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  • Capítulo 7 - Profunda Inquietação

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An Extraordinary Love por Jules_Mari

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Palavras: 6144
Acessos: 4955   |  Postado em: 27/11/2017

Notas iniciais: Olá,

Esse capítulo foi preparado com muito carinho para vocês - como sempre - e contém um momento especial nele! 
Quem quiser ampliar a vivência do momento, pode ouvir a música juntinho! Ela chama-se Utopia, da Alanis Morissette! 

Ótima leitura pra vocês! Esperamos que gostem.

Capítulo 7 - Profunda Inquietação

Algumas luzes dançavam e iluminavam o teto sobre ela. Vinham de uma das imensas e hormônicas janelas que compunham o charme do lugar, onde as cortinas foram deixadas abertas de propósito. Naquele início de madrugada fria, ela não queria ficar no escuro. Honestamente, não era medo, ela não temia às trevas, mas naquele momento, sua alma ansiava por um pouco de luz. Ela precisava de um traço de claridade em sua vida.            

Deitada em sua larga e espaçosa cama, Delphine encarava o teto de seu quarto, tentando decifrar o formato que as sombras adquiriam com as faíscas de luzes projetadas pelos carros que ainda circulavam pela Rue de Grenelle, no Tour Eiffel, onde ficava o seu apartamento. Ela decidiu não voltar para casa naquela noite, optando por passar o final de semana na cidade. Às vezes, o casarão era quieto demais.

Deitou-se relativamente cedo e já tinha decidido dormir há algum tempo, porém naquela noite, sua habitual insônia havia caprichado na dose! - Que ótimo! - Grunhiu, imprimindo todo o deboche que conseguia. A porcaria da falta de sono estava de parabéns daquela vez. Já tinha recorrido à algumas boas – e altas -  doses de um Macallan 1926, whisky mais antigo da coleção Fine and Rare de Macallan, destilado na mesma data constituída em seu nome. Era um clássico muito apreciado por ela e naquele momento, tinha sido o escolhido na missão de entorpecer seu corpo e sua mente, que estavam em completo alvoroço desde o misterioso e estranho encontro de horas atrás.

O que tinha sido tudo aquilo? Não, o tempo verbal tem que ser outro! O que vem sendo tudo isso? Delphine pressionava as têmporas no intuito de forçar seu cérebro a compreender àquela maluquice. Já havia repassado o explosivo encontro repetidas vezes e em todas elas, as mesmas - infernais -  sensações lhe invadiam. Remexeu-se na cama, incomodada com os perigosos rumos que seus pensamentos queriam tomar. Ok! Toda a sua razão gritava para se afastar e evitar a presença de Cosima, ‘’Fique longe dela’’’ porém… algo muito mais profundo a impelia em direção a ela.

Delphine atribuía essa confusão toda à curiosidade em saber quais eram os reais objetivos de Cos e, acima de tudo, quais eram as intenções de quem ela acreditava estar por trás daquilo. - Um sorriso um tanto sádico e melancólico surgiu no rosto pouco iluminado de Del. Era loucura, ela sabia, mas, fosse o que fosse, há muito ela não se sentia tão viva e tão alerta. Há muito seu corpo e sua mente não reagiam e se estimulavam em relação a nada. Mesmo com o risco e o perigo eminentes, no íntimo, ela apreciava aquela sensação, aquela pontada de vida em sua existência quase vazia.

As palavras de Helena ecoavam em sua mente: “E diga-se de passagem, uma isca sensacional, não!?” Mordeu seu lábio sem nem se dar conta, passando uma das mãos nos fios dourados. Sem a menor sombra de dúvidas, Cosima tinha sido escolhida a dedo de forma minusciosa para se aproximar dela, para atingi-la onde estaria mais vulnerável, mais suscetível a baixar a guardar. Ela não iria permitir! Os danos poderiam ser gravíssimos e irreversíveis.

“Aquele doente, sádico, idiota!”  - A angustia de Delphine preenchia todo o quarto. Ele nunca a deixaria em paz?

Com exasperação e puta da vida, chutou as cobertas, afastando-as de si e sentando-se na cama. – Quer saber...? Dane-se... desisto! - Suspirou impaciente enquanto se levantava. Ela não ficaria ali feito idiota procurando aborrecimento, não mesmo. Usava apenas uma longa camisola de seda cinza escuro que vestia seu corpo esplendoroso de forma luxuriosa, lambendo e ressaltando as curvas perfeitas e inexplicavelmente sedutoras. Tinhas os pés descalços e os cabelos numa desordem perfeita e harmoniosa.

A visão de Delphine daquele jeito era mais do que suficiente para destruir a razão e bom senso de qualquer mortal. Contemplou sua imagem cansada, mas ainda assim, incrivelmente exuberante diante do imenso espelho de seu banheiro. Seriam olheiras aquilo que pensou estar se formando sob seus olhos? Um meio sorriso se formou nos lábios perfeitos. – Antes fosse... – Sussurrou, baixando o olhar e respirando profundamente.

