Capítulo 18: PESADELO COMEÇANDO
Os dias tumultuados e nervosos se aproximavam, a presença de Joaquim Vasquez na cidade deixou não só eu e Marisa mais tensas, como também os agentes que faziam nossa proteção. Qualquer mudança em nossa expressão já era motivo para eles posicionarem a mão na cintura à procura de suas armas.
A tensão deu lugar ao pavor quando meu celular tocou na noite de dois dias depois da minha conversa com Dan. Era Diego, ex-namorado de Daniel, preocupado, Rosa, empregada de Dan o ligou, relatando que seu patrão não aparecia em casa há dois dias, fato inédito para ela.
- Di, calma, como assim não aparece em casa? E na secretaria ele foi?
- Não Alex, os celulares dele estão desligados, isso nunca aconteceu... Você sabe como ele é psicótico com celular. Estou muito preocupado Alex, o Daniel nunca fez isso... Os pais dele estão apavorados, avisaram a polícia, fizemos busca nos hospitais da região, nesse momento um irmão dele está no IML da cidade vizinha...
- Meu Deus... Calma Diego, onde você está?
- Estou na casa dele, ainda tinha as chaves, entrei para procurar algum sinal de onde ele pudesse ter ido, sei lá...
- O carro dele, está aí?
- Não... Alex, quando você falou com ele a última vez?
- Há dois dias, ele foi no jornal e...
Pensei duas vezes e achei melhor não dizer a Diego sobre o conteúdo de nossa última conversa, dei uma desculpa qualquer a fim de contatar Larissa e ela entrar nas buscas, sabendo o risco que nos cercava.
Larissa não demorou a aparecer com notícias na casa de Marisa, onde eu esperava angustiada:
- Encontramos o carro dele abandonado em uma estrada carroçal, perto de um sítio. Testemunhas das redondezas referiram que viu Daniel acompanhado de outro homem, e entraram em outro carro e seguiram para a BR.
- Meu Deus...
Levei as mãos à minha cabeça experimentando uma culpa dolorosa por ter envolvido inocentemente meu amigo nessa perigosa investigação.
- Larissa vocês precisavam fazer alguma coisa, esse Joaquim Vasquez procurou o Dan, eu tentei convencê-lo sobre não permitir a aproximação dele, inventei uma estória, enfim... Mas ele está correndo risco...
- Ah! Agora você é que está me dizendo que um inocente está correndo risco? Você devia ter pensado nisso antes de se intrometer onde não foi chamada!
- Ei! Eu não sabia que existia toda essa máfia envolvida, eu só estava curiosa a respeito da mulher pela qual eu estava apaixonada.
- Ah claro, não tem nada haver com o fato de você ser uma jornalistazinha querendo aparecer com uma grande reportagem não é?
- Claro que não!
- Ah garota você não me engana não...
- Qual o seu problema comigo heim Larissa?
O clima tenso estava instalado, a agente certamente estava se aproveitando da ausência de Marisa que estava em cirurgia, e nada sabia sobre os acontecimentos recentes, para desabafar suas impressões sobre mim.
- Meu problema é só um: manter Lisa em segurança e desde que você entrou na vida dela ela esteve mais exposta a perigos do que nunca!
Larissa estava visivelmente nervosa, e deixou evidente sua desaprovação acerca de minha relação com Lisa, desconfiei que existia algo mais do que preocupação profissional naquelas palavras e vi a oportunidade de sondar minhas suspeitas:
- Ela está mais protegida pelo meu amor, está mais segura do que quer pra vida dela, e não mais se esconder, não construir nada na sua própria vida, é disso que você fala em estar exposta a perigos? É isso que te incomoda?
- Do que você está falando? Os perigos são reais, de vida ou morte. Em que mundo você vive Alice?
- Estou falando de sua hostilidade comigo... Isso é muito estranho... A forma como você olha para Marisa e como você fala dela. Você a ama não é?
Larissa empalideceu, apertou os olhos, balançou a cabeça e murmurou:
- Você é muito mais tonta do que eu pensava...
- Vou te dizer que a tonta aqui é mais esperta do que você supõe. Sempre desconfiei de seus reais sentimentos por minha namorada, e agora está tudo claro.
- Escuta aqui garota: você não sabe nada da minha vida, entrou da vida de Lisa a pouquíssimo tempo, não esteve com ela em momentos críticos como eu estive, você é incapaz de entender o elo que existe entre nós.
- E mesmo assim, foi por mim que ela se apaixonou, não por você.
Meu comentário despertou a fúria de Larissa que cerrou os lábios como se engolisse um xingamento, e deixou que escapasse:
- Se você não tivesse aparecido e se intrometido, estaríamos juntas agora e ela estaria mais segura, e seu amigo Daniel também.
Em uma frase Larissa me desconcertou completamente, despertou a suspeita de que houve mais do que Marisa me revelou sobre a relação das duas e me trouxe de volta à preocupação com o Dan.
- Seja lá o que tenha acontecido entre vocês duas, agora não existe mais nada, Marisa será minha mulher, e para sempre. E sobre meu amigo Daniel, cumpra sua obrigação de policial, ele está em perigo e não tem que pagar pelos meus erros.
Nesse momento ouvi o barulho do carro de Marisa se aproximando do portão, e saí para recebê-la, mesmo com a pulga atrás da orelha depois da revelação de Larissa, era os braços dela que eu precisava para me confortar do medo e culpa que se misturavam em mim.
Marisa me abraçou forte estranhando meu estado nervoso perguntou:
- Meu amor o que houve? Você está tremendo...
Marisa colocou as mãos no meu rosto, acariciou e perguntou:
- Por que você está assim? Havia inúmeras chamadas suas no meu celular...
