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An Extraordinary Love por Jules_Mari

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Palavras: 6005
Acessos: 3915   |  Postado em: 27/11/2017

Capítulo 12 Fogueira das Vaidades.

’Meu.Deus’’

 

Helena precisou apoiar-se na cadeira próxima a ela e num piscar de olhos, a sala ficou insuportavelmente sufocante. O mundo parecia girar rápido demais e aquilo simplesmente não era possível. Não era. O imenso e absurdo choque por tudo o que tinha acabado de ouvir era de uma irrealidade agonizante e açoitava violentamente à razão de Helena. Definitivamente, respirar estava muito mais difícil. ‘’Não, isso não... não pode ser...’’ Ela não podia e nem queria acreditar, mas, como duvidar daquelas mulheres por quem nutria um profundo respeito? E mais! Como poderia duvidar de Delphine, a mulher pela qual seria capaz de dar a própria vida? Não poderia. Fechou os olhos com força e em seu íntimo ela pôde sentir.

- Helena...  – O tom de voz era cuidadoso. – Eu sei... é tudo muito absurdo, mas por favor, essa verdade não pode sair daqui. Pouquíssimas pessoas no mundo sabem de toda essa história e agora você, por ter sido merecedora dela. - Siobhan tentava impor calma e tranquilidade nas palavras, mas a questão é que muito havia sido dito ali; Coisas que Helena nunca imaginaria, não mesmo. A verdadeira história por trás daquela sociedade era absurda – e insana - demais, para dizer o mínimo. Helena suspirou pesadamente e desviou o olhar de S, tentando a todo custo buscar os olhos dela.

Ela, que havia retornado à escuridão que envolvia uma parte da sala bem no meio do assombroso relato,  no momento em que o fato mais assustador e desesperador daquela história – loucura – tinha sido revelado. Delphine se escondeu, como se as sombras pudessem protegê-la de toda a angustiante exposição. Como lidar com aquilo? Aquele segredo obscuro era o causador de todo o doloroso sofrimento que a condenava à uma vida miserável.  Nem isso... Aquilo definitivamente não podia ser chamado de vida. Delphine sobrevivia com o que tinha restado da alma dela, numa existência mergulhada em trevas e dor... muita dor. ‘’Del...merd*!’’

Helena sabia que por mais que se esforçasse para entender, a real dimensão do sofrimento que aquela mulher sentia era quase inimaginável e foi inevitável não se deixar inundar por uma potente enxurrada de uma profunda admiração por ela. Delphine ainda estava ali... Que fortaleza ela era!

A atmosfera do ambiente era de uma palpável tensão e uma respiração mais pesada de Helena fez com que todas ali compreendessem o que precisava ser feito. Na visão periférica de Helena, alguém se movimentou.

Vocês precisam conversar a sós. – Genevieve se prontificou num tom sério e complacente, já caminhando em direção a porta e puxando S pelo braço. Essa ainda encarava Helena com o olhar transbordando compadecimento e preocupação; Siobhan já havia vivenciado toda à confusão e incredulidade pela qual ela estava passando, muitos anos antes, quando ouviu aquela mesma história pela primeira vez. Suspirou e resignou-se. Elas precisavam mesmo daquela conversa e com um firme toque em um dos ombros de Helena, como que para transmitir-lhe força, se despediu.

Helena não sabia ao certo o que pensar e muito menos o que dizer. A única sensação que pôde processar com total clareza naquele momento surreal, era a violenta e profunda compaixão que sentia por ela... sua chefe, sua amiga, sua amada. Abraçando tudo aquilo que havia sido revelado à ela, permitiu que as emoções fluíssem por todo o seu corpo e viessem à tona, liberando o apertado nó que lhe comprimia o peito, dando vazão as lágrimas e a tudo que ela sentia.

- Helena... - Aquela voz sempre tão forte, segura e confiante parecia vacilar, vibrando em medo e incerteza. - Sei que o que você acabou de ouvir é demais para assimilar e... – Delphine puxou o ar com força, obrigando-o a entrar em seus pulmões. – Eu sei... parece um completo absurdo e uma loucura total, mas... por favor... – A voz atingiu um tom desesperadamente suplicante. – Peço encarecidamente que acredite em mim, e que... - Nova hesitação - Continue me tratando como sempre tratou e...  - A voz saia cada vez mais embargada e Delphine suspirou pesadamente antes de prosseguir - ... Que continue sendo minha amiga, por favor...

O final era quase um sussurro e Del não tinha certeza se Helena tinha sido capaz de ouvi-la. Mas Helena a ouviu e não somente isso... Ela pôde sentir e aquelas palavras a tocaram tão íntima e profundamente que sem pensar em mais nada, lançou-se em direção a Delphine, tomando-a nos braços e apertando-a contra seu corpo numa vã tentativa de proporcionar a ela um pouco de conforto, por mínimo que fosse.  – Eu estou aqui, e jamais vou abandoná-la.