Vestiu um penhoar preto e começou a vagar pela solidão de seu amplo e imponente imóvel. Tudo ali era uma perfeita representação de quem ela fingia ser. O piso de madeira impecavelmente lustrado mal sofria com o peso de seus pés. Ela caminhava com agilidade e leveza, tão silenciosa quanto a escuridão que a cercava.

Seguiu pelo vasto e longo corredor, terminando em uma grande sala de estar onde extensos e confortáveis sofás estavam dispostos em um quadrado perfeito, eram de tom marrom muito escuro e elegante, num tecido aveludado de muito bom gosto, centralizados ao fundo por uma moderna lareira e um imenso tapete AubussonFrancês bege com detalhes feitos a mão e enfeitado por uma linda mesa de centro. Duas poltronas vinho-escuras e de aspecto muito aconchegante pendiam próximas aos sofás, uma ao lado de um e a outra de frente para o outro, completando a harmonia do local.

Vasos grandes de origem Persa adornavam as extremidades do ambiente, proporcionando um equilíbrio nos tons mais escuros. Mais acima da parede de pedra que aconchegava a lareira, um ostensivo painel trabalhado numa madeira ébano e brilhante exibia uma imensa tela plana. Lateralmente a ele, uma mini adega se encontrava protegida por um vidro ornamentado com as taças estrategicamente posicionadas, produzindo um charme à mais na elegante decoração. O lustre principal era de um cristal impecável e enchia os olhos.

As paredes ostentavam verdadeiras obras de arte cujo os valores eram inestimáveis, sendo adquiridas ao longo de sua vida, incorporando a coleção da qual muito apreciava e também se orgulhava. Dentre elas, destacavam-se as obras de Artemisia Gentleschi, Margaret Keane e Leonora Carrington, porém naquela noite, nem mesmo o prazer de admirá-las lhe parecia convidativo.

Por fim, seus olhos pousaram no objeto de enorme afeição e um dos itens mais queridos que contemplavam aquele espaço. No canto oposto à lareira, mais próximo às grandes janelas que davam vista para a movimentada Grenelle, repousava um belíssimo e impressionante piano de cauda longa. Era um Fritz Dobbert, num preto reluzente e cintilante, refletindo toda a sua majestade e imponência, combinando perfeitamente com a mulher a qual ele pertencia.  Ainda estava com o tampo aberto, revelando que fora manuseado a pouco.

A melodia extraordinária que fluía daquele instrumento era como um profundo e caloroso abraço, acalentando o corpo gélido de Delphine. Poucas coisas no universo –  dela – tinham o poder de transcendê-la como a maneira que o canto de seu piano a invadia, de acalmá-la e compreendê-la por inteiro, das às dores marcadas aos sonhos desesperados que outrora viviam dentro dela, mas não mais. Pensou em tocá-lo mais um pouco, querendo esquecer aquela loucura, porém, a mágica calma que ele normalmente proporcionava não havia funcionado mais cedo e ela duvidava que funcionaria agora. ‘’Droga’’. Suspirou, profundamente incomodada por se conhecer tão bem.  – Vamos acabar logo com isso...

Sem mais resistir, assumiu que só existia uma única coisa que gostaria de fazer naquele instante. Encarou a mesa de centro, avistando os vários papéis espalhados junto ao seu notebook. A passos rápidos, alcançou o confortável sofá e se afundou nele, já tomando as folhas em suas mãos. Estas continham uma detalhada biografia - investigativa de Cosima, constando toda a história de vida da mulher que tanto lhe intrigava. O fogo trepidava baixo na lareira, refletindo o olhar cheio de apreensão e expectativa de Delphine que tomava o fôlego necessário para prosseguir.

Cosima Niehaus nasceu dia 9 de março de 1986. Foi criada em São Francisco, Califórnia, filha única de Gene e Saly Niehaus. Ele, um professor de literatura falecido há cinco anos e ela, uma artista plástica de Berkley, onde mora atualmente com seus animais de estimação, um cão e uma gata. Desde muito cedo Cosima já demonstrava um nível cognitivo acima da média, despertando a curiosidade de seus pais, que foram instruídos a incentivá-la ainda mais.

Del pausou a leitura e vasculhou a pilha de fotos, encontrando uma que ilustrava a pequena Cos com não mais do que uns oito anos, já usando os famigerados óculos, sorrindo orgulhosa e agarrando o pequeno diploma de melhor aluna da turma. Um inevitável sorriso brotou nos lábios de Delphine, como se retribuísse a amabilidade daquela pequena. Ela tinha sido uma criança linda e seus feitos não pararam por ai.  De acordo com seus históricos escolares e acadêmicos, Cosima foi a primeira da classe em literalmente todo o seu período estudantil, até mesmo na Universidade da Califórnia, onde concluíra seu Doutorado com honras. – Huum... interessante. – Comentou uma Delphine completamente focada.

Quer dizer que a mulher era uma espécie de gênio?! Aparentemente sim. Uma verdadeira nerd com a reputação quase intacta, não fosse por um pequeno incidente durante a graduação. Cosima e alguns amigos chegaram a ser detidos, passando uma noite na delegacia do Campus por terem sido pegos com uma quantidade nada despretensiosa de maconha. Era sério aquilo? Delphine esboçou uma leve careta-sorriso e revirou os olhos. ‘’Universitários’’.