- Amor, eles pegaram o Dan...
- Como assim pegaram? Quem pegou?
- Eles Mah... O Daniel está sumido há dois dias, encontraram o carro dele abandonado na zona rural, e ele foi visto com outro homem entrando em outro carro...
- Amor, calma. Pode ser um novo affair...
- Não Mah! O Dan não faria isso, não seria tão irresponsável, os celulares desligados... O tal Joaquim Vasquez voltou, sabe lá o que ele está fazendo com meu amigo...
Não contive o choro desabafando minha angústia com Marisa, que me consolou com carinho:
- Ei, calma meu amor... Você já avisou a Larissa?
- Sim, ela está lá dentro... Espezinhando, como se não bastasse minha culpa me corroendo.
- Nossa... Vou falar com ela...
O tom íntimo de Marisa referindo certa cumplicidade com a agente me incomodou profundamente, trouxe à tona as revelações de minutos atrás. A expressão do meu rosto mudou, Marisa me pegou pela mão e entramos juntas em casa, onde Larissa conversava ao telefone provavelmente com outros policiais.
- “Não, a polícia daqui ainda não tem nenhuma pista, quero uma varredura na área, o Daniel pode estar sendo torturado por Joaquim Vasquez, que certamente não está sozinho, a prisão dele pode nos ajudar muito nas negociações com a organização, estamos entendidos?”
Larissa desligou o telefone com expressão tensa, se eu não a odiasse tanto naquele momento, até diria que toda aquela autoridade lhe dava uma sensualidade peculiar, mas não, eu não vou assumir isso...
- Larissa, alguma novidade sobre o desaparecimento do Daniel? – Perguntou Marisa.
- Por enquanto não. Mas eles não podem estar longe de onde o carro do Daniel foi encontrado, para eles não é interessante se afastar das pistas que o Daniel pode dar. Minha equipe está fazendo buscas, estou indo ao encontro deles.
- Espera Lari, quero conversar com você antes de você ir embora.
Como assim Lari? Eu estava mesmo ouvindo direito? Marisa chamou a morena fatal de Lari? Levantei a sombracelha surpresa com o apelido íntimo, inédito para mim e para completar minha irritação, as duas não conversaram na minha frente, saíram para a varanda lateral da casa, deixando-me de bico, braços cruzados, qual criança contrariada.
Meu primeiro impulso foi de sentar emburrada no sofá, mas a velha curiosidade falou mais alto, sorrateiramente me aproximei da porta, escondendo-me entre as cortinas a fim de ouvir o que elas conversavam:
- Lisa, tudo isso que está acontecendo eu previ, lembra? Eles tentaram pegar a Alex, houve o acidente, agora raptaram o amigo dela, que também tem informações a respeito da investigação, afinal foi ele que as conseguiu no ministério das relações exteriores... Eles estão chegando cada vez mais perto, e nesse momento qualquer coisa que atrapalhe as negociações pode implicar na sua vida e na vida do seu pai.
- Lari, a Alex não teve a menor intenção de provocar isso, ela não sabia da dimensão dessa busca de informações a meu respeito. Por favor, não persista atribuindo culpas a ela, isso está machucando-a...
- Ah Lisa, poupe-me! Não venha tentar interferir no meu trabalho. Meu dever é proteger você, e só por isso estou protegendo essa tonta que você escolheu como namorada, não venha me dizer como devo agir. Continuo achando um risco a presença dela na sua vida, e agora você quer que eu meça minhas palavras com ela?
- Larissa, toda essa antipatia, hostilidade com Alex, não tem nenhum outro motivo que não seja sua preocupação com minha segurança não é?
- Ai Lisa, o que está passando por essa cabeça heim?
- Não sei... As vezes tenho a impressão que você hostiliza Alex por motivos pessoais...
- Lisa você acha que eu ainda sinto alguma coisa por você não é? Se acha isso, esqueça, você está enganada, o que houve entre nós foi sex* casual, foi bom, mas não podia ter futuro, isso atrapalharia meu trabalho, qualquer envolvimento seria um risco a mais.
- Você sempre repetiu isso, que eu não poderia me envolver com ninguém, mesmo sabendo que estávamos nos apaixonando...
-Eu não quis te expor, por isso não continuamos nossa história. Mas, você não fez o mesmo por sua própria proteção... Envolveu-se com essa menina, ela te investigou, atraiu os criminosos até aqui, colocando em risco meu trabalho, sua vida, e a vida de outras pessoas, agora temos que proteger você, ela e ainda mais esse amigo dela...
- Larissa, eu sei que as coisas se complicaram, mas ao menos precipitaram uma ação que espero há anos. Eu não me envolvi por acaso com Alex, ela é a mulher da minha vida... É esse amor que sinto por ela que me encorajou a lutar por uma vida diferente, me fez acreditar que posso ser feliz.
- Mas eu também posso te fazer feliz!
A exclamação de Larissa me desestruturou. Ela estava se declarando para minha namorada! Contive-me para não fazer barulho, mas não consegui me segurar, saí das cortinas e apareci na porta da varanda, vendo Larissa segurando Marisa pelos dois braços, com seus lábios quase colados. Se houve um beijo antes daquele gesto não podia saber, mas a cena foi suficiente para me deixar transtornada.
- O que está acontecendo aqui?! – Falei sobressaltada.
Marisa se desvencilhou das mãos da agente e se aproximou de mim explicando-se nervosa:
- Calma amor, não aconteceu nada, a Larissa está nervosa apenas.
- Nervosa? Ela estava te agarrando Marisa!
- Não amor...
Enquanto eu discutia com Marisa, meus olhos marejaram, num misto de ódio pela agente com o medo de estar sendo enganada pela mulher que eu amava. Larissa, ajeitou os cabelos, passou a mão nos lábios que logo me fizeram concluir que ela havia mesmo beijado Marisa antes de minha aparição.
