim

#chateada


Resposta do autor:

Boa noite srta. Não seja por isso. Podes me adiconar agora mesmo:

https://www.facebook.com/profile.php?id=1223930183

E não sei como funciona aqui no Lettera mas existe um outro site que você favorita e recebe alertas de atuakizações e nós também postamos por lá. Segue o link:

https://www.spiritfanfiction.com/historia/an-extraordinary-love-9988495

 

Me adioce que papeamos mais sobre a fic e agradeço muito o seu carinho e estais caminhando pelas suposições certas. 

 

Xeros

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patty-321
patty-321

Em: 08/01/2018

Ai ai. Fascinante. Qye incrível e a manu. E porqye a S envolveu a cosima nessa estória e traindo a ordem. Muitos mistérios ainda envolve toda a ordem labrys. Ansiedade pea aguentar a espera agora q coloquei a leitura em dia. Bjs


Resposta do autor:

Nossa! Você devorou a fic em poucos dias. Muitísimo obrigada. E o que envolve a S e a Cosima é o segredo máximo da Ordem.

E uma semana passa rápido.

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Flavia Rocha
Flavia Rocha

Em: 08/01/2018

eu acho que a traição não existe rs Se ela estava entregando a Cosima o que pertencia a Cosima.  Só tô curiosa pra saber como ela chegou a Cosima, como sabia que era pra ela que tinha que entregar e por que esconder da Delphine.

Eeee Cosima, pensou que a Del iria provocar e não iria ir ver se você aprontaria alguma?! rsrs

Autora, e a Rainha Cristina da Suécia teve um papel bom na história? Só assisti o filme rs

Boa semana

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Angel68
Angel68

Em: 07/01/2018

Um capítulo mais instigante que o outro, agora essa agora com a traição á Ordem....história cheia de nuances e mistérios, adoro !!


Resposta do autor:

Sim, os mistérios estão ficando mais densos. Obrigada por seu carinho.

Xeros

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