Mais uma espiada nas fotos e encontrando agora uma jovem Cosima, ainda sem os dreads nos cabelos e estes estavam pintados com pelo menos 3 cores diferentes. Vestia uma camiseta que continha a foto de um OVNI com dizeres “I Want to Believe”, numa clara referência a um famoso programa de ficção científica que passava na TV nos anos 1990, The X Files. Del arqueou uma sobrancelha e tentava reprimir um meio sorriso, sem muito sucesso. Ela também gostava daquele programa.

Constava ainda o atual endereço de Cosima e a informação de que ela era proprietária de uma simpática Livraria e Cafeteria em São Francisco, além de todo o seu histórico enquanto ativista na luta pelos direitos e pela vida das mulheres e da população LGBT. Era feminista declarada e incansável, o que só contribuiu para aumentar o encantamento não nomeado que Delphine já sentia por ela. Trincou os dentes, como se ela precisasse de mais aquilo.

A verdade era que ela procurava naqueles papeis algum indício – qualquer um! -  de que Cosima fosse uma impostora, uma armadilha inescrupulosa preparada pela figura sádica e impiedosa que Delphine combatia já há tanto tempo. Queria e precisava encontrar ali uma razão que a impedisse de convergir em direção a ela. Algo que exigisse que seu controle e bom senso fossem capazes de manter seus pensamentos no lugar em que deveriam estar, e que com certeza absoluta não era naquela mulher. Para seu profundo desgosto, fracassava com indescritível sucesso.

- Que Droga! – Esbravejou, sacudindo os papeis sobre a mesa. – Deve haver alguma coisa. TEM que haver.

Focou sua atenção numa foto que havia sido tirada no dia em que Cosima defendera sua tese de doutorado. O sorriso que ela estampava no rosto incrível era absurdamente lindo. Cosima era definitivamente um fenômeno único naquela natureza chamada vida. Delphine permanecia ali, encarando a fotografia como se pudesse  enxergar através dela, sem nem piscar os olhos que naquele momento, já não eram tão escuros. Estavam como ouro líquido, aquecidos pela sensação que aquela simples foto lhe transmitia. Sem perceber, escorregava ainda mais no sofá, se afundando naquele turbilhão que tentava a todo custo compreender, ainda admirando aquele rosto encantador. Que inferno de sorriso era aquele? Mesmo impressa num papel fosco, Cosima brilhava. Irradiava a mais pura definição de felicidade e, nesse instante, Delphine a invejou.

 

*****

 

Aos poucos, sentia sua consciência se reestabelecendo ao passo que o sono lhe abandonava. Relutou em abrir os olhos, sabendo que encararia mais um dia a ser vivido e estava verdadeiramente cansada daquilo tudo. Ergueu um dos braços, colocando-o sobre a cabeça e respirando profundamente.

- Já não lhe disseram que é muito esquisito ficar parada, observando os outros dormirem? – Perguntou sem emoção na voz e ainda de olhos fechados, recebendo uma gargalhada escandalosa como resposta.

- Esqueceu que minha função é cuidar de você? -  O tom era quase desafiador. Quase.

Somente então decidiu abrir os olhos e encarar sua observadora. Sentada na poltrona à sua frente estava Helena, com olhos semicerrados e especulativos. Vestia uma calça jeans escura e muito colada, botas pretas de cano alto e uma jaqueta linda de couro marrom. Seus cabelos negros estavam soltos e caiam por sobre os ombros. Era com toda certeza uma mulher belíssima, capaz de fazer qualquer um se render aos seus encantos, menos ela.Delphine nunca a enxergou daquela maneira, embora soubesse que em algum momento, a recíproca não tinha sido verdadeira.

Há alguns anos atrás, Helena não conseguiu se conter, deixando transparecer um novo sentimento em relação à sua chefe, um envolvimento muito maior do que jamais deveria se permitir, mas não podia evitar. Ela sabia, tinha dolorosa consciência do quão impossível era aquilo, o quão impossível ela era. Delphine Marie Cormier, a mulher em que 11 entre 10 pessoas desejavam e cobiçavam quase que desesperadamente, era completamente inalcançável, terrivelmente linda e igualmente inatingível. O coração, o corpo e a alma de Delphine carregavam uma dor inimaginável e já pertenciam a alguém. Era uma ferida que a seguia como um fantasma e que nunca cicatrizaria. Helena sabia que esse fantasma sempre esteve presente, – e sempre estaria -  especialmente naquela manhã – quase tarde – de sábado.

Ela...! Sempre ela... presente em cada respiração de Delphine, cada batida de seu coração, dolorosamente refletida naqueles olhos incríveis e atormentados.

- Você vai acabar enlouquecendo com isso. – Falava indicando a bagunça espalhada sobre a mesa. O tom de Helena era leve, porém objetivo. – E assim ele vai conseguir o que tanto quer.

