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LUZ por Marcya Peres

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Palavras: 3307
Acessos: 6990   |  Postado em: 13/12/2017

Capítulo 4

O CONVÍVIO COMEÇA...


Lívia concordou em começar imediatamente, estava tão ansiosa por aquela oportunidade que não se oporia a nada que Ana lhe pedisse, também não havia porque se opor. Queria estar ali mais que tudo...nada do que fazia dava mais prazer a ela que estar ali naquele escritório, ao lado da Dra. Ana, prestes a começar sua vida profissional da maneira que sempre sonhara.
Pediu para ligar pra casa e avisar a todos que já estava trabalhando, o que foi feito com imenso prazer saltando pela sua voz, mal disfarçando a emoção quando a Mãe atendeu o telefone:

- Mãe, vou ficar por aqui no Escritório mesmo. Acabei de ser contratada por um período de 3 meses e estou felicíssima por isso.

- Filha, que ótima notícia! Vou ligar pro seu Pai contando a novidade...mas me diga como foi a entrevista?

- Conto tudo quando chegar em casa...um beijo...tchau!

Ana chamou Lúcia e pediu que Lívia deixasse com ela toda a documentação necessária pra sua contratação temporária. Não podia mais perder tempo com protocolos. Teria uma pequena viagem de 150 km a fazer na 4ª feira e precisava que Lívia estivesse ao seu lado no Fórum da cidade. Começou por mostrar a Lívia como deveriam estar juntas na maior parte do tempo:

- Lívia, primeiro de tudo, quero que você comece a se familiarizar com a rotina e com os pequenos detalhes da vida de alguém como eu, cega. Apesar de ser bastante independente em praticamente todos os aspectos da vida de uma pessoa comum, eu tenho algumas peculiaridades que outros não necessitam tanto. Uma delas é que você acostume-se a dizer algumas interjeições quando eu terminar de dizer algo, porque senão não vou saber se você estará voltada pra mim ou não. E espero que você esteja sempre atenta a qualquer coisa que eu diga, Ok?! Já que não vou poder ler no seu olhar isso.

Lívia deu uma risadinha e pensou: “Como se eu pudesse desviar minha atenção dela, da sua voz, dos seus olhos, da sua boca...”. Disse:

- Sim, Dra. Ana. Pode ficar tranqüila que não costumo dispersar minha atenção quando algo me interessa muito.

- Aí é que está! Quero sua atenção inclusive quando o assunto não a interessar muito!
Risos.

- Não se preocupe, Doutora . Estarei sempre atenta a tudo que me disser – disse com gravidade.

Ana continuou:

- Outra coisa importante é o contato físico. É fundamental pra mim que eu saiba reconhecer tudo relacionado ao seu aspecto físico, desde sua forma até detalhes como o cheiro e o som dos seus passos. Pode parecer estranho, mas eu preciso ter e sentir segurança em quem irá estar comigo mais tempo que minha própria família e isso, eu só consigo sentir conhecendo bem quem está perto de mim, fisicamente. Assim, eu consigo perceber pelos gestos, pelo suor nas mãos, pelos passos, até mesmo pelo cheiro, o que se passa com a outra pessoa. Todos os meus Assistentes passaram por isso e acho que não constrangi ninguém.

- Como assim? Desculpe, mas não compreendi direito!

- É simples – Ana levantou-se e começou a aproximar-se de Lívia. Ana conseguia movimentar-se no escritório com a mesma desenvoltura de alguém que enxergasse. Chegou perto da cadeira onde ela estava e tateando o espaldar, alcançou os ombros de Lívia. Segurou-os e fez com que ela se levantasse. Lívia era alguns centímetros mais alta que Ana.

_ Eu preciso saber como você é fisicamente. Por exemplo, já sei que você deve ser uns 6 a 8 centímetros mais alta que eu. – Disse passando os dedos sobre a cabeça de Lívia e depois deslizando a mão espalmada pra baixo até sua própria cabeça. – Sei que você é alguém que cuida bem da pele, do asseio pessoal e gosta de cheiros delicadamente cítricos ou florais.