- Você mentiu pra mim Marisa! Você disse que só existia uma relação profissional entre vocês, nada mais do que isso! Você tão cheia de moral comigo, me acusando de te esconder coisas, me chamando de mentirosa...
- Meu amor, me escuta, não há mais nada entre nós mesmo, não menti, aconteceu no passado, se acalme, por favor.
Enquanto eu andava de um lado para outro, Larissa saiu apressada, tomada de raiva e ciúme segurei seu braço e com os olhos faiscando de fúria eu disse:
- Você não vai conseguir o que quer sua dissimulada!
Larissa manifestando seu desagrado ao meu gesto se desvencilhou da minha mão com violência, dizendo com os dentes trincados:
- Larga meu braço sua desequilibrada! Tenho mais o que fazer do que aturar seus chiliques, por exemplo: consertar suas burradas.
Deixou a varanda pisando firme, fumaçando, enquanto Marisa se aproximava de mim devagar:
- Alex eu...
Não deixei Marisa falar, fiz um sinal com a mão impedindo que ela se aproximasse mais:
- Não Marisa, agora não! Quero ficar sozinha.
- Mas meu amor...
- Já disse Marisa, agora não!
Eu estava nervosa, tensa, culpada pelo que podia ter acontecido ao meu amigo, a conversa com Larissa e o que ouvi entre ela e minha namorada só pioraram meu estado, eu precisava digerir aquelas novas informações, estava agora atordoada, fiquei na varanda perdida com meus pensamentos, Marisa fez o que eu pedia, me deixou sozinha.
Senti-me enganada, feita de idiota quando me lembrei da vez que Larissa abriu a porta da casa de Larissa e eu estava com aquela cesta de delicatess para ela. Estariam juntas na noite anterior? E todo o discurso de Marisa me falando que garantia que nada existia entre elas, o que mais Marisa me escondia?
A noite chegou e eu continuava ali na varanda, deitada na rede, tentando concatenar minhas hipóteses com minhas próximas atitudes com Marisa e com a policial abusada. A preocupação com Dan e a falta de notícias aumentavam minha angústia. O frio da noite começou a me incomodar, quando ouvi passos se aproximando, Marisa trazia um cobertor e uma xícara:
- Trouxe chocolate quente, e esse cobertor, está frio aqui fora.
Sentei-me, aceitando o que ela trazia, visivelmente tensa, com um olhar preocupado, Marisa me olhou como se esperasse alguma palavra conclusiva depois de horas de reflexão solitária. Eu ainda não sabia o que fazer, nem ao menos sabia se eu desejava saber detalhes da relação dela com Larissa, por isso nada falei. Marisa fez menção de deixar-me mais uma vez sozinha, quando parou diante de mim e desabafou:
- Alex fala comigo, briga comigo, me bate, faça qualquer coisa, mas me tire dessa angústia silenciosa pelo amor de Deus!
O olhar ansioso da mulher que eu amava me sensibilizou. Levantei-me coloquei as mãos entre meus cabelos, como se quisesse arrancar da minha cabeça alguma idéia sobre o que falar com Marisa.
- Marisa, eu estou tão decepcionada com você... Toda minha insegurança quando a vi cercando você, sua casa, você me disse que não havia nada entre vocês... Estou me sentindo uma idiota, essa mulher me maltrata, me hostiliza e agora ela está deixando claro as reais intenções dela com você...
- Meu amor, escute-me, eu não te enganei, de fato, quando conheci você eu não tinha nada com ela, aconteceu sim, mas já faz tempo, há mais de dois anos.
- Pelo que ouvi não foi só uma aventura não é?
- Foi forte sim. Estávamos muito próximas, eu estava traumatizada, o antigo agente que fazia minha proteção foi assassinado me protegendo, eu fui obrigada mais uma vez a trocar de identidade, mudar de cidade, além de tudo, descobrindo minha atração por mulheres...
- Ela foi sua primeira?
- Não... Conheci as meninas na faculdade ainda. Mas nunca me envolvi, nunca me permiti isso, sabia que na minha vida não havia espaço para relacionamentos, Larissa foi a primeira que... Eu desejei ter algo mais.
- Você se apaixonou por ela não é? Eu ouvi isso.
- Acho que sim... E acho que ela também, foi quando ela decidiu terminar tudo, alegando falta de ética, de profissionalismo, enfim, depois disso, nunca mais ficamos, apesar de muitas vezes ela ter fugido de mim.
Aquelas revelações de Marisa me fez até não exigir tanta honestidade dela, doía de uma forma insana imaginar a mulher que eu amava apaixonada por outra que não fosse eu, realizar cenas das duas em minha mente fértil me sufocava.
- Não sei o que você ouviu Alex, mas se você ouviu toda a conversa, deve ter ouvido também o que disse sobre o quanto você mudou minha vida, sobre o quanto eu te amo.
Eu tentava conter minhas lágrimas angustiadas, dei as costas à Marisa, mas senti-a envolver-me em seus braços pela minha cintura, a respiração dela perto do meu pescoço, e o cheiro suave dela que o vento frio trazia me desarmou.
- É você que está no meu presente meu amor... E é você que quero para meu futuro.
Marisa sussurrava despertando arrepios pelo meu corpo.
- Não deixa que ninguém, nada mais nos separe meu amor... Precisamos ficar juntas, agora mais do que nunca.
No fundo, Marisa tinha razão, eu não tinha mesmo a menor intenção de protelar aquele mal-estar com ela, primeiro por que a amava, segundo, por que não daria o gosto a Larissa de deixar o caminho livre para ela.
- Marisa... Eu...