As palavras saíram mergulhadas em devoção e ternura e naquele exato momento, Helena ouviu o que jamais imaginou que ouviria: O dolorido soluçar de Delphine, que chorava com profundo desespero, sem barreiras, sem muros, tendo todo o peso de seu corpo sustentado por Helena que também não era capaz de impedir as próprias lágrimas. A alma de Delphine estava nua, completamente exposta.

Ali, naquele infinito abraço, a união entre elas estava selada, definitivamente. Helena sabia que a amava, porém, surpreendentemente aquele sentimento havia se transformado. Depois de tudo que Helena ouviu, depois de descobrir a história do grande amor da vida de Delphine, finalmente compreendeu que tudo o que ela era, corpo e alma, pertencia a outra pessoa.

Com a lealdade de quem ama incondicionalmente, Helena aguardou. Pacientemente esperou que Delphine externasse toda a dor que sentia. Esperou que ela chorasse cada lágrima que havia guardado por tempo demais e ali ela teve certeza; Em toda a sua vida, jamais presenciou ou mesmo imaginou que um sofrimento como aquele fosse possível. Era profundo e concreto demais. Todos os tormentos que moravam no coração de Delphine eram palpáveis e arrasariam qualquer um que pudesse ouvir a verdade sobre a escuridão que a cercava.

Inegavelmente, sua amiga era uma verdadeira gladiadora, uma guerreira digna de todas as honras e que carregava uma carga humanamente impossível. Para ser muito honesta, era difícil acreditar que Delphine não tinha desistido, não depois de tudo. O sofrimento torturante de tantas perdas, a responsabilidade de tantas vidas, o desafio de resistir e lutar dia após dia contra o responsável por todo o mal que a assolava.

“Ele!” O corpo de Helena se contraiu e um ódio frio e cortante tomou o lugar da compaixão que sentia por sua amiga. Aquele maldito personificava a definição de tudo que era verdadeiramente maligno e ruim na visão de Helena. O único motivo pelo qual ele não conseguia propagar ainda mais a destruição e terror que lhe eram tão prazerosos, era ela... a existência dela. Delphine estava sempre lá, numa espécie de Yin Yang, lutando, resistindo, contra-atacando, enfrentando-o e canalizando toda a sádica perversidade advinda dele, proporcionando um tênue equilíbrio naquela perigosa “balança” que era a disputa entre eles.

Antes de entrar naquela sala, Helena achava que Lamartine fosse apenas um empresário inescrupuloso e misógino, um político corrupto que via a Ordem do Labrys como um forte adversário e um poderoso obstáculo para seus negócios escusos e nojentos, como os jogos ilícitos, o tráfico de pessoas e armas e a exploração sexual. Porém, aquele cretino era muito mais do que tudo aquilo. A podridão que cercava aquele homem era ainda mais assustadora e a ânsia no estômago de Helena se agitava energeticamente quando pensava em tudo o que Lamartine já havia feito.

Todas as grandes inquietações e dúvidas que Helena possuía sobre o passado de Delphine e sobre a relação dela com aquele filho da puta haviam sido respondidas, especialmente sobre a terrível e fatídica noite em que Del quase morreu. A recordação fez um novo arrepio percorrer a espinha de Helena. Ela sempre achou mais do que estranho o fato de ele nunca ter atentado contra a vida dela antes daquele dia e, principalmente, por nunca ter voltado a tentar matá-la depois daquela noite. Agora, tudo era claro e cristalino como água e Helena também pôde compreender o porquê Delphine precisou ser retirada do hospital e levada àquele local. Aquela verdade era a chave para todo o mistério que pairava sobre a vida de todas as mulheres da Ordem.

Novamente se permitiu lembrar daquela noite. Da terrível agonia e desespero estampados no rosto de Genevieve, que mesmo não sendo a mãe biológica de Delphine, a amava e a considerava como filha e nada mudaria aquele sentimento. Experimentou uma vez mais o pânico aterrorizante que sentiu no exato momento em que sua chefe sofreu uma parada cardíaca. Lembrou do fraquejar de suas pernas, do suor frio que escorria em sua testa, da sensação de que nada mais faria sentido e daquele pavoroso terror... o terror de imaginar perde-la.

Helena intensificou ainda mais o abraço, na tentativa de espantar aquele horrível sentimento.  Delphine estava ali e era extremamente forte! Contra todas as chances e toda a lógica, ela conseguiu; Permaneceu viva, mesmo tendo perdido uma quantidade absurda de sangue, mesmo quando seu coração parou por um momento, ela não desistiu e ele voltou a bater... Era quase como se algo a impelisse a lutar pela vida.

