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An Extraordinary Love por Jules_Mari

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Palavras: 8439
Acessos: 4467   |  Postado em: 27/11/2017

Capítulo 15 Uma Justificava ou uma Promessa?

Que Ártemis tivesse misericórdia! Cosima já não conseguia manter porcaria nenhuma no estômago e o motivo nem era mais tão somente a ressaca titânica, mas sim, o pânico monstruoso que instalou-se dentro dela assim que leu a mensagem de Delphine, intensificando o revertério horroroso. A urgência contida naquela solicitação e a frieza congelante da objetividade da mensagem só podiam significar uma única – maldita - coisa:  Aquele encontro não seria nada agradável! ‘’Puta merd* puta merd* puta merd*!’’

Como se já não bastasse a ressaca e o medo infernal que tomavam conta dela, Cos ainda precisava lidar com a dor lancinante latejando em sua cabeça, impedindo-a de pensar com coerência! - Merda…!  - Respirou pesadamente, exalando exasperação e irritação. Repetida e mentalmente, repassava as cenas do famigerado duelo da tarde anterior e já havia concluído que seu único – como se já não fosse o suficiente - erro tinha sido o tom insolente e desafiador com que tinha confrontado sua orientadora, não encontrando nada que desabonasse ou desqualificasse sua pesquisa. Não mesmo! O projeto estava muito bem estruturado e possuía uma base argumentativa inquestionável, visto os documentos que estavam sob sua posse.  O que mais a PhDeusa poderia desejar dela? De todas as coisas que Cos, intima e quase alucinantemente queria que Delphine desejasse em relação a ela, nenhuma tinha a ver com aquela insana tentativa de deslegitimar toda a sua pesquisa.

Okay, ela sabia que havia ido longe demais ao criticar o trabalho de Delphine daquela forma, expondo-a daquele jeito; porém, qualquer acadêmico de alto nível precisa estar apto à receber críticas, até mesmo ela... A toda poderosa Cormier! Apesar de ter ciência da loucura de suas atitudes, Cosima não podia negar o estranho prazer que havia sentido ao ter sido capaz de vislumbrar uma certa fragilidade em sua orientadora, mesmo que mínima e rapidamente. Por um infinito segundo, ela sabia que tinha enxergado naquele profundo e escuro oceano que eram os olhos de Delphine, um intrigante fragmento que pertencia à enigmática e absurdamente magnética personalidade daquela mulher.

Mediante ao caos de sensações, pensamentos e sentimentos em que Cos se encontrava, uma impertinente certeza emergia com uma clareza perturbadora; Cosima queria, desejava, ansiava desesperadamente conhecê-la, desvendá-la, provocá-la, senti-la…  Queria ir além do que qualquer um tivesse ido, queria ir fundo o bastante, próxima o suficiente para verdadeiramente compreendê-la, e não somente à Delphine, mas a ela mesma. Precisava entender o que esse turbilhão dentro dela significava; precisava descobrir que loucura era aquela que acontecia entra elas e que a deixava daquele jeito… completamente e perigosamente fascinada... 

‘’Quem é você, Delphine…?’’ Cosima fechou os olhos e respirou profundamente, potencializando a sensação avassaladora que dominava seu corpo sempre que pensava nela… Um leve sorriso brotou em seus lábios ao lembrar-se da analogia que atribuíram a ela: “Kriptonita’’ de poderosa Cormier.

- Eu sou o ponto fraco dela? Não pode ser possível… não quando ela é definitivamente o meu.... – Confessou, encarando sua imagem refletida no espelho do banheiro. O tom de voz era quase um sussurro e naquele momento, Cosima deixou que o peso da veracidade de suas palavras caísse sobre ela. Como aquilo tudo era possível? Tinha acabado de tomar uma ducha gelada no intuito de minimizar o efeito da amarga ressaca e, o banho, aliado ao café ressuscitador dos mortos somado aos infalíveis analgésicos, já começavam a proporcioná-la um certo alívio, graças as Deusas.

Conferiu as horas: 08:15. Queria tudo, menos fazer Cormier esperar, uma vez que ela certamente já devia estar completamente aborrecida -  putíssima da vida -  com Cosima. Estranhamente, não se preocupou muito com a escolha das roupas, já que tinha a clara sensação de que iria em direção ao seu “abate”, então, para que caprichar? De maneira angustiante, sentia que qualquer plausível chance de salvar seu pós-doutorado e de aproximar-se de todas as formas humanamente possíveis de sua orientadora, – ‘’Oii??’’’ – começava e escorrer por entre seus dedos.

Encarando-se mais uma vez, ainda mais intensamente, ela soube. Como num passe de mágica, constatou a irredutível certeza de que, acontecesse o que acontecesse, sua vida nunca mais seria a mesma... Não depois de Delphine Cormier; não depois de ter experimentado a inigualável montanha russa que era estar ao lado dela. Suspirou derrotada, decida a acabar logo com aquela tortura. Vestiu uma calça de tecido maleável num tom cinza e com um pequeno laço na cintura. A blusa era igualmente leve, num tecido indiano estampado, acariciando sua pele. Lembrou-se que aquela blusa era um presente trazido por sua mãe, proveniente de uma de suas peregrinações inspiradas no livro “Comer, rezar e amar”.

Cos sorriu com a lembrança, sendo invadida por uma pontada de saudade dela. Certamente, Saly saberia exatamente o que dizer para confortá-la naquele momento. – Muito provavelmente, diria que todas as respostas de que preciso estão dentro de mim, e que apenas tenho de descobrir como encontra-las, certo, mãe? – Riu com real leveza, pensando na inteligência e sutileza incríveis que Saly possuía. Prometeu a si mesma que ligaria para ela quando retornasse da fatídica reunião, independente de qual fosse o rumo que sua vida tomasse.

Deixou os cabelos soltos e decidiu não usar maquiagem, apenas o característico delineador. Ainda vestiu um casaco vinho de textura flexível sob o pesado sobretudo vermelho e com uma echarpe também na cor vinho, completou o visual. O frio abraçava Paris ainda mais intensamente naquela manhã!

Mesmo com um leve mal-estar ainda presente, com certeza remanescente da ressaca horrorosa, optou por ir andando até a Universidade, querendo ganhar alguns minutos para tentar colocar as ideias em ordem. - se é que seria possível - Caminhar sempre a ajudava a organizar os pensamentos, era quase terapêutico. Como já era esperado, à medida que seus passos avançavam, a apreensão seguia o mesmo vetorial, aumentando copiosamente. Cosima não conseguia ver uma alternativa que não envolvesse a expulsão do programa ou pior: Que não a afastasse de Delphine. Bufou com aquela hipótese, censurando a claramente exagerada importância que estava atribuindo à eminente distância que logo logo seria estabelecida entre elas. ‘’Que inferno! Seu pós-doutorado, Niehaus! É com isso que precisa se preocupar.’’

Começou até a cogitar a possibilidade de ela mesmo solicitar a saída do programa antes de ser colocada para fora. Assim, evitaria a humilhação reservada para ela. O fato era que a saída do programa, sendo ou não por expulsão, teria um peso altamente negativo em seu currículo, podendo interferir diretamente em seus planos futuros, onde pretendia ser uma acadêmica de peso, lecionando em alguma conceituada Universidade.

