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She's Got Me Daydreaming por Carolbertoloto

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Palavras: 5417
Acessos: 1254   |  Postado em: 27/11/2017

Main Girl

Pov-Cosima

Nunca fui de refletir meus pensamentos em voz alta, até mesmo quando tudo o que eu precisava era gritar. Talvez este seja meu problema, às vezes eu tenha que gritar mais e parar de engolir tudo de uma só vez. Mas fazer o quê? Sou viciada em certas dores que o amor causa.

Sexta-feira é um dia louco por nascença, um defeito genético dos dias da semana, mas hoje, porr*, hoje o dia está de parabéns. Começando a louca jornada de 24 horas pela conversa que tive com Mud pela manhã. Eu havia acabado de incubar as proteínas extraídas dos camundongos saudáveis, a fase final está a caminho, e algo me diz que Dr. Leekie ficará surpreso com sua própria ignorância. Mud me buscou pelo braço e nos dirigiu até o banheiro mais próximo.

"Cara, você não tem noção do que acabou de acontecer!" Seus olhos estavam agitados, suas mãos tremiam e suas pupilas se dilatavam em adrenalina.

"Algo me diz que você vai se encrencar." Afirmei minha teoria baseada em instinto puro.

"Dra. Cormier me chamou para conversar. Adivinha sobre o quê?" A estagiária levou as mãos aos cabelos para organizar sua bagunça espiritual.

"Sobre mim?" Não era tão imprevisível assim.

"Na mosca! Ela queria saber sobre sua vida pessoal, sobre Robyn, sobre as meninas que você anda se envolvendo." A expressão traçada em seu rosto era marcada por indignação.

"E o quê você falou?" Questionei curiosa demais, aliás, eu não pensava que Delphine fosse se importar comigo novamente, então imagine minha surpresa ao saber que ela estava investigando minha vida pessoal.

"Eu mandei ela se foder." Mud soou orgulhosa, mesmo temendo por seu emprego.

"Jura?" Foi impossível não soltar uma risadinha.

Imaginar Mud mandando Delphine se foder não podia ser menos que hilário.

"Não mandei assim na hora, mas eu mandei um recado e ela entendeu." Ela quebrou o quadril de lado, pousou sua mão esquerda em sua cintura e contemplou seu glorioso momento.

"E qual foi o recado?" Eu não parava de sorrir, mesmo sabendo que era errado.

"Que você não está mais interessada, que você está pegando a Robyn e está feliz assim." O quê? Eu queria dar na cara de Mud. Como assim não estou mais interessada?

Não tem como não estar interessada em Delphine Cormier.

Porr*!

Às vezes quem muito ajuda, acaba atrapalhando.

"Bom, era isso o que eu tinha pra te falar." Mud se recompôs rapidamente, mas ainda não estava pronta para sair do banheiro.

"Valeu pela ajuda." Agradeci, mesmo querendo socar seu rostinho lindo.

Fiz meu caminho em direção a porta, mas reparei que a estrutura de minha amiga continuava paralisada, "Você não vem?" Questionei por fim.

"Acho que vou ficar aqui mais um tempinho." Respondeu ao virar seu corpo para o espelho.

"Tá com medo?" Indaguei já sabendo a resposta.

"Morrendo." Até tentei segurar, mas foi difícil demais, caí na risada enquanto Mud lavava seu preocupado rosto.

"Bom, boa sorte aí." Me retirei do banheiro sem muita delonga, afinal, o dia só havia começado, eu ainda teria muitas outras surpresas.

Enquanto esperava as proteínas na incubadora, sentei na banqueta que encarava a sala de minha chefe. Paredes de vidro e palavras não ditas definiam nossa distância de maneira gritante. O dia foi extremante ocioso no lab, então eu tirei meu tempo para analisar aquela linda e loira mulher beber raivosamente até o cair da noite. Ela revezava sua atenção entre seu copo e seus relatórios, enquanto eu ficava atenta aos "beeps" da incubadora, mas sem desviar meu olhar do que realmente tomava minha concentração.

Logo, todos começavam a fazer seus caminhos rotineiros após o expediente, e eu ainda aguardava a boa vontade da máquina para isolar as proteínas. Senti meu celular vibrar três vezes seguidas. Era Robyn com uma chuva de mensagens. Havíamos combinado de jantar com seu irmão e a namorada, mas eu não estava nem ao menos um pouco afim de sair. Eu queria mesmo era ir para casa, tomar um banho, fumar um baseado e me masturbar pensando em Delphine, já que esta seria a única forma de tê-la para mim.

