Capítulo 6
Domingo tínhamos as provas do judo para assistir. Elas seriam literalmente do outro lado da cidade. E desta vez eu nao queria me atrasar. Acordamos super cedo, o cafe da manha do hostel nao estava nem servido ainda, achamos valido comer algo no caminho mesmo.
Carol levantou depois de mim, mas como sempre ja estava pronta antes mesmo de eu pegar minhas coisas. Ela estava de bermuda jeans e uma camiseta amarela, segundo ela era pra saberem que ela é brasileira.
Dessa vez ela aceitou meu protetor solar. Ate deixou eu passei. Ela nao falou nada, mas dei risada lembrando da noite de ontem. Tenho certeza que ela nao vai querer outro arranhao na pele queimada.
Saimos cedo do hostel. Pegamos um uber ate o trem. Paramos em uma padoca pars um cafe da manha rapido. Carol comeu um cachorro quente, sim, as 7:00 da manha ela pediu um cachorro quente. Nem acreditei, ela é tao preocupada com a saude e comendo cachorro quente. Mas nao comentei nada. Pegamos o trem ate uma dada estaçao e de la um onibus especifico dos jogos olimpicos que levava ate as arenas.
No onibus a Carol como sempre, sociavel, começou a conversar em ingles com um senhor de olhinhos puxados. Ao chegarmos no parque olímpico, andamos mais um montao ate a arena 2, onde estavam sendo as provas do judo.
Muito diferente do espaço do dia anterior, essa arena era fechada, com cadeiras numeradas, ar condicionado. Para um esporte perfeito, uma arena quase perfeita. Haviam duas areas de luta, um painel gigante que mostrava as lutas atuais e as proximas.
Dei muita sorte, daqui 2 lutas teriam o combate Brasil e hungria, categoria ate 75 kilos. Era a categoria da Malu Lopes. Nao creio que dei sorte de vir no dia a luta dela.
Achamos nossos lugares e fomos sentar. O lugar era ate que bom, de lado, dava pra ver bem as 2 áreas. A Caroline havia saído para pegar cervejas pra gente. Queria que ela chegasse a tempo a luta da malu. Caraca, adoro essa atleta. Alem de excelente judoca, que ja ganhou 2 mundiais e um bronze em londres 2012, ela era super gata.
Carol chegou um tempinho depois, com dois copos de cerveja e dois pedaços de pizza. Era o que estavam servindo de comida na arena. Dei risada, a madame cirurgia, tomando cerveja e comendo pizza as 9:00.
Depois de um dado tempo, a arena se levantou. Coisa de arrepiar, gritavam Brasil… Tum tum tum, brasil. Acho que era a luta da Malu. Deve ser.
Fiquei super atenta a area de luta la do fundo. Mas a visao nao era tao boa, acabei vendo pelo telão. A luta foi ate que rápida, durou uns 2 minutos. A Malu ganhou da húngara por ipon, depois de uma imobilizaçao no solo. Adorei.
Depois da luta, a Malu passou com a treinadora, pertinho da arquibancada. Eu estava extasiada. Sempre quis ver o judo nas olimpiadas e sempre quis ver uma luta da Malu lopes de perto.
O dia foi passando e de luta em luta fomos vendo os atletas avançarem na competiçao ou sairem arasados do tatame. Quando deu umas 13horas, saimos para almoçar algo. As lutas recomeçariam as 15 para as semi finais e finais. Tinhamos dado sorte de conseguir ingressos para os 2 horarios.
Assim como no dia anterior, o parque olimpico estava perfeito, usa super sensaçao de alegria, confraternização. Nao dava pra nao se encantar mais uma vez. Demos um passeio pelo parque e acabamos comendo mais um pedaço de pizza.
Pegamos mais 2 cervejas e deitamos em uma sombra que tinha na lateral da arena 2. A carol acabou deitando no meu colo e cochilou enquanto eu enchia ela de cafunes. Nosso voo sai as 23 horas de hoje e amanha as 10 horas ela ja tem atendimento, entao deixei ela descansar mais um pouco. La pelas 14 voltamos para a arena. Haveria as semi finais, disputa do terceiro lugar, final e premiaçao ainda.
Nosso lugar era diferente agora, mais proximo ao centro do tatame. Deu bem pra ver a vitoria da Malu lopes na semi final, mas ver a derrota de um atleta brasileiro na mesma etapa.
