• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • An Extraordinary Love
  • Capítulo 14 Os Semideuses.

Info

Membros ativos: 9525
Membros inativos: 1634
Histórias: 1969
Capítulos: 20,492
Palavras: 51,967,639
Autores: 780
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: Azra

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Legado de Metal e Sangue
    Legado de Metal e Sangue
    Por mtttm
  • Entre nos - Sussurros de magia
    Entre nos - Sussurros de magia
    Por anifahell

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • POR QUE SEI QUE É AMOR
    POR QUE SEI QUE É AMOR
    Por contosdamel
  • Conexão
    Conexão
    Por Beeba

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

An Extraordinary Love por Jules_Mari

Ver comentários: 0

Ver lista de capítulos

Palavras: 7046
Acessos: 3567   |  Postado em: 27/11/2017

Capítulo 14 Os Semideuses.

Puta merd*.... Estou fodida! Muito fodida! Fodida pra cacete!” 

Era a única coisa que Cos conseguia concluir ainda paralisada, com o olhar fixo em algum ponto perdido da sala enquanto era festejada e reverenciada pelos entusiasmados colegas. Sim! Todos eles ainda vibravam em êxtase sob o efeito do evento épico que tinha sido o inacreditável duelo entre ela e a Professora Cormier... O famigerado confronto que acabou tomando proporções nunca imaginadas por Cosima. Okay... Ela tinha total ciência de que havia extrapolado todos – t-o-d-o-s - os limites e questionava-se o porquê daquele insolente e incontrolável ímpeto em desafiá-la - loucamente. Por algum motivo absurdo e desconhecido, Cosima possuía uma estranha e atrevida vontade de testar as barreiras de sua professora e, mesmo sem ter real consciência das reações de seu corpo naquele momento, seu estômago se contraiu com essa sensação.

Tudo bem que a postura soberba e a pose de megera inalcançável que sua orientadora quase sempre assumia era algo que muito a incomodava e, o fato de ter sido capaz de não apenas tocar, mas de arranhar a armadura brilhante e polida da Toda Poderosa, fez com que sentisse uma inesperada e perigosa ponta de satisfação, porém... o que todo aquele atrevimento e súbita coragem poderiam custá-la? Suspirou pesadamente. ‘’Que merd*, Niehaus.... que merd*...’’

Estava assustadoramente ciente de que muito provavelmente, tinha acabado de assinar a sentença de morte de seu pós-doc sob a insanamente desejada e altamente disputada orientação de Delphine. Só a menção a essa ideia já despertava um profundo temor em Cosima, entretanto, havia algo mais... Um inquietante pensamento que inexplicavelmente a assombrava ainda mais do que a não conclusão de seu pós-doutorado... O pavor irracional que permeava a mente de Cosima e que ela inutilmente tentava negar, era o fato de que sem a continuação de seu projeto, ela seria afastada de Delphine... não poderia mais trabalhar com ela, não poderia mais estar com ela, não poderia mais vê-la, não poderia mais tocá-la.... Que inferno era esse??

“Que porr* é essa, Cos?? Você não é assim, não seja ridícula!’’

- Cos... Cosima!? Hello... tem alguém ai??– René a encarava de forma curiosa e acenava com as mãos diante dela, no intuito de trazê-la de volta de seja lá qual planeta ela estivesse.  ‘’Onde será que ela foi? Será que...’’ A mente de Cosima só tinha espaço para sua desorientadora.

– Terra chamando Niehaus! – Brincou; o tom era divertido, porém, a pontinha de preocupação era visível.

- Cosima, você está bem?? – Dessa vez foi Amélia quem a abordou e de maneira mais incisiva, fazendo-a piscar confusa e um tanto perdida. Cos a fitou, a letargia impregnada em seu corpo começava a se dissipar.

- Oi... o que... o que foi? – Cosima se obrigou a voltar a raciocinar com coerência e clareza, coçando levemente a cabeça enquanto encarava seus novos amigos, finalmente os enxergando ali.

- Mulher, você sequer tem noção do que acabou fazer?? Tem noção da dimensão da sua proeza? – Marc a celebrava com uma empolgação exagerada, quase infantil.

 - Que...? Como assim, ‘’proeza’’?  - Cosima o encarava ainda meio desconexa.

- Proeza, feito, façanha, conquista! Chame do que quiser, Cos! – Marc não se aguentava de excitação, completamente extasiado com a loucura cometida por ela.

- Você simplesmente arrasou, garota! Totalmente fenomenal! – Completou um Louis quase esbaforido. Prosseguiu:

– E com a garantia de quem está estudando com a Toda Poderosa a quase 10 anos, posso afirmar a você que jamais, JAMAIS vi alguém ser capaz de incomodá-la com críticas de qualquer natureza ou ter a coragem de desafiá-la, muito menos ao ponto de fazê-la alterar o tom de voz! – Louis falava rápida e ansiosamente, gesticulando freneticamente. Continuou. – Nem mesmo nas mais brilhantes mesas de discussão acadêmica, Cosima! Você entende? Ela sempre teve a porr* do controle de tudo nas mãos, soberana e absoluta... até vocêaparecer...!

As últimas palavras provocaram um gelo na espinha de Cos e ela verdadeiramente não soube identificar se a sensação era boa ou ruim. Louis a olhou por um longo segundo, encerrando sua fala com palmas contidas seguidas de uma leve reverência. Movimento este que também fora reproduzido pelos outros quatro, o que certamente deixou Cosima extremamente constrangida e acabou arrancando aplausos e assovios exagerados dos últimos estudantes que saiam da sala. É. Aquilo definitivamente não podia ser bom!

Ela não havia planejado, muito menos desejado aquela maluquice toda. ‘’Não, não e não!’’ Na verdade, o sentimento que a impeliu a se preparar e aprimorar cada detalhe daquela apresentação, era unicamente sua absurda e insana vontade de impressioná-la, de provar-se para ela e conquistar o seu tão raro e estimado respeito, reafirmando a confiança que lhe havia sido atribuída no exato momento em que seu projeto fora aceito.