Delphine ergueu-se lentamente, recostando-se no sofá. Nesse movimento, uma das alças de sua camisola desceu, quase deixando um de seus seios a mostra. Quase. Helena prendeu a respiração, precisando de um esforço sobre-humano para não encará-la com demasiada intensidade. ‘’Como ela consegue?’’  Ainda não compreendia como Delphine conseguia ser tão… tão devastadoramente atraente em atitudes tão singelas. Era um absurdo! Percebendo o desconforto da amiga, respirou fundo e logo se recompôs. Delphine muito lamentava quando despertava esse tipo de interesse e fascínio em pessoas tão boas e queridas como Helena, mas era quase inevitável. O que ela poderia fazer?

A lista de corações arrasados por ela era interminável, mesmo se esforçando muito para ser uma megera cretina e inatingível, isso sempre acontecia. Não queria que ninguém a amasse. Ninguém deveria, já que estariam fadados a desilusão. Não se importava tanto com o desejo, esse até lhe proporcionava algum prazer quando necessário, mas não amor. Amor não. Essas pessoas não mereciam o fardo de amá-la quando ela mesma jamais seria capaz de retribuir.

Era impossível! Cada fragmento seu pertencia a outra pessoa, alguém a quem Delphine havia entregado cada gota do mais nobre amor que cabia em si, alguém que dava significado à sua existência, que mantinha sua alma viva e que lhe devolvera a mais pura, única e verdadeira expressão do que era amar. Remexeu-se incomodada, tentando afastar da cabeça esse pensamento; Se ele durasse mais um segundo que fosse, não seria capaz de impedir as lágrimas. O nó em sua garganta a sufocaria.

- Não consigo encontrar nada que incrimine essa mulher, absolutamente nada. – Suspirou, visivelmente derrotada. – Ela até poderia ser uma pessoa pela qual eu simpatizaria. É um tanto fácil gostar dela.

- Poderia? – Questionou Helena. Uma sobrancelha arqueada e certa ironia na voz. Delphine a encarou por meio segundo.

- Vá a merd*, Helena! – Praguejou, já se levantando e se espreguiçando.

‘’Aaah, fala sério! Pelo amor de Ártemis!’’ Raciocinou Helena, segurando seu queixo que tanto queria cair! Delphine era realmente deslumbrante, chegava a ser ridículo! Mesmo tendo dormido toda torta em seu sofá, ela parecia sempre acordar num comercial de produtos de beleza. Não! Delphine era a perfeita definição de beleza, em todo o vasto âmbito da palavra. Recuperando sua postura, continuou:

- Não sei mais onde procurar por podres dessa tal Niehaus. A não ser… _ Ponderou, capturando a atenção de sua chefe.  - A não ser que você me autorize a ir mais a fundo nisso. – Helena a fitava com um olhar inquisidor enquanto Delphine assimilava o que sua segurança queria dizer. Se ela assim desejasse, Helena prepararia um verdadeiro aparato de vigilância em torno de Cosima. Ligações, mensagens, e-mails, tudo grampeado. Ponderou aquela opção por alguns instantes.

- Por enquanto não. Tentarei confrontá-la e desmascará-la de outra maneira.  - Uma que seja menos invasiva - Tenho planos bem específicos para a minha nova orientada. – E lá estava. O olhar determinado e quase inescrupoloso que intimidava até Helena. Ela sabia e já havia testemunhado situações que deixavam claro até onde Delphine era capaz de chegar para alcançar seus objetivos. Chegou a ter pena da jovem que agora era o alvo de toda a atenção da poderosa Sra. Cormier.

- Vem... vou te preparar uma das minhas famosas frittatas. – Ela falava já indo em direção à cozinha. Delphine suavizou sua expressão. Sua segurança e amiga era uma ótima companhia.

- De repente me deu a maior fome! – Brincou, esboçando um lindo sorriso  – Mas primeiro vou tomar um banho, não demoro.  - Delphine partiu em direção ao banheiro e Helena… Bom, Helena chacoalhava a porcaria da cabeça para não imaginar naquela cena. Delphine Cormiei e banho… combinação perigosa demais.

 

*****

 

Delphine liberou os serviços de Helena pelo resto do sábado. Disse a ela que pretendia ficar em casa, lendo e estudando, o que fazia sua seguraça e amiga questionar o que mais poderia haver no mundo para essa mulher estudar.

- Quer que eu recolha esse material? – Apontou para o dossiê espalhado sobre a mesa.

- Não! Deixe onde está.

- Delphine… - Helena suspirou exasperada antes de continuar. - Cuidado para não enlouquecer com tudo isso. Então..  pretendo aproveitar a minha noite de sábado, sabe como é, minha chefe é uma carrasca e quase nunca consigo uma folga. - O tom era leve e brincalhão e fez Delphine sorrir.

- Você também deveria aproveitar um pouco, descontrair… enfim. Caso precise de mim é só ligar. Estarei atenta ao telefone.  - Como sempre… - Del comentou, olhando-a com ternura nos olhos.

- Como sempre. - Repitiu Helena. Seu tom era terno e compreensivo. Encarou Delphine por alguns segundos e despediu-se com um aceno de cabeça, fechando a porta.