- Não fala mais nada meu amor...
Marisa virou-me, encaixando seu corpo no meu, invadindo minha boca com sua língua, me rendi, ela sabia como me dominar, e o pior, ou o melhor, eu adora ser dominada por aquele corpo.
Correspondi ao beijo na mesma intensidade, sugando os lábios quentes de Marisa, mordisquei-os, posicionei minhas mãos na sua nuca, prendendo meus dedos entre seus cabelos como se quisesse tomar posse, mostrar o quanto eu queria que ela fosse só minha. Com minha respiração ofegante, falei ao seu ouvido:
- Você é minha... Só minha...
- Sim meu amor, só sua... Quero ser sua mulher pra sempre.
Marisa sussurrou, e quando o calor dos nossos corpos aquecia a varanda fria, anunciando a entrega à paixão, fomos interrompidas pela campainha do celular de Marisa, era Larissa. Meu impulso foi de lançar o aparelho ao chão, mas, supus que poderia ser alguma notícia do Dan, balançando a cabeça positivamente, meio que autorizei a atender.
- Oi Larissa. Como? Ai meu Deus... Estamos indo agora, peça para avisar a Dra. Elaine, para que ela atenda.
Angustiada mal esperei Marisa desligar e já perguntei ansiosa:
- O que houve Marisa, notícias do Dan?
- Infelizmente as notícias não são boas meu amor. A INTERPOL localizou o cativeiro, prendeu três membros da organização, mas o Dan, já estava inconsciente... E continua assim.
- Mas ele está vivo? – Perguntei desesperada.
- Sim... Mas o estado dele é muito grave.
No hospital, Marisa apressou-se em saber notícias mais precisas sobre o estado de Daniel, que estava sendo assistido por Elaine. Quando me deparei no corredor com Larissa, minha vontade era arrastá-la pelos cabelos até uma sala qualquer e rasgar aquela cara de ar superior, com um bisturi. Obviamente meus impulsos violentos não se concretizariam até por uma questão de minha segurança, com as habilidades policiais daquela morena, em dois tempos eu estaria rendida e algemada por ela.
O melhor era mesmo tentar ignorar a presença dela, mas, confesso que foi algo quase impossível, percebi que ela não largava o celular, agitada, confabulava com outros agentes, exibindo sua autoridade sobre eles. Qualquer gesto dela agora tinha o poder de me irritar, tentei me concentrar na prioridade que naquele momento era meu amigo Daniel.
Depois de quase uma hora, Juliana apareceu no corredor e ao me localizar veio em minha direção apressada:
- Alex...
- Juliana, você tem notícias do Dan?
- Sim... Ele está sendo operado Alex, Dra. Elaine está fazendo a cirurgia, Dra. Marisa está auxiliando.
- Cirurgia?
- Ele está muito machucado, teve hemorragia interna, a cirurgia foi mesmo para descobrir o local da hemorragia e cessá-la, mas ele entrou em choque pela perda de sangue, está muito debilitado Alex.
Juliana colocou a mão no meu ombro, quando notou minha aparência angustiada:
- Vem comigo, tomar uma água, se acalmar um pouco. – Convidou Juliana.
- Obrigada Ju, mas vou ficar aqui, esperando Marisa, além do mais a família do Dan está chegando, quero ficar com eles... Dar uma força...
- A cirurgia pode demorar um pouco ainda, se você precisar, procure-me na minha sala tudo bem?
- Obrigada Ju.
Notei o olhar atento de Larissa na minha conversa com Juliana, mas não me intimidei. A agente se aproximou de mim e disse ríspida:
- Vou para a delegacia, onde os traficantes estão presos, peça a Marisa para me avisar sobre o estado do seu amigo.
Nada falei, sequer olhei para ela o que pareceu irritá-la:
- Você está me ouvindo Alexandra?
Continuei calada, e Larissa prosseguiu:
- Além de tonta é infantil...
Qual criança turrona, dei mostras de que a provocação de Larissa não me atingia, e por muito pouco a agente não iniciou uma série de xingamentos a mim. Quando ela se preparava para dar continuidade a lista de adjetivos direcionadas a minha pessoa, os pais de Daniel chegaram com seu irmão e sua irmã mais nova.
Larissa deixou o hospital bufando, fiquei na companhia da família do Dan, passando as informações que eu tinha sobre o estado de saúde do meu amigo. Mais uma hora transcorreu e finalmente Elaine e Marisa apareceram com o resultado da cirurgia:
- Conseguimos conter a hemorragia, mas o estado do Daniel ainda é grave, está na UTI, preferimos induzir o coma, para poupar esforço respiratório e cardíaco. – Esclareceu Elaine.
- Nós podemos vê-lo? – Perguntou angustiada a mãe de Daniel.
- Um de cada vez, por favor. – Respondeu Elaine.
Saímos do hospital e já era de madrugada. Confesso que só de pirraça não dei recado algum de Larissa à minha namorada, deduzi que acontecendo algo urgente em relação à prisão dos tais membros da organização criminosa ela daria um jeito de avisar. Ainda não estava à vontade com Marisa, ela se esforçava puxando assunto, fazendo carinho nas minhas pernas, no meu rosto, como era costume dela quando dirigia, mas eu não me rendi, apesar de realizar um esforço sobre-humano para controlar os impulsos do meu corpo em se entregar a ela.
Naquela noite, impus a Marisa um castigo, que acabou o sendo para mim também. Sentei-me na escrivaninha, ignorando as insinuações de Marisa, que vestiu a camisola mais sensual, usou os cremes que eu adorava, enquanto eu tentava me concentrar nos novos capítulos do meu livro. Marisa deitou-se, e perguntou:
- Posso apagar a luz meu amor?