Não demorou muito para que os receios e dúvidas começassem a transbordar em seus olhos, porém, Cosima recusou-se a permitir que as lágrimas caíssem; estava decida a não dar esse gostinho à Delphine. Já que era para sair, sairia de cabeça erguida!

Em pouco mais de vinte minutos, já passava pela praça que antecedia os blocos onde as salas dos professores estavam localizadas. Assim que adentrou o segundo edifício, encontrou um rosto conhecido.

- Bom dia, Cosima! – Gracie a cumprimentou gentilmente. – Você está bem? – Indagou com genuína preocupação, encarando a expressão derrotada e um tanto destruída que estampava a cara de Cosima.

- Oi, Gracie... – Respondeu educadamente, porém de maneira apática, sem nenhum entusiasmo forçado. Não era o tipo de pessoa que conseguia esconder seu estado de espírito... Era transparente demais. Encarou a garota, que ainda sustentava a preocupação no olhar atencioso e doce. Suspirou. – Para ser bem sincera, não estou muito bem. – Torceu os lindos lábios, denunciando e evidenciando ainda mais a aflição que tomava conta dela.

- Hum... Posso até imaginar o motivo! – A ruiva falou, indicando um grupo de estudantes que passava por ali, acenando com explícita animação para Cos, ainda festejando sua “conquista” na tarde anterior. A coisa estava pior do que ela pôde mensurar! – Não se fala em outra coisa por esses corredores. – Completou Gracie. O tom de voz era um misto de advertência e expectativa. Cosima não tinha certeza do que pensar daquela informação. Era celebrada pelos estudantes e odiada por sua orientadora. Então, de que inferno adiantava ser celebrada então? Tampou o rosto, expirando irritada por entre as mãos.

- Eu realmente não sei o que aconteceu, Gracie! O porquê de seu ter sido tão... “invasiva” – Expressou as aspas teatralmente - Por falta de palavra melhor, com ela. – Suspirou exasperada, deixando os braços caírem nas laterais de seu corpo. E era verdade, a mais pura verdade. Ainda assim, não conseguia compreender o porquê a PhDeusa tinha encerrado a aula de forma tão brusca. Para ser ainda mais honesta, não conseguia compreender porr* nenhuma do que tinha acontecido e do que estava acontecendo.

- Esse é o famoso “Efeito Cormier!” – A secretária falou de um jeito divertido, dando uma piscadela no intuito de amenizar o pesado clima que pairava sobre Cosima, não obtendo o resultado desejado.

- Então, é justamente esse famoso “efeito” que está prestes a destruir meu sonho de conseguir o título de pós-doutorado. – Suspirou, passando uma das mãos nos dreads, demonstrando a angústia que insistia em manter-se ali. A ruiva ainda chegou a abrir a boca na tentativa de argumentar, mas desistiu em seguida, já sabendo que a situação de Cosima era mesmo delicada. Aquela não seria a primeira vez em que Delphine expulsaria um de seus orientandos do programa de pós-doc da Área de Humanas da Sorbornne, entretanto, certamente aquela seria a mais rápida dentre todas as expulsões. Niehaus seria o verdadeiro recorde, porém, achou melhor não compartilhar esse dado com Cosima, não querendo contribuir ainda mais para o aspecto derrotado dela.

 – Muito bem...  Não há mais como evitar o inevitável. – Respirou mais profundamente, fitando a amável secretária daquela que seria a carrasca de sua sentença.

 – Gracie, foi muito bom ter te conhecido! – Cos ainda conseguiu atribuir um tom de brincadeira, arrancando um sorriso leve e acolhedor da menina. Cosima despediu-se no estilo continência, ainda sendo capaz de ler um “boa sorte” nos lábios de Gracie.

 Seguiu pelos corredores até alcançar um dos elevadores; a caixa de aço mortal que a levaria até seu “calvário”. Um riso de nervoso escapou com esse pensamento e, por onde passava, Cos era cumprimentada por todo tipo de gente, pessoas que jamais tinha visto na vida e a maneira como reagiam a ela reforçava ainda mais a certeza de que não havia feito nada de tão grave assim – claro, claro.

 O leve solavanco do elevador fez seu estômago protestar novamente e, instintivamente, abraçou seu abdômen com mais intensidade. Amaldiçoou a quantidade de álcool ingerida na noite anterior, entoando o falso juramento de que não beberia mais! O movimento de estabilização do elevador que parava no temido sétimo andar, provocou um frio cortante em sua barriga e Cosima teve certeza de que naquele momento, as Aventuras de Frozen eram claramente reproduzidas em seu estômago. ‘’Maldita Elsa!’’ Balançou a cabeça, rindo do pensamento ridículo! Assim que as portas se abriram, Cos se viu diante de um longo e opressor corredor com paredes num tom telha escuro, sustentadas por um piso de um mármore num marrom fechado, impecavelmente lustrado. Alguns jarros ladeavam o sufocante caminho, percorrido por uma Cosima apreensiva e cada vez mais certa do impiedoso destino que a aguardava.

Cosima sentia-se como uma condenada caminhando pelo corredor da morte, na eminência da inevitável sentença!  – Mulher morta andando! – Brincou, rindo da sua desgraça à medida que se aproximava do final do imponente saguão, que terminava onde a sala Dela era localizada.  Cos tinha o conhecimento de que as salas de canto daquele prédio eram reservadas para os professores mais proeminentes daquela instituição, e obviamente, a sala de Delphine era a maior e mais ostensiva de todas elas. ‘’Claro...! Tudo que se relaciona a ela tem que ser o melhor... ridículo.’’  Bufou, revirando os olhos e parando diante da luxuosa porta da sala de sua orientadora. Ficou contemplando a discreta, porém incrivelmente sofisticada placa que exibia o nome de Delphine. De fato, tudo relacionado a ela exalava poder e sensualidade. ‘’Impressionante.’’

Era chegado o momento. Hesitou uma, duas, três vezes antes de bater na porta. Cosima tremia por inteiro e suas mãos pareciam poças d’água. O receio era tão grande que seu punho mal tocou a madeira, fazendo-a questionar se teria sido o suficiente para sua professora pudesse ouvir.

“Coragem, Cos! Vamos lá.” Respirou fundo, tentando aquietar o tremor que insistia em chacoalha-la e, antes que chegasse a tocar novamente a porta, ouviu a melodia daquela voz que, mesmo mais distância e abafada devido as barreiras que o som encontrava, permanecia perfeitamente aveludada e impossivelmente sensual... Era música para qualquer ouvido.

Do lado de dentro da majestosa sala, Delphine não podia vê-la, mas alguma coisa a alertava, uma palpável e inexplicável energia que a possibilitava sentir a presença de Cosima. Del repousou os olhos. – Pode entrar, Senhorita Neihaus...

Cosima sentiu todo o seu sangue circular a uma velocidade sobre-humana para em seguida concentrar-se em seus pés. Encarou a maçaneta e tomou coragem, girando-a com demasiado cuidado, finalmente adentrando ao local do abate.