Em um susto digno de pulinho, o barulho da incubadora me tirou de meu devaneio. Removi a bandeja em desespero, a curiosidade era esmagadora. Passei o olho por todos os tubos de ensaio com cautela, não havia muito a ser feito ainda, mas só de saber que segunda-feira poderei testar as proteínas nas vacinas já me trouxe muito alivio. A cura de Charlotte está logo ali, só falta alguns ajustes e muita coragem para lidar com Dr. Leekie.

Os minutos se passaram sem que eu pudesse perceber, eu já estava um tanto atrasada para encontrar com Robyn. Mesmo não querendo sair, eu havia prometido a ela que iria, e beber champanhe de graça não soava nada mal.

Sem desviar meu olhar da tela do celular, fiz meu caminho até o elevador. Meus ouvidos captaram a voz, meu corpo captou a presença, e então meus olhos foram à procura da dona de minha distração. Ela caminhava um pouco à frente, o som de seu salto batendo ao chão ecoava pelo andar inteiro. Entretanto, nada era mais alto do que a voz de quem segue em frente com a vida.

"Estou saindo do trabalho, já já estarei com você. Pede um bom vinho para nós." Com quem ela conversava? Page? Não podia ser! Delphine tem um jeito diferente na fala quando está perto de um homem. Ela só poderia estar saindo com um cara qualquer, um cara que nunca vai dar a ela o quê eu poderia dar.

Minha cabeça, logo, começou a girar. Meu sangue engrossava freneticamente, e então o ciúme teve o melhor de mim.

Eu queria socar a cara de Dra. TO NA BAD, MAS TO TRANSANDO COM MACHO.

Ódio consegue ser sinônimo de amor, mesmo quando é completamente oposto a tal.

"Sim, dormirei na sua casa hoje. Estou entrando no elevador, vou ficar sem sinal, mas logo eu chego." Ela falava com tanta certeza, e eu ouvia a tudo como se aquilo não me machucasse por dentro.

Ela parou para aguardar o elevador, então eu a alcancei.

Tarde demais para ir de escada.

Tentei não aparentar incomodada, mas fiz um trabalho de merd* em minha atuação.

Nunca desejei tanto saber mentir. Há certas ocasiões em que uma mentirinha cai bem.

"Dra. Niehaus, tudo bem?" É muita cara de pau para um ser humano só.

"Tudo." Engoli minha raiva juntamente com saliva de sabor amargo.

Eu odeio sentir ciúme.

Cara, eu realmente odeio essa merd*.

"Quando você pretende extrair as proteínas para a vacina?" Questionou interessada, mas eu só conseguia designar sua morte em minha cabeça.

"Em breve." Respondi rispidamente.

Se tem algo que Dra. Cormier despreza, é ser desprezada.

"O que aconteceu? Você não parece estar bem." Ela insistia cada vez mais.

"Não, eu estou ótima!" E eu recuava para despertar sua fúria.

"Imagino, até levou sua nova amiga para conhecer Charlotte." Provocou acertando na ferida semi-curada.

Seu amor egoísta me faz querer começar uma revolução contra mim mesma.

"Logo você traz seu novo amigo para conhece-la também." Dois podem jogar neste ridículo joguinho criado por nós.

"Novo amigo?" SÍNICA!

Cara, eu quase arremessei Delphine para fora do elevador.

Foi por pouco, por muito pouco.

"Sim, esse que você vai ver em alguns minutos." Afirmei esperando pelas falsas desculpas que logo sairiam de sua boca.

"Cosima, eu..." Cormier era tão previsível como chuva em dia nublado.

"Não quero saber, não quero ouvir. Só espero que você esteja feliz, que se encontre." Virei para encarar sua face sem vergonha.

O elevador parou, as portas abriram...

...e o grand finale...

"Espero que você não o machuque como fez comigo." Eu a amava demais, mas naquele momento, eu a odiava muito mais.

Sei que a machuquei, entretanto, ela mereceu. Delphine mereceu a dor da culpa, a angustia em perceber que estamos assim somente por sua causa.

Corri até meu carro, entrei, dei a partida e não olhei para trás.

Nunca tive tanta vontade de trans*r com Robyn, e se tudo desse certo no jantar, eu iria trans*r até pedir gelo, amém!

