Capítulo 2
Disse que daria a resposta amanhã por mais que eu quisesse esse emprego eu nunca cuidei de uma pessoa assim, deixei o prédio com uma pontinha de esperança antes de entrar no ônibus olhei pra sua janela que permanecia fechada.
O restante da manhã foi como as outras vendendo bala no sinal muitas das vezes recebendo vários não e vidros fechados, à tarde eu fui pro metro eu tinha uma ótima lábia com as pessoas arrecadei uns 25 reais no fim da tarde eu me encontrava com uns amigos do farol e ficava sentada olhando a onda bater contra as pedras.
-Essa chance não baterá na sua porta novamente dizia pra mim mesmo enquanto sentia a areia da praia em meus dedos.
Me perguntava como seria sua vida por baixo daquela capa que ela usa, desta vez decidi dar ouvidos ao meu coração.
Então fui pra casa da dona Maria contar o que tinha me acontecido ela se sentou no sofá comigo e me disse que eu deveria me agarra a essa oportunidade, que essa seria a minha chance de melhorar de vida eu disse que estava disposta, mas aquelas palavras negativas me rondavam a cabeça.
-Quem sabe você não a faz rir
-Isso será uma missão impossível completei.
Jantamos depois eu procurava uma roupa apresentável pra amanhã que não eram muitas, me deitei cedo queria estar em perfeitas condições pro dia seguinte.
No dia Seguinte..
-Bom dia maninha
-Bom dia Lucia aconteceu algo ?
Conhecia muito bem minha irmã ela estava animada até demais me serviu o café da manhã enquanto eu a observava cada expressão.
-Duas noticias
-Uma eu consegui um bom fornecedor pra termos coisas novas na loja
-E a segunda terá uma cuidadora ela ficou de me dar à resposta hoje mesmo, acredito que ela aceitará.
Pensei com essa crise econômica qualquer um aceitaria meu psicológico e físico estavam abalados demais pra mais uma inútil cuidar de mim.
Terminei o café voltando a dormir eu passava o dia todo em minha cama algumas partes do meu corpo doíam mais eu não me importava.
Sai de casa o mais cedo possível dona Maria me desejou um bom dia, será que eu teria mesmo um bom dia peguei o ônibus soltando em frente ao seu condomínio.
A me ver o porteiro acionou o portão me dando passagem ao chegar à entrada desejei um bom dia saudoso como o de ontem, disse que iria ao apartamento 104 ele apenas coçou a cabeça e interfonou-o pro apartamento avisando da minha chegada, me dando passagem e assim peguei o elevador novamente parando no terceiro andar não demorou muito eu estava diante de sua porta.
Toquei a campainha e logo ela foi aberta pela irmã gêmea que me deu passagem pra entrar.
-Cheguei cedo demais disse olhando o pequeno cômodo de dois quartos banheiro sala cozinha e uma pequena área.
-Não, ela dorme a manhã inteira, sente-se e me conte a novidade.
Me sentei sendo acompanhada de seu olhar olhei o ambiente ao redor realmente eu teria muito trabalho, mas isso seria o de menos.
-Eu pensei muito no que você me disse e eu aceito, porem se algo não lhe agradar pode me demitir ainda hoje.
- Que isso sandrinha não faria isso eu realmente preciso que cuide dela, assim eu posso cuidar da loja.
-loja ?
Ela se levantou me servindo um cafezinho me disse que sua irmã possuía uma loja de artesanato foi o que restou do seu divorcio.
-Entendo é por onde quer que eu comece? Perguntei empolgada antes de beber um pouco do café.
-Por onde você quiser sobrou comida do jantar de ontem, ela gosta da comida caseira que servem no restaurante aqui da frente.
-Há isso por que ela não provou da minha comida sorri.
Sua irmã arqueou uma sobrancelha e sorriu
-Tem certeza que não quer voltar a trás ?
-Tenho sim voltar atrás e pros fracos seremos como dois pólos negativos e positivos.
-Admiro muito a sua dedicação aqui estar os contatos meu telefone do medico e dos bombeiros caso aconteça algo.