Ali, com aquela poderosa mulher em seus braços, Helena selou um juramento. Prometeu a si mesma que jamais permitiria que mal algum atingisse Delphine, não de novo. No fundo de sua mente, um pensamento irrompeu e ela reforçou a promessa. “Não, ninguém... absolutamente ninguém mais fará mal a ela”. Antes mesmo que pudesse pensar a respeito, seu ódio já havia sido canalizado e direcionado a outra pessoa: Cosima Niehaus. Iria até onde fosse necessário para desmascará-la. Não deixaria que ela afetasse Delphine ainda mais do que já estava fazendo. Não permitira que brincasse com os sentimentos dela.

- Helena... muito obrigada.– Delphine sussurrou já mais controlada enquanto buscava os olhos de sua amiga, embora os sinais do magoado choro ainda estivessem em evidência em seu rosto encantador. Assim que alcançou os olhos de Helena, seu coração se aqueceu com toda a ternura encontrada neles. – Eu não poderia estar mais feliz por ser você a minha Protetora. – Confessou com extrema sinceridade enquanto limpava o caminho deixado pelas lágrimas. – Não há ninguém nesse mundo a quem confiaria a minha vida como confio a você. – Completou, respirando profundamente e já se levantando; Ela precisava se recompor. – Tá muito ruim? –  Um fraco sorriso de canto de boca surgiu enquanto apontava para si mesma, referindo-se a sua aparência. Um calor se espalhou pelo coração de Helena com a tola preocupação de Del.

- Nada que um pouco de água gelada não resolva – Disse a mais nova Protetora num tom divertido enquanto afastava uma mecha loira, desobediente e linda. – Você não ficaria feia nem mesmo se quisesse, Delphine... - O tom de voz era sério e devoto – Nem mesmo depois de chorar horas – exagero – a fio. Você é linda e sempre será.  – Helena completou enquanto segurava carinhosamente o rosto dela entre as mãos. Del por sua vez a encarou com um olhar triste, como se lamentasse o verdadeiro sentido das palavras de Helena, que de imediato percebeu aquela reação – Ei... não se preocupe comigo. – Acariciou seu rosto – Eu sempre irei amá-la, Delphine... – Aquelas palavras eram demais para Del e seus olhos se fecharam num profundo pesar, fazendo com que novas lágrimas escorressem.

 Por que tinha que ser assim? ‘’Não Helena... não você... droga.’’ Pela primeira vez, Delphine realmente se odiou por não ser capaz de corresponder àquele sentimento, não da forma como Helena sentia. Era impossível. Cada célula do corpo dela amava outra pessoa e saber que Helena sofria por isso era doloroso e injusto demais. – Porém, agora eu compreendo... sei que o seu coração pertence a outra pessoa e, para ser absurdamente honesta com você, eu rogo pelo dia em que finalmente poderei vê-la feliz. Ao lado de quem será, realmente não me importa... não mais.

Por alguns infinitos segundos, Delphine a encarou com imensa admiração e carinho.

- Eu também a amo, minha amiga... E me perdoe por metê-la em toda essa confusão. É muita loucura, eu sei, e agradeço profundamente por tê-la ao meu lado. – A emoção que sentia estava explícita em sua voz, as mãos estavam pousadas sobre os ombros de Helena.

- Ah, não se desculpe! Na verdade, estou louca para ter logo a minha cerimônia de iniciação! – Brincou, sorrindo descaradamente. – Quero dizer... vocês ainda dançam nuas nesse ritual, certo?? – O tom de divertimento e fingida expectativa de Helena fez com que Delphine gargalhasse de um jeito encantadoramente espontâneo, abraçando-a enquanto se dirigiam para fora da sala.

Era extremamente grata por tê-la em sua vida. Não sabia se merecia alguém como Helena, tão dedicada e presente, de uma lealdade inabalável. Lamentava verdadeiramente tudo o que sua segurança e amiga havia passado e perdido por causa dela, por amá-la e protege-la, custando a própria felicidade, inclusive. Involuntariamente, sua mente viajou até a noite de seu atentado, recordando o imenso choque que sentiu ao constatar quem era a assassina enviada para acabar com a vida dela. 

Desde que se conheceram, Delphine soube que Joana não havia gostado dela e presumiu que tal antipatia devia-se ao intenso ciúmes e insegurança que sentia em relação à ela. Mas, saber que aquela mulher havia se reaproximado de Helena somente para estar próxima dela, fez com que Del a odiasse ainda mais, assim como ao mandante daquele atentado.

- Helena, precisamos voltar à Paris. Temos muito o que fazer e, para começar, marque uma reunião com Susan Duncan. – A confiança intimidadora e inabalável estava de volta ao tom de Delphine, porém, a frieza e a postura ofensiva também. - Aquela incompetente me deve algumas explicações e para o bem dela, espero que sejam boas e convincentes.