- Então, parece que a Toda Poderosa Cormier encontrou sua kriptonita! – Sophie finalmente se manifestou; O tom de voz era engraçado e carregado de expectativa. Como boa nerd que era, ela usava e abusava desse tipo de referência, fazendo com que naquele momento, todos rissem da analogia espirituosamente perfeita – nem imaginavam o quanto – que aquela expressão proporcionava.

Até mesmo a própria Cosima deixou que um riso espontâneo e animado escapasse, porém, o momento leve e descontraído acabou tão rápido quanto começou e um segundo depois, o angustiante temor voltou a embrulhar seu estômago, fazendo-a encarar o horripilante fantasma da expulsão do programa – e da separação de sua orientadora. Cos apertou os olhos com força, tentando espantar a crescente e infernal ansiedade que fazia seu sangue gelar nas veias.

- Pessoal, eu acho que a Srta. Cosima kriptonita Niehaus merece uma comemoração digna dos Semideuses! O que me dizem??  – A empolgação fluía dos poros de Marc que semicerrava os olhos de um jeito atrevido, trocando olhares suspeitos com os demais e transbordando expectativa! Num energético uníssono, concordaram entusiasmados:

- LES DEUX MARIES! - ‘’Cacete!’’’ Cos assustou-se com a repentina exaltação dos novos amigos e não entendeu bulhufas do que haviam dito! A cara assustada e a  interrogação em sua expressão fizeram todos gargalharem!  - Rá, engraçadinhos!  - Ironizou, revirando os olhos e exagerando no tom de deboche, causando nova onda de risadas.

- É um maravilhoso café lounge que pertence às tias do Marc! – Esclareceu Amélia, já entrelaçando seu braço no de Cosima e piscando um dos olhos sugestivamente enquanto a conduzia para fora da sala junto aos demais. Cos pensou em protestar, já que ainda estava mortalmente nervosa por toda a situação e pelas incertezas que a corroíam, porém acabou se deixando levar mesmo assim, sem muita força para contestar e bem no fundo, sem vontade de se conter. Sabia que a merd* já estava feita -   muito bem feita, by the way¹ -  e que não adiantaria chorar o leite derramado. Naquele momento, não havia nada que pudesse fazer, a não ser esperar pelo destino muito provavelmente trágico e doloroso da sua orientação, então, por que não tentar se divertir um pouco? Afinal de contas, ainda não havia tido tempo de curtir sua nova cidade.

Já no estacionamento, Cos acompanhava os mais novos amigos que continuavam rindo e brincando uns com os outros, fazendo-a achar graça daquela idiotice universitária. Entretanto, algo a fez parar de súbito, inesperada e inexplicavelmente. Uma estranha sensação a invadiu, como se alguém a estivesse observando, singularmente ocupando as nuances de seu íntimo. Seus olhos percorreram o local rapidamente, procurando a origem daquela intuição... Nada. Não havia mais ninguém ali além dos Semideuses parados mais a frente, encarando-a de maneira curiosa enquanto esperavam por ela. Okay, que doideira era aquela? Sacudiu a cabeça, dissipando aquela incomum e repentina sensação à medida que apressava o passo para alcançá-los.

O que Cosima não conseguiu ver era que, de fato, estava sendo intensamente observada por um par de escuros e misteriosos olhos verdes que a acompanhavam, inquietos e raivosos. Delphine estava de pé em toda à sua natural elegância, parada em frente a grande janela de sua sala e seguramente escondida por uma belíssima e densa cortina num tom verde musgo. Ela cumpriria a promessa que fez a si mesmo a poucos instantes atrás. Manteria Cosima por perto – muito perto - e, assim que a perdeu de vista, voltou-se para as pessoas que estavam com ela ali.

- Pode mandar seu pessoal, Helena. – Ordenou com o tom de voz firme enquanto caminhava em direção à sua confortável e imponente cadeira, sentando-se nela. – Quero saber de absolutamente todos os passos dela.

- Não se preocupe, eles já estão em ação. – Confirmou a segurança, igualmente firme e decida, encarando a expressão dura e amargurada de sua chefe, mas ainda assim, assombrosamente linda. Delphine assentiu com um leve movimento de cabeça.

- Delphine... – O timbre era grave e baixo, carregado de um temeroso cuidado. - Como é possível que ela possua tantas informações sobre a Ordem? – Indagou Susan Duncan, reitora da Universidade e integrante da própria Ordem. A preocupação estava estampada em seu rosto e ainda mais explícita no tom de voz. Del ponderou por longos segundos, mesmo sabendo que seria inútil.

- Não faço ideia, Susan. A princípio, estou tão confusa quanto todas vocês.

- Confusa? Isso não é nada bom, Delphine... nada bom. É sempre você quem possui as respostas que precisamos e agora essa?

- Relaxe, Duncan. Tenho um plano traçado e que já está em curso, por sinal. É uma questão tempo, um curto espaço de tempo até obtermos algumas respostas.

A segurança que Delphine exalava era uma espécie de injeção tranquilizante. Susan respirou profundamente demonstrando um certo alívio, porém, Del estava visivelmente incomodada com os últimos acontecimentos, embora já estivesse praticamente recuperada da súbita crise provocada pela insolência e absurda ousadia de sua orientada. A verdade era que Delphine estava muito mais curiosa do que temerosa. Sua poderosa intuição insistia em dizer que as informações que Cosima possuía eram confidencias demais, até mesmo para a posse do ordinário do Lamartine, especialmente o desenho das mulheres Chermont. Del fechou os olhos com verdadeira frustração. ‘’Como, Senhorita Niehaus? Como é que você conseguiu?’’