Começou a passar os dedos delicadamente pelo rosto de Lívia. Fez o contorno da face, seguiu pelas sobrancelhas, deslizou os polegares sobre elas e desceu até os olhos, tocou o nariz, sentiu sua forma, com os quatro dedos de cada mão tocou as faces, o queixo e chegou até a boca, onde fez o contorno com o polegar e o indicador, percebendo sua forma e textura. Falou:

- Que cor são seus olhos e cabelos?

A resposta demorou um pouco a vir a Ana preocupou-se.

- Desculpe Lívia, mas estou constrangendo você?

Lívia suspirou e disse:

- Não, de jeito nenhum. Só fiquei um pouco nervosa com a inspeção. É novidade pra mim! Cor de mel. Ambos são cor de mel.

A voz de Lívia parecia levemente embargada, como se estivesse incomodada com o jeito que Ana tinha de “enxergar” fisicamente as pessoas. Ana resolveu, então, passar a varredura tátil direto pelos braços até o pé, como que medindo mentalmente a moça.

- Pronto! Não precisa ficar mais constrangida. Acabei minha inspeção física. Já sei que você é alta, magra, mas tem braços e pernas fortes. Faz algum esporte?

- Costumo correr ao longo das margens do Rio. Há uma espécie de pista lá perto. Próxima à trilha.

- Muito bem, eu também gosto de correr, mas só me aventuro à minha esteira elétrica, em casa! Você deve ser muito bonita, Lívia. Pude “ver” pelos seus traços. Tem uma pele ótima e ter olhos e cabelos cor de mel naturalmente, é uma raridade! Deve ser muito paquerada pelos rapazes. Tem namorado?

- Sim, tenho. Caio é como se chama.

- E vocês se dão bem?

- Sim, eu gosto dele. É uma relação tranqüila.

- Que bom! Quando se vai bem na vida pessoal, as coisas parecem mais fáceis também em outros aspectos, como o profissional. Só espero que você não esteja fazendo planos pra se casar logo, pois não quero perder outra assistente em tão pouco tempo.

- Não! Não pretendo me casar! – Disse Lívia num tom firme, que Ana já estava começando a reconhecer.

- Porque não? Você é tão jovem ainda, como pode ter certeza disso? Um dia irá se apaixonar de verdade e aí, tudo o que irá querer é estar junto da pessoa amada, casar-se, formar uma família.

Lívia foi contundente:

- Não preciso me casar no papel pra ter tudo isso. Se amar alguém de verdade um dia, pode ser que eu queira. Mas primeiro preciso acreditar nessas coisas, e isso, eu ainda não consegui até hoje.

Ana riu, meio que complacente com o que ouvira:

- Ah, criança! Você ainda é muito menina pra desacreditar. Ainda tem muito tempo pra descobrir essas emoções todas. Mas, o importante é crer sempre nas possibilidades de acontecer o Amor a qualquer momento em nossas vidas. Acho que manter essa crença é fundamental pra podermos perceber e reconhecer o Amor quando ele surgir. Além de não nos tornarmos amargos com a falta de fé nele.

Lívia pigarreou. Esse discurso sobre o Amor a incomodava e não queria discutir seu ceticismo com Dra. Ana. Ficava parecendo uma criança idiota que não sabe nada da vida e quer parecer inteligente negando suas emoções. “Droga! Que culpa tinha de nunca ter amado antes? Nunca sentira aquelas emoções que os livros, as novelas e os filmes retratam por nenhum de seus namorados. E não tinha que se sentir culpada por isso! Adorava poesia, emocionava-se com cenas ou narrativas sobre o Amor, mas nunca sentira de verdade aquela emoção tão propalada por aí. Também não queria saber se uma dia sentiria algo assim ou não. Não se preocupava, nem pensava sobre isso. E agora vinha essa Doutora “pretensão” querer ditar regras sobre o Amor pra ela!” – não entendia porque estava tão irritada com todo aquele discurso da Dra. Ana, mas o fato é que estava irritadíssima e isso transpareceu em sua voz quando falou:

- É Doutora, talvez eu seja mesmo muito criança pra esses sentimentos. Mas acho que o que nos interessa no momento é se vou ser competente na minha função. E nisso eu posso garantir que serei adulta e bastante responsável, pois vou fazer algo que gosto e quero muito aprender.