‘’Pelo amor de Ártemis, não vá desmaiar, Niehaus!’’ A atmosfera daquela sala era totalmente sufocante, embora o espaço fosse claro, amplo e exuberantemente bem decorado. O fato era que Cosima não tinha a menor condição de notar a decoração do ambiente, tendo toda a sua atenção inquietamente concentrada em sua orientadora, ou melhor, no que conseguia ver dela. Delphine estava sentada em sua elegante cadeira giratória e Cosima fitava a extremidade de sua cabeça, destacando o brilho dourado e insultantemente perfeito dos maravilhosos cabelos. Era tudo o que estava a mostra por sobre o encosto da cadeira. Del estava de costas para a porta, contemplando a manhã cinza e fria que pairava sobre a cidade dos amantes. Okay, era melhor andar logo com aquilo antes que a expectativa provocasse um infarto em Cosima!

- Bom dia, Professora Cormier... – Cos praticamente pigarreou, tentando imprimir alguma segurança no tom de voz, falhando descarada e miseravelmente; o temor era evidente e forte demais. Tudo aquilo era demais.... ela, a mulher que inesperadamente invadiu sua vida  - seus pensamentos, seu corpo, seus mais íntimos desejos – virando-a do avesso, era demais. Mordeu o lábio com força, querendo expulsar aquela intensidade enlouquecedora. Alguma coisa ali dentro parecia extrair sua confiança, fazendo-a virar pó. ‘’Inferno!’’

Para piorar ainda mais a situação, não obteve uma resposta imediata. Parecia que sua orientadora queria tortura-la, elevando sua ansiedade a níveis alarmantes, fazendo com o que ar entrasse com surreal dificuldade em seus pobres pulmões enquanto esfregava as mãos nas laterais de seu corpo. Cos sentia que seu limite estava perigosamente próximo, temendo o que poderia acontecer caso aquela barreira fosse quebrada. Aquilo era a porr* de um jogo para ela? Puta que pariu!

Após alguns longos e sofridos segundos, Delphine – finalmente -  girou a imponente cadeira, majestosa e lentamente. A visão de Delphine ali, provocaria a mais profunda inveja em qualquer realeza do mundo, atingindo Cosima com a potência de um soco na cara! Cos ainda fez menção de levar a mão ao queixo, querendo ter a certeza de que ele ainda estivesse ali, e não escancarado ao chão como ela imaginava que estava! Seria sempre assim? Quando é que esse maldito impacto iria passar?? Não era possível! ‘’Puta.merd*! Que diabo de mulher é essa??’’

Assim que colocou os olhos em sua orientadora, foi completamente capturada pelo peso da expressão que imperava naquele rosto angustiantemente anguloso e perfeito. As feições eram de uma exuberância tão hipnotizante que chegava a ser ridículo. Delphine a encarava quase impassível, externando apenas sua visível seriedade e uma inabalável concentração, provocando um leve e indecifrável tremor na base da coluna de Cosima. O semblante era de uma obstinação absurdamente assustadora e de uma maneira que Cos não sabia como explicar, era também igualmente sedutora e magnífica. A ponta do queixo dela estava levemente inclinada, revelando a personalidade imponente e audaciosamente soberba, deixando-a ainda mais incrivelmente sensual. ‘’Okay, é oficial... eu estou louca!’’. Cos piscou os olhos rápida e discretamente, obrigando-se a recuperar um mínimo de compostura que fosse.

Delphine estava diferente... Mais distante e inatingível – e friamente linda - que nunca. Os cabelos estavam... aliás, a essa altura da vida, os cabelos desgraçadamente mágicos já deveriam dispensar comentários, mas não... Não era possível! Enfim, os maravilhosos cabelos estavam perfeitamente lisos, sem uma ondulação sequer ou nenhum maldito fio desobediente. Será que ela tinha o poder de controlar cada célula do corpo dela? Cosima começava a acreditar que sim. Del vestia uma blusa preta de seda que parecia beijar a pele dela, sem mangas e com botões discretos, sendo que os dois últimos estavam insinuantemente abertos... – Suspiro -  deixando parte de seu colo a mostra.

O contraste da seda preta quase brilhante com a pele surrealmente alva como a neve, era assombrosamente encantador. Suas mãos estavam pousadas sobre as pernas elegantemente cruzadas, exalando sua usual e - absurdamente sexy - soberania. Como sempre, estava impecável e agressivamente perfeita, exatamente como uma Deusa.

- Bom dia, Srta. Niehaus. – Fria, cortante e objetiva. Delphine nem piscava, sustentando o poderoso olhar de maneira intimidadora, fazendo questão de inspecionar sua orientanda dos pés à cabeça, não permitindo que qualquer emoção transparecesse. Ali, sob a energia que fluía daqueles olhos magníficos e escuros, Cos imaginou nunca antes ter visto um olhar tão gelado e apático. As pupilas de sua orientadora pareciam duas pérolas negras, refletindo a luz de uma pequena luminária posicionada lateralmente a ela. Cosima engoliu em seco. Então era isso? Aquele era mesmo o fim? Por fora a impassibilidade reinava, mas intimamente, Delphine sentia prazer com aquilo.

– Sente-se, por favor...– Indicou uma das cadeiras posicionadas à frente de sua mesa, olhando-a tão intensamente que Cosima pensou que suas pernas não aguentariam.

‘’Respira, cacete!’’ Okay! A morena estava visivelmente nervosa e vê-la daquele jeito provocava em Delphine uma acentuada e prazerosa satisfação. Nunca precisou esconder de ninguém a pontinha de sadismo que existia em sua complexa personalidade e, naquele momento, queria castigar sua orientanda... Queria proporcionar a ela um verdadeiro desconforto, exatamente como ela havia lhe causado no dia anterior e, assisti-la procurar por uma posição confortável na cadeira – sabendo que ela não encontraria -  como um cãozinho acuado, era demasiadamente delicioso.

- Primeiramente, gostaria de agradecê-la por não me fazer esperá-la demais. – Ironia detected! Primeiro golpe desferido com sucesso. Cosima a olhou de baixo para cima, ainda intimidada com sua postura exageradamente gelada. Até cogitou responder o comentário, mas resignou-se; sabia que a posição que ocupava ali estava em total desvantagem e que precisaria escolher suas palavras com muita sabedoria, procurando manter toda uma frágil serenidade, a despeito da revolução que voltou a acontecer em seu inferno de estômago ainda mais estragado que o normal.

– Muito bem, Srta. Niehaus... Acredito que sabia perfeitamente o motivo pelo qual estamos aqui, certo? – Aquilo certamente era uma afirmação e o tom de voz era absurdamente formal, porém, ainda existia algo por trás da cortina de formalidade. Cos não soube discernir o que, exatamente e apenas assentiu com um leve aceno de cabeça, optando por permanecer em silêncio. Aquela passividade já havia começado a enervar Delphine, que prosseguiu.

– Ótimo. O que significa que a Srta. também deve ter sido capaz de perceber que o seu comportamento em minha aula ontem foi completamente inadequado, para dizer o mínimo... – Vrá! Delphine escolhia as palavras com torturante precisão, tornando-as ainda mais incisivas. A expressão permanecia assustadoramente linda e Cosima continuava presa naquele olhar.