Não havia a menor possibilidade do acesso de Cosima àquele desenho ter sido através dele e, para ser bem honesta, Delphine duvidava que Lamartine sequer tivesse conhecimento da existência daquele valioso e específico retrato. Ela sabia muito bem quem o tinha desenhado e de onde ele fora inspirado. O que sua orientanda deixava transparecer era somente a ponta do iceberg e Delphine estava definitivamente decida a descobrir tudo o que se escondia nas profundezas daquele oceano. Independente disso, ainda era cedo demais para descartar a possibilidade de que Cosima estivesse ligada ao seu inimigo, ou pior... Poderia até ser que existisse um traidor, alguém próximo a ela com acesso à informações altamente sigilosas e que estivesse por trás de tudo isso.

Com esse pensamento em mente, encarou com dureza e inquisição as duas mulheres diante dela. Tinha certeza que Helena jamais seria capaz de traí-la, mas não podia afirmar o mesmo de Susan, ou até mesmo das demais mulheres da Ordem.

Essa não seria a primeira vez que Lamartine tentava espioná-la infiltrando alguém  com o intuito de se aproximar dela, porém, a experiência adquirida ao longo dos anos ensinaram-na a não confiar cem por cento em absolutamente ninguém. O fato era que, nem mesmo Helena sabia da existência da sala secreta onde Delphine guardava seus pertences mais preciosos e de valores completamente inestimáveis; inclusive a tela original que inspirou o famigerado desenho usado no trabalho de Cosima.

As dúvidas e desconfianças acumulavam-se em sua cabeça com uma velocidade impressionante e a velha e sufocante angustia voltava a lhe comprimir o peito com força total. Era justamente aquela sensação de perda de controle que ela tanto detestava. Todavia, era exatamente em momentos como aquele que sua mente funcionava a todo vapor, afinal, é em meio ao caos que as oportunidades se criam.  Poucos segundos se passaram e um novo plano emergia em seu engenhoso intelecto, já praticamente pronto para ser colocado em prática. – Dephine....? – Helena a chamou ao observar o semblante ardiloso que pairava sobre seu rosto, porém não obteve resposta.

Segurança e reitora se entreolharam, transparecendo no olhar o temor que tomava forma ao perceberem a sombra que se formava ao redor dos olhos de Delphine. Elas sabiam que ela havia tomado alguma decisão provavelmente doentia e que com absoluta certeza as deixariam aterrorizadas.

- Muito bem, senhoras... finalmente chegou a hora de eu me reencontrar com Lamartine! – Soltou a informação como uma pesada e inesperada avalanche, sustentando o encantador sorriso de canto.

- O QUÊ? – Ambas exaltaram-se.

- Você perdeu o juízo, Delphine??? Enlouqueceu de vez? – Helena aproximou-se rapidamente mesa, apoiando as mãos sobre ela e encarando a amiga com um rígido olhar, alternando entre a incredulidade e a vontade de soca-la! Del revirou os olhos com a expressão assassina que Helena sustentava. Chegava a ser engraçado!

- Nunca estive tão lúcida, Helena... – A profunda calma que permeava a voz de Delphine chegava a ser atordoante. Helena queria desesperadamente esbofeteá-la! Quem sabe assim ela não recobrava a sanidade?! ‘’Que porr* é essa, Cormier!??’’

- Justo agora?? Justo agora que esse desgraçado voltou e está ainda mais poderoso? – O tom de voz estava cada vez mais exaltado e a morena praticamente bufava, tentando argumentar contra aquela ideia absurda, parecendo não surtir nenhum efeito sobre a expressão resoluta e irredutível de sua chefe.

- Espera um pouco... – Susan ponderou.

- Ela tem razão, Helena! – Concluiu pausadamente, fitando a morena ainda mais descrente e indignada.  A mais velha começou a rir, totalmente deliciada com o ultraje no olhar da segurança. – Inclusive, sei exatamente o que Delphine pretende.

Complementou, já com o celular em mãos e voltando sua atenção para a loira, que retribuía o olhar de Susan com uma expressão demasiadamente perversa e que escurecia ainda mais a mística galáxia que eram seus olhos. Helena desviou o olhar de sua chefe. De uma maneira completamente louca e inexplicável, Delphine tinha conseguido ficar ainda mais sexy com aquela expressão sombria e obscura, exalando um magnetismo voraz, impetuoso e insaciável! Como ela conseguia?? ‘’Inferno!! Duncan, foco na Duncan!’’

- Puta que pariu, Duncan! Vocês perderam completamente a noção do perigo! – Helena bufou derrotada, se afundando em uma das confortáveis poltronas da sala de Delphine enquanto observava contrariada a reitora da Sobornne buscar um número na agenda do celular. Após alguns segundos de apreensão, a ligação foi atendida.

- Alô, Paul? Sim, sou eu. – Respondia tranquilamente. – Okay okay, sei que estou em dívida com você e pode ter certeza de que irei recompensá-lo, mas agora eu preciso falar com ele. – Susan prosseguia sob a sagaz observação de Delphine que já estava praticamente inclinada sobre a mesa, apoiando o queixo sobre as mãos.

– Olá, meu querido! Gostaria de parabenizá-lo mais uma vez pela importante conquista. – Risos falsos. – E, como reitora da Sorbonne, é óbvio que eu não deixaria de homenagear um de nossos maiores benfeitores pelo alcance de um cargo tão prestigioso como esse!

Susan encarou Delphine como se pedisse permissão para continuar e essa acenou positivamente com a cabeça enquanto tamborilava os dedos em seu lábio. – Sendo assim, eu gostaria de oferecer a você, em nome de nossa conceituada Universidade, um maravilhoso baile  comemorativo!  – Um breve silencio imperou no ambiente enquanto Susan aguardava a resposta do outro lado da linha.  A tensão de seus músculos era visível.  – Ah! Ótimo! Ficaremos honrados. Solicitarei a minha assistente que entre em contato com Paul para que possamos acertar nossas agendas. – Novos risos dissimulados em resposta a alguma piada feita do outro lado da linha.  – Muito bem! E novamente, congratulações por um feito tão significativo, querido. Até mais.