Ana percebeu que a conversa tomara um rumo diferente que não agradou nem um pouco sua interlocutora, voltou ao tema profissional:

- Outra coisa importante Lívia, é que você saiba como me conduzir nos lugares públicos. Eu adoro andar sozinha pela cidade de vez em quando, e uso meu cão-guia, o Fred, nesses momentos. Mas nas idas ao Fórum, nas audiências, nas viagens a outras cidades, não posso levar o cão, então meu Assistente tem que saber me conduzir sem me atrapalhar, entendeu? Vou lhe mostrar...

Ana aproximou-se de Lívia e pegou em seu braço direito, dizendo:

- Gosto que me conduzam pelo lado esquerdo, pois sou destra e quero ter a mão direita livre pra qualquer coisa. – E começou a caminhar pelo escritório, mostrando a Lívia como esta deveria levá-la.

- Eu seguro em seu braço e não você o meu. Só preciso sentir sua direção e acompanhá-la. Não seja complacente comigo sem necessidade. Isso é algo que me irrita muito!

Ana continuou, andando pela sala segurando o braço de Lívia:

- Quando formos ao Fórum, preciso que leia ou escaneie os processos pra mim, nas audiências preciso que me diga ao ouvido toda a movimentação em volta. Como está o semblante do Juiz, dos “ex adversus” e seus Patronos, fazer um resumo de toda a história e me deixar a par de todos os detalhes antes da audiência.

Parou de andar e virou-se na direção de Lívia:

- Nossa convivência será diária. Com o tempo vou passar a conhecer como está seu temperamento só pelo som dos seus passos. Eu preciso confiar em quem está ao meu lado e se esta confiança não se estabelecer com o tempo, está findo o nosso contrato, entendeu? Detesto “puxa-saquismos” ou “pajelança”. Se você me admira, ótimo! Mas não permita que isso influencie sua capacidade de analisar os casos com imparcialidade e cautela. Quero alguém que consiga ver o que não posso e que me transmita isso de modo claro e sem rodeios. Um exemplo disso, é quando se olha nos olhos de um cliente pra saber se o que diz é verdade ou não. Não tenho como fazer isso, e a voz, às vezes engana os ouvidos não muito atentos. Como já disse antes, você terá que ser fiel às nossas causas, mas principalmente fiel a mim. Se você não sentir honestidade em algum candidato a cliente, quero que seja clara e objetiva sempre comigo; que me dê sua avaliação do caso pra que eu possa decidir se aceito ou não. Bem, vamos começar com as coisas práticas...

Ana dirigiu-se à porta e, puxando Lívia pelo braço começou a mostrá-la todo o escritório, apresentando-a a todos que ali trabalhavam, desde os sócios até a faxineira.

- Pessoal, essa é Lívia. À partir de hoje ela será minha Luz aqui no Escritório, será meus olhos para aquilo que eu não posso enxergar. Por favor, colaborem todos com ela da mesma forma que fazem comigo. Pra começar, Fábio e Denise, passem pra Lívia as cópias dos dois processos que iremos fazer Audiência em “Campo Lindo” na 4ª feira, preciso que ela esteja totalmente inteirada do que se trata, pra termos sucesso logo na primeira. Vamos propor um acordo. Não pretendo voltar por lá tão cedo.

Lívia cumprimentou a todos com simpatia e foi bem recebida também. Gostou do ambiente, parecia que todos trabalhavam ali com prazer. Ana continuou levando Lívia pelo braço...

- Aqui será sua sala, será contígua a minha, pra qualquer eventualidade você estar logo ao meu lado, não há porta, somente esta divisória. Não iremos ter segredos profissionais, por isso não preciso estar isolada de ninguém. E quando quiser privacidade pra falar algo ao telefone ou com alguém, vou pedir que você saia.

- Entendi!

- Agora vamos ao trabalho, comece lendo os processos e todas as dúvidas que por ventura surjam, resolveremos juntas.

Ana deixou Lívia sozinha e foi para a sala ao lado. Começou dando vários telefonemas e depois foi fazer suas petições no computador, especial para cegos. Lívia começou a ler os processos, mas perdeu-se em outros pensamentos...
“ Meu Deus! O que aconteceu comigo quando ela me tocou? Que reação doida foi aquela! Fiquei totalmente lívida, não conseguia mexer um músculo nem pensar em nada; só naqueles dedos deslizando pela minha pele, tocando de leve, em alguns momentos mais forte, como que pra gravar o que era sentido. E o pior foi quando ela começou a falar de Amor...será que ela percebeu o quanto fiquei desconcertada e irritada com tudo aquilo? Tive vontade de sair correndo e sumir dali. Me senti tão pequena, tão boba!”