Foram vinte minutos até o restaurante, deu para ouvir minha nova playlist e dar uns tragos no meu baseado escondido no porta-luvas.

Estacionei meu carro na esquina e então caminhei até a entrada. A fachada do local era simplesmente encantadora, era como estar vivendo uma noite em um bairro qualquer de Londres. Nunca estive na Inglaterra, mas assisti Skins, ou seja, sei do estou falando.

Ao adentrar o local, fui recepcionada pelo lindo sorriso simétrico de Robyn. Ela estava linda. Vestia um curto vestido verde claro, o qual realçou a tom de sua macia pele. Seus seios fartos ficavam soltos com a suavidade do tecido e a falta de sutiã. E como se fosse impossível melhorar, ela me abraçou, o cheiro de romã e baunilha invadiram minhas narinas. Eu poderia morder um pedaço de sua carne, degustar todos os sabores que me queriam, mas que eu insistia em recusar. Bom, naquela noite não! Naquela sexta-feira, prometi em segredo que consumiria tudo o que a bela morena tinha a me oferecer.

"Hey!" Sussurrou em meu ouvido.

"Olá! Demorei?" Soltei nosso abraço para estudar seu airoso rosto.

"Quase nada, a namorada do meu irmão ainda nem chegou." Buscou por minha mão, me conduzindo em uma direção que apenas ela conhecia, "Vem, quero te apresentar alguém."

Enquanto meus passos seguiam os dela, meus olhos analisavam todo o ambiente que me cercava. Pessoas bem vestidas comiam pratos elegantes em mesas arrumadas. Não pude deixar de notar que uma pessoa como eu não seria jamais vista em um lugar como aquele. Sorte a minha estar chapada.

"Cos, este é o bundão do meu irmão!" Paramos em frente ao um rapaz com atmosfera madura, porém de rosto jovial, com sobrancelhas grossas, sorriso perfeito, lábios grossos e barba feita para a ocasião. Eles não se pareciam nada, e mesmo não sendo irmãos de sangue, eles ainda eram muito diferentes para se chamarem de irmãos.

"Prazer, meu nome é..." Fui interrompida pelo o rapaz sorridente, "Você é a Cosima, cientista maluca que curte um bom baseado." Ele era engraçado, gostei.

"Nunca ninguém me descreveu tão bem assim." Brinquei ainda apertando sua firme mão.

"O que posso fazer? A Robyn não cala a boca sobre você!" Provocou a morena, dando então o ar inconveniente de ser um irmão, "Meu nome é Pallo, prazer."

"O nome dele é quase tão estranho quanto o sotaque, mas ele até que é bonitinho, né?" A Morena não escondia a admiração por Pallo. De repente, eu queria ter alguém assim também. Sempre adorei ser filha única, mas confesso, o relacionamento entre os dois causou uma leve invejinha em mim.

"Você me ama demais." Pallo afirmou enquanto removia as mãos da irmã de seu cabelo naturalmente bagunçado, "Minha convidada vai demorar um pouco, vocês podem ir pro bar encher a cara por uns quinze minutos."

"E aí, Cos, tá afim de beber de graça?" Robyn questionou em tom piadista.

"Com certeza!" Respondi para entrar na brincadeira.

"Vocês podem beber tudo, mas não exagerem na Gran Patron, a garrafa custa..." Minha companheira interrompeu o irmão para completar sua frase, "a garrafa custa 250 mil dólares, é a décima tequila mais cara do mundo." Ela ria enquanto Pallo balançava a cabeça em resposta.

Cara, eu juro que estava adorando aquilo.

Ao chegarmos, sentamos nas banquetas do balcão.

"Carter, duas doses de Gran Patron." Robyn pediu ao bartender.

"Senhorita, algo me diz que você está querendo provocar o Sr. Papillon." O homem responsável pelas bebidas já era familiar com a situação entre os irmãos.

"Então agora eu quero quatro doses, por favor." Ela era impossível, e eu continuava sorrindo.

"É pra já." O bartender pousou a valiosa garrafa sobre o balcão, buscou por quatro copinhos e os encheu com a custosa tequila.

A morena me entregou a bebida, distribuiu sorrisos, e feriu minha sensatez com um olhar quase tão verde quanto a água do mar.

"No 3!" Aprontou o copo, "1...2..." Piscou de maneira sensual, "3!" E virou o conteúdo em sua delicada boca.

SANTA MERDA!