Duncan encerrou a ligação ainda encarando a força da natureza que era a poderosa Mestra da Ordem do Labrys. Del a olhava com um misto de satisfação e expectativa.

- Vocês são loucas! Qual é a droga do seu problema, Cormier? – Explodiu Helena. Delphine suspirou com pesar e desapontamento em relação à reação da amiga, embora soubesse que a preocupação dela era mais do que sensata. Não obstante, estava decidida a colocar a nova estratégia efetivamente em prática e para isso, certamente precisaria da ajuda de sua segurança. Delphine a encarou com a intensidade de uma cortante e incontrolável tempestade.

- Helena, por favor...

- Ah não, Delphine! Não vem com essa! Não se atreva a tentar me persuadir dessa forma, entendeu? Não se atreva! Eu sou sua Protetora, lembra?

- Não esqueço nem por um segundo.

- Ótimo! Então me deixe fazer a droga do meu trabalho. – Helena cuspia entre os dentes, putíssima com a inconsequência de sua chefe. Delphine respirou fundo e a olhou novamente. Dessa vez o olhar era mais leve e obstinado.

- O que eu peço... – A voz assumiu o aspecto aveludado e inabalável que a tornava ainda mais atraente e irresistível, se é que isso era de fato possível. – É que você confie em mim, como sempre o fez.

Uma faísca de ternura invadiu os olhos de Delphine, suavizando-os. Helena inspirou profundamente, exausta e completamente vencida. Por mais estúpida que aquela ideia fosse, precisava confiar em sua chefe. Nunca tinha visto na vida alguém com a sagacidade e perspicácia que Delphine possuía. Helena assentiu com os olhos e com o queixo, dando seu aval para que sua amiga executasse aquela loucura. 

- Obrigada... Ele não perde por esperar. – Del concluiu e o charmoso sorriso cínico dançou nos lábios fascinantes e magníficos.

 

*******

 

O Les Deux Maries era uma cafeteria maravilhosa e extremamente aconchegante que também estava localizada no Quartier Latin.  O local encontrava-se numa cativante ruela sem saída, atribuindo-lhe um ar ainda mais intimista e personalizado, já que nenhum carro passava por ali. Além do café, a ruela contava com alguns pequenos e charmosos restaurantes e lojas que dividiam aquela área com suas mesas e cadeiras.

No interior da estilosa cafeteria, Cosima teve a gostosa sensação de estar em casa, já que a decoração e a atmosfera do lugar muito lembravam sua querida Rabbit Hole. Assim como a sua Livraria e Café, o local possuía um encantador espaço para performances musicais que, naquele momento, era ocupado por dois rapazes que tocavam alguns instrumentos de cordas, tornando aquele ambiente ainda mais acolhedor.

As paredes de pedras rústicas estavam repletas de quadros com tamanhos variados, contendo inúmeras fotografias do que Cos imaginou serem os frequentadores do local. Muitos eram anônimos assim como eles, mas, também haviam algumas celebridades francesas e internacionais presentes nas fotos, evidenciando a dimensão da fama que o lugar possuía, sendo conhecido por seu maravilhoso café com grãos especiais de excelentíssima qualidade e por um fantástico drink que era a especialidade da casa e totalmente exclusivo.

- Cosima, você precisa passar pela iniciação dos Semideuses! – Anunciou Marc enquanto vinha de trás de um charmoso balcão acompanhado de duas senhoras de meia idade e que exibiam sorrisos simpáticos e radiantes. Eram as Marias! Tias de Marc e que davam nome ao incrível lugar. Traziam bandejas repletas de pequenos copos transparentes no estilo shot e que continham um líquido verde florescente vivo! Cos encarou a bandeja com nítida curiosidade.

- Estou até com medo do que isso significa! – Cosima comentou com divertimento e hesitação, encarando os semblantes ansiosos e travessos que estampavam a cara dos mais novos amigos. – O que é isso? – Indicou a bebida que era posta diante dela.

- Isso, minha cara, é um dos motivos que fazem esse lugar ser tão bem frequentado, pagando por meus estudos e recompensando todo o esforço que minhas tias fizeram para que eu chegasse até aqui. – Marc piscou um dos olhos malandramente.

- Essa belezinha se chama Orgasme Vert, ou ‘Orgasmo Verde’ em sua língua. – Informou de maneira orgulhosa uma das Marias, fazendo Cosima arregalar os olhos e ajustar os óculos um pouco confusa e levemente corada com a insinuação que o nome da bebida proporcionava. A mulher abriu um pequeno bule de um café fumegante, posicionando-o de frente para Cosima enquanto explicava a ela a reação que a mistura das substâncias causaria.

– Esse líquido verde, como você já deve ter presumido, é um esplendoroso Absinto com um teor de 70% de álcool – Gabou-se a mulher. – Agora, observe a mudança de cor assim que colocamos um pouco desse maravilhoso café brasileiro. – Maria despejou o conteúdo quente, misturando os líquidos e analisando a reação de Cos, que nem piscava! - Veja... O verde vai assumindo gradativamente um tom mais escuro, marcante e excitante, exatamente como os olhos de uma linda mulher sendo consumida pelo mais profundo e alucinante desejo...

A fala baixa e cadenciada dela era quase hipnótica e, a maneira insinuante com que descrevera a fusão dos líquidos foi de uma sórdida e delirante perdição... fazendo com que a mente de Cosima gravitasse em direção aos olhos mais misteriosamente sedutores e absurdamente extraordinários que já tinha visto. Um inebriante arrepio invadiu seu corpo por inteiro, imaginando como seria contemplar os olhos de uma certa professora escurecerem de prazer, exatamente como aquele envolvente drink.