- Ahan.
Respondi fingindo indiferença.
- Você não vem dormir?
- Agora não.
- Mas já está tarde amor... Vem pra cama, vem...
- Estou sem sono, vou aproveitar para escrever.
Marisa levantou, andou de um lado para outro, fazendo questão de exibir suas formas nitidamente me provocando, caminhou até a porta que dava acesso a varanda, imprimindo gestos sensuais jogando seus cabelos, desnudando sua nuca, seu perfume se espalhava pelo quarto, aumentando meu esforço para não tomá-la em meus braços imediatamente.
Inconformada com minha passividade depois de tantas provocações, Marisa começou a me cercar mais de perto, abaixou-se encostando seu rosto no meu rosto como se quisesse ler o que eu escrevia. Inevitavelmente, minha pele eriçou, meu coração acelerou, contive minha respiração para que Marisa não percebesse minha excitação se evidenciando.
- Marisa, você não ia dormir?
Afastei meu rosto do dela, baixei a tela do laptop e ela respondeu:
- Também perdi o sono... Não consigo mais dormir sem você do meu lado.
Marisa mordeu os lábios, me encarando cheia de desejo. Desviei o olhar do dela, continuando a encenação: fingir indiferença.
- Ah, consegue sim... Vou para sala então, a luz do notebook está te incomodando não é?
- Não, claro que não... Pode ficar...
Olhei de lado e contive meu riso vendo Marisa se sentar na cama emburrada, deitou-se em seguida afastando o coberto com violência, cruzou os braços e fez bico emburrada. Ligou o abajur e pegou seu livro de cabeceira, mas não demorou muito até entregar-se ao sono.
Preparei para dormir e não resisti àquela imagem. Contemplei a mulher que eu amava, ali, linda, nas suas curvas perfeitas, contrastando a sensualidade com a aparência serena de um descanso merecido. Delicadamente, retirei seus óculos de leitura, guardei o livro que estava caído sobre seu peito, apaguei a luz do abajur e a cobri adequadamente, e como de costume, beijei sua bochecha antes de me deitar ao seu lado, interiormente me deliciando por ter resistido à ela, e ao mesmo tempo, me sentindo uma idiota por rejeitar o corpo que eu mais desejava.
Acordei sozinha na cama, fato que despertou hipóteses sobre estar sofrendo retaliação de minha namorada, e antes que eu entrasse numa crise de insegurança e corresse para os braços de Marisa cessando o tal castigo, a vi entrando, com uma bandeja farta nas mãos, e um sorriso desconcertante nos lábios.
Numa fração de segundos, todo meu esforço em manter Marisa de castigo foi por água abaixo. Retribui ao sorriso dela, enquanto Marisa se aproximava da cama, listando os itens da bandeja farta:
- Coloquei tudo que você gosta meu amor...
Acomodou a bandeja sobre minhas pernas e sentou-se ao meu lado, sem graça perguntou:
- Não mereço nem um beijinho em agradecimento?
Encarei-a e disse com ar de deboche:
- Vamos ver primeiro se tudo está tão bom quanto parece...
Decepcionada Marisa baixou os olhos e eu comecei a provar de tudo um pouco, fingindo que não prestava atenção nas suas reações. Meio que fazendo bico, Marisa disse baixinho:
- Prova do bolo de chocolate, quem sabe te adoça um pouco...
Segurei o riso, a minha birra com Marisa estava tomando proporções de comicidade, ao ver a atitude de menina de castigo de minha namorada.
- Você não vai comer nada Marisa? – Perguntei falando de boca cheia.
- Não.
Começava a me divertir com a situação, enquanto comia, olhava para Marisa de rabo de olho, ela permaneceu quase todo o tempo de cabeça baixa, mexendo no celular:
- Passando mensagem pra alguém?
- Sim, para Elaine, pedindo para avisar sobre o estado do Daniel, o médico da UTI hoje não é lá muito atencioso, como ela está de plantão na urgência, pedi que ela fosse lá assim que pudesse, ela deve estar descansando um pouco, não atendeu quando liguei, vou mandar a mensagem...
- Ah... Acho que vou lá daqui a pouco...
- Mas eu pensei que a gente ia ficar o dia em casa... Aproveitar minha folga...
- Marisa, o Dan está em coma por minha causa... Preciso ficar ao lado dele, da família dele nesse momento...
- Ele é culpado da mesma forma... Mas enfim... Faça o que você achar melhor.
Quando finalmente estava pronta para agarrá-la e tirar aquele bico com muito beijo, o celular dela tocou, para meu desagrado, era Larissa.
-Oi Larissa. Que recado? – Marisa me olhou com ares de censura – Não, não recebi nenhum recado, mas, me diga: o que houve? Conseguiram arrancar alguma nova informação desses bandidos? Sério? Telefone satélite? Conseguiram rastrear? Ok... Conversamos mais tarde então.
- O que houve?
- Já que você vai para o hospital ver o Daniel, vou encontrar com Larissa.
- Vai o quê?
- É, encontrar Larissa. Ela tem algumas informações sobre o local de cativeiro do meu pai. Os bandidos nada revelaram, mas com a prisão, apreenderam um telefone satélite, e rastrearam as ligações recebidas. Daqui a pouco ela receberá a informação precisa acerca da origem das ligações, provavelmente, do quartel da facção.
- Eu vou com você.
- Ah não precisa, vá ver o Daniel, aproveita e mate as saudades da Juliana.
- Marisa! – Exclamei franzindo a testa.
De repente, Marisa virou o jogo. Meu aparente domínio da situação caiu por terra, e agora, o bico era todo meu:
- Faço as duas coisas... Mas nem sob decreto eu deixo você a sós com aquela biscate!
