Capítulo 11: UMA VISITA
No dia seguinte, recebi alta, com minha aparência menos parecida com um morango inchado. Marisa foi para universidade, enquanto Dan me deixou em casa, avisando:
- Hoje você fica em casa, qualquer coisa, peço para Marcos organizar e te mandar por e-mail. Ah, a Rosa já está aí na sua casa, vai ficar o dia cuidando de você.
- Você liberou a Rosa pra mim?
- Só hoje! Como não fico sem a comidinha dela, venho almoçar com você!
Antes de sair Daniel se despediu dizendo:
- Quase esqueci, você terá visitas...
- Visitas?
Mal terminei de falar quando ouvi batidas na porta:
- Deve ser as visitas a qual me referi...
- Daniel! Antes que eu tenha outra urticária de curiosidade me fala quem vem me visitar?
Daniel gargalhou, e logo as tais visitas se anunciaram por si sós:
- Xandinha! Filhinha da mamãe!
Não podia acreditar: Dona Angelina e o senhor Alexandre, meus pais, desembarcando de mala e cuia diante dos meus olhos.
Respirei fundo e perguntei:
- Mãe, pai, o que vocês estão fazendo aqui?
- Como assim o que estamos fazendo aqui? Cuidar da nossa sardentinha! O Daniel nos ligou ontem falando que você estava no hospital, a gente nem desfez as malas direito, saímos de madrugada, chegamos há dois dias de um cruzeiro maravilhoso pelo nordeste. – Respondeu minha mãe espalhando a bolsa e sacolas pela mesa e pelo chão.
Olhei para Daniel com um olhar fuzilante.
- Não vai dar um abraço na mamãe?
Meio sem graça abracei minha mãe, que além de não me largar por alguns segundos, sufocando minha respiração entre os braços dela, apertou minhas bochechas, apalpou minha barriga dizendo:
- Mas como minha sardentinha está magrinha!
- Ai mãe...
- Deixa a menina em paz Angelina! Vem cá minha filha, o papai está com saudades, cadê meu abraço?
Abracei meu pai imediatamente, até como fuga dos apertos de minha mãe, mas pra falar a verdade, estava mesmo cheia de saudade deles, só temia quais conseqüências teriam a visita deles naquele momento, afinal de contas, a última vez que eles me viram, eu estava noiva de um homem, agora me reencontram apaixonada por uma mulher...
- Mas o que você teve afinal? O Dandan falou que você estava toda empatacada... Andou comendo porcaria? Alexandra você comeu nozes?
- Não mãe... Foi uma situação de estresse, mas já está tudo bem.
- Como estresse? Filhinha o que você anda fazendo? Trabalhando muito? – Meu pai perguntou preocupado.
- É pai... Muita responsabilidade, mas não precisa se preocupar, já está tudo bem.
- Nós vamos cuidar muito bem de você a partir de agora minha querida...
- Nós? Han? Como assim mãe? Vocês vão passar quanto tempo aqui?
- Alex pelo amor de Deus, isso é pergunta que se faça aos seus pais que você não vê há meses? – Cochichou Dan no meu ouvido.
- Vamos passar o tempo necessário... – Respondeu minha mãe, prestando atenção em cada detalhe da decoração da minha casa.
- Então, vamos acomodar vocês... Devem estar cansados da viagem...
Disse com objetivo de limpar minha barra com meus pais, depois da minha reação estranha à visita deles. Pedi a Rosa que os levasse até o quarto de hóspedes, enquanto eu brigava com Daniel por ter alarmado meus pais acerca da minha saúde.
- Bicha o que foi que te deu na cabeça pra você ligar pra minha mãe falando que eu estava no hospital?
- Ai mona não vem causando comigo não! Só estava preocupado com você!
- Por que eu estava com coceira?
- Coceira ou encosto? Por que parecia mais que tinha baixado um caboclo beiçudo com sarampo em você...
- Dan não seja dramático! O drama maior agora será contar pra meus pais sobre minha nova condição lésbica... Eu não estou preparada para isso.
- Não conta ué!
- Ah você não conhece minha mãe... Ela vai fuçar, interrogar, até me pegar num deslize...
- Alex diz que a Marisa é uma amiga, poxa, ela não é uma caminhoneira, sua mãe nem vai desconfiar de nada.
- Será?
- Controle-se quando estiver com ela, não precisa ficar com esse olhar de Betty Pop quando estiver olhando para Marisa...
Sorri quando ouvi a voz estridente de minha mãe se aproximando.
- Essa casa é maravilhosa minha filha! E esse quintal? Lembra minha infância...
- É da família do Dan mãe...
- Vou adorar passar um tempo aqui... Olha Alexandre, que coisa linda meu filho!