Cos engoliu em seco e, não sendo capaz de ser controlar, entreabriu a boca... deixando sua língua lamber os convidativos lábios, fechando vagarosamente os olhos enquanto suspirava de um jeito rouco, levando uma das mãos instintivamente ao pescoço e esquecendo-se aonde estava por um delicioso momento, permitindo que sua imaginação potencializasse, deixando-se dominar pela presença dela. ‘’Delphine...’’ Um úmido calor espalhou-se em seu ventre e seguiu para o meio de suas pernas, quente e poderoso, fazendo seu sex* pulsar de desejo. ‘’Puta que pariu!’’ Como aquilo era possível!!?

- Nossa, Cos...! Nunca vi ninguém reagir assim à fala de minha tia... tão... intensamente! – ele não fazia ideia!– Marc falou com certa diversão na voz, realmente surpreendido enquanto a arrancava daquele delicioso devaneio. Cosima abriu os olhos – com certa relutância e a contragosto – deparando-se com semblantes surpresos e curiosos encarando-a. Piscou rapidamente, dando-se conta do que tinha acontecido ali. ‘’Puta merd*!’’ Mal teve tempo de raciocinar direito, sendo consumida por um charmoso constrangimento que fez todos rirem de um jeito leve e espontâneo.

- É esse o poder do Orgasme Vert, minha querida... E claro, da minha potente narrativa, obviamente! – Vangloriou-se Louise Marie, rindo de orelha a orelha e fazendo Cos sorrir também. – Confesso que não me recordo da última vez que vi uma reação assim... tão forte e apaixonada! Você tá com tudo, garota! E essa rodada é por conta da casa. – Maria piscou um dos olhos e todos vibraram, erguendo seus shots para um brinde.

- À nova integrante dos Semideuses!!- Vibrou René! O sorriso escancarado no cara!

- E à kriptonita da Toda Poderosa Cormier! – Divertiu-se Sophie, seguida pela gargalha dos demais. Ainda muito sem graça, Cos observou os amigos virarem as bebidas, encarando a sua com certa hesitação. Analisou as probabilidades de que a temperatura do café ainda estivesse alta e do imenso teor alcoólico contido ali, porém, como não havia mais fumaça saindo do copo e por não ter a intenção de encher a cara, tomou coragem e virou sua dose de uma vez, exatamente como os demais fizeram! ‘’CA-CE-TE!’’ Não soube discernir se a intensa queimação que sentia em todo o seu maldito aparelho digestivo era pela temperatura do café ou pelo excesso absurdo de álcool do absinto, mas imediatamente percebeu todo o seu corpo se inflamar enquanto os olhos enchiam-se de lágrimas. Pega desprevenida, tossiu um pouco desajeitada, fazendo os amigos rirem daquela reação, levando-os a tossir também!

- Nossa! Isso é muito intenso! Meu Deus! – Cos falou, secando com um guardanapo ás lagrimas que tinham se formado. – Mas o gosto que fica ao final é totalmente maravilhoso!

- Hahá! Maravilhoso mesmo... Já tomou Absinto antes, Cos? – Interessou-se Amélia, perguntando enquanto colocava um dos braços ao redor de Cosima, falando mais – muito mais - próxima a ela. A leve tontura causada pela bebida provocou uma divertida careta em Cos, a qual Amélia achou demasiadamente encantadora.

- Não, nunca! Mas confesso que a minha primeira vez está sendo muito... hum, interessante... para dizer o mínimo. – Cos não notou o quão cadenciada e provocante sua voz soou, fazendo Amélia estremecer ao seu lado. Sorriu com a sensação misteriosamente excitante que invadia seu corpo, deixando que a desconhecida e intrigante energia provocada pelo absinto fluísse por ela. Cosima fez um beicinho enquanto encarava o vazio de seu copo, causando nova onda de gargalhadas entre os amigos

- Mais uma rodada, Marie! – Clamou Louis. Num piscar de olhos, um novo e convidativo shot estava diante de Cos, que rapidamente decidiu mandar a razão e o juízo para o espaço! A confusão e a loucura daquele dia, bem como o receio crescente acerca do futuro de seu projeto, -  e da estranha relação com sua orientadora -  ficariam para depois. Devorou o segundo shot, agora com maior destreza e confiança, já sabendo o que esperar da divina bebida.

- Marie, esse lugar é realmente maravilhoso! – Cosima elogiou, verdadeiramente encantada com o lugar. – Me lembra um pouco da minha livraria, que por sinal, também é uma cafeteria. – Aquela informação capturou a atenção de todos, que a encararam extasiados e com total expectativa.

- Você tem um Café? – Questionou René com surpresa evidente, fazendo Cosima rir da cara de espanto do amigo.

- Sim, o Rabbit Hole! – Respondeu orgulhosa.

- Hum... Alice no País das Maravilhas!! Muito interessante! – Amélia comentou, gabando-se por ser ela a evidenciar a referência. Cosima a olhou com ampla intensidade, assentindo positivamente com a cabeça. Ainda mantendo o olhar, constatou o quão bonita Amélia era. Pele negra e aveludada com traços delicados e harmoniosos, emoldurados por lindos olhos cor de mel. O cabelo destacava-se num black insultantemente estiloso, muito bem aparado e cuidado.

Com certeza, Amélia era o tipo de mulher por quem ela facilmente se interessaria, caso a sua cabeça não estive um tremendo caos naquele momento, sem mencionar o fato de que... Cosima por inteiro, corpo e mente, já estavam completamente dominados por ela... a onipresença de Delphine preenchia Cosima de uma maneira deliciosamente assustadora e proibida... tão absurdamente tentadora como totalmente inapropriada, na mesma proporção. Cos balançou a cabeça discretamente, querendo expulsá-la do pensamento, mesmo sabendo que seria em vão. ‘’Merda...’’