Não sei o que era melhor, a tequila ou estar ali com uma mulher tão incrível assim.

"É estranho beber tequila sem limão e sal, mas essa é daquelas que não exige cara feia." Brinquei ainda degustado o sabor em minha língua.

"Sim, essa daqui não te faz fazer cara feia." AH! Tem indireta aí, eu sei que tem!

"Gostei dessa música, quem canta?" Disfarcei meu embaraço e tesão de maneira evidentemente falha.

"Gostou? Eu que fiz a playlist pro restaurante. Esse é um cover de ‘Feel Good', do Gorillaz, feito por uma Australiana, Vera Blue, conhece?" Questionou esperançosa.

"Nunca ouvi falar, mas eu curti a voz dela." Clarifiquei enquanto me aprontava para a segunda dose.

Repetimos o ritual da primeira vez, e logo pedimos por dois Martinis, o meu de maçã verde, o dela de framboesa.

"E aí, como foi seu dia?" Questionou enquanto sugava a bebida pelo canudo.

COSIMA, FOCA!

"Foi bem parado..." Meus olhos persistiam em observa-la com aquele canudinho, "E o seu?"

"Hum, o meu foi bem tranquilo. Passei metade dele pensando em você." Eu adoro o quão direta Robyn é capaz de ser.

"Pensou o quê exatamente?" Era a minha vez de sensualizar com o canudo, mas quase engasguei.

"Pensando em quando vou poder beijar sua boca." Meus amigos, essa mulher é um perigo.

"Em breve, eu espero." Respondi sorrindo demais.

"E sua ex? Ainda te deixa abalada?" Perguntou mirando em meus olhos de maneira profunda.

"Ah! Eu realmente não quero falar sobre ela." Informei soando um tanto chateada.

"Então não fale." Disse pousando sua mão em minha coxa.

Arrepios tomaram conta de mim. Fazia tempo que não sentia pequenas borboletas em meu estômago.

"Vamos voltar, a namorada de Pallo já deve ter chegado." Sugeri amedrontada por meus sentimentos promíscuos.

"Sim, vamos lá." Pude notar o tom desmotivado naquela voz suave, mas não havia nada a ser feito, principalmente enquanto eu pensava em Dra. Cormier.

Eu odeio a forma com a qual ela me impede de seguir em frente.

Robyn liderou o caminho pelo restaurante lotado até nossa mesa. Ao nos aproximarmos, captei um aroma familiar demais, porém pensei que fosse coisa da minha cabeça.

E antes fosse...

Para minha surpresa, para o meu fim, a namorada de Pallo, o incrível irmão de minha futura amante, era a própria sombra de minha perturbação, Delphine Cormier.

Robyn a cumprimentou sem saber de sua verdadeira identidade. Pallo sorria orgulhoso. E eu? Bom, eu fiquei paralisada, enjoada, e desejei que um raio caísse bem em minha cabeça.

"Esta é minha amiga Cosima." Robyn nos apresentou inocentemente.

Delphine olhava para mim sem saber o quê fazer.

Só havia uma saída...correr dali.

"Preciso ir ao banheiro." Informei antes de fugir em humilhação.

Não olhei para trás, não pensei no que estava fazendo, apenas foquei meu caminho para longe dali. Por instinto, encontrei o banheiro, o qual estava completamente vazio.

Fechei a porta rapidamente e debrucei todo meu peso sobre a pia. Eu não queria chorar, Delphine não merecia meu amor, minhas lágrimas. Ela estava namorando com Pallo, o grande e rico Pallo.

Filha da puta de um destino maldito.

Eu não queria chorar, eu não podia, mas mesmo assim, não fui capaz de me conter.

"Cos..." Reconheci a voz, o sotaque, então fechei meus olhos por um segundo antes de perder a linha de uma só vez.

"Então, você está namorado com um cara? Depois de tudo o quê eu tentei fazer, você tem coragem de jogar tudo para o alto e ficar com um cara?" Questionei furiosa.

"Me escute, por favor." Delphine se aproximou de mim com cautela, ela sabia do perigo que corria comigo naquele banheiro.

Engraçado, é sempre na merd* do banheiro que temos nossos encontros mais fodidos.

"Delphine, eu te amei tanto, eu tentei cuidar de você e do nosso amor, mas você insiste em me fazer desistir de nós." As lágrimas em meu rosto não paravam de demonstrar minha fraqueza, "O quê ele te deu que eu não pude te dar?"