Quando deu por volta das 17:00, os organizadores arrumaram o tatame para ter apenas uma area de luta. Ali seriam as finais. Primeiro foi a masculina, que aconteceu entre um italiano parrudao e mala e um cubano forte. Nao imaginei, mas vi o italiano derrubar o cubado nos primeiros quinze segundos de luta. Ganhou por ipon. A comemoração do italiano foi linda, correndo com a bandeira da italia pelo tatame, depois subindo na arquibancada para comemorar com seus companheiros.
Algum tempo depois foi anunciada a final feminina, seria entre Brasil ( a Malu) e uma japonesa, de nome bem dificil. Serio, queria muito que a malu ganhasse. Sou muito fa dela, vejo pela internet como ela treinou pesado e firme desde o bronze em Londres. Ganhar ouro em casa, no Rio de Janeiro, seria lindo.
Malu estava de kimono Branco, a faixa preta marcava bem a força e tecnica dela. A japonesa entrou de kimono azul. Lembro da Malu colocando a mao no tatame e depois fazendo o sinal pra cima, como se agradecesse algo a alguem ou pedisse forças aos céus.
A luta demorou uns 4 minutos. Devo dizer que as duas lutaram bem, mas em um momento de cansaço ou de distração, a Malu acabou errando um golpe de quadril e a japonesa, mais do que bem treinada, aproveitou o erro e deu um contra golpe. Malu caiu de costas no tatame, isso deu claramente o ipon e a vitoria para a japonesa. Malu ficou com a prata.
Acho que para o torcedor sempre tem um gostinho de derrota, mas caraca, acho que ela como atleta deve comemorar muito, uma prata olimpica nao é pra qualquer um.
- Carol, sera que eu consigo entrar no vestiario? Pra ver a malu?
- claro que nao cristiane. Para com isso. Ela é atleta e deve estar cansada. Vamos esperar a premiação e ir embora.
- vou jogar um chaveco no segurança. Vai que eu consigo.
- cristiane fica aqui. Vai perder a premiação tentando algo que nao da.
- Fica ai voce. Eu vou tentar. - nao olhei nem pra tras. Fui pulando de arquibancada em arquibancada. Cheguei no segurança - moço, tudo bem? Eu sou muito fa dos atletas do judo. Voce nao deixaria eu entrar no vestiario? Prometo nao aprontar nada.
- moça, a senhora nao pode entrar. So entra pessoal autorizado. Se eu deixo voce entrar, perco meu emprego.
- mas ninguem precisa saber! Voce pode fingir que nem me viu. So queria uma foto com a Malu Lopes. Parabenizar ela pela luta.
- moça, sem crachá não entra. Nao posso, desculpa. Nao entra.
- vou ficar aqui na porta. Esperando els sair pra eu pedir uma foto.
- a senhora nao passando as grades, pode ficar onde quiser. - e fiquei la esperando, 10, 15, 20, 30 minutos. Eu queria muito tirar uma foto com ela.
Acho que depois de mais ou menos uma hora, saiu alguns atletas, acho que para a cerimonia de premiação. A malu estava entre eles, ja de banho tomado, vestindo o uniforme dos atletas.
- Malu, malu, tira uma foto comigo malu. - gritei isso algumas vezes, o mais alto que pude. Depois de um tempo pareceu que ela ouviu, olhou pra mim. Fiquei feliz pra caramba. - uma foto malu.
Ela veio cabisbaixa, mas sorriu quando chegou perto da arquibancada. Caraca era uma medalhista olímpica e nao tinha ninguem querendo tirar fotos. Tinha mais brasileiro olhando a japonesa campeã que a vice do próprio país .
- Parabéns Malu. Acompanho sua carreira desde quando você foi treinar no Massao. Levanta a cabeça menina, prata olímpica nao é pra qualquer um. - ela me abraçou, eu nao esperava isso. A grade de contençao nos separava.
- eu treinei muito pra esse campeonato, ter ganhado ouro no Brasil era meu sonho. Nao consegui isso. - enquanto ela falava, a tecnica chamou ela. Acho que ela precisava ir para a premiaçao. Tirou uma foto comigo e me agradeceu. Pediu pra eu enviar a foto pra ela pelo Instagram. - obrigada pelo apoio. Ter torcida assim é o que me faz continuar tentando e indo atrás.