Minha mãe apontou encantada para a vista que eu tinha do meu quintal, de fato, para quem vivia numa capital onde a visão mais comum eram engarrafamentos e uma selva de prédios altos, aquele verde todo era uma visão maravilhosa.
- Vamos sentar ali naqueles banquinhos de madeira fofos, quero saber de tudo que está acontecendo com minha filhinha querida, nos falamos sempre tão rápido pelo telefone, e não me entendo com essas modernidades de falar pelo computador, só seu pai mesmo pra achar boas essas coisas...
- Angelina, a menina chegou agora do hospital, precisa descansar!
- Tudo bem pai... Vamos para o quintal então, nós três.
- Vou deixa a família à vontade, vou trabalhar, volto para almoçar com vocês. – Avisou Dan.
E fiz a vontade de minha mãe, conversamos no quintal de casa sobre meu trabalho, sobre o sucesso do jornal, sobre a visita da Renatinha, sobre meus novos amigos, mas não tive coragem de falar de Marisa, e meu pai, que me conhecia muito bem perguntou:
- Algum amigo especial minha filha?
- Todos são especiais... Mas o Dan tem me ajudado muito, está ao meu lado para tudo!
- Você bem que podia dar um jeito nele filhota! – Disse minha mãe empolgada.
- Jeito? Que jeito?
- Ah, você sabe Alexandra, esse jeito desmunhecado dele...
- Ai mãe...
- Angelina pelo amor de Deus! Que sandice! Alexandra se livrou de um noivo gay e você quer empurrar outro?
Não tive alternativa a não ser rir, até Rosa chegar com um café fresquinho e biscoitos de nata, especialidade dela. A manhã inteira foi mesmo de matar as saudades de meus pais, disfarcei as mensagens de texto que recebi de Marisa como se meus pais tivessem o poder de ler minha mente, sequer consegui ser carinhosa nas respostas à minha namorada.
O almoço chegou a ser cômico com a insistência de minha mãe em fazer propaganda da minha pessoa para o Dan, que obviamente estranhou a atitude de dona Angelina.
- Então Dandan, minha filha não está linda? Estranhei-a magrinha assim, mas, prestando atenção fez muito bem uns quilinhos a menos não foi?
- Ah claro! Arrasou, a sardenta está com um corpo escândalo!
A purpurina jorrou no comentário de meu amigo, de tão gay que ele falou...
- É... Um escândalo... Mas Daniel meu filho, você, um homem tão bonito, bem sucedido, não pensa em casar, ter filhos?
- Claro que penso!
- Filhos seus com minha Xandinha iam ser lindos!
- Mãe!
Meu pai apertava a mão de minha mãe censurando as investidas dela.
- Dona Angelina, também acho viu... Ter essa sardentinha como mãe de meus filhos seria um luxo! Se Alex topar, quem sabe...
- Olha aí! Tá vendo Alexandre! Minha filha, o Daniel é um partidão!
Estranhei a resposta do Dan, franzi as sombracelhas até que ele completou:
- Se a sardenta não se incomodar por seu filho ter dois pais...
- Ai meu Deus como assim meu filho?
- Mãe! Será que a senhora não entendeu que o Daniel é gay?
O silêncio se instalou na cozinha, e o resto do almoço foi regado apenas a elogios à comida da Rosa. Depois de almoço nos sentamos na varanda, meu pai tentando tirar a tromba que minha mãe vestiu depois da chamada de atenção que lhe dei à mesa, contava detalhes das viagens deles pelo mundo. Tudo estava indo bem, até que Marisa chegou de surpresa.
- Marisa! – Eu disse.
- Boa tarde, interrompo alguma coisa?
Empalideci, senti como se estivesse estampado na minha cara que aquela era minha namorada. Dan antecipou-se e respondeu:
- Claro que não doutora! Dona Angelina, Sr. Alexandre, essa é a Doutora Marisa, médica e chefe do departamento de medicina da nossa universidade. Marisa, esses são os pais de Alexandra.
- Pais? Eu não sabia que seus pais estavam aqui Alexandra...
Senti aquele tom de decepção na voz de Marisa, e eu, não conseguia disfarçar minha tensão. Educadamente, Marisa cumprimentou meus pais, e meu pai respondeu:
- Chegamos hoje pela manhã.
- Ai que maravilha! Você é médica minha filha? Que coisa linda, queria tanto que Alexandra tomasse gosto pela medicina, mas não teve jeito... Estava mesmo precisando falar com um médico, estou com um probleminha de intestino preso desde que viajei para o Havaí, uma coisa horrorosa, olha o tamanho da minha barriga, e por falar em barriga, estou com uns carocinhos aqui...
- Mãe pelo amor de Deus! A Marisa não veio aqui consultar a senhora.