 Por outro lado, Amélia aparentava estar totalmente afim, não fazendo questão de esconder o interesse que sentia, dada a intensidade dos olhares que lançava com frequência à Cosima e essa, tentava evitar um contato visual mais intenso, voltando sua atenção para o outro lado, não querendo ser má interpretada pela colega. Entretanto, como as Deusas já tinham decido não facilitar para ela, no outro lado estava René...  Olhando-a embasbacado e com escancarada ‘’admiração’’, se esforçando ao máximo para não encarar seu decote muito descaradamente. ‘’Que ótimo...!’’ Pensou com ironia, quase rindo de nervoso daquela situação maluca! Era melhor continuar falando.

- E assim como aqui, lá também possui um espaço para apresentações, onde cliente, amigos e até eu mesma costumamos cantar e tocar. – Cos comentou leve e despretensiosamente, mas logo compreendeu no que havia se metido, visto as expressões travessas e os escancarados e largos sorrisos com que todos a encaravam! Sim, se fizeram entender com maestria!. – Hey... Esperem aí. Não mesmo! De jeito nenhum! – Relutou Cosima enquanto Marc já se levantava no intuito de guia-la até o pequeno palco, pegando-a pela mão.

– Eii, não! Eu não sou cantora, gente! Apenas me divirto um pouco e... – Tentava resistir àquela ideia impetuosa, totalmente em vão! Louis já estava conversando com os dois músicos e os demais ficavam dando palminhas animadas e clamando em coro:

- Canta! Canta!

Cos acenava negativamente com a cabeça enquanto os amigos aumentavam o volume do coro, logo sendo reforçado pelos demais clientes do local assim que perceberam o que estava acontecendo ali. ‘’Aaai meu deus!’’Um segundo se passou e Cosima tinha se transformado no centro de todas as atenções! Respirou profundamente, sabendo que não teria escapatória a não ser dar ao povo o que o povo queria! Pegou o shot recém colocado diante dela e o virou de uma vez, novamente sentindo o calor do absinto percorrer seu corpo, enchendo-a de uma falsa coragem. ‘’Okaaay! Vamos logo com isso!’’

Caminhou em direção aos músicos enquanto escolhia mentalmente uma canção para aquela ocasião. Um vasto e extenso repertório passou por sua mente e então, focou-se nos instrumentos disponíveis ali para apoiá-la em sua escolha. Uma canção surgiu em pensamento.... Uma que a muito tempo não cantava, mas que muito adorava! Considerou se lembrava de toda a letra enquanto subia no pequeno tablado que servia de palco, já sentindo o início da letargia que pairava sobre sua mente devido a quantidade de álcool ingerida, começando a entorpece-la. Já do alto, encarou a plateia, sentindo-se realmente feliz em estar ali.

O estabelecimento já estava lotado e muitos a olhavam com demasiada ansiedade! Aproximou-se dos dois músicos, informando-lhes a música que gostaria de cantar, observando-os se entreolharem e trocarem sorrisos, ambos assentindo positivamente. Trocavam os instrumentos enquanto Cos checava o funcionamento do microfone e o retorno de som.

- Oi! Som! Som! Testando! Eer... ei, pessoal...! Boa noite a todas e todos! Primeiramente, gostaria de começar já me desculpando por qualquer coisa, já que estou aqui por livre e espontânea pressão! – A plateia riu da divertida declaração e Cos continuou. – Sim, pois é! Meus amigos são uns monstros e me obrigaram!

Comentou enquanto olhava para eles, que riam deliciados com o exagero dela, lançando beijinhos em sua direção. – Portanto, se tiverem alguma reclamação após o final, podem resolver com eles! –  Apontou o local em que seus amigos estavam, intensificando a gargalhada de todos os presentes ali.

Sim! Ela mal começou a falar e já conquistou toda a plateia, sem mesmo precisar se esforçar, apenas fazendo o que melhor sabia fazer: Ser ela mesma.

– Muito bem... meu nome é Cosima Niehaus, sou americana, de São Francisco; Califórnia. – Assovios e palmas irromperam no ambiente, provavelmente de outros americanos ali, fazendo-a rir da divertida empolgação. – E peço permissão para cantar em meu idioma, por que né? – Indicou de forma divertida o copo de shot ainda em sua mão, causando nova onda de risadas, dispensando-o em seguida.

 - A música que escolhi chama-se “Piece of My Heart” da grande rainha da porr* toda, Janis Joplin! – A anunciação da música causou delirantes assovios e aplausos ainda mais entusiasmados. Cosima sorria de um jeito sexy e encantador, despertando novas sensações em alguns de seus colegas. – E por favor! Sintam-se à vontade para me acompanhar. – Se voltou para os músicos, dando início à apresentação. – 1, 2, 3 e...

“Oh, come on, come on, come on, come on! “

 Bastou Cos iniciar a canção para capturar a completa atenção de cada indivíduo presente no local.

“Oh, come on, come on, come on, come on! / Oh, venha, venha, venha, venha! “

Didn't I make you feel like you were the only man? Yeah! / Eu não te fiz sentir como se você fosse o único homem?

Didn't I give you nearly everything that a woman possibly can? / Eu não te dei quase tudo

que uma mulher possivelmente possa dar?

Honey, you know I did! / Docura, você sabe que sim!

And each time I tell myself that I, ‘’well I think I've had enough’’ / E em cada vez digo a mim mesma que eu… ‘’bem, acho que tive o bastante.’’

But I'm gonna show you, baby, that a woman can be tough.(...) / Mas vou te mostrar, baby, que uma mulher pode ser durona.''