Eu apenas sorri. Que garota linda, nao so de corpo, mas com um sorriso timido mas harmonioso.
Assisti a premiação dali mesmo. Aproveitei cada segundo naquele estádio. Vi a Malu subindo no pódio, tirando foto, dando reportagem e depois retornando pro vestiario.
Ela era linda, simpatica, merecia muito conquistar tudo que quisesse.
Quando bati o olho no relogio ja era quase 21:30. Meu Deus, a Caroline deveria estar muito puta da vida comigo. Cade meu celular? Nem meu celular eu lembrei de pegar com ela. Deixei tudo la.
Como ia achar a Carol nesse lugar todo? Sai da arena, olhando em todos os possíveis lugares que eu poderia. Nao precisei olhar muito, encontrei a Caroline logo a frente da arena, sentada no chao, mexendo no celular, aparentemente calma.
No exato momento que ela me viu fechou a expressão. Eu sei, fiz merd*. Ela nem se deu ao trabalho de olhar na minha cara. Entregou a minha mochila, na verdade, quase jogou em mim. E saiu andando na frente, em Passos pesados e longos.
- Carol, anda mais devagar. Nao to dando conta de te acompanhar.
- Se eu andar mais devagar eu desisto de tentar chegar na porr* do aeroporto hoje.
- nosso voo é as 23:30. Nao precisa correr.
- você me largou sozinha tanto tempo, que nao sabe nem a hora. Ja sao 10 pras 10. Ate chegar no hostel e depois no aeroporto… palhaçada cristiane
Peguei meu celular na bolsa, era verdade, passei quase 2 horas la na arena pra tirar uma foto. Mas quer saber, dane-se eu consegui o que eu queria. Fiquei bem feliz.
Enquanto tomávamos o onibus especifico dos jogos ate a linha do metrô, a Carol foi falando no celular.
- Clara, desculpa eu te incomodar essa hora. Você pode resolver algumas coisinhas pra mim, por favor. Liga na empresa aerea que você reservou meu voo e o da Cristiane, tenta adiar pra mais tarde, se nao conseguir pega um pra amanhã cedo primeiro horário. Se conseguir só pra amanha cedo, liga no hostel e ve se da pra aumentar mais um dia da estadia. Caso nao de arrume algum lugar para eu e a cris passarmos a noite hoje. Ok?! Obrigada Clara. Depois me lembra de acertar isso com você. Até mais.
- A clara vai conseguir mudar os horários amor?
- tenho bola de cristal Cristiane?
- Grossa! - falei isso baixinho. Ela estava muito puta comigo. Ate entendo, mas é de mais.
Quando chegamos no metrô ela so olhou pra mim e falou: - a Clara conseguiu o voo para a 1 da manhã. Vamos descer no aeroporto de Guarulhos. De la pegamos um taxo até em casa. Chegando no Hostel, simplesmente arruma aquela quizumba de mala e vamos rapido.
- Carol, minha mala ja esta pronta.
- Claro que esta, tenho certeza.
No final da historia, conseguimos voltar pra casa. Chegamos em casa ja passava das 4 da manha praticamente. A carol ainda estava bem bravona comigo. Um pouco menos, mas me daria trabalho pra acalmar a fera e pedir desculpas. O pior de tudo, é que sei que estou errada, mas nao vou me culpar, adorei conseguir uma foto da Malu Lopes.
Fim do capítulo
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Penelope
Em: 27/12/2017
Nossa essa cris é esperta e uma grandessissima mau carater, fica inventando culpa q a esposa não tem para poder se sentir no direito de aprontar.
Inventou ciumes da colega de trabalho da esposa para correr atras da "gata" judoca.
Fica inventando essa palhaçada de ser traída pela profissão da esposa para trair a esposa com uma pessoa de carne e osso e ainda querer dizer q é a mesma coisa.
Pior pessoa essa cris!
Resposta do autor:
Sim. Fico feliz que estejam conseguindo ver isso.
A ideia dessa historia é mostrar que quando um relacionamento está ruim, é necessario parar e pensar e não apenas arrumar desculpas ou jogar a culpa na outra. Aguarde os proximos capitulos, logo saberemos como a Carol se sente frente a essa atitude da Cris e como as coisas vão evoluir.
Continue comentando, por favor.
Isso é muito importante pra mim.
Abraços
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