Um profundo suspiro preencheu toda a enorme sala por onde ela perambulava. Havia aprendido a apreciar a solidão, muito mais por falta de opção do que por escolha sua.

Apesar de gostar do frio, queria apreciar o calor que seu casaco favorito de cachemira cinza  lhe proporcionava. Ele já a acompanhava há vários invernos e o aconchego permanecia intacto, sempre sentia-se abraçada. Mesmo seu closet estando repleto de tantos outros, aquele era especial. Como de costume, estava descalça e usava uma calça de algodão fluída e espessa com uma blusinha de seda com alças, ambos na cor bege. Era um lindo conjunto.

Dirigiu-se ao bar localizado na extremidade direita da imensa sala e logo encontrou a mesma garrafa de whisky da noite anterior, já servindo-se de uma dose pura e começando a bebericá-la. Não tinha o intúito de se entorpecer dessa vez. Na verdade, sentia que naquele momento o álcool apuraria seus sentidos. Novamente jogou-se no confortabilíssimo sofá com o seu notebook no colo. Começou checando seus e-mails sem nenhum interesse, mas precisava dar atenção a alguns relatórios que necessitavam do seu parecer, seus orientandos precisavam dela.

Involuntariamente, seus olhos corriam da tela do computador e miravam a pilha de papeis e fotos na mesa. - Você está sendo ridícula, Cormier. - Murmorou impaciente. Se obrigava com frequência a dedicar sua atenção ao que realmente interessava – os relatórios - mas falhava miseravelmente. Passou as mãos nos cabelos de forma frenética, gesto que sempre expressava sua impaciência. Sacudiu a cabeça enrijecendo sua postura e fechando a cara. Sua inquietação sobre aquela situação estava realmente começando a incomodar. Profundamente! Mirando os documentos na mesa, percebeu um pequeno volume dentro do envelope pardo. ‘’??’’ Ao sacudí-lo, um pen drive caiu de lá.

‘’O que?’’ Como não viu aquilo antes? Sorveu um gole generoso de sua bebida. Sua agitação era muito incomum. Que inferno estava acontecendo com ela?

Conectou a peça de imediato e uma pasta com uma série de outras irrompeu a tela. Correu os olhos por todas elas e teve sua atenção capturada por uma em especial, intitulada “Trabalhos e Publicações”. “Huum...’’ Sorriu um meio sorriso e clicou na pasta. A supresa número 1 veio com a quantidade de arquivos contidos ali.

- Então a Srta. é tão dedicada assim? - O sarcamos se fundia com a expectativa. Outro gole.

Buscando uma posição mais confortável, esticou as longas e definidas pernas, apoiando-as na mesa de centro. Clicou no primeiro arquivo.

- Vejamos do que você é feita, Cosima Niehaus. - Aquilo era um frio na barriga? Rá. Não, claro que não.

Delphine nem sequer percebeu o passar das horas, completamente imersa  em sua leitura e com isso, a surpresa número 2: A alta competência demonstrada naqueles artigos e a magnífica coerência com que toda a linha de pensamento de Cosima estava conectada. Há muito não lia nada tão bem desenvolvido e escrito, principalmente que lhe causasse tanta satisfação e essa constatação a importunou ainda mais.

Aquilo tudo não poderia ter sido inventado ou construído somente para dar credibilidade a uma mentira. Aqueles trabalhos eram reais e pertenciam todos à mesma pessoa. O alto padrão e o estilo contidos naqueles projetos eram totalmente compatíveis. Isso a deixou ainda mais perdida.

Delphine praticamente devorou a tese de Cosima em poucas horas e era impossível negar o prazer que sentira. Um intelecto brilhante e inteligência marcantes sempre atraíam a atenção dela. Se deleitava com mentes geniais e a maneira como aquela tese fora defendida provocou em Delphine um prazer há muito esquecido. - Principalmente tratando-se de uma mulher tão atraente feito Cosima.

- Droga! – Praguejou forte enquanto fechava o maldito aquivo, decida a parar com aquela merd*, seja lá qual fosse. Quando ia baixando a tela do computador, avistou uma última pasta intitulada “Vídeos”. Ponderou, hesitando se deveria continuar com aquilo. Sabia que o melhor seria evitar mais doses de sua orientada, mas o impulso que a impelia em direção a ela foi maior. Muito maior.

Dos vídeos ali dispostos, um lhe chamou a atenção de cara. Era uma filmagem antiga do que deveria ter sido a primeira comunhão de Cosima. A imagem mostrava uma garotinha toda de branco, de braços cruzados e expressão zangada.

- Por que eu preciso fazer isso se não acho certo muitas coisas que tem ai nesse livro? – A garotinha apontava à Biblia e uma senhora gentilmente se prontificou a responder:

- Minha criança, essa é a Biblia sagrada, é a palavra de Deus.

- Foi Deus quem disse que uma cobra podia falar? Ora vovó, cobras não falam! Lembra quando fomos ao zoológico? – A pequena Cosima falava muito séria, ajeitando os pequenos óculos em seu rosto.