Marisa tentou, mas não conseguiu conter o riso. Levantei-me nervosa, presa aos lençóis, tropecei e se não fosse o hábil reflexo de minha namorada, eu me estrebucharia no chão.
- Opa! De volta ao nosso começo... Salvando você de quedas...
Ficamos de rosto quase colados, e outra vez, dominada, nos braços de Marisa, me entreguei aos lábios quentes de minha namorada em um beijo urgente, necessário. A língua de Marisa explorou meus lábios, sugou-os acendendo meu desejo, especialmente quando Marisa sussurrou ao meu ouvido:
- Dá pra mim...
Senti meu corpo estremecendo... Ora... Como não dar? Era tudo que meu corpo queria, eu estava rendida, meu sex* molhado ansiava pelas mãos de Marisa penetrando-o, meu desejo era domínio dela, o meu amor se encontrava em cada beijo, em cada toque, em cada carícia da minha namorada.
- É tudo seu meu amor...
Marisa me jogou na cama, despiu-se e desfez-se da minha camisola de cetim rapidamente, e mergulhou sua boca nos meus seios túrgidos, a excitação tomando de conta de cada pedaço de minha pele provocava o movimento de minhas pernas se abrindo para o encaixe perfeito dos nossos sex*s encharcados.
O despertador do microsystem no quarto pareceu estar sincronizado com nossos pensamentos, enquanto Marisa rebol*va seus quadris por cima do meu a música começou a tocar:
Dobro os joelhos
Quando você, me pega
Me amassa, me quebra
Me usa demais...
Perco as rédeas
Quando você
Demora, devora, implora
E sempre por mais...
Eu sou navalha
Cortando na carne
Eu sou a boca
Que a língua invade
Sou o desejo
Maldito e bendito
Profano e covarde...
Desfaça assim de mim
Que eu gosto e desgosto
Me dobro, nem lhe cobro
Rapaz!
Ordene, não peça
Muito me interessa
A sua potência
Seu calibre, seu gás...
Sou o encaixe
O lacre violado
E tantas pernas
Por todos os lados
Eu sou o preço
Cobrado e bem pago
Eu sou
Um pecado capital...
Eu quero é derrapar
Nas curvas do seu corpo
Surpreender seus movimentos
Virar o jogo
Quero beber, o que dele
Escorre pela pele
E nunca mais esfriar
Minha febre...
Eu quero é derrapar
Nas curvas do seu corpo
Surpreender seus movimentos
Virar o jogo
Eu quero é beber, o que dele
Escorre pela pele
E nunca mais esfriar
Minha febre...
(LUXÚRIA – ISABELLA TAVIANI)
Nos lábios de Marisa, um sorriso cheio de malícia, nossos movimentos provocavam a massagem de nossos clit*ris, e gradualmente aumentamos a força e velocidade daquela sincronia de movimentos, e assim, ao som da voz sensual de Isabela Taviani, gem*ndo e suspirando conosco na música, goz*mos juntas.
Antes de me refazer, ainda faminta, e ainda sobre mim, Marisa deslizou seus dedos no meu sex* encharcado, vibrante, arrancando um gemido alto, e o arqueamento do meu tronco. Uma de minhas pernas se encaixou entre as duas pernas de Marisa, e assim minha coxa sentia o que escorria do sex* de Marisa, enlouquecendo-me de tesão, enquanto os dedos dela percorriam minha cavidade demonstrando seu domínio absoluto da minha anatomia, minha namorada sabia onde tocar e como tocar, sabia quando devia impor mais força e quando devia colocar mais dedos... Assim, penetrou dois dedos num vai-e-vem frenético, usando o polegar para continuar a massagear meu clit*ris, simultaneamente fechou suas pernas entre a minha, que se movimentava a fim de persistir na pressão do seu clit*ris.
Mais uma vez chegamos juntas ao orgasmo, mas minha sede ainda não estava satisfeita, queria mais... E como Marisa continuava sobre mim, puxei-a pela cintura, deixando-a com as pernas abertas na altura da minha boca, para assim mergulhar minha língua no seu sex* deliciosamente molhado. Suguei, ch*pei, lambuzei-me no seu gozo, depois de impor força e ritmo hora deslizando minha língua, hora beijando os pequenos lábios, hora usando meu queixo nos movimentos de vai e vem, segurando-a pelo bumbum, senti suas carnes estremecerem, e o gemido, que agora eram gritos de prazer, ecoar pelo quarto.
Dar prazer àquela mulher era uma das sensações mais plenas que já senti, era quase uma simbiose uma vez que o prazer dela era o meu também.
- Quero você pra sempre Alex...
- Também te quero... Como minha mulher, para sempre meu amor.
Marisa me tinha nas mãos de novo: fato. E eu, a amava como nunca, e não queria mais perder tempo com rusgas infantis. Como combinado, passamos no hospital para saber notícias do Dan que se mantinha estável, mas sem evolução. Passamos na delegacia, onde Larissa e outros agentes que não conhecíamos nos aguardavam.
- Finalmente a doutora resolveu dar as caras... Esperava você há uma hora atrás Lisa.
- Desculpe-me Larissa, tínhamos algumas coisas para resolver... Mas, me diga, descobriu mais alguma coisa?
- Venha comigo, vamos até outra sala para conversarmos melhor.
Sem o menor pudor acompanhei Marisa que seguia Larissa, ao notar minha presença no corredor, a agente olhou com desdém para mim dizendo:
- Não me lembro de ter chamado você.
- É verdade, você não me chamou, mas não precisa se desculpar, entendi o convite.
- Você não se manca não é... Minha conversa é com a Lisa, não com você.
- Você é que não tem simancol queridinha, não há mais conversas particulares entre você e minha namorada, você está me entendendo?