Minha mãe a essa altura já tinha levantado a blusa e pegado a mão de Marisa indicando o local que ela queria mostrar. Marisa sem graça amenizou a situação:
- Dona Angelina, é esse seu nome não é? Vamos fazer assim, a senhora pode me procurar no hospital amanhã e aí examino a senhora com calma, peço exames se for necessário...
- Ótimo, amanhã eu vou sim, aproveito e levo Alexandre, ow homem teimoso viu, ele também está com um probleminha...
- Angelina!
Meu pai interrompeu a mulher antes que ela revelasse problemas íntimos seus. Marisa sorriu e aquele sorriso me deixava de pernas bambas. Daniel percebeu o quanto eu estava desconcertada e tomou as rédeas da situação:
- Marisa sente aqui, estamos esperando o café da Rosa, tome conosco, mas você já almoçou?
- Sim Daniel, obrigada, vou aceitar sim o café.
Marisa me olhava estranhamente, e eu, fugia do seu olhar como se me esquivasse de uma culpa. Minha mãe não parou de falar um só instante, recobrando seu estado natural. Graças a sensibilidade gay, Dandan conseguiu convencer meus pais a conhecer a secretaria de cultura com ele, deixando-me a sós com Marisa em casa.
- Mah... Eu não sabia que eles viriam, apareceram de surpresa hoje de manhã depois que o Dan ligou para eles falando que eu estava internada...
- E você não podia ter me avisado? Mandei tantas mensagens para você hoje de manhã...
- Fiquei tão atordoada com a presença deles que... Além do mais, não queria te contar assim por mensagem de texto, estava esperando uma oportunidade pra te ligar... Mas minha mãe não saiu do meu pé desde que chegou.
- E qual o problema de você me ligar na presença de sua mãe? Você não pretendia me apresentar a ela?
- Claro que sim! Mas você não sabe como minha mãe é, imagina que ela estava até me empurrando pro Dan! Falando em filhos e tudo mais...
Sorri sem graça enquanto Marisa se acomodava no sofá com uma expressão séria.
- Mah, você está chateada?
- Pra falar a verdade, um pouco Alexandra, você me acusa de ter segredos, mistérios, mas você parece que quer esconder sua vida de mim, não me deixa participar de coisas fundamentais para você...
- Não Mah, não é isso! Eu quero que você saiba de tudo da minha vida, só sou avoada demais...
- Sei...
- Desculpe-me por favor... Não quero que você pense assim.
- Tudo bem Alex... Está se sentindo bem? Digo, a urticária não deu mais sinais?
- Estou bem sim... Mas uma coisa me incomoda.
- O quê?
- Você ainda não me deu um beijinho sequer!
Sentei-me ao lado dela mexendo nos seus cabelos, e Marisa beijou meus lábios lentamente, como se saboreasse minha boca. Isso foi o suficiente para me acender, avancei na sua boca sugando sua língua com voracidade.
Impus o peso do meu corpo contra Marisa, deitando-me por cima dela sem parar de beijá-la aumentando minha excitação.
- Nossa Alex... Você está... Deliciosa...
- É? E sou toda sua...
As mãos de Marisa se perdiam por baixo de minha blusa enquanto eu beijava seu pescoço macio e com um perfume irresistível:
- Adoro seu cheiro Mah...
Marisa me beijava com paixão, abriu com toda destreza o zíper da minha calça descendo sua mão por dentro dela sentindo meu sex* úmido, sorriu com malícia, e provocou ainda mais minha excitação massageando meu clit*ris, despertando meus gemidos.
Nem lembrei que não estávamos sozinhas em casa, Rosa estava na cozinha:
- Minha linda... Você é capaz de goz*r em silêncio?
- Han?
- Se Rosa nos ouvir...
- Vamos pro quarto então...
Antes de nos dirigirmos para o quarto, Marisa segurou-me pela cintura invertendo a posição, ficando encaixada entre minhas pernas por cima de mim, mordiscando minha orelha, deslizando sua língua pelo meu ouvido.
Ouvi barulho da porta se abrindo e instintivamente, joguei Marisa no chão e me sentei no sofá me recompondo, no exato momento que meus pais voltavam com Daniel. Marisa estava no chão, meio descabelada com um olhar de fúria para mim.
- Doutora o que houve? – Perguntou minha mãe.
- Acho que sentei onde não devia dona Angelina, o sofá ficou pequeno de repente... – Respondeu Marisa levantando-se do chão, ajeitando os cabelos.
A cara do Dan era um ponto de interrogação gigante, meu pai obviamente também estranhou, especialmente por causa da minha cara de menino que acabou de quebrar um vaso caro da mãe.
- Bom, estão devidamente entregues dona Angelina e Sr. Alexandre, tenho que voltar ao trabalho. Alex, se precisar de qualquer coisa pode ligar.
- Acompanho você Daniel, vou voltar para a universidade. – Avisou Marisa.