Lívia não entendia sua reação aos toques de Dra. Ana, menos ainda se ela falava de sentimentos mais íntimos. Sentia-se tola com suas teorias a tanto tempo formuladas, que lhe pareciam tão seguras e verdadeiras. “Como ela estaria me vendo agora? Será que como uma menina idiotinha, cheia de arrogância, com certezas absolutas sobre tudo? Tomara que não, porque naquele momento sentia um monte de coisas, menos segurança e certeza. Eram emoções aos borbotões, coisas que desconhecia e que tinha até medo de pensar...” .
Voltou-se para a leitura dos processos e afastou aqueles pensamentos estranhos. Tinha que dar muita atenção aquilo que realmente importava naquele momento, o trabalho. Esse era o seu propósito e nada poderia desviá-la dele.

Ana, em sua sala, também pensava sobre a nova Assistente: “Ela tem algo que me intriga! Não é exatamente em relação a confiança ou a sua capacidade no trabalho. Mas algo no ar, que não consigo explicar, só sentir! Foi como seu leve tremor quando a toquei, senti sua boca mexer, como se quisesse dizer algo...senti seu nervosismo no ar. Claro que é normal esse nervosismo, afinal ela veio para uma entrevista e acaba ficando pra trabalhar. Mas tem algo além disso...com o tempo, descubro o que é...o que importa é que gostei do seu jeito firme, sem muito “rapa-pés”, preciso de alguém assim por aqui. Nada de puxa-saco ao meu redor! Tenho horror a essa gente!”
Ana voltou-se ao trabalho e esqueceu por ora sua Assistente. Quando Lívia terminou de analisar os processos, reuniram-se para discutir sobre eles e o dia transcorreu sem que se dessem conta.

O dia seguinte foi muito agitado por conta dos preparativos pra viagem e relatórios sobre os processos. Na 4ª feira Lívia chegou pontualmente as 7:00 horas na casa de Ana para que fossem para “Campo Lindo”. Foi atendida pelo Marido dela, Alberto, que foi gentil, porém seco, como costumava ser com estranhos. Disse que Ana já estava descendo e deixou Lívia na sala sozinha esperando. Ana desceu as escadas num Tailler verde-água acinturado que deixava suas curvas bem definidas, além de ter um decote que fazia a imaginação flutuar, porém nada que fosse vulgar ou fora do decoro das dependências Judiciais. Lívia sentiu seu coração acelerar diante da visão daquela mulher, mas não entendeu porque aquela reação do seu corpo. “Porque fico nervosa e incomodada diante da beleza dela? Não entendo! Parece que volto a ser aquela criancinha boba fascinada pelo brilho de um olhar sem luz!”

- Bom dia Lívia. Espero não ter feito você esperar muito, é que a arrumadeira trocou meus Taillers de lugar e não estava conseguindo encontrar este. Como está minha maquiagem? Não quero nada extravagante demais. O Juiz daquela Comarca é muito austero. Não posso parecer vulgar de jeito nenhum.

- A Senhora está linda, Doutora. Não se preocupe, jamais pareceria vulgar! – disse isso com o coração batendo forte e dirigindo-se na direção de Ana para que ela pegasse seu braço. "Como ela consegue se maquiar tão bem sem se ver no espelho?". Nesse instante, Alberto apareceu e despedindo-se de Ana com um selinho de leve disse:

- Tenha um bom dia, querida! Veja se come direito, você está emagrecendo e não gosto de mulher magra demais. Sabe disso! – Tirou o braço de Lívia e postou-se no seu lugar, levou a mulher até o carro e recomendou pra motorista:

- Cuidado hein menina! Dirija com atenção e não desvie os olhos da estrada, nada de atender o celular. A Ana faz isso.

Lívia não gostou do modo como Alberto falava com ela. Parecia um Comandante do Exército pra um subordinado. Era autoritário demais e tratava Ana como um trofeu. “Ridículo!”