"Não é assim, Cos. Eu te amo, eu não quero estar com ele." Afirmou ao pegar em minhas mãos.

"Como ousa dizer que me ama? Como você espera que eu acredite?" Indaguei impaciente.

"Sinto muito, meu amor. Estou melhorando, estou tentando encontrar a mulher pela qual você se apaixonou." Com as mãos em meu rosto, apoiando seu nariz no meu, Delphine gesticulou arrependimento e sinceridade.

"Você nunca deixou de ser a mulher pela qual me apaixonei, da mesma forma como você nunca permanece no mesmo lugar." Clarifiquei ao me afastar subidamente. Eu não tinha forças para estar tão perto dela assim.

"O quê você quer dizer?" Questionou confusa.

Pausei, respirei, e enfim decidi desabafar, falar tudo aquilo que estava engasgado em minha garganta embriagada.

"Você é uma labilidade, sempre inconstante, instável, desiquilibrada. Amar você é como andar em corda bamba, eu nunca sei até quando estaremos firmes. Amar você é dirigir em velocidade estando vendada, nunca sei se estou indo na direção certa ou quando irei colidir...amar você, às vezes, faz mal pra mim." Senti um peso sendo levantado de meus ombros.

E sim, amar Delphine, às vezes, faz mal pra mim. E eu sempre soube disso, mas nunca havia falado em voz alta.

Às vezes, tudo o que preciso é gritar.

Dra. Cormier tentou se desculpar mais uma vez, como se sua lamentação pudesse acalmar a dor, pudesse consertar tudo o que ela quebrou.

"Delphine, eu sempre vou te amar, isso não é uma coisa que sou capaz de mudar." Confessei mirando meus olhos ao chão, sentindo vergonha em ama-la tanto assim.

"Mas você não quer ficar comigo." Assumiu em meio à tanta confusão.

Suspirei fundo, elevei meu olhar e sequei minhas lágrimas com minha tremula mão.

"Eu não sei de mais nada." Engoli saliva salgada em garganta seca.

"Eu te entendo, e não vou parar de lutar para te ter de volta. Quebrei tantas promessas, e por isso não farei mais nenhuma." Disse apontando seu indicador em minha direção, "Só saiba, Cosima, não se esqueça que meu amor pode ser esquisito, mesquinho e um tanto abusivo, mas ele é real, e farei o impossível para ser uma pessoa melhor para você, para mim e para Charlotte." Delphine soava tão decidida, até parecia verdade. Então, ela se aproximou, buscou por meu rosto e pousou seus finos lábios na secura dos meus.

Com aquele beijo, lembrei do nosso primeiro. Eu ainda era capaz de lembrar de tudo o quê o envolvia, o sabor, o aroma, o sentimento por si só.

Sou doente, viciada. Sou uma amante incorrigível. E talvez este seja meu maior erro, amar alguém demais, talvez até mais do que a mim mesma.

Delphine terminou nosso beijo e aos poucos foi desaparecendo, deixando apenas o fantasma de sua presença, o qual já é o suficiente para me fazer delirar.

Com ela é assim, ou suspiro de amor ou morro em dor.

Demorei alguns breves minutos para me recompor. Robyn, logo veio ao meu encontro. Ela não precisou pensar muito para perceber o que havia acontecido.

"Qual é a chance de existir mais do que uma Delphine no mundo?" Brincou tentando me acalmar.

"Nenhuma!" Respondi com um ensaio de sorriso em meu rosto.

"Sinto muito, eu deveria ter investigado mais." Lamentou trazendo seu corpo para perto do meu.

"Não é sua culpa, fica tranquila." Encaixe-me em seu abraço.

Ela era tudo o que eu precisava naquele momento. Um lugar seguro, um lugar bom e calmo.

"Se te faz sentir melhor, ela foi embora." Informou ainda sem me soltar.

"Eu também quero ir embora." Sussurrei em seu ouvido, "Vamos comigo?"

"Sim, vamos lá." Busquei por sua mão e a deixei me guiar.

Pallo estava em pé próximo à mesa, seu rosto expressava tristeza e confusão. Ele não merecia nada daquilo, mas eu não quis me despedir ou pedir desculpa pelo ocorrido. O ciúme não me deixava ser tão madura assim.

Robyn dirigiu meu carro e ao chegarmos em casa, procurei por uma garrafa de tequila pelos armários.