-Se estar tentando me assustar não consegui sorri.
- Boa sorte
Me despedi dela e fechei a porta olhando praquela pequena bagunça respirei fundo antes de começar a limpar e arrumar, fui até a cozinha pegando uma vassoura e pano de chão ao abrir a gaveta da lavanderia me surpreendi com a quantidade de produtos de limpeza que tinha, então comecei minha faxina pela cozinha mesmo .
Joguei cloro e sabão no chão e esfreguei com força, pois queria ver o chão brilhando, comecei a cantar baixinho pra não acordá-la enchia o balde e jogava aos poucos o cheiro da limpeza invadia o restante da casa.
Acordei sentindo um cheiro forte de cloro minha irmã tinha enlouquecido de vez trazendo uma dessas fanáticas por limpeza aqui pra casa, perdi o meu sono por fim acabei me levantando e sondando a tal pessoa, ao chegar à cozinha me deparo com a pessoa esfregando o chão de costas pra mim e pior cantando.
-Quer me matar com esse cheiro.
Ela se virou lentamente e pra minha surpresa eu a reconheci.
-Você!
-Olá dama de preto disse segurando a vassoura de lado.
-Eu não acredito nisso minha irmã só poderia ter ficado louca contratando uma catadora pra cuidar de mim.
-Hei eu posso ser catadora mais a educação passou longe dos seus lábios.
-Saia da minha casa.
-Não, pois eu fui contratada pela sua irmã pra cuidar de você.
-Pra cuidar de mim ou me matar de DPP
Ela estava diante de mim com o seu Robe preto longo os cabelos bagunçados e com a voz um pouco alterada, tentava mostrar uma postura de durona da qual eu não cairia tão fácil.
-O que é DPP ?
Levou a mão a testa negando minha pergunta, ela apenas me olhou pela ultima vez antes de retornar pro quarto.
-Esqueça
Ela não conseguiu dar nem quatro passos antes de escorregar se não fosse eu a ter segurado por trás seria uma queda feia.
Sua cabeça estava jogada pra trás me revelando a pele do seu pescoço desnuda e o céu clarinho que eu via em seus olhos, que por alguns segundos não eram mais frios e duros.
-Solte-me!
-Tem certeza, pois estar cheio de cloro em baixo de ti se eu a soltar já era a sua roupa.
Ficamos nos olhando por alguns segundos enquanto eu a erguia e a ajudava sair da cozinha em segurança deixando-a na sala.
-Já disse pra me soltar não sou uma velha.
-E mais iria se esborrachando que nem uma manga que cai do pé.
Ela me olhou seria e eu tive que conter o riso bom pelo menos ela não tinha voado em mim ainda, se sentou no sofá passando a mão pelos cabelos lisos que cismavam em cair.
-Aceita alguma coisa um lanche ou suco ?
-Aceito, que você vá embora da minha casa.
-Acesso negado sinto muito, bom agora que estar em segurança e segura vou voltar pra minha faxina antes que eu seja presa por matá-la por essa coisa ai.
Ela se retirou me deixando sozinha eu estava indignada com a falta de responsabilidades da minha irmã contratando uma catadora e analfabeta, fui pro banheiro e depois pro meu quarto.
Dei um jeitinho na sala passando o aspirador de pó no carpete abrindo as cortinas pesadas e pretas, entrando um pouco de luz as paredes possuíam um tom pastel os móveis preto com branco e uma caixa jogada num canto me aproximei pra ver melhor, eram discos de vinil me animei com a idéia de poder ouvi-los mais primeiro eu teria uma missão alimentar a Dama de preto.
Fiz um arroz soltinho com uma sopa de legumes bem rápida e nutritiva, pra não ficar sem graça desfiei um frango que veio do restaurante que ela gostava.
Coloquei tudo numa bandeja com água caminhei lentamente até o seu quarto que não era muito iluminado, ao entrar a encontro deitada olhando pra um canto qualquer do quarto.
-Hora do almoço sorri.
-Deixe ai e saia.
Seu quarto e muito bonito embora não der pra ver quase nada indaguei não dando brecha pra seu mau humor, ela me fitou seria e voltou a olhar pro canto.