Delphine não conseguiu segurar e gargalhou diante da braveza da menina! Uma impertinente, curiosa e cética garotinha.

Outro vídeo registrou o momento da formatura no ensino médio. Cosima havia sido a oradora e usara uma frase de Simone de Beavouir para encerrar seu discurso: “Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância”.

Dava pra acreditar naquilo? Delphine sentiu-se impelida a aplaudi-la juntamente com os demais jovens na gravação e quase o fez.

O.que.é.que.tá.acontecendo? O universo queria mesmo ferrar com ela, isso já estava claro! Com raiva, fechou a droga daquele vídeo decidida a não assistir mais nenhum, embora a sua vontade estivesse verdadeiramente dividida.  ‘’Deus do céu! Que porr* é essa?’’ Ela não iria se conter? Como assim? Feito uma boa viciada, pensou que seria o último – Só mais um.

O penúltimo vídeo lhe chamou atenção. A captura de imagem era de uma Cosima apaixonada, segurando um microfone em sua mão. Delphine sentiu uma palpitação no estômago. Clicou para reproduzir o conteúdo e… A atmosfera mudou. - completamente -

A gravação revelava Cosima num pequeno e aconchegante palco do que parecia uma cafeteria. Seria o local o qual era proprietária? A melodia que saía do violão tocado por um rapaz que a acompanhava invadiu a imensa sala, quebrando o ansioso silêncio. Ela reconhecia aquela música. Cosima começou a cantar e... ‘’puta.que.pariu!’’ Ela iria babar? Não era possível. Delphine se viu completamente absorta, enfeitiçada, fascinada e extasiada pelo timbre daquela voz. Pelas Deusas, o que era aquela voz? 

E não só isso. Ela não somente cantava… ela vivenciava, sentia e tocava aquela canção. A emoção derramada ali era hipnotizante e Cosima lembrava uma amante impetuosa, devorando a música com ardor. Essa compreensão fez o corpo de Delphine se arrepiar. Fechou os olhos com delicadeza, aguçando sua concentração e se permitindo não somente ouvir, mas também sentir.

Aquela canção carregava magia na mensagem que transmitia. Expressava coragem, força, sabedoria e acima de tudo, compaixão. Delphine absorvia encantada cada segundo daquele som, da intensidade e entrega de Cosima em cada palavra dita com uma admiração indescritível. A letra definitivamente refletia por inteiro sua nova orientada e Delphine suspirou, deixando que a melodia e seu significado entorpecessem seus sentidos…

‘’ [...]We would share and listen / Vamos repartir e escutar

And support and welcome / E apoiar e acolher

Be propelled by passion  / Ser impulsionado pela paixão

Not invest in outcomes  / Não investir em resultados

We would breathe and be charmed / Vamos respirar e nos encantar

And amused by difference / E apreciar a diferença

Be gentle and make room / Ser gentis e dar vazão

For every emotion / Para cada emoção

This is utopia  / Isso é Utopia

This is my utopia / Essa é minha Utopia [...]‘’

Estava entorpecida, anestesiada pela dose de paixão inesperada vinda justo dela. A música fluiu para o fim e Delphine apreciou até o último melísimo de segundo. Lentamente abriu os olhos, voltando à realidade fria e silenciosa da imensa sala. Piscou duas vezes, como se recobrasse a consciência, tentando assimilar o que tinha acontecido ali. O que tinha acontecido ali?? Obvio que já ouvira vozes lindas e  magnificas, já que era grande apreciadora daquele tipo de arte. Então, que raio tinha sido aquilo?  - Okay, ela sabe cantar, tem uma linda voz e você adora essa música, o que certamente ajudou muito. Fim. É isso, Delphine. Para de agir feito idiota.  - Dialogava consigo mesma com veemência. Ela sabia que era isso, não sabia? 

A verdade é que não estava entendo porcaria nenhuma mais. Virou todo o wisky que tinha no copo e praticamente correu até o bar, servindo-se de mais. Voltou igualmente apressada para o sofá, decidida a acabar com aquela palhaçada e voltar ao que deveria ser o foco de sua atenção: os relatórios.

Um último vídeo constava na pasta. Delphine chegou a ponderar, sabia que seria melhor não assistir mais inferno de vídeo nenhum, porém, já que estava no inferno mesmo, com certeza abraçaria o capeta! Iniciou a reprodução do vídeo.

A gravação se passava em um dia bonito e ensolarado num grande evento colorido e diversificado. Era a parada da diversidade que acontecia na cidade de São Francisco, Califórnia. Delphine notou que a filmagem era feita pela própria Cosima, que narrava e registrava tudo o que era possível.

Mais uma vez não conseguiu evitar o  -  inconveniente - deslumbramento que sentia com a maneira autêntica e apaixonada com que Cosima relatava aquele evento. Seu coração se aqueceu ao constatar que o amor e o respeito à individualidade poderiam e deveriam ser o caminho para um mundo melhor e mais livre.