 

*****

 

Cosima agradeceu às Deusas por finalmente ter tido duas noites sem nenhum sonho perturbador, e isso incluía os sonhos completamente inadequados com a sua orientadora, inclusive os que aconteciam enquanto ela estava acordada! Vinha se recriminando severamente pelo ocorrido no domingo, quando se tocou – deliciosamente - pensando nela. Queria acreditar que estava exagerando em se culpar tanto, afinal de contas, não havia feito nada demais! “Né?? Você não cometeu nenhum crime!” Ela só tinha se masturbado e tido um puta orgasmo épico enquanto pensava em sua Professora! Super normal, ela era uma mulher muito bonita. Absurdamente bonita. Não...! ‘’INSANAMENTE LINDA E DESGRAÇADAMENTE SEXY!’

- É, mais ou menos por ai! – Um risinho de nervoso surgiu daquele pensamento. Tentava se enganar repetindo feito um disco quebrado que o que sentia era ‘’só’’ uma absurda atração física e intelectual, obviamente. – Que mal há nisso? Nenhum! Tá tudo okay. – Sim, ela tinha mania de falar consigo mesma e, naquela linda tarde de terça-feira, deparou-se com o Sr. Frontinac encarando-a ao pé da escada, verdadeiramente intrigado. Era o síndico de seu prédio – Oi Sr. Frontinac! Boa tarde! Não ligue para mim, eu sou maluca – Falou enquanto girava o dedo direito próximo a cabeça, insinuando sua doidice! O homem baixinho riu do comentário, revirando os olhos de um jeito engraçado.

- Sra. Cosima é mesmo uma pessoa muito curiosa. – Sim, Cos havia feito amizade com o carrancudo homem que mal cumprimentava os outros moradores do prédio. A verdade é que ela conseguia conquistar qualquer um com o seu jeito espontâneo e sincero. Tratando-se do seu síndico, contou com a ajuda de umas pequenas guloseimas e pronto!

- Estou indo à Universidade para realizar umas pesquisas naquela biblioteca sen-sa-cio-na!l – Gesticulava bastante com os braços e batia palminhas, expressando sua expectativa. – Porém, na volta eu pretendo passar pela Boulangerie – Disse piscando um dos olhos e de imediato, o homem respondeu com um largo e desajeitado sorriso. 

– Que tal uns choux¹? – Cosima acreditava fielmente que o segredo para o coração de qualquer pessoa era o estômago e logo percebeu o interesse do Sr Frontinac por doces. Para a sorte dos dois, a Boulangerie era uma padaria e pastelaria incrível e que ficava a apenas dois quarteirões do prédio, já se tornando o lugar favorito dela naqueles primeiros dias.

Despediu-se de seu sindico e seguiu em direção a Universidade, totalmente disposta a continuar as pesquisas que havia iniciado no dia anterior, ou melhor, começar as pesquisas de fato, uma vez que gastou a tarde inteirinha apenas selecionando os materiais que desejaria e que seriam pertinentes ao seu projeto, aproveitado ao máximo o vastíssimo acervo da biblioteca da Sorbonne, lugar no qual acreditava tornar-se sua segunda casa naquela cidade incrivelmente charmosa.

Já caminhava normalmente e não sentia mais nenhuma dor no dedinho recém curado, ousando dar pequenos saltinhos enquanto andava divertindo-se consigo mesma e conjecturando que sua relação de ódio com a quina do sofá já não existia mais. O sofá estava perdoado! Ela era assim. Não se importava com o que as pessoas poderiam pensar dela, falando sozinha ou cantarolando alto uma das músicas que ouvia com seus grandes e estilosos fones de ouvido.

Descontraída, passou por uma belíssima alameda de árvores que retinham os flocos da branquíssima neve que caía, contrastando com as cores das flores que ainda restavam nos galhos, proporcionando uma paisagem maravilhosamente linda. Assim que alcançou a entrada lateral que dava acesso ao conjunto de blocos em que a biblioteca ficava, deu um salto mais alto e mais entusiasmado, no exato instante em que uma de suas músicas favoritas começou a tocar. Ela considerava aquela música uma espécie de mantra. ‘’Aaah, Sarah, sua linda!’’ A música se chama-se Brave e era cantada por Sarah Bareiles, umas das vozes mais incríveis que ela já tinha ouvido:

 

“(...) Say/ Diga

What you want to say / O que você quer dizer
And let the words fall out / E deixe as palavras caírem
Honestly / Honestamente
I wanna see you be brave/ Eu quero ver você ser corajoso
With what you want to say / Com o que você quer dizer
And let the words fall out / Deixe as palavras caírem
Honestly / Honestamente

I wanna see you be brave / Eu quero ver você ser corajoso’’

 

Cosima cantava linda e corajosamente o refrão da música, encantando as pessoas que passavam por ela e que sorriam com a suavidade e harmonia de sua voz. Cos seguia tão absorta na melodia que não foi capaz de perceber um misterioso e magnífico par de olhos verdes intensamente escuros, observando-a com demasiada curiosidade. E alguma coisa mais.