– Tenho certeza de que a Srta. compreende perfeitamente bem o funcionamento e o propósito da hierarquia acadêmica aqui, ou em qualquer Universidade séria do mundo.

– ‘’Como é que é??’’ Era quase uma tentativa de infantilizá-la. Cos arqueou as sobrancelhas, claramente incomodada com a aquela insinuação! Acabou mordendo o lábio inferior na tentativa de impedir que a resposta atrevida que irrompeu em sua mente fosse verbalizada. Delphine surpreendeu-se com o quanto adorou presenciar aquilo, muito mais pela doçura contida no nervosismo de sua orientanda do que pelo sádico prazer em vê-la desesperada. Definitivamente, aquela mulher tinha poderes sobre a toda poderosa. Pela primeira vez a PhDeusa piscou os olhos, dissipando os novos rumos que seus pensamentos queriam tomar, reafirmando a postura altiva.

– Portanto, quando avisei que seria necessário discutirmos melhor e até mesmo repensarmos o seu objeto de pesquisa, a Srta. deveria ter acatado minha ordem.... é assim que funciona. – O autoritarismo mesclado à soberba daquelas últimas palavras foi a gota d’água que faltava para que toda a paciência e resignação de uma Cosima já completamente atormentada, transbordasse. A atmosfera da sala mudou, tornando-se mais densa e tensa, exatamente como o estado de espírito de Cos, que encarou sua orientadora com verdadeira afronta no olhar!

- Desculpe-me, professora... mas a senhora não manda em meu projeto, tão pouco na minha perspectiva de como apresentá-lo! – “Que porr* foi essa, Cosima?? Cadê a porcaria do pedido de desculpas ensaiado o caminho inteiro!?” Cos soltou as palavras com segurança e objetividade fazendo Delphine arregalar os olhos, afinal, a intrigante impertinência e atrativa ousadia ainda estavam ali. Detestava admitir, mas as atitudes de sua orientanda e o atrevimento tão característico dela, satisfaziam-na de alguma maneira. Sim, a insolência contida na personalidade única e absurdamente autêntica de Cosima, despertava em Delphine uma chama viva, íntima e que por vontade do impiedoso destino, a muito estava apagada.

A verdade era que Del estava absolutamente cansada de todos à sua volta sempre tão dispostos a agradá-la, sempre tentando impressioná-la, fazendo todas às suas vontades, ora por total encanto e admiração, ora por completo respeito ou mesmo por temor a quem ela era.  E ali, diante dela, encontrava-se uma pessoa que se mostrava totalmente diferente de todas as outras, literalmente. Cosima conseguia ser tudo que qualquer um desejaria ser para Delphine e ela nem mesmo precisava se esforçar para isso. Como ela fazia aquilo?? Delphine queria admirá-la, não teme-la! Queria conhece-la por inteiro, e não a repelir...! Queria abraça-la e não, afasta-la...! Queria toma-la em seus braços, e não a machucar! Queria desesperadamente tê-la e nunca mais perde-la...! Censurou-se com esse último pensamento, remexendo na cadeira. ‘’Merda!’’

O que era aquela vontade louca e quase doentia de querer olha-la – devorá-la - o maldito do tempo inteiro?? Poder simplesmente observá-la sem nunca mais precisar parar. Delphine sentia que jamais se cansaria de uma visão tão deliciosamente atrevida e intrigante, como era sua orientanda; sem mencionar o fato de ser extraordinariamente linda, adorável e absurdamente desejável... Cosima exalava uma sensualidade tão inacreditavelmente natural, que a tornava ainda mais impossivelmente atraente e exuberante aos olhos de sua professora. ‘’Pare com isso, Cormier!’’  Não! Delphine não podia se deixar dominar por esse poder surreal que Cosima exercia sobre ela, principalmente sobre o corpo e os desejos dela... precisava manter seu foco e desmascará-la, para o bem de sua sanidade física e mental.

- Srta. Niehaus... – Leve -  e encantador - sorriso de canto de boca.  – O projeto é seu, mas a orientação é minha! Preciso definir aqui, o significado desse tipo de  ‘’orientação’’ para a senhorita? – Delphine soltou entre dentes, porém, a postura majestosa permanecia intacta. Cos bufou audivelmente, revirando os olhos. Del era um misto de emoções naquele momento! Se divertia, admirando-a por tamanha ousadia e queria provoca-la ainda mais pela audaciosa insolência! “Quanta mal criação, Cosima!” Deleitou-se Delphine. A morena era um verdadeiro encanto de mulher e, poder observá-la, expor as nuances do temperamento dela, analisando-a com muito mais calma e precisão, acabava de se tornar o mais novo prazer de Delphine, que se postou a continuar.

– Significa que, como sua orientadora POR ESCOLHA MINHA, tenho o direito de opinar, censurar e interferirem seu trabalho sempre que EU achar pertinente. – Outro movimento certeiro. Era impressão ou a sala começava a ficar inconvenientemente quente? Cosima engoliu em seco, inquietando-se cada vez mais, ainda sem encontrar uma posição confortável naquele inferno de cadeira!

– E caso a senhorita ainda não tenha notado, eu NÃO tolero esse tipo de atitude de meus orientandos! – Lá estava... O início do fim. O tom de voz era assustadoramente firme e não dava abertura para contestações. Cosima começava a assimilar o real significado daquelas palavras enquanto o suor escorria por sua nuca. Esperava a qualquer momento o fatídico golpe de misericórdia e num súbito, começou a sentir sua cabeça girar. As palavras de sua orientadora ecoavam em sua mente, mas pareciam estar em câmera lenta. Todo o seu árduo sacrifício, a impecável preparação dos últimos dois anos e os sonhos relacionados à área acadêmica estavam todos dispostos na mesa Dela, ao alcance de suas mãos. Delphine só precisaria querer, era simples assim.

– Portanto... – Del ponderou, respirando mais fundo e levando os dedos até sua boca, atenta a todas as reações de Cosima. Parecia que ela estava prestes a se quebrar em mil pedaços, bem ali. Por algum motivo, a constatação do explícito desespero de Cos à incomodou, deixando-a desconfortável.  - ... Gostaria de esclarecer... – Foi diminuindo o tom de voz e a objetividade contida nele à medida que percebia com mais clareza a agonia de sua orientanda. Alguma coisa estava errada.

– Srta. Niehaus...? Você está bem? –  Cosima fechou os olhos com força e, no segundo seguinte, os arregalou com nítida aflição, respondendo à pergunta dela com uma veemente negativa de cabeça enquanto olhava ao redor com escancarada pressa e desespero!  Delphine piscou rapidamente, entendendo de imediato o que estava na iminência de acontecer. – Ali! – Indicou o seu banheiro privativo, assistindo Cosima lançar-se até ele e trancar-se lá.

Cos mal teve tempo de alcançar o vaso e toda a “agonia” que sentia foi despejada num vômito exagerado. “Puta que pariu Niehaus.... que merd*!’’ Okay, será que dava para piorar??

