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LUZ por Marcya Peres

Ver comentários: 1

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Palavras: 4578
Acessos: 6543   |  Postado em: 13/12/2017

Capítulo 13

OS DIAS FELIZES...


O dia seguinte chegou trazendo o frio úmido das montanhas, o cheiro de terra molhada pelo orvalho da madrugada inteira, e dois corpos nus embaixo de um edredom, que se aqueciam muito mais pelo calor do que sentiam que pelo de seus próprios corpos unidos.

Lívia abriu os olhos e ficou admirando Ana ressonar. Era lindo vê-la com semblante leve e inocente, totalmente à mercê do seu olhar de Amor. Como que parecendo sentir-se olhada, Ana, sem abrir os olhos, levantou a mão e tocou a face de Lívia, desceu pela nuca e puxou o rosto de Lívia até tocar-lhe os lábios num beijo lânguido e preguiçoso...

- Não é justo ficar olhando o outro enquanto dorme...

Disse Ana sorrindo...

- Incrível como você consegue perceber essas coisas! Minha vontade não é própria, não me pertence mais, nem ouve o que é de bom tom ou não...ela é soberana quando se trata de ti e tenho que obedecê-la e pronto! Acordei, me virei e aí vi o seu rosto lindo, adormecido e totalmente à disposição do meu olhar...o que fazer?

Lívia falava com Ana acariciando seus cabelos. O tom de sua voz era tão doce que o coração de Ana batia mais rápido a cada sílaba.
Lívia ajudou Ana a levantar-se, não eram 8:30 da manhã ainda, e teriam tempo para um bom banho antes do café da manhã. Lívia pediu gelo na recepção e retirou o imobilizador da perna de Ana, aplicou uma compressa por 20 minutos, depois preparou a banheira e entraram juntas para um banho a dois. Mas pela condição em que Ana estava, todo o cuidado era tomado por Lívia para que ela não fosse machucada. Sentou-se atrás de Ana e deu-lhe banho com cautela, passou bucha delicadamente por todo corpo, lavou-lhe os cabelos e lavou-se também, já estava por sair da banheira, quando Ana a fez ficar.

Fez do corpo de Lívia como se fosse uma cadeira, recostou-se a ele e virou o rosto pedindo pra ser beijada. As mãos deslizavam pela perna de Lívia e Ana segurou-lhe uma das mãos e a levou até seu seio...fez com que Lívia o acariciasse e desceu até o ventre...Lívia já beijava a nuca de Ana e colava seu corpo ao dela como se pudesse se fundir á pele e à carne da sua amada...beijou e mordiscou a orelha de Ana, desceu a boca pelo pescoço e mordeu-lhe os ombros...as mãos passeavam pelos seios, abdômen, ventre, pernas...as unhas deixavam pequenos arranhões, uns lanhos vermelhos sobre a pela morena de Ana...que gemia, se contorcia e agarrava-se aos braços e pernas de Lívia, murmurando frases desconexas, de puro tesão.


Lívia arqueou o corpo e fez com que Ana ficasse sentada em cima de seu sex*...encaixar desse jeito entre os quadris de Ana era delicioso, senti-la rebol*r sobre si então, era maravilhoso, e Ana o fez com maestria. O pé machucado nem parecia pertencer ao resto do corpo de Ana. Lívia segurou as ancas dela e a fez dançar no seu ritmo...como era gostoso ter aquela mulher deliciosa bailando em cima dela, com tesão, dizendo palavras levemente obscenas misturadas às declarações de Amor. Lívia deslizou as mãos em direção ao sex* de Ana, tocou-a com desejo inflamado, querendo ver aquela amazona esfregar ainda mais sua bunda em seu sex* inchado e encharcado de tesão. Lívia puxava Ana pelos cabelos e a fazia se mover na mesma cadência que ela. Ana sentia a mão de Lívia abrindo seu sex* e o invadindo sem pudor. Não precisava de licença, ele era todo dela, só dela...e ela exercia seu direito com toda plenitude e assim fez...entrou em Ana e vasculhou seu interior em busca do lugar que mais lhe dava prazer...um dos dedos massageava aquele pedacinho de carne que endurecia a cada segundo mais e mais, como se fosse uma pequena pedra de Rio, daquelas que deslizam ao toque.