Delphine estava parada na sacada do primeiro andar do edifício onde sua sala era localizada, seus braços estavam cruzados sobre o peito. Vestia uma elegante e justa calça preta social combinando harmoniosamente com a blusa verde escuro de gola e manga cumpridas que ajudavam a destacar a intensidade de seus olhos, abraçada por um pesado sobretudo também preto. Usava botas de um couro muito escuro e saltos altos, discretas e muito sofisticadas. Estava estática, paralisada em toda a sua imponente, intimidadora e sensual postura. Havia acabado de chegar de Dublin, indo direto para a Universidade onde uma reunião de urgência com a reitora daquela tradicionalíssima instituição estava marcada. Porém, naquele momento, não se preocupou – nem um pouco -  em já estar alguns minutos atrasada, estava praticamente hipnotizada pela leve e ao mesmo tempo intrigante visão que tinha dela.

Como ela fazia aquilo? Era inacreditável e totalmente incrível a capacidade que aquela mulher tinha de atraí-la – ferozmente -  e desconcentrá-la. Delphine definitivamente não estava em seu juízo perfeito. Mesmo ali, com todas as graves e eminentes preocupações que a açoitavam, ela simplesmente não conseguia parar de... admirar Cosima. Estava verdadeiramente encantada com a espontaneidade com que ela flutuava em meio as pessoas sérias e compenetradas que a cercavam, arrancando sorrisos mesmo que tímidos por onde passava. ‘’Quem é você, Srta. Niehaus?’’

O colossal magnetismo que atraia os olhos de Delphine era quase sufocante, quebrando a inércia de sua postura, fazendo-a caminhar pela sacada afim de encontrar a melhor posição para observar Cosima. Não conseguia se lembrar de ter se interessado e se intrigado tanto por alguém. Aquilo não era normal. Sabia que em toda a sua existência, apenas uma mulher tinha sido capaz de aguçar tamanha curiosidade por parte de dela. Somente uma.

Por alguns instantes, esqueceu-se da ameaça em potencial que ela representava e se permitiu admirá-la. Cosima era uma mulher encantadoramente linda, sem a menor sombra de dúvida. Vestia um sobretudo vermelho vivo, amarrado na cintura. Um gracioso gorro vinho mal cobria seus estilosos cabelos e ela calçava botas marrons de cano baixo, combinando com a legging também marrom, só que mais escura e muito, muito colada. Delphine suspirou com as curvas que ficavam em evidência por aquela calça. ‘’Oficialmente, Cormier... você é ridícula!’’ Em determinando momento, a observou parar diante de um casal que passeava por ali com um cão e é claro, claro que o fofinho do bichinho também tinha que se encantar por ela, saltando em suas pernas e festejando a sua existência. Del sorriu com a leveza daquela cena.

“Como ela poderia ser má?” Novamente aquela indagação martelava em sua mente. Lembrou-se que até aquele momento, não havia encontrado sequer uma única evidência  capaz de comprovar que Cosima não era a pessoa mais absurdamente encantadora, maravilhosamente inteligente e incrivelmente sexy que Delphine conhecia.

“Merda...’’ Repreendeu-se em pensamento e como para respondê-la, esse a traiu novamente, buscando a lembrança inconvenientemente tatuada em seu íntimo. Aquela que mostrava sua orientada em trajes quase mínimos enquanto jogava água em seu corpo no intuito de aplacar o calor. O corpo de Cosima estava gravado em sua memória com uma nitidez inebriantemente assustadora. Instintivamente, Delphine entreabriu os lábios e suspirou, levando uma de suas mãos até o pescoço... se acariciando de um jeito provocante e completamente inapropriado para o local onde estava. Arrepiou-se com a sensação que tomou o seu corpo, fechando vagarosamente os olhos por alguns segundos. Ela queria apreciar a sensação.

- Delphine...?! – Uma conhecida voz a arrancou de forma brusca daquele devaneio, fazendo-a abrir os olhos desgostosa e repentinamente. Antes de se virar para responder, seus olhos se voltaram novamente para o pátio, porém não mais avistaram aquilo que desejavam. Debruçou-se um pouco para procura-la, mas Cosima não estava mais lá. ‘’Inferno!’’ Espantou-se com o quanto havia ficado decepcionada por não poder mais vê-la ali, naquele momento, sem contar o acentuado descontentamento – vontade de socar -  por quem a tinha interrompido. Ela precisava de um psicólogo?? Começou a acreditar que sim.

– O que está fazendo? – A curiosidade genuína era a principal nuance daquela voz.

Delphine revirou discretamente os olhos.

- Oi, Marion... Boa tarde. – Respondeu enquanto tentava se recompor do delírio de minutos atrás. A morena aproximou-se dela e imediatamente olhou para baixo, tentando entender o que tanto atraiu a atenção dela.

– Como você está? – Delphine a puxou gentilmente para cumprimenta-la com um beijo em cada face. Antes que pudesse se afastar, sentiu a firme mão de Marion prendendo-a pela cintura, impedindo seu movimento e encarando-a com aquilo que Delphine tanto identificava nas pessoas que a olhavam daquela forma: Desejo.