- Srta. Niehaus? Você precisa... Está tudo bem? – Delphine parecia visivelmente preocupada do outro lado da porta. Cos ergueu a cabeça para responde-la, mas a resposta veio sob a forma de uma nova ânsia, queimando-a por dentro e irrompendo com força total. “DROGA!” Depois dessa, era melhor descer junto com a descarga, com certeza!

Alguns minutos se passaram e Cosima sentia que não havia mais nada para sair ali, parecendo que até seus órgãos tinham sido colocados para fora! Porém, todo aquele oco foi subitamente preenchido por uma arrasadora vergonha, nunca antes experimentada por ela. “Que bonito, hein – que cena mais linda – Niehaus!!? Puta merd*” Encarou-se diante do espelho. Estava legivelmente abatida. – destruída - Localizou um armário logo abaixo da pia, torcendo para que houvesse algo ali que amenizasse seu constrangimento e o hálito horroroso que certamente estaria presente. Por sorte, encontrou um enxaguante bucal e imediatamente pôs-se a bocejá-lo, sabendo que não poderia ficar ali dentro o dia todo e que precisaria sair para encarar o seu – desolador - destino.

Enxaguou a boca e o rosto incontáveis vezes, tentando se recompor da melhor maneira possível, visto o estado deplorável – e ridículo – em que se encontrava. Respirou fundo, como se ar que entrasse em seus pulmões pudesse dar a ela a coragem necessária para encará-la. ‘’Vamos logo com isso.’’ Checou seu hálito uma última vez e, assim que abriu a porta, foi surpreendida pela visão de Delphine parada diante dela, trazendo em suas mãos um copo com água acompanhado de uma pequena e sofisticada toalha. ‘’Haam?’’ Involuntariamente, de baixo para cima, Cosima percorreu todo o glorioso corpo de Delphine e, assim que seus olhos se encontraram, acabou encarando-a com demasiada surpresa e expectativa. A tensão entre elas ainda era presente, mais havia se modificado. Cos sentiu os joelhos fraquejarem quando constatou que os negros e frios olhos de sua orientadora, traziam agora um tom incrivelmente mais esverdeado, expressando um brilho quente e admiravelmente mais acolhedor.

- Tome. Beba um pouco. – Delphine se aproximou, entregando-lhe o copo. Assim que Cos o recebeu, suas peles se tocaram – novamente - com extraordinária delicadeza e alguma coisa mais, fazendo Cosima acreditar que desfaleceria ali mesmo. Por outro lado, Delphine exasperou-se, verdadeiramente mais preocupada do que podia compreender. – Cosima, você está gelada!

Mal tinha se passado uma batida de coração e Delphine a assistiu cambalear para trás, precisando ser rapidamente amparada! Numa fração de segundo, Cosima estava em seus braços – outra vez. Mais uma vez, Delphine foi invadia por aquela potente e perturbadora sensação inexplicavelmente familiar... Mais uma vez,  foi dominada pela vontade avassaladora de cuidá-la, protegê-la... O que era aquilo? Quem era aquela mulher? Os questionamentos sacudiam-na por inteira enquanto conduzia sua orientanda ao sofá quase meramente decorativo de sua sala.

Cosima, por sua vez, permanecia incrédula, totalmente estarrecida com o fato de sua orientadora, tão polida e adepta assídua de uso das devidas formalidades, tê-la chamado pelo primeiro nome. O que significava aquilo?? Estaria Delphine sinceramente preocupada com ela? Cos repousou os olhos, inspirando o cheiro único, inebriante e impossivelmente maravilhoso que a pele dela exalava. O aroma era impertinentemente afrodisíaco, entorpecendo - deliciosamente – seus sentidos. ‘’Meu Deus do céu...’’ E o que era aquela maldita sensação totalmente sublime e inigualável de estar nos braços dela – mais uma vez? A maneira como sua orientadora a afetava tinha oficialmente, passado de todos os limites! Foi gentilmente colocada no sofá e assim que arrumou uma posição mais confortável, Del indicou a toalha, entregando-a com demasiado cuidado. Quando a segurou, intimamente frustrada pela perda do contato com sua professora, constatou que a toalhinha estava embebida em água gelada.

- Coloque em sua testa... Vai ajudar com a sensação de mal estar. – Delphine orientou enquanto se colocava de pé em frente à Cosima. A voz era cadenciada e expressava uma real solicitude. Cos baixou o olhar, desejando poder abrir um buraco no chão com a força da mente, onde pudesse enfiar a cabeça e nunca mais tirá-la de lá! Respirou profunda e pesadamente, finalmente erguendo os olhos.

- Professora Cormier... eu... por favor, me desculpe! – Conseguiu dizer ainda hesitante. – Não estou me sentindo muito bem... Acredito que tenha sido algo que comi. – Mentiu descaradamente, fazendo um discreto sorriso dançar nos lábios de Delphine, que exibia um semblante quase despretensiosamente ultrajado pela tentativa cara de pau de enganá-la! Cosima deixou um risinho escapar assim que viu a expressão na rosto de Deplhine, já sabendo que aquela desculpinha ridícula não tinha colado! ‘’Argh! Cacete!’’

- Srta. Niehaus....– Lá estava a formalidade, devida e infelizmente retomada. – Sei muito bem reconhecer uma ressaca homérica! – Estranhamente, não era ironia nem mesmo reprovação o que Cosima detectava naquelas palavras; inclusive, poderia jurar que sua orientadora estava até mesmo sendo... engraçada?

- Err, então... pois é, culpada...! – Cos falou, levantando as mãos num claro gesto de ‘’rendição’’, assumindo a culpa que lhe era devida. Delphine reprimiu a vontade de sorrir escancaradamente, achando a cena completamente cativante. – Mesmo assim, aliás, principalmente por isso, me desculpe. – Cos completou, ainda adoravelmente sem jeito. – Eu não deveria ter exagerado no absinto, mas, sabe como é... – Finalizou, passando as mãos nos estilosos dreads. Delphine arregalou os olhos, encarando-a de cima à baixo, provocando um inapropriado frio na barriga da morena.

- Absinto? Quantas doses você tomou? – Interessou-se a loira. Conhecia perfeitamente bem os poderes daquela bebida e agora fazia uma breve ideia do que sua orientanda estava sentindo.

- Perdi as contas! – Confessou, fazendo uma careta divertidamente encantadora, levando Delphine a relaxar os ombros, dissipando a palpável tensão que permeava o seu corpo. Mais uma vez, a densa atmosfera da sala pareceu suavizar-se. O ar estava mais leve e Cosima podia jurar que a pressão em sua cabeça, bem como a dor infernal em estômago também haviam diminuído bastante, quase como passe de mágica.

Quase involuntariamente, Delphine começou a rir da desgraça de Cosima, que logo se juntou a ela numa espontânea e curta gargalhada, interrompida por uma nova e engraçada careta de dor. A cara de Cosima somente intensificou a risada de Delphine, que continuou a se divertir sozinha enquanto Cos a encarava completamente enfeitiçada, tendo a absoluta certeza que aquela era a risada mais inacreditavelmente linda que já tinha visto e ouvido em toda a sua existência.