Ambas se tocavam como se soubessem exatamente onde arrancariam mais gemidos uma da outra...era como se os corpos fossem mapas do tesouro e as jóias sempre eram encontradas, indubitavelmente. Se conheciam, não sabiam dizer como, mas entendiam o que cada uma queria e precisava.
Lívia retesou o corpo e segurou firme os cabelos de Ana, virou-lhe o rosto e beijou aquela boca com muito ardor...o gozo veio intenso, elétrico, fazendo o corpo todo tremer por alguns segundos. Ana continuava com os dedos de Lívia sobre si, fazendo-a ver cores ainda desconhecidas e soltou um suspiro longo e pesado logo que o prazer chegou-lhe ao corpo. Apertou forte a mão de Lívia contra se sex* e esfregou-se nela a fim de arrancar-lhe todos os gozos a que fazia jus.


Ficaram daquele jeito, sabe-se lá quanto tempo ainda...beijavam-se, acarinhavam-se, entregavam-se...Lívia olhava sem cansar o rosto de Ana e o fazia como que para captar e gravar em si todo aquele momento, os pequenos gestos, as expressões involuntárias que Ana fazia...queria que ficassem impressas em sua memória não apenas o que via, mas cada impulso elétrico que ela lhe causava, cada sensação de prazer, cada gemido, cada murmúrio, qualquer frase dita aleatoriamente ou não.


Já Ana queria sentir, e isso ela fazia como ninguém...não sabia se conseguia fazer transparecer para Lívia tudo o que ela provocava em seu corpo, em sua alma, em seu ser...mas não conseguia largar sua mão junto de si; não conseguia parar de tocá-la com profundo amor; de levar a mão de Lívia até abaixo de seu ventre para que ela sentisse seu desejo, sua umidade. E Lívia sentia como ninguém que Ana não precisava estar olhando para ela pra dizer-lhe o que ia na sua alma...o modo como ela se entregava àqueles momentos de intimidade, eram a pura tradução de tudo o que Ana não podia mostrar com seu olhar.

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Após o café da manhã, decidiram voltar a Campos do Jordão e juntas explorarem aquela linda cidade. Ambas precisavam de roupas e iniciaram a busca pelas pequenas lojas ao redor de toda a cidade. A tarefa não era tão simples pelo fato de Ana precisar da cadeira de rodas, o que muitas vezes a deixava impossibilitada de alcançar determinado lugar. Mais uma vez, sentia da pele o descaso das autoridades para com os deficientes. Eram raros os lugares altos que tinham rampa de acesso e nada era feito sem a força física de Lívia, muitas vezes contando com a ajuda de outras pessoas. “- Preciso parar e pensar melhor o que poderia fazer para melhorar a vida dessa gente. É tudo tão complicado para quem precisa se locomover assim!” Ana conjeturava enquanto mais uma vez Lívia fazia força para alçar sua cadeira a uma calçada mais elevada.

Apesar dos percalços, o passeio transcorria muito agradável. Ana e Lívia deixavam transparecer uma felicidade incontida! Era como se as duas tivessem apenas a si mesmas no mundo, ao redor por onde andavam. Lívia ajudou Ana com suas compras e adorava ver o modo como ela escolhia os modelos, sentindo a textura do tecido, o caimento que tinha, sempre perguntando que cor era e qual o tom exato, a nuance de cada peça. Ela era meticulosa e gostava de perceber todos os detalhes do corte, da modelagem, o comprimento...Lívia a ajudava a vestir-se e quando Ana posava para ela, ficava sempre um suspiro preso na garganta... “- não podia dar bandeira para as vendedoras.”
Quando Lívia encontrava algo de que gostava, também desfilava para Ana, para que ela “visse” com suas mãos a nova roupa. E nesses momentos, ela sentia toda a delicadeza e feminilidade com que Ana tocava as peças e a tocava por sobre a roupa... não perdiam um detalhe sequer da inspeção, afinal era desse jeito que Ana podia “ver”.