- Hum... Muito melhor agora! – Marion respondeu de maneira cadenciada na tentativa de provoca-la e com a boca bem próxima a sua orelha. Delphine quase riu da investida descarada da mulher em pleno local de trabalho. De forma ágil e habilidosa, desvencilhou-se daquele ‘’abraço’’ e sutilmente a afastou, porém, a morena não se daria por vencida assim, tão facilmente.

– Quando nos veremos novamente? Confesso que venho pensando com frequência em repetirmos a dose... – Não perdeu tempo, olhando-a como se quisesse despi-la, valendo-se de toda a sua sensualidade.

Okay, Delphine não estava nem um pouco interessada, mas soube que naquele momento a presença de Marion veio a calhar. Ponderou rapidamente as sensações que fluíam por seu corpo e remexeu-se, incomodada com o calor que espalhava-se pelo seu ventre e com a pulsação quente e insistente que invadia seu sex*... Dava pra acreditar naquilo!!?? Ela estava completamente excitada pelas lembranças e pela visão de Cosima ali, tão maravilhosamente a vontade. Tinha total consciência de que não era Marion quem ela queria, e que ela também não seria o suficiente para aplacar o seu desejo... aquele desejo... – o último encontro que o diga! – Porém, era bem conveniente tê-la por perto.

- Que tal amanhã após a minha aula? – Respondeu despretensiosamente enquanto conferia as horas no charmoso e sofisticado Rolex, concluindo que já estava 20 minutos atrasada para a reunião.

– Eu realmente preciso ir agora. Tenho uma reunião com a Duncan. – A informação fez com que Marion arregalasse seus expressivos olhos castanhos.

- É realmente impressionante a grande facilidade de acesso que você possui à reitora. – Não escondeu o tom de inveja, carregando cada palavra.

– Estou tentando falar com ela a semanas e pelo o que parece, ela não tem disponibilidade na agenda. – Sarcasmo?? Sim. Total. -  Só mesmo a toda poderosa Delphine Cormier! – Ironizou fingindo espanto. Em seguida, encarou Delphine dos pés à cabeça, vagarosamente...

- Para ser sincera, não me admira que você sempre consiga o que quer.  – Delphine entendeu o recado, mas ignorou. Marion não era capaz de atingi-la.

- Posso falar por você, caso queira. – Rebateu, já se afastando.

- Ah, sim! Eu agradeço. E...até amanhã, Cormier!

 

******

 

- Cópias impressas do projeto? Check!

- Pen drive com a apresentação? Check!

- Livros de referência? Check!

Cosima repassava mentalmente – de novo! -  tudo o que precisava levar para a sua apresentação. Havia feito aquilo umas cinco vezes já que estava mortalmente nervosa. Ela era sim uma pessoa ansiosa e um tanto hiperativa, mas àquela altura ela havia extrapolado os próprios limites! A lindíssima manhã de quarta-feira invadia o loft e Cos já sentia uma leve dor de cabeça em consequência da noite mal dormida, não por nenhum sonho estranho, mas sim pela maldita apresentação.

Nunca ficou tão nervosa assim antes de apresentar qualquer coisa que fosse. Nem mesmo na defesa de sua tese de Doutorado ela ficou desse jeito, tão agoniada. O nível de ansiedade era tão absurdo que a fazia suar em pleno inverno francês! Pelas Deusas, o que era aquilo? ‘’Respira, respira, respiraaa!’’ Dominava seu projeto com perfeita maestria, havia se munido de todas as referências possíveis para retrucar qualquer questionamento, ou seja, estava mais do que impecavelmente preparada. Então porque diabos aquele insistente frio na barriga não desaparecia? Em seu íntimo, num lugar em que tentava – em vão -  ignorar, ela sabia o motivo.

O problema não estava no seu excelente domínio sobre o tema e sua excepcional inteligência para expô-lo. Não mesmo! Aquele inferno de nervosismo -  e frio na barriga e mão suada e palpitação no coração -  era porque a apresentação seria feira para ELA! Cosima não tinha dimensão do quanto necessitava e ansiava pela aprovação dela; Queria impressioná-la, fasciná-la, impressioná-la de novo, devorá-la... “OI???” Parou subitamente, fechando os olhos e respirando fundo, surpreendida com esse último desejo e com tudo que aquele pensamento significava.

O fato, a verdade nua e crua mesmo, era de que Cosima não conseguia mais pensar em Delphine Cormier sem deseja-la de todas as formas humanamente possíveis e imagináveis. ‘’Que merd*... QUE M.E.R.D.A!’’ Boa parte da sua noite insone foi gasta pensando em o que ela faria para conseguir estar no mesmo ambiente que sua desorientadora sem devorá-la  - completamente - com os olhos, ou mesmo deixar claro para deus e o mundo o que a presença insuportavelmente sexy e poderosa daquela mulher fazia com ela.