Que mulher era aquela? Que energia era aquela? Que fascínio era aquele?  Sem conseguir evitar, Cosima novamente a encarou, - devorou - por inteiro, não escondendo o suspiro de satisfação ao contemplar o quão luxuriosamente colada era a calça que sua orientadora usava. ‘’O que?? Controle-se, sua ridícula!’’ Assim que ergueu os olhos, deparou-se com uma Delphine quase em transe, olhando-a de um jeito e com uma intensidade extraordinariamente indescritíveis. O ímpeto por trás daquele olhar era tão poderoso que Cosima podia senti-lo.

Porém, Delphine retesou a postura, quebrando a quase sufocante eletricidade que pulsava daquele contato visual, como se, subitamente, algo a tivesse lembrado do motivo daquela reunião. Voltou-se para sua mesa, dando as costas à Cosima.

- Ao que parece, a senhorita encheu a cara no intuito de celebrar a sua pequena “conquista” na tarde de ontem. – O cortante desdém estava de volta, firme e forte. – Isso me lembra que preciso decidir o seu destino aqui. – Cosima sentou-se na ponta do sofá, se esforçando para ficar de pé e, assim que o fez, seguiu lentamente até a cadeira diante da luxuosa mesa.

- Professora... – A intromissão pegou Delphine completamente de surpresa, que virou-se para encará-la com total incredulidade no olhar, quase atônita. Era isso, aquela brecha seria a única chance que Cosima teria. – Sei que acabei exagerando bastante ontem, eu realmente sei... mas é que... – Respirou fundo - Eu me esforcei tantona preparação daquela apresentação! Fiz de tudo para que ficasse impecável e perfeita, digna de receber a sua atenção... Aliás, venho me esforçando muito pelos últimos dois anos, devorando todas as leituras possíveis, destrinchando, escavando em todos os arquivos, artigos e biografias! – Quase sem respirar, Cosima falava de forma atabalhoada e apressada, gesticulando violentamente as mãos, tentando argumentar em sua defesa.

– Sinto como se toda a minha formação, como se toda a minha trajetória acadêmica me trouxesse até este momento... ‘’me trouxesse até você....’’ – A voz  já saia embargada e os olhos transbordavam toda a veracidade de seu desespero, lacrimosos e angustiados. ‘’Puta que pariu, Cosima!’’ Delphine sentiu a respiração falhar, lutando arduamente contra a vontade avassaladora de partir para abraça-la, conforta-la, tocá-la... ‘’Não!!’’ Ela não poderia. Não deveria! ‘’Inferno!!’’ Assistia ao sofrimento de Cosima e se sensibilizava com ele.

“Meu Deus...Ela não pode ser má! Não pode!” Queria desesperadamente acreditar naquilo, quase como se sua vida dependesse disso... Porém, sabia que precisava testá-la. Precisava forçar os limites e ir até o fundo daquela história. E agora, mais do que nunca, sentia que precisava fazer isso, não mais apenas por ela e por tudo que aquilo poderia significar, mas por Cosima também.

- Fui uma completa idiota, eu sei! Sei que certamente estraguei todas as minhas chances sob sua orientação e duvido que me perdoarei por isso... Eu estraguei tudo! Merda! – Cosima era uma comporta aberta de emoções! – Sua orientação foi algo que almejei quase que desesperadamente, desde o instante em que soube da vaga. – Delphine mal era capaz de piscar! Sabia que deveria interrompê-la, mas não encontrava forças para fazê-lo.

- Sempre admirei o seu trabalho e a maneira como suas obras ressignificaram o universo feminino; a sensação que eu tinha era de me ver ali, descrita em praticamente TUDO que você escrevia e antes que pense que isso é uma lisonja barata, posso garantir que seu o trabalho me salvou, professora... muitas vezes.... – Aquilo era demais para ela e a primeira lágrima irrompeu, firme e decida. Cosima se odiou por isso, por não ter sido capaz de impedir que sua fragilidade viesse à tona. Já Delphine... de maneira impossível, encantou-se ainda mais por ela depois daquilo.

– Portanto...- Respirou fundo, completamente emocionada com aquele inferno de situação. - ... Antes que a senhora precise me expulsar... ‘’ Merda, Delphine!! Por que tem que ser assim?!!’’ – Cosima fechou os olhos com nítida tristeza, tentando segurar as impertinentes lágrimas, totalmente em vão.  – Eu... eu vou poupá-la esse trabalho...

- COSIMA, cale a boca! – Exaltou-se Delphine, poderosa e incontestável! Estranhando aquele breve instante de descontrole, sendo acompanhada por Cos, que a olhava com os olhos arregalados. A loira já contornava sua mesa visivelmente exasperada, aproximando-se perigosamente de Cosima, ainda completamente atordoada com a força das palavras proferidas por sua orientadora. Delphine seguia objetiva em direção à ela.

‘’O que... O que Delphine está fazendo??’’ – A iminência daquela aproximação fez com a cabeça de Cosima girasse novamente e, involuntariamente, acabou recuando para dar passagem a ela, que parou com nítida irritação, encostando-se em seu birô. Delphine se virou para ela, cruzando os braços enquanto expirava pesadamente, olhando-a de uma forma tão desgraçadamente enigmática que fazia a cabeça de Cosima latejar ainda mais.

- Srta. Niehaus... – Aparentemente, tinha superado o repentino descontrole. – Não irei expulsá-la, e MUITO MENOS pretendo aceitar que o faça! – Falou num tom impressionantemente intimidador, totalmente resoluta. – Contudo, não poderá sair “ilesa” em relação a forma como a senhorita se portou em minha aula. – Inexplicavelmente, Cosima desaprendeu a respirar. Delphine recobrava pouco a pouco a maestria e a destreza com que lidava com as adversidades que surgiam em seu cotidiano. – De fato, eu a aceitei como minha orientanda por um motivo. Seu projeto é sim, excelente, diferenciado e promissor. – A loira correu as mãos pelos perfeitamente lisos e mágicos cabelos. - Entretanto,  eu esperava um pouco mais de... – Hesitou enquanto buscava a palavra. -... empenho e desenvoltura na justificativa de seu tema.

Cosima chegou a ensaiar um “mas”, porém, achou melhor contestar. – Sendo assim, a senhorita tem exatas... – Olhou para o belíssimo relógio de pulso – 48 horas para me entregar uma justificativa que faça jus a sua qualificação e ao propósito do tema escolhido. – Cos a olhou nos olhos, novamente detectando o brilho negro e assustadoramente predatório. – E antes que a senhorita conteste, não me importa que o prazo termine num sábado. Daqui a exatamente 48 horas, nos reencontramos aqui mesmo. – Estranhamente, a musculatura de sua orientanda pareceu relaxar. - E aí sim, decidiremos o seu destino sob minha orientação.

Golpe final! Cosima sabia que estava sendo pressionada contra as cordas daquele “ringue”, mas também tinha ciência de que trabalhava muito melhor sob pressão. Cos se movimentou, aproximando-se de sua orientadora.