 

 Cantava com toda a paixão que lhe era tão característica, carregando cada palavra com a mais completa intensidade, atribuindo real sentimento a cada frase cantada, gingando seu corpo de jeito espontâneo e naturalmente sedutor enquanto serpenteava seus braços sobre a cabeça e depois, baixava-os pelas laterais de seu corpo, hipnotizando completamente o público que a assistia. Cosima exalava uma embriagante sensualidade sem nem ter noção daquilo. Era sim, definitivamente, um espetáculo de mulher, inteiramente cativante e encantadora. Se perdeu ali, em meio as sensações que aquela música despertava nela, entregando-se de corpo e alma e dando vazão às emoções que fluíam por ela. No fundo de sua mente, escutou as várias vozes que a acompanhavam no refrão:

“I want you to come on, come on, come on, come on and take it,
Take it! / Eu quero que você venha, venha, venha e Leve-o!

Take another little piece of my heart now, baby! / Leve outro pedacinho do meu coração agora, amor!

Oh, oh, break it! / Oh, Oh, quebre-o!

Break another little bit of my heart now, darling, yeah, yeah,yeah.
Oh, oh, have a! / Quebre outro pedacinho do meu coração agora

querido, sim, sim, sim, tome!

Have another little piece of my heart now, baby / Tome outro pedacinho do meu coração agora, amor!

You know you got it if it makes you feel good,
Oh, yes indeed. / Você sabe que pode, se isso te faz sentir-se bem. Oh, sim, realmente.’’

Ao final da música, abriu seus olhos completamente entorpecida pela paixão que emanava dela. Contemplou a plateia que, após um breve segundo de silêncio, irrompeu em poderosos aplausos, mergulhados em puro êxtase! O que a deixou ainda mais sem graça, apenas acenando e reverenciando os presentes ali, inclusive os músicos que a acompanharam. Nem demorou muito para que um novo coro surgisse, exigindo mais uma música! Era impossível ignorar o clamor daquela solicitação, o que a fez encarar a mesa onde seus amigos estavam, totalmente boquiabertos enquanto a aplaudiam de pé!

Antes que Cosima pudesse processar a energia que a tomava aquele momento, Marc quase correu em direção ao palco, abraçando-a e tomando o microfone de sua mão.

- E ai?? Vocês gostaram? – Toda a plateia explodiu num sonoro “SIM”, fazendo Cosima corar! – Vocês querem mais?? – SIIIIIM!

– Então, minha querida Cosima, você precisa dar ao público o que eles querem!! É ou não é, pessoal?? - ‘’ÉÉÉÉÉ!’’’ – A plateia respondeu enquanto Marc dava um beijinho na bochecha de Cos, que suspirou audivelmente, sabendo que aquela batalha já estava completamente perdida.

- Ok, Ok! Então, só mais uma! – Brincou animada! Voltou-se para os músicos mais uma vez, indicando a outra música no exato momento em que Louise Marie chegava com mais doses do mágico Orgasme Vert. Cosima a encarou com uma fingida reprovação no olhar, fazendo-a rir enquanto entregava-lhe a bebida. Cos já sentia-se no perigoso limite entre a embriaguez inofensiva e o dançar sobre as mesas, porém, mandou a merd* o anjinho da razão que gritava em um de seus ouvidos e concentrou toda a sua atenção no capetinha que a incentivava a se entregar aquela deliciosa sensação, virando com vontade e seu terceiro drink!

Sentiu o mundo girar lentamente ao seu redor e sorriu, experimentando a letargia gostosa que espalhava-se por seu corpo, precisando segurar-se no ombro do rapaz com uma guitarra, que acabou rindo sugestivamente para ela. Vagarosamente, virou-se para a plateia que a aguardava ansiosa,  dando início a música e esquecendo-se de anuncia-la.

“ She was born in November 1963 / Ela nasceu em novembro de 1963
The day Aldous Huxley died / O dia em que Aldous Huxley morreu
And her mama believed / E a mãe dela acreditou
That everyone could be free / Que todo mundo pudesse ser livre
So her mama got high high high / Então, a mãe tem alta alta alta
And her daddy marched on Birmingham / E o pai dela marchou em Birmingham
Singing mighty protest songs / Cantando poderosas canções de protesto
And he pictured all the places / E ele imaginou todos os lugares
Wher he knew that she´d belong / Onde ele soube que seriam para ela
He failed and taught her young / Mas ele falhou e ensinou-a cedo
The only thing she´d need to know / A única coisa que ela precisa saber
To carry on / Para seguir em frente
He taught her how to / Ele ensinou-lhe como

Run baby run baby run baby run / Corra, querida, corra, querida, corra, querida, corra...
Baby run / Corra, querida...”

Aplausos sonoros e calorosos ensurdeciam o local e, o que deveria ser apenas mais uma canção, transformou-se numa charmosa sequência de músicas, contanto inclusive com a participação dos amigos em algumas delas. O talento e a empolgação de Cosima proporcionaram uma noite e tanto, que arrastou-se até altas horas daquela madrugada, somente chegando ao fim na eminência do nascer do sol, quando Louise precisou de literalmente expulsá-los de lá!

Os Semideuses saíram cambaleando, apoiando-se um nos outros e rindo do quanto estavam divinamente bêbados! Cosima não tinha mais a noção de onde estava e de que horas eram. Nem mesmo soube como conseguiu informar seu endereço ao taxista que iria deixa-la e casa.

Com ela dentro do taxi ainda estavam Louis e Amélia, que gentilmente oferecia seu ombro para uma sonolenta Cosima encostar a cabeça. Assim que estacionaram diante de seu prédio, Cos despertou, erguendo a cabeça e encarando o rosto de Amélia que estava perigosamente muito próximo ao seu. Sua cabeça girava muito, assim como o conteúdo residente em seu estômago mais estragado do que nunca! Porém, reuniu forças e um mínimo de juízo para evitar a investida de sua colega, que havia tentado beijá-la sob os muitos – e descarados - incentivos do amigo.