Delphine Cormier era a combinação perfeita, explosiva e irresistível que despertava em Cosima as mais íntimas e afrodisíacas fantasias. “Aaaaaah! Pare com isso, Cosima! Pare com essa porr* agora!”  - Ela é sua professora e você tem namorada. Ela é sua pro-fes-so-ra e você tem namorada! – Entoava para si mesma, decida a enfiar em sua cabeça que todo aquele surreal desejo era uma total loucura e completamente errado. Suspirou pesadamente e seguiu em direção ao quarto para se arrumar. – Vamos logo com isso!  - Falou com a máxima firmeza que pode, desejando materializar a confiança necessária para não fraquejar diante à PhDeusa.

Encarava-se no espelho. Despretensiosamente, – aham! – escolheu uma combinação de roupas que ela sabia que valorizavam – e muito - seu corpo. Queria mesmo era estimular e impressionar o brilhante intelecto de sua orientadora, mas, por que não ir um pouquinho mais além?

Vestia uma saia lilás um tanto justa demais e que marcava de forma provocante seu quadril e sua bunda, chegando até quase a metade das coxas. A blusa era da mesma cor da saia e as mangas eram cumpridas, porém o caimento era curto, deixando parte de sua impecável barriga a mostra ao menor movimento de elevação dos seus braços. O decote?? O decote em seu colo era um show à parte, destacando a volúpia de seus seios. A meia-calça preta com detalhes rendados e um sapato de cadarço também preto com um salto médio completavam o deslumbrante visual, equilibrando perfeitamente o mistério que permeava os desejos dela com a íntima intenção por trás daquela produção.

É claro que também capricharia na maquiagem! Nada muito carregado e exagerado, apenas o básico contorno dos olhos que também eram ressaltados pelos longos e volumosos cílios e um batom vinho escuro, realçando seu tom de pele e seus lábios perfeitos. Prendeu os dreads num primoroso e sofisticado coque alto, sabendo que aquele penteado salientava ainda mais a beleza formidável e natural de seu rosto.

- A Senhora está linda! – Disse enquanto checava uma vez no espelho o resultado de toda a combinação. Auto-estima é tudo! Disso, ela sabia.

Juntou todo o seu material, vestiu seu sobretudo preto e uma linda echarpe num tom de lilás bem mais escuro que sua roupa e desceu para a portaria do prédio assim que visualizou a mensagem de Amir avisando que havia chegado. Optou pelo conforto do táxi devido ao material que pretendia levar. Assim que entrou no carro, encontrou o seu amigo taxista com a boca um pouco escancarada demais e acabou encarando-o com um olhar curioso, o que o deixou sem graça, fazendo-o piscar desconsertadamente e desfazer a cara de bobo babão.

- Podemos? – Ela perguntou, gesticulando com a mão o desejo de partir imediatamente. O rapaz engoliu em seco.

- A Srta. está realmente... é, muito bonita realmente mesmo, é...bonita. – Mesmo se atrapalhando todo, ele não poderia perder a oportunidade e Cosima riu com o comentário desajeitado, olhando-o novamente com uma indignação fingida, já que era exatamente esse tipo de reação que queria causar, mas não em qualquer pessoa... na PESSOA certa.

A medida em que o carro se aproximava de seu destino, o bolo no estomago de Cos parecia crescer absurdamente, abalando sua autoconfiança e fazendo-a duvidar do efeito que seu look causaria num certo alguém. Porém, – todavia, entretanto -  assim que chegou à porta do pavilhão onde ficavam as salas de aula, sua confiança foi completamente restabelecida - e redobrada - com a forma como outra pessoa reagiu à ela.

René tropeçou nos próprios pés enquanto tentou andar apressadamente para abrir a porta pra ela, quase deixando seus livros caírem. Enquanto ele se aprumava, Cos adentrou o corredor e alcançou o recente amigo.

- Boa tarde, René! – O cumprimentou de forma educada e quase engraçada.

– E... preciso lhe confidenciar uma coisa... – Aproximou-se demais do rosto dele - fazendo o sangue do pobre gelar nas veias -  e sussurrou:

– Sou feminista demais para deixar que você abra a porta para mim �� – Prontificou-se rapidamente a encará-lo, lançando lhe um olhar divertido seguido de uma piscadela enquanto ela já se afastava dele, caminhando rapidamente pelo corredor. O rapaz, que ainda estava totalmente boquiaberto, precisou correr para alcança-la.

- Mas, pelo menos aceita elogios? – Ele a testou, esbaforido pela pequena corrida.

- Contanto que não sejam cretinos, pode até ser que sim. – Riu da brincadeira e da expectativa do jovem.

Os dois seguiram conversando e René foi logo relatando como havia sido a última rodada de apresentação de projetos para a PhDeusa e como uma de suas orientadas de doutorado havia deixado a sala aos prantos. ‘’Puta merd*’’ Aquela informação voltou a estremecer sua confiança. Será que ela choraria na frente de Delphine? Jamais! Jurou à si mesma. Acontecesse o que acontecesse, ela nunca se prestaria àquele papel. Assim que chegaram ao andar onde a sala de aula ficava, todos pareceriam observá-la indiscretamente enquanto passava. Não podia ser somente pelo visual caprichado. Aquilo a incomodou a ponto de perguntar à René. Ela não estava ficando louca!