Ana foi a viagem toda conversando bastante com Lívia. Falaram sobre trabalho, a faculdade, como eram os professores, quais matérias Lívia mais gostava, em que área pretendia seguir carreira e várias outras coisas mais banais. Não tocaram em assunto pessoal. Na audiência Lívia ficou um pouco apreensiva quando se viu diante do Juiz, pela primeira vez não apenas assistindo à Audiência, mas efetivamente participando dela. Ana sentiu sua vibração e disse-lhe no ouvido, transmitindo-lhe calma: “ Fique tranqüila, meu bem! Ele é apenas alguém que analisa o que ouve. Nós colocamos as cartas na mesa. Nas primeiras Audiências, você só irá me auxiliar fazendo um resumo de tudo o que vê e lê. Quando estiver mais preparada e segura, também poderá fazer suas alegações. Por enquanto, apenas observe!”

E foi o que Lívia fez...observou! Ficou olhando e admirando o modo seguro como Ana defendia a causa de seu cliente. O seu jeito de postar-se em direção ao Juiz e falar como se estivesse olhando diretamente nos olhos dele, coisa que os óculos escuros escondiam. Todos na sala também a olhavam como que hipnotizados por sua elegância feminina e contundência com as palavras. Ana discorria sobre os fatos transmitindo verdade, de maneira linear e calma. Conseguia atrair e manter a atenção de todos como uma atriz num monólogo interessante. Nem é preciso dizer que tudo saiu como ela planejou e Lívia teve sua primeira grande aula de como se exerce o Direito na prática.

Voltaram pra casa já era noite. Ana dormiu um pouco durante a viagem. A princípio parecia que ela fazia tudo muito naturalmente, sem grandes esforços, mas era óbvio que toda aquela postura e exibição de segurança, tinha seu desgaste físico e mental. Lívia dirigia pensando em tudo o que vira durante as duas Audiências, no almoço que tiveram entre uma e outra, nas conversas...mas seus pensamentos eram invariavelmente invadidos por outros nada convencionais...lembrava sua boca dizendo todas aquelas palavras; o movimento de suas mãos finas e de dedos longos em gestos delicados; o modo como afastava os cabelos que teimavam em cair pela face; o sorriso de satisfação com as causas ganhas; o jeito de comer, de falar, de andar; o toque, ah, aquele toque que queimava em sua pele, que fazia arrepiar sem querer!
“Não, não, não! Isso é muito doideira! Que pensamentos são esses? Eu devo tá ficando maluca mesmo! Deve ser o estresse emocional de uma novidade em minha vida. Estresse bom, por sinal!”

Deixou Ana em casa, estacionou o carro e foi embora pra sua casa a pé. Adorava caminhadas, principalmente quando estava confusa, querendo entender ou até mesmo esquecer algo.
Chegou em casa contando animadamente as novidades, estava excitada, feliz com tudo o que estava acontecendo, não iria permitir que esses pensamentos estranhos, incômodos, estragassem sua alegria.


Na cama demorou a dormir, ficou pensando nos acontecimentos do dia e eles voltaram a assombrá-la...os pensamentos incômodos! Rolou umas duas horas até conseguir dormir de vez. A última coisa que pensou antes de adormecer foi: “Doutora Ana, porque você me parece tão especial? Que pensamentos são esses que me deixam tão aflita? Ah, deve ser admiração pelo que ela é! Eu não tenho ídolos e talvez eu tenha mitificado demais a imagem dela, por isso essas emoções tão confusas! Mas e se toda essa idealização for aos poucos se confirmando verdadeira? Se esse sentimento de admiração e encantamento continuar me perseguindo?” – Dormiu. Com a frase “ Estou Encantada” ronronando em sua mente.


Fim do capítulo


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Comentários para 4 - Capítulo 4:
Lea
Lea

Em: 26/05/2022

Lívia achando que se sentir de pernas bambas, coração acelerado,admirando além da beleza da Ana seja apenas só admiração! Ela "cravou" um sentimento pela Ana desde mais nova que nem sabe definir!

Obs: estou apaixonada pela Ana também,oh mulher determinada e empoderada! :-)

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cidinhamanu
cidinhamanu

Em: 14/12/2017

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