Almoçaram num belo restaurante com mesinhas do lado de fora, ao longo da calçada, em frente a pracinha florida da cidade. Depois decidiram pegar a pequena “Maria fumaça” e subir um pouco mais, fazendo um “tour” pelas montanhas daquele belo lugar. Lívia descrevia com detalhes tudo o que via...as flores com seus mil tons diferentes, suas formas e o modo como se perfilavam por sobre o monte, os pequenos filetes de água, que lá embaixo formavam riachos que resultariam em grandes rios, os pequenos animais que corriam sorrateiros sobre e sob as folhagens...Ana sentia tudo, os cheiros que aquele lugar lhe dava, traziam com eles todas as descrições minuciosas de Lívia, e então Ana a tudo enxergava.

Quando voltaram para a cidade, já era noite. Resolveram comprar uns frios, pães e vinho para Lívia e refrigerantes para Ana, que tomava remédios. Queriam uma noite sem interrupções de Garçons ou atendentes solícitos. Estarem a sós era o máximo que pretendiam para fechar com chave de ouro aquele excelente dia. Seria um jantar simples, com uma boa música em frente a lareira. O que mais desejar por enquanto?!
Assim foi feito. Lívia aprontou o quarto com todo o cuidado enquanto Ana estava no banheiro se preparando para o seu Amor...ela não queria saber de ser sensata ou pensar o que viria depois....queria apenas estar ali, sim bastava estar ao lado dela, sozinhas, para depois terem o que lembrar quando os momentos difíceis chegassem.

O ambiente estava com um clima de sedução no ar, tudo exalava o desejo de Lívia em fazer Ana feliz, aproveitar ao máximo aqueles momentos que, quiçá, poderiam ser os únicos. “- Não, não serão os únicos! Eu vou lutar por essa mulher enquanto eu puder e ela me permitir! Não vou sair do lado dela, nem que ela peça por isso, não enquanto eu sentir que o que ela realmente deseja é ter-me ao lado dela!”


Lívia tirou Ana da cadeira e a levou até o chão, em frente a lareira, que a esta altura, já aquecia todo o ambiente. Uma bela canção tocava não muito alta e o cheiro que vinha da mesa baixa em frente as duas, era uma delícia! Sentiu vontade de beber um pouco do vinho, mas Lívia foi relutante, não deixando. Não queria nem imaginar ver Ana sentindo dor naquele tornozelo. Sentou-se ao lado dela e mostrou-lhe onde estava cada coisa de comer, levando suas mãos a todas as coisas da mesa. Ana não gostava que lhe preparassem nada, ela mesma tinha que tocar e aprontar seu prato, sempre fora assim desde que perdera a visão. Só não se atrevia a mexer com fogo, isso deixava para a cozinheira, que fazia tudo muito bem.
Se beijaram e começaram a comer, conversando como o dia havia sido agradável. Era incrível como ambas abstraíam tudo o que poderia causar desconforto na conversa...qualquer fato que pudesse remetê-las a vida real que as esperava, era logo descartado e voltavam-se uma pra outra, para o que elas mais gostavam de fazer, o que não gostavam, o que mais atraía uma na outra, o que mais irritava...

- O que mais me irrita em você, é quando você ignora meus apelos pra não tentar tudo sozinha...tem uma mania de auto suficiência!!!

Lívia dizia...

- E você é esse seu jeito de sabichona, que pensa que sabe o que vai acontecer e quando acontece, fica repetindo...eu te disse...eu te disse...

Ana disse com a boca encostada no ouvido de Lívia, mordendo o lóbulo quando se afastou...

- Mas o que mais adoro, é esse seu jeito de me cuidar...de mostrar o que sente sem medo...de me seduzir apenas com um suspiro...de me fazer sentir tão mulher, tão feminina, tão amada!

A penumbra cercou o quarto...o corpo de Ana ganhava um contorno todo especial e a pele um tom âmbar como os da madeira daquele chalé...Lívia a tinha deitada entre seus braços enquanto recostava no pé do pequeno sofá. Havia um tapete no chão imitando pele de carneiro, fofo e branco...o leito ideal para quem está transbordando...