"Não é uma Gran Patron, mas dá pro gasto!" Brinquei para não chorar.

"Ui! Gostei." Ela sorriu para amenizar o embaraço.

Enquanto revezávamos a garrafa, coloquei minha playlist para tocar. "Like It Doesn't Hurt", por Charlotte Cardin, invadiu nossa atmosfera.

O álcool em minhas veias me sentir sensual e promíscua. Em movimentos coordenados pela batida, fiz meu caminho até a estrutura embriagada da morena em minha frente.

Eu a beijei, mesmo pensando em Delphine, eu a toquei. Pousei uma mão em sua fina cintura, e com a outra, segurei seu delicado rosto enquanto nossos lábios se degustavam maliciosamente. 

O encontro de nossas língua foi molhado e marcado por danças ainda não existentes. A sinestesia em nossos toques era natural, repleta de desejo e arrependimentos futuros.

Lentamente, desabotoei seu lindo vestido verde. O corpo colado ao meu, logo estava nu e excitado. Toquei, com calma, a suave epiderme exposta. Os claros pelos se arrepiavam a cada segundo. Guiei o caminho até o sofá mais próximo, nele, Robyn começou a remover minhas roupas cautelosamente. Seus seios eram perfeitos, feitos na medida certa, feitos para meu prazer. Passei minha língua entre eles, e depois mordisquei os pequenos mamilos. Robyn gemia em satisfação.

Eu não deveria, mas estava pensando em Delphine.

Minha ausência naquele momento foi nítida. Clara o suficiente para encerrar aquilo que mal havia começado.

"Cos..." A Morena sussurrou, "É melhor pararmos."

"Por quê?" Questionei sem precisar.

"Eu te quero muito, mas não dessa forma. Não quero que você transe comigo por vingança." Ela estava certa, e eu me senti uma idiota por isso.

"Sinto muito." Lamentei ao me levantar.

"Você ainda a ama, eu entendo. Não quero que você volte com ela, mas vocês precisam conversar. Não dá para acabar assim do jeito que foi." Robyn racionalizou por mim.

"Você tem razão." Concordei a observando se vestir.

"Eu fico aqui te esperando, e se caso você demorar, vou embora." Clarificou ao fechar o vestido.

"Se você for embora, um dia volta?" Questionei com medo de não vê-la mais.

"Se você quiser, eu volto sempre que pedir." Sorriu para acalmar minha apreensão, "Agora vai."

Busquei as chaves de meu carro e caminhei em direção à porta.

"Você é foda." Gesticulei.

"Eu sei." Ela respondeu em tom modesto.

Eu não deveria estar indo até Delphine, principalmente estando tão bêbada. Entretanto, eu não queria Robyn, eu não queria ninguém além de Delphine, e eu me odiava por me sentir assim.

Eu já deveria estar em outra, eu já deveria ter aceitado Robyn, eu a queria de certa forma, mas algo ainda me prendia, e este algo é mais forte do que eu, este algo é amor.

E com o amor é assim, fingimos esquecer e depois esquecemos de fingir.

Dirigi com pressa e de maneira embriagada, mas cheguei rapidamente e viva.

O porteiro já me conhecia, então permitiu minha entrada. Subi os andares pelo elevador, e a parada súbita da máquina me deixou ainda mais embriagada. Tropeçando, fiz o caminho até a porta, a qual esmurrei até ser atendida.

Delphine, com a camisa desabotoada, expressou esmagadora surpresa ao me ver lá.

"Cosima? O que faz aqui?" Indagou em choque.

"Preciso falar com você." Soei bêbada, eu sei, mas ao vê-la em minha frente, senti uma imensa vontade de tê-la para mim.

Sem pudor ou força balanceada, eu a lancei à parede.

"O que você está fazendo?" Questionou ofegante entre meus braços.

"Cala a boca! Cala a sua boca!" Eu havia me cansado de ser tão paciente, "Você tem a mínima noção do quão doente sou por você? Como você se sentiria se eu nunca mais voltasse pra você? O que faria se você não conseguisse me ganhar novamente?"

Ela ingeria palavra por palavra enquanto seu cheiro me entorpecia.

"Delphine, eu queria te machucar como você me machucou. Eu te dei tudo, e você me deu jogos e mais jogos. Você tem a noção do que poderia perder?" Nunca pensei em ser tão direta ao ponto, mas ser assim amenizava minha angustia.