- É impressão minha ou estão todos me olhando? Tem algo de errado com minha roupa? – Conferiu rapidamente a aparência.

- Na verdade, todos estão...digamos... curiosos, para não dizer ‘impressionados’ com você. – Confidenciou o rapaz.

- Comigo? – Surpresa total! Como assim?? – Mas, por quê?

- Cosima... ninguém, repito, NINGUÉM antes conseguiu ser orientado de Pós-Doc da Toda Poderosa! Já é dificílimo ter qualquer tipo orientação dela e, para ser bem honesto, acreditávamos que nunca veríamos isso acontecer! Você é a primeira nessa posição.

‘’Como é que é??’’  A informação surpreendeu Cosima de um jeito inesperado e curiosamente, o conhecimento daquele fato a encheu de uma súbita coragem. Ela estava lá, não é? Já havia recebido o aval dela, o reconhecimento. Então, fecharia com chave de ouro e faria a melhor apresentação de sua vida.  – Ah, entendi. Ás vezes, somente agora a reitoria autorizou a vaga... não é grande coisa.  – Tentou minimizar a grandeza daquela constatação. ‘’Vai que cola’’

Logo alcançaram um distinto e cobiçado grupo que era conhecido como os “Semideuses”. Tratava-se dos demais orientados de Cormier, um seleto grupo de mentes brilhantes comandadas por ninguém menos que ela, ao qual Cosima logicamente havia sido convidada a participar. Assim que avistaram Cos, a expectativa eletrizante pairou sob a atmosfera do lugar.

- Gente, essa aqui é a famosa Cosima Niheuas! Cosima, esses são Sophie e Marc, orientados de mestrado assim como eu e, esses são o Louis e a Amélia, orientados de doutorado.  

- Bem-vinda ao grupo dos Semideuses! – Louis se adiantou, fingindo um falso galanteio já que era visivelmente gay, assim como Marc. Um dos traços majoritários que podiam ser observado entre os estudantes de gênero era o fato de que a maioria era composta por mulheres e os homens que compunham a minoria, eram em grande parte, homossexuais. Cos imaginava que tal público era atraído pela empatia e luta que o tema proporcionava em todo o âmbito que explorava, dado à triste realidade enfrentada pela desigualdade de gênero e pelo não cumprimento de certos padrões impostos pela sociedade, sendo um deles, a heterossexualidade.

Estava em dúvida a respeito de René, apesar da reação exagerada que ele teve assim que colocou os olhos nela. Cos cumprimentou um por um de forma calorosa e recebeu a mesma empolgação por parte de todos ali. Achou super curioso o apelido dado àquele grupo mesmo entendendo-o de imediato. Eram os “filhos” da Deusa. Os privilegiados e escolhidos... Eram os Semideuses.

Não demorou muito e todos começaram a se apresentar, falando sobre suas pesquisas e sobre os temas abordados, os quais Cos achou muito interessante. Todos ali pareciam apreciar a opinião dela em relação ao andamento de seus projetos. Cosima desenvolveu uma rápida simpatia por cada um deles e já começou a sentir-se mais à vontade.

Inesperadamente um certo burburinho teve início e alguém alertou os demais sobre o que estava acontecendo... ELA estava vindo. Num frisson, todos já trataram de entrar na sala e procurar seus lugares. Cosima assistia àquele alvoroço com um certo divertimento estampado no rosto. Ela bem sabia que algumas sumidades da academia eram vaidosas, mas aquele tipo de reação causada pela eminência da presença de Delphine chegava a ser ridícula. Revirou os olhos. Assim que os últimos alunos entravam e ainda se acomodavam, Cosima imaginou que a aula seria extensiva e duradoura, decidindo ir ao banheiro antes que as apresentações começassem, afinal, não cometeria a deselegância de se ausentar durante uma exposição de tema.

Assim que foi lavar as mãos, toda a sua maravilhosa descoordenação fez com que abrisse demais a torneira e uma considerável quantidade de água respingasse em sua roupa, deixando pequenos pontos molhados.

- Parabéns, Cosima Lerda Niehaus! – Condenava-se enquanto saia rapidamente do banheiro ainda de cabeça baixa. Estava tão desatenta e absorta na bagunça que havia feito em sua roupa que acabou esbarrando em alguém com demasiada intensidade... ‘’Merda!’’

Puta que pariu... Foi nela!!!

 

********        

Glossário:

 

¹ Choux: Doce conhecido por “bomba” no Brasil, que possui uma massa bem leve, neutra, e indispensavelmente oca, justamente para ser recheada por algum creme. É possível encontrar sabores como chocolate, baunilha, café, limão e etc.

 

Fim do capítulo


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