-Sim, meu Amor! Você pode se sentir muito amada mesmo, porque você o é! Vamos nos fazer felizes hoje e amanhã e nada nem ninguém vai nos tirar esse direito. Não importa se minha morte tem data pra acontecer...o que importa é ser feliz enquanto viva!!! E eu só me sinto plenamente viva ao seu lado!

Ana tocou os lábios de Lívia e disse:

- Não diga tolices...você ainda viverá muitas coisas boas e tomara que eu possa assistir pelo menos de longe...

Lívia apertou os dedos de Ana e disse segurando-os forte:

- Não diga tolices você! Essas coisas boas, só serão completamente boas se você estiver comigo! E qualquer coisa de ruim que me acontecer, será menos ruim se você estiver ao meu lado...não importa como...mas esteja comigo!

Ana não respondeu, girou o corpo com cuidado até ficar de bruços em cima de Lívia...aproximou os lábios e disse sussurrando entre dentes, com a boca colada a dela:

- Será que você vai suportar, Lívia?! Ouviu bem o que acabou de me dizer?! “não importa como...esteja comigo!”. Acha justo com você mesma isso? Eu te amo...é isso mesmo! Te amo e não adianta mais esconder isso de você e muito menos de mim! Você é o Amor que sempre quis pra minha vida, que sempre sonhei...mas que nunca imaginei sequer que seria uma mulher, e que a encontraria depois de já ter construído uma família...não, não vou começar com esse assunto, afinal combinamos de não tocar nele até voltarmos...só quero te dizer que não vou submeter você nem a mim mesma a qualquer humilhação em nome desse Amor...ele será intocado, só nosso e só nós poderemos decidir se iremos vivê-lo ou sublimá-lo. Nesse momento, eu quero tudo o que ele puder me dar...eu quero você inteira, me toque com sua alma...vem...

E beijou Lívia com tanta Paixão que sentiu um gosto leve de sangue na boca.

Se amaram ali mesmo, na frente do fogo que crepitava...a maciez do tapete era o fundo perfeito para aqueles corpos delicados e elas se entregaram ao Amor sem reservas ou pudores. Se entendiam como se amantes fossem há séculos, sabiam exatamente onde tocar, o que buscar na outra...porém, cada suspiro, cada demonstração de prazer, era uma agradável surpresa que tocava o coração.
Lívia tomava cuidado para não machucar Ana e esta, por vezes esquecia-se do estado em que se encontrava. A volúpia fazia Ana esquecer e somente quando a dor era sentida é que Ana se dava conta. Nunca havia sido amada dessa forma! A intensidade do que sentia e daquilo que Lívia parecia sentir também, impregnava-se em sua alma e refletia no modo como entregava seu corpo à Lívia. Não havia travas, amarras...fossem pelos tabus que norteiam a vida da maioria da pessoas ou suas próprias inibições... enfim, elas simplesmente não existiam quando estava com Lívia. “- Ela pode tudo comigo, ela faz o que quiser de meu corpo, não tenho mais vontade própria que não seja me entregar aos seus carinhos! Como eu te amo e como esse Amor me domina sem piedade!” Pensava Ana, quando algum lampejo de idéia ainda lhe passava pela cabeça.

Lívia era puro instinto. Também jamais havia sentido nada parecido com o que Ana provocava nela. Sequer imaginava que sentimento dessa magnitude realmente existisse. E ainda assim, deixava-se levar sem raciocinar, não havia como concatenar idéia alguma com aquele turbilhão invadindo seu corpo e sua mente. Ana era a mulher com quem sonhara, não exatamente a “mulher”... sonhava que um dia talvez pudesse encontrar um homem para amar do jeito que os livros descreviam, como saber que esse homem seria aquela mulher que tanto admirava, que a fez apaixonar-se com seu jeito obstinado e ao mesmo tempo sensível de encarar os fatos da vida. Não adiantava tentar racionalizar e ver por que amava Ana, não chegaria a conclusão alguma...seria o jeito de ser? A beleza física? A admiração?...era nada disso e tudo ao mesmo tempo! Não havia explicação racional pelo desejo que aflorou, ele veio, instalou-se e pronto! Não se pode tentar explicar o inexplicável, o porquê de gostarmos ou não de alguém.