"Cosima, eu sinto muito. Confie em mim, vou mudar por nós." Promessas e mais promessas.

"Você acha que desculpas e lamentações pagam pelos estragos que você deixou em mim?" Eu não aguentava mais ouvir a palavra "desculpa" vinda de Delphine. Suas lamentações já me eram banais.

"Não, eu sei que não." Respondeu rapidamente.

"Eu já poderia ter te esquecido, eu poderia estar com outra pessoa, pois não é difícil encontrar alguém que me queira, mas tem alguma coisa que me mantém perto de você mesmo quando eu queria estar longe." Nunca fui boa em mentir, mas ser honesta é um dom meu.

"Então, o que você faz aqui?" Ela soava ciumenta e raivosa. Eu estava adorando mexer com sua culpa daquela forma.

"Eu não faço a mínima ideia!" Suspirei fortemente, "Deixei Robyn sozinha para vir aqui, para poder te ver e ter coragem de falar tudo aquilo que está me matando."

"Você está mesmo namorando com a morena?" Perguntou espremendo seus olhos redondos.

"Não! Mas eu deveria estar." Era o álcool falando, só podia.

"Me diz o que eu preciso fazer, Cos." O desespero em sua afeição era definido por pequenas rugas em sua testa. Delphine pousou suas mãos em meu corpo, o que me causou tremendo êxtase.

"Eu quero te dar mais uma chance, mas tenho medo de me machucar de novo." Retruquei me segurando para não chorar de novo.

"Amor, me perdoa." Implorou em misericórdia.

Não vou negar, ouvi-la me chamando de "amor" trouxe esperança, algo que já havia me esquecido.

"Eu sei que se eu não estivesse bêbada, eu não estaria aqui." Admiti exausta de tanto drama em nossa vida.

Delphine ficou ali, parada e me observando. Havia uma música tocando, não reconheci a voz, mas a letra era muito bonita, e até que se encaixava em nosso contexto.

"Dreams fight with machines

Inside my head like adversaries

Come wrestle me free

Clean from the war

Your heart fits like a key

Into the lock on the wall

I turn it over, I turn it over

But I can't escape

I turn it over, I turn it over."

Eu sabia que a qualquer momento iriamos nos beijar novamente. Parte de mim hesitava, recuava, enquanto a outra implorava por todos os toques que Dra. Cormier pudesse me dar.

Dito e feito.

Em um avanço devasto, Delphine consumiu meus lábios, experimentando minhas inseguranças, meus medos. Beijar essa mulher não é algo normal, é algo surreal. Sei de todos seus movimentos, truques e planos. Sei como seu corpo funciona, o quão molhada sua língua é. Conheço os três sabores de sua boca, o doce, o do cigarro e o do whisky misturado com licor.

Conheço Delphine Cormier como niguém. E eu a amo, mesmo sendo absurdamente egoísta, mesmo sendo abusiva às vezes, mesmo sendo tão imperfeita. Porr*, eu a amo tanto, até mesmo quando quero odiá-la.

Durante todo o momento, me mantive passiva, mas aos poucos não fui capaz de me conter tanto assim.

"Eu deveria te odiar." Sussurrei

"Mas você me ama." Egocêntrica, porém, fico louca com o rouco de sua voz.

Perdi a compostura e lancei aquele corpo perfeito ao tapete. Subi em sua estrutura e arranhei sua carne pintada. Seus seios eram os meus preferidos, tão pequenos, tão singelos, tão meus. Não havia como pensar em outro alguém estando com uma mulher daquela. Eu mordia seus mamilos, eu ouvia seus gemidos, eu me equilibrava sobre seu quadril feroz, que mexia e dançava ao som do prazer.

Entre brincadeiras maléficas e perguntas comandas pelo ciúme, Delphine nos levou ao auge do melhor sex* de minha vida. Transar é sensacional, principalmente depois de uma briga, mas no nosso caso, depois da guerra. Transar com Delphine foi como voltar para casa depois várias, extensas e sangrentas batalhas.

Será que a guerra tinha acabado?

Será que irei sofrer novamente?

Por medo e ansiedade, criei, em silêncio, regras para a reconstituição de meu espírito. Se Delphine as aceitasse, então eu teria paz.

Após degusta-la como eu necessitava fazer, nos sentamos sobre o tapete enquanto a música ainda rolava, mas desta vez, eu a reconheci, "White Flag", por Dido.