Enquanto continuava caminhando, Cosima  foi saldada e aclamada  por um grupo de mulheres que passavam montadas em garupas de motos, fazendo-a rir de um jeito divertido e espontâneo. Tinha alguma coisa de errada com aquele whisky? Ele parecia estar evaporando do copo! Del revirou os olhos. ‘’Merda.’’ Casais de todos os tipos e formatos eram enquadrados pela câmera de Cos, acenando de volta enquanto muitos a chamavam pelo nome.  - Huum.. popularzinha você, Srta. Niehaus.  - Delphine mordeu levemente o canto da boca, quase num movimento automático. A visão daquela cena esmagaria o juízo de muita gente!

Um corte repentino na edição fez com que Delphine se sobressaltasse com a imagem dela, antes filmando e agora sendo focada. Antes mesmo de conseguir raciocinar qualquer coisa, seu queixo já estava no chão! Putíssima com as reações loucas e que totalmente não eram o seu estilo, Del engoliu em seco. A câmera focava Cosima em meio a um grupo de outras mulheres, jogando um jogo desconhecido por Delphine e pra dizer a verdade, ela nem queria saber. 500% da sua atenção estava totalmente concentrada na exuberância e sensualidade dela, a Srta. Dor De Cabeça Na Certa Niehaus.

Ela corria alegremente, vestindo apenas um short jeans terrivelmente curto e um pouco folgado, utilizando como cinto um lenço trançado com as cores da bandeira da diversidade. Todo o seu perfeito e ultrajante abdomen estava a mostra, já que ela usava somente um biquíni, muito ousado, inclusive – ousado demais, insinuando o convidativo volume de seus seios. Calçava um par de tênis all star surrados e pintados a mão, combinando perfeitamente com ela.

‘’Puta merd*!’’ Respirando fundo e lentamente passeando um dedo na extremidade circular de seu copo, Delphine pode constatar o que já havia imaginado na noite anterior: Cosima Niehaus tinha um corpo perfeito e extremamente provocante – e delicioso e tendador e puta que pariu...  – O ouro líquido dos olhos de Delphine já estavam sólidos e escuros.  

Completando o visual, usava um óculos escuros de armação arredondada que lhe caiam com exatidão. Os cabelos estavam presos num coque estiloso com fitas coloridas. Outras belíssimas mulheres faziam parte daquele grupinho. Uma negra lindíssima e de corpo escultural corria e tentava derrubar Cosima. Uma outra, de pele bem clara, mais alta e mais magra, também jogava e tentava não ser capturada, falhando em seu objetivo quando a morena a alcançou e lhe tascou um beijo cinematográfico! Todos ao redor aplaudiram, entretanto, Delphine só tinha olhos para uma pessoa… mal focalizando a simultaniedade de acontecimentos na gravação.

Ali, eternizada naquele vídeo, Cosima Niehaus era a mais perfeita definição de tentação, fazendo com que Delphine pausasse a projeção no exato momento em que ela era focalizada. Outro gole do pouco whisky que restava no copo. Semicerrando o olhar, cravou sua atenção no corpo bronzeado e provocantemente suado que ameaça seu bom senso e compostura. Estava difícil raciocinar e seu coração gelado pareceu receber uma avalanche de um estranho e agradável calor que há muito não sentia. Para o espanto dela, esse mesmo calor não ficou aprisionado ali... Agora, um calor úmido e sedutor se espalhava por todo o seu corpo, fazendo com que vibrações e pequenas descargas elétricas – em um ritmo descomunal - fossem sentidas em vários lugares, especialmente abaixo de seu ventre.

Que? Delphine estava sentindo tesão? Na sua orientanda de Pós-doutorado? Que porr* era aquela? Aquele era um ótimo momento para um meteoro cair e explodir a terra, por favor. ‘Não não não!’’

Tentou imediatamente se recompor após o impacto da veracidade daquela constatação. Virou apressada o resto da bebida e pousou o copo na mesa, baixando as pernas. Esse simples e rápido movimento causou a contração de seu sex*… Delphine fechou os olhos, respirando pesadamente. A sensação provocada era deliciosa e ela se esforçava para pensar com coerência. Não, não dava! Ela definitivamente estava... excitada?

Quase involuntariamente, sua mão direita escorregou do teclado e afastou um pouco o computador para o lado, pousando entre seus seios que subiam e desciam numa velocidade incomum. Deu sequência ao vídeo e… - Tá de sacanagem…  - murmurou engolindo em seco, passando uma mão frenética no cabelo quando visualizou Cosima jogando a água de uma garrafa plástica em sua nuca e rosto, tentando aplacar o calor que sentia.  A boca de Delphine se entreabriu e sem perceber, um de seus dedos pousou em seu lábio. Estava completamente vidrada nas gotas que escorriam pelos ombros e seios de Cosima.

Sede... Sim, a até então inabalável, fria e inatingível Cormier se viu absurdamente sedenta. ‘’Foda-se...’’

Aquela visão afrodisíaca foi a gota d’agua e Delhine perdeu o resto da noção e bom senso que tinha. Cosima era um pecado em forma de mulher. A mão que acariciava seus lábios percorreu seu pescoço e seios sem ela mal se dar conta. A temperatura era menos um do lado de fora e ainda assim, ela suava. Sua razão tentava emergir em meio a loucura que seu corpo sentia, totalmente sem sucesso.