E qual foi a solução que ambas encontraram para o que acabavam de descobrir naquele chalé, lá longe no meio das montanhas frias de uma cidadela do interior de São Paulo?
Autorizaram-se! Exatamente isso! Autorizaram-se a viver, pelo tempo que lhes fosse concedido, aquele Amor Anarquista...amor sem governo, sem mando...decidiram por guardar para si aquela pequena estória, sem pensar no que viria a seguir. Queriam apenas imprimir em suas almas os momentos gloriosos daquele sentimento, que parecia secular, recém descoberto. Elas queriam tudo e naquele pequeno e aconchegante bangalô, tiveram todo o Amor que alguém pode desejar. Se seria efêmero, passageiro, não se perguntavam naquele instante por isso, não cabia no contexto. Independentemente do que viria depois, elas desejavam apenas a concretização plena do que julgavam ser o Amor perfeito e assim ele seria, pelo menos por dois dias.

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No dia seguinte acordaram novamente abraçadas; uma colada à outra, como se apenas um ser fossem. Lívia estava com o corpo um pouco doído, pois Ana dormira com todo o peso sobre ela, inclusive a perna imobilizada, que gerava um peso extra. Mas estava feliz em ter seu corpo moído pelo peso de quem amava. Abateu-se sobre ela uma terrível melancolia! “- O tempo estava se esgotando! Deus, eu não quero voltar!” Mas como haviam prometido não tocar no assunto, tentou conter sua tristeza para que Ana, sensível como era, não percebesse seus conflitos. No entanto, Ana também acordou triste! Incrível a sintonia que existia entre as duas, até os humores eram parecidos!

Ana lembrou-se de um local chamado “ducha de prata”, onde havia uma cachoeira com uma espécie de parque nas cores azul, vermelha e amarela, com vários tubos e canos enormes lançando água por todos os lados. Esse foi o modo como Ana descreveu pra Lívia o lugar e esta decidiu obter mais informações e irem até lá descobrir o que eram os tais tubos gigantes.
Realmente o lugar era muito interessante...era do jeito que Ana descrevera, com água saindo pelos enormes tubos que formavam cascatas artificiais massageando fortemente quem conseguisse se manter embaixo delas. A água estava muito gelada e Ana preferiu não experimentar daquele “gelo”. Ficaram por lá, Lívia apreciando a paisagem e o vai e vem das pessoas em volta; Ana, sentindo o frescor das gotículas de água que borrifavam seu rosto, braços e pernas, causando uma agradável sensação de bem estar com a natureza.


Conversavam muito, aprendiam cada vez mais sobre a vida da outra, mas os momentos de silêncio também eram preciosos. Não era preciso falar o tempo todo com Ana para ter sua atenção, muitas vezes bastava estar ao seu lado, calada e ainda assim Lívia podia sentir que ela estava ali, ao seu lado, acarinhando o seu espírito. A sintonia entre ambas era tão grande, que por vezes as palavras tornavam-se absolutamente desnecessárias, e ás vezes até excessivas! Precisavam apenas sentir a presença da outra, estivessem fazendo qualquer outra atividade, mas sabiam-se ali, ao lado, ao alcance das mãos ou de uma súplica de Amor.

O dia seguinte seria o dia da volta, o dia que ninguém queria que chegasse tão depressa! Sabiam que tinham combinado não falar sobre a volta até que voltassem de fato, mas era impossível retirar por completo esse pensamento melancólico da mente de ambas. Conseguiram mascará-lo e até sufocá-lo pelo prazer de estarem juntas, mas inevitável que vez ou outra ele cercasse de maneira sombria a mente de cada uma delas.

- Já reparou como passa rápido o tempo quando estamos felizes? Isso é muito injusto, não gosto dele!

Disse Lívia quando voltaram para o carro...

- Eu gosto do tempo, ele é cruel, mas verdadeiro, não engana ninguém e todos sabemos de antemão que ele é inexorável e será sempre implacável na sua gana de seguir em frente.