-Olha a comida estar uma delicia se não comer ela vai esfriar depois que esfria não tem o mesmo gosto de uma feita na hora.
-Eu não ligo.
Me disse ainda olhando pro canto então resolvi fazer o teste a deixei sozinha por menos de 10 segundos, ao voltar ela ainda olhava pro canto então me aproximei de sua cama pegando em sua perna que a fez me olhar sem entender nada.
-Me solta garota
Puxei sua calça e coloquei a pele desnuda contra um cubo de gelo, ela chiou quase gritou com o contado do gelo com a pele quente, depois soltei sua perna, ela se ergueu na cama me fitando com raiva.
-Nunca mais toque em mim.
-Ue você me disse que não ligava então eu fiz um teste, e sabe de uma coisa você liga.
-Você é completamente maluca agora SAIA DO MEU QUARTO!
Assim ela fez me obedecendo pela primeira vez soquei o colchão com tamanha era minha raiva queria gritar o mais alto que eu podia, mas ela iria voltar com suas idéias alimentícias e temperatura.
-Puta merd* eu te odeio Lucia.
Não toquei em sua comida voltei a dormir o restante da tarde acordei ouvindo o toque do telefone, me levantei um pouco tonta precisava ir ao banheiro ao sair encontrei com ela falando ainda com minha irmã.
Ao sair precisava de água era sete horas da noite a encontrei na cozinha com um dicionário na mão, ao me ver ela se levantou perguntando se eu precisava de algo.
-Água sussurrei
Ela se levantou abrindo a geladeira e pegando um copo e enchendo-o eu me sentei um pouco, ela se aproximou e entregou o copo bebi lentamente sendo acompanhada por seus par de olhos verdes.
-Cadê minha irmã ?
-Ela me disse que não vai poder vim e que eu posso dormir aqui.
Era só o que me faltava não basta ter tentado me matar agora ela vai dormir aqui talvez assim eu possa sufocá-la com o travesseiro.
Ela voltou a se sentar do outro lado e pegou o dicionário na mão eu observei que ela usava um boné cravado a cabeça, e usava uma blusa simples com um jeans surrado e um tênis desgastado.
-Poderia se vestir melhor da próxima vez que vier em minha casa indago.
Ela olhou pra suas vestimentas e depois pra mim fingiu não ouvir e continuou a ler aquele maldito dicionário.
-Aqui e um prédio a onde mora pessoas civilizadas e bem vestidas, não quero que as pessoas pensem que uma moradora de rua cuida de mim.
Fechei os olhos impedindo que as lagrimas caíssem em sua frente eu não tinha culpa da minha atual condição financeira, mas eu estava ali pra melhorá-la e essa mulher não estava me ajudando não iria cair em seu jogo e me menosprezar ou sair batendo a perna e chutando a porta, enquanto eu folheava o que procurava sentia seus olhos em mim suas respiração era lenta e eu tinha a leve impressão de poder escutar as batidas do seu coração.
Me levantei pra por o copo na pia olhando pro chão que brilhava ao colocá-lo na pia senti uma leve vertigem, me apóie na pia sentindo suas mãos pousadas em cima das minhas.
-Sente-se mal
Seu hálito quente em minha nuca fez meus pelos se eriçarem fechei os olhos inspirando o maximo da ar e eliminando aos poucos.
-Apenas uma tontura olha o quarto de hospedes estar uma bagunça.
-Eu não me importo venha, me guiou até meu quarto ao entrarmos ela notou que eu não tinha tocado em sua comida, me colocou sentada na cama.
-Eu vou fazer uma sopa de ervilha precisa se alimentar.
Pegou a bandeja ia se retirando eu fiquei intrigada com o tanto ela procurava naquele dicionário.
-Espere
-sim
Olhei praquela menina alta de cabelos loiros magra me olhando com serenidade depois de um dia difícil ao meu lado, ela ainda ia prepara minha janta.
-O que tanto procurava naquele dicionário?
Ela sorriu fraco depois respondeu docemente.
-O significado de DPP
Fim do capítulo
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