- Professora Cormier... –  Cos estendeu a mão enquanto a encarava com surpreendente firmeza. Delphine levantou uma sobrancelha e essa mínima ação seria suficiente para desmaiar um quarteirão inteiro, tamanha era sensualidade que fluía dela. O fato era que Delphine ficou um tanto confusa com aquele gesto, porém, Cosima indicou sua mão com um olhar ainda mais seguro, instigando Delphine e fazendo-a levar sua mão ao encontro da dela. Assim que se tocaram, um ponto de mais pura energia pareceu eclodir ali. – Desafio aceito! – Cosima falou, intensificando o olhar e baixando o tom de voz de maneira cadenciada e quase erótica, fazendo com que um atrevido arrepio percorresse o corpo de Delphine. Sem conseguir explicar, Cos intensificou o aperto de mão e esse acabou tornando-se constrangedoramente demorado.

Tudo parecia ter desacelerado... o tempo, a gravidade, a ansiedade, tudo. Estavam ali, poeticamente perdidas uma na outra, sem a menor vontade de se acharem. Naquela altura, nenhuma das duas fazia muita questão de fingir ou esconder o que quer que fosse... bastava que estivessem daquele jeito, totalmente conectadas.

“Você terá o melhor de mim, Delphine.’’

“Por favor, Cosima... mostre-me que estou errada.’’

- Srta. Niehaus? – Cos piscou apressadamente, saindo daquele devaneio.

 – Tic-tac – Delphine brincou, sorrindo lindamente. Cosima soltou a mão de sua orientadora de forma brusca e apressou-se a sair da sala. Porém, antes de fechar a porta, colocou a cabeça pra dentro:

- Te vejo sábado, professora! – Concluiu, entregando-lhe o sorriso mais incrivelmente deslumbrante e encantador que Delphine já viu. Essa, se permitiu sonhar por alguns segundos com aquele sorriso, mesmo acordada. Todavia, sabia que precisava colocar seu plano em funcionamento o mais rápido possível e logo estava com o telefone em mãos.

- Helena, quero seu pessoal 24 horas com ela. Preciso saber aonde ela vai, com quem ela fala, o que ela come... Tudo! – Delphine sabia que se Cosima fosse de fato uma impostora, ela certamente entraria em contato com quem quer que estivesse por trás daquela farça. Aquele claramente seria o momento ideal para isso.

 

******

 

- Como assim, nada?? – Delphine questionava, totalmente incrédula.

- Nadica de nada, Delphine! Ela praticamente morou naquela biblioteca nos últimos dois dias. – Disse Helena, visivelmente derrotada, jogando-se na cadeira diante do birô de Delphine. Ela havia montado um verdadeiro esquema de segurança para seguir Cosima, digno de um importante chefe de Estado, a fim de descobrir alguma possível relação ou contato dela com o pessoal de Lamartine, porém, não descobriu nem encontrou nada. Absolutamente nada. – Ela mal acessou a internet! Como alguém faz qualquer tipo de pesquisa sem usar a internet? – Helena abria os braços plenamente indignada, como se indagasse aquilo ao mundo. – A única coisa que ela fez nas malditas 48 horas, foi enfiar a cara em livros e mais livros. – Concluiu Helena, carrancuda com o fato de não ter encontrado nada que acusasse Cosima.

Delphine se divertiu com atitude da amiga e, secretamente, estava em completo êxtase com aquela informação. Tanto por sua mais do que eficiente segurança não ter encontrado nada que incriminasse Cosima, como pelo fato de que sua orientanda claramente preferia a boa e velha biblioteca.

“Então a senhorita é das minhas, Cosima Niehaus?! Interessante.’’

- Ela não ligou para ninguém? Não recebeu ligações ou sequer alguma mensagem? – Sim, Delphine acabou cedendo aos apelos de Helena, permitindo que sua segurança montasse todo um avançado aparato de vigilância. Inclusive, no exato momento em que acontecia a reunião da última quinta-feira, o pessoal de Helena ‘’visitava’’ o apartamento de Cosima, haqueando seu computador e clonando o seu celular.

- Sim. Ela fez curta ligação para mãe dela e só. – Helena conferia as informações no relatório onde todos os passo de Cosima haviam sido registrados – E... recebeu algumas ligações de um homem chamado Scott, discutindo questões de negócios relacionados à cafeteria dela. – Helena prosseguia enquanto relia as anotações do dossiê. – Também recebeu algumas ligações de uma tal de Shay! – Soltou com fingida despretensão, olhando curiosa para Delphine, a fim de analisar a maneira como ela reagiria à menção da namorada de Cosima. Rá! Lá estava a nítida ruga na testa de sua chefe, agravada pelo olhar irritado e o pelo punho cerrado. ‘’Pelo amor de Deus, Cormier!’’ Helena detestava a maneira como sua amiga havia se tornando tão previsível, pelo menos para ela.

– Er... quer saber sobre o que elas conversaram? – Helena provocou, escancaradamente deliciada e divertida! Por fim, acabou hesitando na brincadeira assim que foi atingida pelo peso do olhar furioso de Delphine.  - Okay, okay, deixa pra lá! – Concluiu numa oferta de ‘’paz’’.

- Enfim, agora só nos resta checar a “qualidade” do texto que ela irá me entregar. –  Delphine ainda tentava se ater a qualquer resquício de dúvida, embora à medida que o tempo passava, a tendência em acreditar na inocência de Cosima se fortalecia cada vez mais.

- E por falar nela... – Helena atendeu a ligação em seu celular. – Oi, Art... hunrum. Certo, mas não a perca de vista, okay? Muito obrigada e até mais tarde. – Encarou Delphine. – Ela acabou de sair e está a caminho da Universidade... está vindo encontrar você.

Helena observou à reação de Delphine e nem fez questão de esconder sua desaprovação em relação à Cosima, mesmo não conseguindo encontrar nada contra ela. Alguma coisa sobre à tal Niehaus a incomodava demais. Como ela poderia saber, por conta própria, tantas informações de cunho altamente confidencial e relacionadas à Ordem do Labrys?? Coisas que nem ela mesma, conhecendo Delphine a tantos anos, sequer podia imaginar. Certamente alguém forneceu aquelas informações à ela, porém, se não foi o maldito do Lamartine, quem diabos poderia ser, então? E com qual finalidade? De repente e de forma brusca, uma hipótese lhe ocorreu.

“Se não foi o lado inimigo o responsável pelo fornecimento dessas informações, só existe um lugar de onde elas podem ter saído...” – O modo espiã de pensar estava completamente ativo! Num estalo, Helena catalisou sua mais nova desconfiança. “Foi alguém da própria Ordem!” Ergueu-se num salto, causando um sobressalto em Dephine.

- Que droga, Helena! O que foi??

- Hum... nada com que precise se preocupar, apenas algo que me ocorreu e que eu preciso checar. – Respondeu com um riso forçado. – Então, já vou indo. Niehaus chegará a qualquer momento. – Já ia saindo quando parou, voltando-se para a amiga. – Vai querer esse dossiê? – Indicou a pasta que trazia em mãos.

- Sim, por favor. – Delphine aceitou após uma leve hesitação. Não tinha certeza de como reagiria ao conteúdo das conversas de Cosima com a “tal da Shay”.