Ana não conseguia disfarçar sua tristeza...ela estava estampada na sua voz baixa, quase murmurada...nos gestos indolentes...na cabeça arriada, com o queixo quase encostando no colo. Lívia percebeu e acrescentou:

- Ele é inexorável e exatamente por isso, também cura as feridas mais purulentas. Você tem razão, eu também simpatizo com o tempo...

Chegaram no chalé já era quase noite e decidiram passar as últimas horas que lhes foram concedidas pelo destino, da maneira que mais agradava às duas...juntas, se amando!
Novamente levaram um farnel para o quarto e lá ficaram...se descobrindo...a cada estória contada, mais aprendiam sobre a outra...cada pequeno segredo compartilhado, as aproximavam ainda mais...cada cicatriz continha uma pequena parábola, que ao ser contada, eram guardadas com carinho, como se próprias fossem. Ana tocava cada uma delas para sentir-lhes a textura.
Elas estavam compartilhando ali, a vida inteira de cada uma. Nem os mais próximos sabiam tanto o que significava cada experiência na vida delas e agora, ao dividi-las era como se tivessem juntas vivido aqueles momentos.


Riram muito...marejaram os olhos outras vezes...sentiram graça, dor e medo pela outra...fizeram amor várias vezes ao longo daquela noite fatídica...viveram em horas mais emoções que muitos não experimentam durante meia vida...mas não queriam que ela se acabasse! Estenda-se noite! Prossiga com mais vagar! Não tenha pressa em deixar atrás de si dois corações em carne viva! Seja paciente, fique um pouco mais!!!
Mas a noite é outra comandada do tempo e ele, como sempre, não aceita argumentos, é implacável!

Nenhuma das duas conseguiu pregar o olho um minuto sequer. Lívia passou toda a noite mirando e admirando o rosto suave de Ana. Esta por sua vez, fechou os olhos, mas não pelo sono, esse não veio! Ela os fechava para apenas sentir...sentiu o toque de Lívia o tempo todo, no seu rosto, nos cabelos, na boca, no colo, foi acarinhada durante toda a noite e correspondia aos carinhos com outros toques, beijos e palavras de Amor. Essa era a única certeza que tinha dali pra frente...amava Lívia profundamente e teria que conviver com essa verdade fizesse ela parte de sua vida dali em diante ou não!

Restaram ali agarradas até quase os últimos minutos que faltavam para tomarem a tempo o café da manhã. Após voltaram para o chalé, queriam curtir ali as últimas horas que faltavam para irem embora. Ana queria chegar à cidade antes do anoitecer, estava com saudades do Flavinho, o único que conseguia desviar seus pensamentos de Lívia. Além do mais, na 2ª feira seguinte teriam uma Audiência importante e havia muito trabalho a ser feito até lá. Porém queria aproveitar o que pudesse desse abraço, desses beijos, dessa Paixão, pois sabia que só ali ela seria plenamente vivida. À partir da volta delas, tudo teria que se adaptar à realidade da vida de cada uma.


Ficaram na rede dizendo coisas de Amor...não importava se seriam concretizadas aquelas fantasias, o que importava era saber que se queriam daquela forma, que se amavam daquele jeito e isso deveria bastar por enquanto.

Lívia ligou para a recepção e pediu que a conta fosse fechada. Enquanto isso, arrumou as coisas para irem embora. Não eram muitas coisas, pra falar a verdade eram bem poucas, pois vieram desprevenidas, mas eram as coisas mais importantes para elas dali em diante...eram as peças que tinhas adquirido durante aqueles dias preciosos!


Despediram-se do dono da Pousada, da recepcionista e do Garçom e antes de entrarem no carro, resolveram dar uma última volta pela pousada. Lívia empurrava a cadeira de Ana e ao chegar de frente para um desfiladeiro, estancou e sentou-se na perna boa de Ana, com toda aquela vista de cartão postal descortinando à sua frente. Não se importava se alguém poderia vê-las, mas precisava dizer a ela o que via, o que estava sentindo, o que continuaria a sentir...