- Escute aqui mocinha...
- Larissa chega! Alex, por favor!
Marisa nos interrompeu, antes que eu e Larissa nos engalfinhássemos.
- Parecem duas crianças! Larissa, o que quer que você vá me dizer, pode ser dito na frente da Alex, não tenho mais segredos com ela. Alex, será que você pode se comportar, por mim, por favor?
Cruzei os braços, balançando os ombros fingindo indiferença, Larissa, apertou os olhos em minha direção furiosa. Entramos em uma pequena sala e lá, a policial deu detalhes das informações que obteve com o rastreamento do telefone satélite, apreendido com os bandidos.
- Como pensamos, seu pai não está em Honduras. Está na Colômbia, sob o poder da FARC, nossa missão vai ser muito mais difícil do que supúnhamos.
- Mas, vocês tem a localização precisa não? – Perguntou ansiosa Marisa.
- Sim, a inteligência descobriu usando satélite dos EUA, nesse momento um diretor da INTERPOL está reunido com generais do exército brasileiro e colombiano para articular a ação conjunta, não podemos agir só com nossos policiais.
- Quando será a ação? – Perguntei.
- Em alguns dias. Precisamos do filme Lisa, é hora de entregá-lo.
- Só entregarei durante a operação.
- Lisa, você está louca se acha que vou permitir que esteja presente na operação! – Larissa falou encarando Marisa.
- Eu vou, quero estar perto, acompanhando tudo, fazer o que meu pai disse, entregar o filme apenas a ele...
- Meu amor... Isso não faz sentido. – Cochichei.
- Não adianta vocês argumentarem, eu vou!
- Lisa, não é hora para isso, teremos mais uma preocupação, que é proteger você, quando deveria ser somente seu pai, por favor, colabore.
- Amor, odeio dizer isso, mas ela está certa.
- Minha mãe me fez prometer, que eu só entregaria ao meu pai...
Marisa se entregou às lágrimas como uma inocente criança, abracei-a e compreendendo seu propósito, como uma promessa sagrada à sua mãe, confortei-a:
- Meu amor, sua mãe não poderia supor a situação que seu pai estava, e um momento como esse. Você era só uma criança, eu sei, entendo sua lealdade ao que você prometeu à sua mãe, mas, agora é hora de salvar a vida do seu pai...
- É Lisa. Precisamos do filme, para ser nossa moeda de negociação, provar que o temos.
- Primeiro quero a garantia que meu pai está vivo.
- Mas por quê? O que você vai fazer com o filme se...
As reticências de Larissa despertaram a tensão de minha namorada que respondeu visivelmente mais sensível:
- Se meu pai estiver morto, eu pessoalmente vou colocar a boca no mundo, vou denunciar esse ditador sanguinário, vou aos jornais, televisão, e vou destruí-lo.
- Ah que beleza de idéia! E acabar como o resto de sua família?
- Larissa!
Minha exclamação parece ter chamado a atenção da agente que percebeu o quanto foi insensível.
- Desculpa Lisa... Eu me excedi, mas você sabe o quanto me preocupo com você...
- Se eu acabar como minha família Larissa, será só uma correção do tempo... Era o que devia ter acontecido, anos atrás.
O tom de Marisa parecia embutir revolta, e a amargura das palavras dela me deixou triste, de repente, a mulher que eu amava apresentou uma face pouco conhecida para mim, ou pelo menos, uma face que eu acreditava ter sido dissipada pelo nosso amor. Larissa emudeceu por alguns segundos, balançou a cabeça negativamente, e disse:
- Se não aconteceu anos atrás, agora sob minha proteção não acontecerá! Vou tentar conseguir provas de que seu pai está vivo, mas se não o conseguir, vou precisar do filme assim mesmo Lisa.
Saímos da delegacia sem falar praticamente nada. Experimentava uma tristeza tão estranha... Senti-me impotente diante do drama, dos fantasmas e marcas que Marisa tinha. Também estava decepcionada, por que acreditava que nosso amor havia mudado a vida dela assim como mudou a minha, e talvez por isso, não tive coragem de cumprir meu papel de apoiar Marisa naquele momento.
Em casa, ela se refugiou na varanda sozinha, vi acender um cigarro, coisa que ela fazia muito raramente, exceto quando estava prestes a perder o controle, como por exemplo, quando discutiu com Juliana em público, e quando pegou a aluna no Chica’s. Esperei alguns minutos para sair do meu egoísmo e perceber o quanto minha namorada precisava de mim, e o quanto eu precisava cuidar dela. Preparei uma dose de vodka para ela, cheguei à varanda, encostei-me perto da rede entregando-a o copo enquanto ela se desfazia da ponta de cigarro.
- Quer sair para jantar amor? – Perguntei.
Marisa sorveu a bebida num gole só e recusou o convite apenas com um gesto.
- Vou preparar algo para nós então... Você deve estar faminta, assim como eu, nem almoçamos...
- Você vai o que?
Marisa franziu a testa como se tivesse ouvido o maior absurdo de todos os tempos. Não me contive e sorri.
- Tudo bem vai... Preparar algo para nós é igual a pegar o telefone e pedir comida no restaurante...
-Ah sim... Vem cá vem...
Marisa estendeu a mão, e deitei na rede com ela, e meio que procurando colo, se recostou nos meus seios, e eu abracei-a forte, afagando seus cabelos e beijando sua cabeça. Em poucos segundos senti na minha mão uma lágrima percorrer o rosto de Marisa, e em pouco tempo, seu rosto estava banhado. Seu choro era silencioso, mal eu ouvia os soluços, mas eu sentia o tamanho do sofrimento envolvido naquele pranto. Abracei-a ainda mais forte, como se quisesse que aquela dor fosse transmitida para mim.