Dra. Cormier estava linda e nua, fumando um cigarro da maneira sensual que é apenas dela. Seus tornozelos eram carne e osso. As Três Marias na lateral de seu pescoço ainda continuavam como eu me recordava. Aquele cheiro de romã que me remetia à manhã de domingo, exageradamente preguiçosa e ociosa. Seu longo cabelo ondulado pelo suor, estava na bagunça simétrica pós sex*. Ela provavelmente não sabe, mas este seu jeito singular, esta sua beleza descontraída é a perfeição que muitas pessoas procuram.

Delphine consegue ser perfeita mesmo sendo tão errada.

E eu admito e compreendo, sou refém de seus crimes, e aceito o fardo ao qual seu amor me prende. Entretanto, não serei tão inocente como antes, não darei meu coração a ela tão facilmente desta vez. Estou dividida entre o caos de Delphine e a calmaria de Robyn. Portanto, mudanças terão de ser feitas, e condições precisarão ser expostas. Estou completamente exausta de tanto sofrer.

"Não quero dificultar sua vida, mas preciso impor certas regras e limites em nossa relação." Informei ao ajustar meu corpo no dela.

"E quais são as regras?" Questionou interessada.

"Preciso confiar em você novamente." Suspirei, "Não quero mais mentiras, não quero mais omissões. Então serei sincera com você. Estou em um dilema, Delphine. Estou entre o quê temos e o quê Robyn pode me dar."

"Robyn?" O ciúme a invadiu ao ouvir o nome da Morena.

"Sim! Ela me faz sentir segura, ela me dá estabilidade, entende?" Seus olhos redondos me fuzilavam em raiva.

"Então você quer que eu aceite te dividir com ela?" O sarcasmo em seu tom demonstrou absurda ira.

"Não é dividir, mas não sei o quê fazer. Tenho quase certeza de que você vai me machucar de novo, e mesmo ouvindo suas promessas, não consigo acreditar nelas, mesmo querendo. Você já quebrou tantas, já jurou em vão." Clarifiquei decepcionada.

"Cosima, não quero te dividir. Só de pensar em vocês duas, sinto vontade de vomitar." Levou uma de suas mãos à face, "Mas se você quiser se descobrir, se você realmente precisar disto para ficar comigo, para acreditar em mim novamente, eu aceito. Concordo com todos seus termos, faço de tudo para te mostrar o quanto eu te amo e me arrependo por tudo."

"Sei que não foi fácil pra você, mas você entende o quão difícil foi pra mim?" Indaguei na esperança de que Delphine pudesse enxergar seu egoísmo.

"Entendo, e novamente, eu sinto muito." Buscou por meu rosto com seus longos dedos, "Eu te amo e estarei aqui quando esse seu dilema chegar ao fim."

Isso era tudo o quê eu precisa escutar.

Talvez me achem desnecessária, mas eu apenas temo sofrer novamente, temo ser descartada, ser comparada à frutas podres.

Sei que sou mais do que isso, sei que preciso me amar mais, e talvez seja desta forma com a qual eu comece a me valorizar.

Não serei o plano B de ninguém. Não serei migalhas, não serei apenas um corpo e rostinho bonito. Não serei a tola que ama a dor, serei a dona do jogo, o plano principal.

Não tem problema se não souberem me interpretar, se não conseguirem me entender. Eu realmente não ligo. Sei de minhas qualidades, talento, beleza e potencial.

Se Delphine me quiser realmente, terá de mostrar até onde consegue chegar.

Se Robyn é mesmo tudo o que preciso, ela terá de provar.

Cansei de vender meu amor à preço de bijuteria barata. Sou mais do que isso, sou mais do que olhos nus são capaz de ver.

Não é arrogância, é amor próprio.

Um remédio necessário, um bem para a alma, uma verdade quase nunca dita.

Eu me amo, eu me respeito, eu me dou o valor.

Tolos são aqueles que não reconhecem o ser humano por trás da pele machucada.

O espelho evidencia meu exterior, mas é o meu interior que precisa ser exposto.

Amores vêm e vão, mas quem sempre fica sou eu. Então que a dor acabe, e que a felicidade comece.

Não é arrogância, egocentrismo ou egoísmo. O nome deste incrível sentimento é amor próprio. E eu recomendo grande doses, principalmente para quem ainda não enxergou o quão incrível o "eu" pode vir a ser.

 

E que seja bom, que seja leve e que seja revelador! 

Fim do capítulo


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