- Ana, você é o Amor da minha vida. Aquela pessoa que eu esperei sempre e que quando encontrei foi reconhecida. Sim, eu te reconheci e não tinha jeito de fugir desse Amor, de lutar contra. Ele estava ali estampado na minha frente, latejando na minha alma, gritando pra mim...é ela, é a Ana quem você esperava, ela veio!

Deu um longo suspiro como que para oxigenar melhor seu corpo e continuou...

- Não sei o que será desse Amor à partir de amanhã...ele me cega muito mais do que você é fisicamente...não consigo enxergar um futuro para ele...mas uma coisa é fato, ele não irá morrer, mesmo que não seja mais alimentado por nós...ele é indelével, é autofágico e alimenta-se de si mesmo...ele continuará dentro de mim, Ana! Porque o que aconteceu nessas montanhas esses dois dias, não é algo comum, corriqueiro...ele viverá em mim mesmo que você não o queira. Não abrirei mão desse sentimento nunca, porque ele é meu e dele alimentarei meus sonhos, minha alma e darei brilho à minha vida.

Quando acabou de falar, estava com lágrimas escorrendo pelo rosto e Ana chorava com expressão de pura dor...

- Eu sou mais velha, mas não sou tão bem resolvida e madura como você está demonstrando ser, Lívia. Tenho medo, muito medo e não sei lidar muito bem com aquilo que conheço pouco e esse sentimento é totalmente novo pra mim. Não tenho suas certezas, mas tenho a impressão que esse Amor também ficará em mim como minha própria pele...será minha “Luz” pra guiar minha cegueira interna causada pelo medo das conseqüências...minha “Luz” quando meu coração escurecer de dor e de saudades de você...minha “Luz” quando a névoa das incertezas vier bater na minha alma...você é minha “Luz”...meu Amor...

Puxou e beijou Lívia afogueada, as lágrimas escorriam copiosamente pelas faces de ambas e se misturavam à saliva, dando um gosto salgado e levemente amargo àquele beijo de dor.

Encaminharam-se para o carro e Lívia ajeitou Ana no banco do carona sem olhar pra ela, pois não conseguia conter o pranto cada vez que via o rosto melancólico de Ana. Fizeram a volta pela Pousada e pegaram a pequena estradinha que ia morro abaixo desembocar na estrada principal de volta a cidade natal das personagens. Lívia deu uma última olhada ao deixar o local e pensou: “- Onde eu fui mais feliz na vida e onde meu peito foi dilacerado pela dor ao sair! Nunca mais serei a mesma depois desse lugar...” . Ficou olhando pelo retrovisor a estrada se alongando e o monte cobrir a clareira onde a pousada ficava. Pegou a estrada principal e foi acompanhando o topo daquele monte ir sumindo aos poucos do seu campo de visão. A dor era indescritível e o medo que ela tanto evitava, agora dava o ar de sua graça no coração de Lívia. “- Pronto, agora já é história! Tudo o que vivemos foi um sonho e virou história dentro de cada uma de nós...será que vou conseguir sufocar esse Amor cada vez que ele ameaçar me dominar? O que vai ser agora???”


Ana encolheu-se no banco e com o rosto virado para a janela, chorava baixinho para que Lívia não percebesse... “Acabou! O que vai ser de nós agora? O que faço com tudo isso que está dentro de mim? Como ser a mesma depois do que aconteceu?! Como eu amo essa mulher!”

As perguntas eram parecidas...ambas estavam mergulhadas em suas próprias dores, cada qual sentia de uma maneira e sofria por motivos diversos, mas o estopim era o mesmo...o Amor que traz consigo os sentimentos mais paradoxais que existem...o de imensa alegria e profunda dor! Pior ainda, eram os questionamentos sobre o que fazer com isso, como agiriam dali em diante. Bem, as perguntas pululavam em suas mentes, não havia respostas ainda...por enquanto, uma certeza ambas tinhas...a de que à partir de então, não seriam as mesmas Ana e Lívia que deixaram a pequena cidade onde moravam há três dias...



Fim do capítulo


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Comentários para 13 - Capítulo 13:
Lea
Lea

Em: 26/05/2022

Emocionante!!!!!

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cidinhamanu
cidinhamanu

Em: 16/12/2017

No Review

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