- Força meu amor... Esse pesadelo está acabando... Você não está sozinha, estou com você...
- Estou com medo meu amor... Medo de enfrentar o fato de meu pai estar morto... Medo de ter agido errado todos esses anos ficando calada, me escondendo... Eu mesma devia ter procurado meu pai e negociado essa troca...
- Ei! O que você está dizendo? Seu pai nunca aprovaria uma atitude dessas, além do mais, isso não ia assegurar a vida dele, ao contrário...
Marisa estava inconsolável, aquela mulher forte e segura parecia indefesa em meus braços, protegê-la e amá-la era mais do que imperativo para mim, o sentimento que eu tinha era de que nasci para isso. Abracei-a mais uma vez, beijei sua face e disse:
- Você é minha vida meu amor, não vou deixar que nenhum mal te aconteça, estarei ao seu lado para tudo, fazer você feliz é tudo que eu quero.
Beijei-a, enxugando suas lágrimas, e ver seu sorriso apesar de discreto nos seus lábios, me emocionou, unimos nossas lágrimas, trocando mais um beijo cúmplice, apaixonado. Naquela rede demos espaço a um momento de troca de carinhos, até desfazer aquele clima de luto, um pouco mais animadinha, mas ainda com voz dengosa, Marisa me disse:
- Fome amor...
- Eu também... Vou pedir algo para nós... Pizza?
- Hunrrum... Vou tomar um banho antes que chegue.
Assim, não resisti, pedi a pizza, e antes que Marisa deixasse o banho, entrei no banheiro nua, abri o box, mordendo meus lábios, excitada ao ver suas curvas banhadas pela água, ao notar minha presença, minha namorada sorriu, ficou de costas para mim, a fim de exibir sua nuca, que me deixava louca de tesão... Abracei-a por trás, e com nossos corpos nus sob a água, aumentamos a temperatura do banheiro, na excursão de nossas mãos pela pele de ambas, anunciando o que aquele banho nos reservava.
Encostei Marisa na parede, apertando seus seios, ch*pando sua língua, enquanto Marisa posicionava uma de suas pernas entre as minhas. Rocei meu sex* na sua coxa, enquanto desci minhas mãos por sua cintura, bumbum, rebol*ndo meus quadris. Levantei uma das pernas de Marisa para facilitar o acesso da minha mão no seu sex*, penetrei-a devagar, excitava-me ainda mais contemplar o rosto de minha namorada enquanto meus dedos deslizavam em sua cavidade molhada, Marisa apertava os olhos, gemia, se contorcia, sua expressão de prazer me encharcava de tesão.
Comecei com estocadas suaves, ritmadas, movimentei os dedos explorando os pontos mais sensíveis, impus mais força e velocidade até sentir o tremor daquele corpo quente, mexi meus dedos atenta às respostas de Marisa, que arranhava minhas costas se contorcendo de prazer, o que culminou no gozo incontestável dela.
Ajoelhei-me, levantando e posicionando uma das pernas de Marisa sobre meu ombro, e mergulhei minha boca no sex* de Marisa, explorando com minha língua toda extensão de sua vulva, sugando o que por ela escorria, depois intercalei movimentos rápidos com beijos gulosos, enquanto Marisa cravava seus dedos entre meus cabelos, gem*ndo, dobrando os joelhos, deixando escapar um grito rouco de um orgasmo pleno.
Aquele banho renovou o ânimo de Marisa, e logicamente, o meu também. Devoramos a pizza na cama, depois de nos amarmos mais uma vez.
Os dias que se seguiram foram tumultuados, a INTERPOL conseguiu a localização exata das ligações do telefone satélite, e a operação estava completamente planejada, e ela, não incluía a presença de Marisa que a muito custo entregou enfim o filme a Larissa.
O fato é que, Marisa ficou ainda mais tensa, os pesadelos voltaram, e por qualquer coisa se irritava, perdeu a paciência várias vezes com minhas trapalhadas, em uma dessas vezes, deixei o molho da lasanha queimar, minha única obrigação no almoço era mexer o tal molho bechamel que ela se vangloriava ser sua especialidade, isso foi suficiente para desencadear uma discussão sem fim. Passamos o resto do dia sem nos falarmos, sequer dormi no quarto com ela, na madrugada, senti o corpo dela abraçar o meu na cama do quarto de hóspedes, suas mãos percorrendo minha pele eriçando-a, foi exatamente o que precisávamos para por um fim àquela briga sem fundamento.
Dan continuava em coma, o que me deixava profundamente angustiada. Os bandidos presos foram transferidos para a capital, Larissa nos advertiu sobre o risco de outros compassas, estarem pelas redondezas, ou ainda, outros aparecerem na cidade à procura deles. Por conta disso, nossas saídas até para restaurantes, bares, se reduziram muito. Aproveitava o tempo que Marisa estava no hospital para adiantar os capítulos do meu livro, me divertindo com as cobranças das leitoras enchendo a página de comentários do site acerca da ansiedade pela publicação do livro.
Uma semana depois da operação montada pela INTERPOL, Larissa e os outros agentes se preparavam para deixar Nova Esperança com destino à Colômbia, quando um episódio mudou o rumo das ações policiais, e da minha vida também.
Fim do capítulo
Gente, essa sequência está certa? Alguém notou alguma parte faltando?
A autora está pancada da cabeça no final do semestre... perdoem-me
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Mariaravel
Em: 30/11/2017
Estou adorando reler esta história, já a tinha lido no abcles, e as trapalhadas deste casal fazem-me rir igual como da 1ª vez que li...
Quanto ao capítulo de hoje, não dei por falta de nenhuma parte...só esta faltando mesmo é a continuação kkkkkk
Bjs
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