Queria mais... seu corpo pulsava ansiando por qualquer tipo de alivio e de forma instintiva sua mão continuava a descer, deslizando por sua barriga e alcançando a origem daquela agonia. Ao sentir seu toque, seu corpo reagiu, inclinando levemente a cabeça pra trás e com um suspiro rouco, seu dedos se enfiaram dentro de sua calcinha. Relutava, completamente chocada consigo mesma, agoniada e estimulada. Não pelo ato de se masturbar, isso era totalmente normal. Sua surpresa era com a dimensão da sua excitação. Estava completamente molhada e com o corpo absurdamente alerta, prestes a explodir a um mínimo toque.

Sem se controlar, gem*u deliciosamente quando seu dedo finalmente encontrou seu ponto de prazer. ‘’Não devo… não posso!’’ Sua razão estava em guerra com o tesão absurdo que sentia. ‘’Você quer.’’  - Muito…  - Sussurrou com dificuldade. A atmosfera da sala era pura excitação, o álcool potencializava seus sentidos. Lutava para manter os olhos abertos e continuar concentrada na tela, continuar concentrada nela. Mordeu o lábio com força, ela não podia…! O prazer crescia dentro dela de maneira incontrolável. Quando percebeu que o êxtase não demoraria, a razão tomou um inesperado fôlego e assumiu o controle, fazendo-a parar bruscamente.

- NÃO! – A indignação reverberava em sua garganta. Não e não.. não era possível.

Delphine retirou sua mão de dentro de calcinha, atônita. Os dedos lambuzados eram a prova de sua fraqueza. Cerrou o punho, se odiando profundamente. Como podia se permitir ceder daquela jeito? Justo ela? Como pôde não se controlar, se deixando levar desta forma? Ela estava enlouquecendo?

Pelo amor de qualquer coisa, tinha acabado de conhecer aquela mulher, embora esse não tenha sido o real motivo para ter se interrompido. Não poderia ceder. Cosima era uma armadilha! – tinha que ser – Se suas desconfianças se confirmassem - e ela precisava acreditar que se confirmariam – com ela perdendo o controle daquela forma, tudo estaria perdido.

Jogou o computador de lado e se afundou no sofá, sentindo-se atordoada.

Precisava coordenar os pensamentos, aquela vontade descabida beirava o ridículo. Não cederia à ela, não podia, muito menos por um vídeo estúpido. O vídeo.  Virando para o computador no intuito de desligá-lo, visualizou um cena inusitada e… desagradável? Argh.

Cosima era abraçada por trás por uma jovem mulher também vestida em trajes mínimos e que aparentava ter certa influência sobre ela. Delphine observou Cosima se virar, tomando aquela outra mulher num beijo ainda mais espetacular que o das amigas. A jovem, muito bonita por sinal, retribuiu desavergonhadamente o beijo, enfiando as mãos nos bolsos do short de Cosima e apertando a bunda dela com vontade e  propriedade, fazendo o grupo todo vibrar.

- Muito bem Shay! Mostra quem manda nessa bagaça! – Gritava uma outra garota de cabelos castanhos e numa posição muito suspeita em meio a um casal.

- Quem porr* era Shay!?

Delphine interrompeu o vídeo com uma fúria pouco usual e com a respiração pesada, levantando-se aturdida. Andava de um lado para ou outro sem conseguir ter um mínimo de controle sobre si e sobre seus pensamentos ou mesmo sobre aquela situação louca! Que merd*, meu Deus!

O que importava sua orientada ter uma namorada? Qual era a porr* do problema? Cosima era linda e inteligente e isso era o mais lógico a acontecer! É claro que não estaria sozinha, então, porque aquele gosto amargo no fundo da garganta? E porque diabos Cosima mexia tanto com ela? Era evidente que Delphine não estava em seu estado normal e a umidade entre suas pernas, deixando sua calcinha completamente molhada, era apenas mais uma evidência disso.

- INFERNO! - Praguejou com verdadeira fúria já indo apressada em direção ao banheiro e entrando de roupa e tudo na forte ducha gelada! Precisava aplacar aquela agonia.

Logo estava completamente nua e ainda permanecia absurdamente encharcada. Cogitou continuar a se tocar, mas algo lhe dizia que somente aquilo não bastaria … Só iria piorar a situação e aumentar ainda mais a vontade de Cos... - NÃO! Sexo! Apenas isso! Você só precisa de uma boa trepada, Delphine Cormier! - Quase gritava pra si mesma, certa de que era disso que precisava.

Saiu do box puxando uma grossa toalha negra, saindo frenética e apressada do banheiro. - Cadê a porr* do meu celular? - Zanzava nua pelo seu apartamento pouco se importando com nada. - Ah! - Localizou o aparelho na cozinha e imediatamente vasculhou a agenda, parando ao encontrar o nome que procurava. Marion Bowls.

- Bonne nuit mon cher! – Delphine fingia um tom descontraído e meloso. – Tem planos para essa noite?


Fim do capítulo


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