Não disse nada, apenas - com muito esforço - limitou-se à olha-la de forma séria, explicitando que não concordava com o que estava acontecendo ali, jogando-se para fora do taxi sem nem mesmo olhar para trás. Subiu cambaleante as escadas do prédio e, assim que parou diante de sua porta, foi acometida por uma terrível urgência, fazendo-a irromper feito um furacão loft afora, correndo em direção ao banheiro! Que maravilha! – ironia – Apoiada em seu vaso, Cosima encarava o que tinha sobrado dos agora não tão divinos Orgasme Vert. – Merda....!

 

******

 

Como era de se esperar, a manhã de quinta-feira chegou trazendo uma ressaca  - desgraçada - sensacional! Não era seu aniversário, mas ela estava de parabéns! Cosima sentia a cabeça pesar 50 mil malditas toneladas enquanto as fortes pontadas faziam com que adiasse ao máximo o momento de abrir os olhos. Ainda deitada na cama, experimentou a dor infernal que sentia na droga do seu abdômen devido a força monstruosa que tinha feito para vomitar. O gosto amargo da arrependimento impregnava sua boca. Juntou forças para se levantar e assim que conseguiu sair da cama, sentiu o corpo gritar em protesto!

- Muito bonito, hein?? Cosima... Você é ridícula! – Se repreendia com veemência enquanto se arrastava em câmera lenta pelo apartamento. Seu objetivo era alcançar a cozinha, no intuito de preparar um café forte e algo para comer, torcendo para que seu estômago não colocasse tudo para fora – de novo! Okay, café levanta-defunto pronto! Serviu-se da bebida espanta ressaca e assim que pensou em sorver o café, assustou-se com o toque de seu celular e praguejou de dor com o repentino sobressalto que teve. Assim que alcançou o aparelho sobre a bancada que dividia a sala da cozinha,  visualizou o nome de Shay.  – Que legal.... – Ironizou, atendendo a chamada em seguida.

- Bom dia, minha querida! – Disse Shay no característico e meloso tom de voz. Cosima resmungou algo incompreensível, despertando sua preocupação.- Cosima? Você está bem?

- Na verdade, não! – Ponderou por um breve momento se seria interessante – e necessário -  dizer a Shay que o motivo daquela porcaria de voz e do seu visível mal-estar, era uma puta ressaca dionisíaca! Hum, melhor não, né? Optou pela mentira. – Eu... eu acho que comi algo que não me fez muito bem, sabe? Mas fique calma, já estou tomando a medicação que você passou para essa droga de estômago estragado. – Adiantou-se, fazendo Shay rir da revolta explícita em sua voz.

- Ai ai ai, mocinha! Você precisa pegar leve enquanto eu não estiver ai para cuidar de você! – Preocupou-se. – Se já está tomando o remédio, fico mais tranquila.... Hey, como foi a sua apresentação? Estava ansiosa para saber e pensei que fosse me ligar para contar. – A mudança na tom de voz de Shay evidenciou seu descontentamento e Cosima logo se arrependeu, sentindo-se uma total idiota, esquecendo completamente de contar a sua namorada – suspiro – sobre a famigerada apresentação.

- Shay...eu acho que pisei feio na bola! – Cos lamentou-se, se deixando cair no sofá com a caneca cheia de café em mãos, finalmente tomando um gole. Começou a relatar todo o ocorrido em sua apresentação, omitindo, obviamente, todas as inexplicáveis e avassaladoras reações que a sua orientadora lhe causava.

- Nossa, Cos! Que merd*, hein? Essa mulher é uma cretina! – Praguejou sua namorada! “A porr* de uma cretina absurdamente deliciosa e ridiculamente tentadora e aaaaah, inferno!’’ Cos se repreendeu com força por ter aquele pensamento enquanto falava com Shay. Ela definitivamente teria que dar um jeito naquela atração sobrenatural que sentia por sua professora.

– Amor... – Shay arriscou um tanto hesitante, pensando se era cedo demais para aquele tipo de tratamento. Continou. - Lamento muitíssimo que você precise conviver com uma pessoa tão desagradável. – Cos riu dessa última parte, pensando no paradoxo que a personalidade de sua orientadora representava para ela. Sim, Delphine se revelava uma pessoa bem geniosa e difícil, quase como se ela muito se esforçasse para ser a megera que tanto diziam que ela era. Ainda assim, Cosima sentia-se completamente fascinada pelas misteriosas nuances que compunham a armadura reluzente dela, sem mencionar o fato de que não conseguia compreender a louca – e insaciável -  vontade que sentia de querer estar com ela – o inferno do tempo inteiro!

Lembrou-se da noite anterior... das músicas que havia cantado com o pensamento completamente dominado por ela... Sentindo uma surreal vontade de cantá-las para ela... “Que Droga! Deixe de ser estúpida, Cosima!”. Balançou discretamente a cabeça, como seu Shay pudesse vê-la através daquela ligação. O bibe que sinalizava o recebimento das mensagens que chegavam em seu celular tocava insistentemente, alertando-a.

- Shay, espera um segundo. Vou colocar no viva-voz. – Assim que o fez, constatou que haviam 8 mensagens à serem lidas, quase todas provindas dos Semideuses querendo saber como ela estava. Na eminência de voltar a falar com Shay, uma das mensagens capturou sua atenção, fazendo com que um frio violento se espalhasse em seu estômago... Era Dela....! Puta que pariu!

“Bom dia, Srta. Niehaus. Solicito seu comparecimento à uma reunião de urgência, a fim de discutirmos os rumos de sua orientação. Estarei na Universidade a partir das 09h. e irei aguardá-la.

Desde já, agradeço a presteza.

Atenciosamente,  Delphine Cormier”

             - Fodeu...!!!

 

********

Glossário: 

¹ By the way: Expressão americana utilizada de forma a intensificar o significado de ''A propósito''. 

 


Fim do capítulo


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior
  • Próximo capítulo

Comentários para 14 - Capítulo 14 Os Semideuses.:

Sem comentários

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web