- Ótimo. Estou indo e... Boa sorte com a sua orientanda! – Concluí com evidente desdém e uma pontada de divertimento. Caminhou apressadamente em direção ao elevador com a mente fervilhando a todo vapor, já montando em sua cabeça uma nova estratégia de investigação, no intuito de sondar os membros da alta cúpula da Ordem, um por um, com exceção de Delphine, obviamente. A partir de agora, aquele havia se tornado o principal foco de Helena.

Assim que as portas do elevador se abriram, seus olhares se encontraram. Cosima a encarou de maneira inocente, sorrindo de forma calorosa. Não fazia a menor ideia de quem Helena era. Não mesmo.

- Bom dia! – Parecia estar de ótimo humor.

- Bom dia! – A segurança respondeu educadamente, sondando-a com os olhos. De fato, Cosima aparentava ser uma pessoa muito agradável à primeira vista e, mesmo que a nova suspeita de Helena acabasse por retirar grande parte da suposta culpa de Cosima , ainda assim, não conseguia simpatizar com ela. Helena ainda a observou seguir pelo corredor antes que as portas do elevador se fechassem.

- Uma coisa de cada vez, Helena! – Sussurrou sozinha, preparando para a missão que a aguardava.

 

******

 

Lá estava ela, mais uma vez, diante da fatídica e luxuosa porta. Entretanto, dessa vez, sentia-se mais confiante que outrora. Checou as horas, vangloriando-se por estar 5 minutos adiantada em relação ao prazo mortal dado por Delphine. Apesar de estar totalmente exausta, física e mentalmente, sentia-se inteiramente feliz e satisfeita com o resultado que havia alcançado, proveniente das dezenas de horas a fio que passou enfurnada na biblioteca, endossado pelos indispensáveis litros de café e pelas poucas horas de sono que pôde desfrutar nos últimos dois dias.

Cosima escreveu cada palavra, construiu cada frase, elaborou cada argumento com uma única finalidade: impressioná-la. Absolutamente tudo que estava escrito naquele texto, fora feito pensando unicamente nela: Delphine Deusa Cormier.  A olho nu, aquela era apenas a justificativa que embasava o propósito de seu projeto, entretanto, secreta e até mesmo subconscientemente, aquele artigo era muito mais... Era uma espécie de declaração de amor do intelecto de Cosima para o dela, desenvolvido com o fascínio e com a impetuosidade de uma amante apaixonada. Mesmo sem compreender o que aquilo poderia significar e a dimensão que poderia atingir, Cosima torcia com verdadeiro ardor para que a sua orientadora fosse capaz de enxergar a paixão impressa naquelas linhas.

Quando ia adentrar a sala, sentiu o celular vibrar. Era Marc, intimando-a a cair na balada com eles, os invejados e cobiçados Semideuses. Ele mencionava um club super seleto onde iriam e queriam muito leva-la. Cosima simplesmente adorou o nome do local e apenas respondeu que sua ida estaria condicionada aos rumos que sua pesquisa tomaria. Despediu-se do amigo, decida a encarar o que o destino havia preparado para ela.

Tomada por uma coragem renovada, bateu com mais intensidade do que deveria, mas não obteve nenhuma resposta imediata. Estaria adiantada demais? Não, não poderia ser. Fez menção de bater outra vez, porém, antes que sua mão alcançasse novamente a porta, essa se abriu, revelando uma Delphine surpreendentemente relaxa, esperando-a com um maravilhoso e sutil sorriso nos lábios perfeitos.

‘’Ela está... feliz??” Cos se questionou, encantada com a leveza que pulsava de sua orientadora.

- Bom dia, Srta. Niehaus. Vejo que foi pontualíssima. – Falou com aquela voz inacreditável, demasiadamente aveludada e impossivelmente sensual enquanto dava passagem à ela.

- Não queria fazê-la esperar por mim nem mais um segundo, professora... – Será que Cosima insinuou alguma outra intenção naquelas palavras? Se sim, Delphine certamente tinha entendido o recado, respondendo como um atrevido sorriso, de um jeito quase sedutor.

- Hum... E, onde está a sua obra-prima ? – Disse, já indicando a cadeira para que Cosima sentasse.

- Aqui está. – Cos estendeu sua justificativa para ela que imediatamente a pegou, folheando-a com demasiada ansiedade, parecendo se surpreender pelo quantitativo de páginas dispostas ali. – Como a senhora não estabeleceu um limite de laudas, tomei a liberdade de não me impor limite algum. – Sorriu de maneira doce enquanto tratava de se sentar.

- Quanto mais, melhor... não é mesmo? – Delphine comentou, estreitando os misteriosos olhos. O jogo entre elas estava absurdamente claro e Delphine se pegou completamente fascinada por essa Cosima confiante e desafiadoramente sedutora. Como não podia deixar de notar, sua orientanda estava especialmente linda naquela manhã. Usava um vestido vinho muito justo e com um largo cinto na cintura, evidenciando suas tentadoras e convidativas curvas, fazendo a PhDeusa suspirar, mesmo que discretamente.

Ainda usava estilosas botas pretas de cano médio, contrastando impecavelmente com harmonia criada pela cor do vestido e o tom de sua pele. Os cabelos estavam presos no estilo de coque que Delphine mais adorava. Del caminhou até o confortável sofá de sua sala, exalando a natural e arrasadora elegância tão característica dela. Começou a tirar os sapatos de saltos finos e altos, querendo sentir-se totalmente à vontade para a leitura.

- Quer que eu saia? – Cosima indagou, mordendo levemente o lábio inferior, um tanto quanto desconfortável  - para não dizer outra coisa - com aquela visão. Delphine podia sentir a ‘’tensão’’ que sua orientanda emanava, deleitando-se com seu estado de espírito.

- De forma alguma e muito pelo contrário... – Delphine se voltou para ela, aquecendo o olhar de um jeito tão sedutor que Cosima podia jurar que alguma coisa já estava acontecendo ali, no meio de suas pernas. ‘’Puta que pariu! Ela só pode estar de sacanagem!’’ - Eu quero que fique, Senhorita Niehaus...

Ainda bem que Cosima já estava sentada! Caso contrário, suas pernas não teriam suportado a intensidade impressa nas palavras de sua desorientadora. Cos engoliu em seco enquanto Delphine voltava sua atenção para o sofá, ajeitando as almofadas de um jeito em ficaria quase deitada, sorrindo com a convicção de quem tinha alcançado um secreto objetivo. Inevitavelmente, Cosima acompanhou com a cabeça o movimento completo de sua orientadora. Estava incondicionalmente hipnotizada. A existência daquela mulher era, por si só, uma deliciosa  e agonizante tortura. Era quase humanamente impossível que alguém fosse tão absurdamente deslumbrante. Mas ela era.

Assim que teve a certeza que já havia deixado sua orientanda mais do que meramente desconfortável, abriu a capa do artigo e inesperadamente, sentiu-se profundamente tocada com o título que (in)devidamente, Cosima havia atribuído àquele trabalho.

“Uma Justificativa ou Um Promessa?”

De Cosima Niehaus para Delphine Cormier.


Fim do capítulo


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Comentários para 15 - Capítulo 15 Uma Justificava ou uma Promessa?:
patty-321
patty-321

Em: 02/01/2018

Cara essas dyas. E muita tensão sexual. Uau.

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