Marisa pegou sua bolsa na poltrona, cumprimentou a todos se despedindo em um tom quase formal, evitando olhar para mim, logo deduzi que ela estava furiosa comigo, e reconheço com razão.
Passei o resto do dia angustiada, Marisa desligou o celular, o que normalmente eu entenderia, uma vez que ela fazia isso quando estava dando aulas, mas naquele dia, eu atribui o gesto dela como punição a mim, se recusando a falar comigo. Assim, eu precisava fazer algo para falar com ela e tentar me redimir.
A espera pela noite foi infinita, e eu sem sucesso nas tentativas de falar com minha namorada, escapei de perguntas de minha mãe sobre minhas insistentes ligações, atribuindo a assuntos de trabalho. Praticamente os dopei de chá de camomila e leite quente, na esperança que dormissem logo e eu pudesse ir ao encontro de Marisa.
Quase meia-noite quando consegui sair sorrateiramente de minha própria casa, com destino a casa de Marisa. Certamente ela não estava em casa, pois não abriu a porta nem atendeu ao telefone de casa, eu não queria me arriscar a ser presa novamente, liguei para o hospital me certificando que ela estava de plantão naquela noite, e corri para lá.
A mesma enfermeira que me flagrou em fuga na noite anterior me viu na recepção:
- Olá Alexandra, outra crise de urticária? Ou está procurando um telefone público?
Sorri para ela, no que fui retribuída no gesto.
- Na verdade, estou procurando a Doutora Marisa, você sabe me dizer onde ela está?
- Ah claro... Doutora Marisa... Ela está no repouso médico...
- E... Eu posso ir até lá?
- Bom, existem regras no hospital quanto a isso Alexandra, não é permitido pacientes visitarem o repouso médico...
- Quebra esse galho enfermeira...
Fiz aquela carinha do gato de botas do Sherek, na tentativa de sensibilizar aquela mulher, que prestando bem atenção, era linda.
- Juliana.
- Han?
- Meu nome é Juliana, pra você parar de me chamar pela minha profissão...
- Ah! Desculpa... Então Juliana, preciso falar com a Doutora Marisa...
- Olha, você me promete que não vai se esconder no necrotério? Nem na lavanderia? Nem na cozinha?
Sorri mais uma vez e respondi:
- Prometo!
- Então, venha comigo.
Juliana fez sinal para que eu a seguisse, e assim o fiz. No trajeto, ela me perguntou sobre minha saúde, e me parabenizou pelo jornal. Ela me parecia mais simpática que no dia anterior, também pudera, coloquei a coitada numa encrenca, quando fugi do quarto e fui encontrada com o senhor Gordinho no necrotério.
- Pronto, é aqui, Doutora Marisa tem o sono leve, então não vai ser difícil acordá-la, mas não diz pra ela que eu te trouxe aqui, não tenho nada haver com isso ok?
- Pode deixar! Muito obrigada Juliana!
Beijei sua mão, e notei-a ruborizar. Saiu meio sem graça enquanto eu batia à porta do repouso médico. De fato, não demorou para Marisa me atender, e se surpreendeu ao me ver ali.
- Alexandra? Mas, o que você está fazendo aqui?
- Precisava falar com você, e como você não atendeu minhas ligações...
- Fiquei sem bateria...
- Desde a tarde?
- Alexandra, também não queria falar com você, por isso nem carreguei...
- Temos um problema então, por que não saio daqui sem conversar com você.
Marisa afastou-se da porta sinalizando com a mão que eu entrasse no quarto.
- Você tem motivos para estar chateada comigo, desde ontem eu tenho vacilado com você, mas eu juro que não é intencional.
- Ainda bem Alexandra... Não seria normal você me magoar assim gratuitamente.
- Mah, eu sou meio atrapalhada, mas... Isso nunca me atrapalhou tanto quanto tem atrapalhado desde que estamos juntas.
- Então demorou a isso acontecer Alexandra, ou, ficou tudo acumulado para minar nossa relação...
- Minha vida amorosa nunca foi afetada por esse meu jeito estabanado... Mas minha vida profissional era um desastre, agora está acontecendo o contrário... Minha vida não tem equilíbrio com o universo!
Notei um sorriso discreto se desenhar nos lábios de Marisa quando disse isso quase como um suspiro.
- Eu não sabia que meus pais viriam te disse, e, não tive tempo, ou melhor, dizendo, coragem de falar para eles sobre nós, e fiquei apavorada com medo de nos flagrarem...
- Alexandra, não me chateei por você ter me lançado ao chão, não seria agradável seus pais nos flagrarem naquele amasso mesmo que eles soubessem de nós. Fiquei chateada por que você simplesmente é outra pessoa na frente deles... Senti como se você estivesse mais uma vez me excluindo de sua vida, me tratando como praticamente uma estranha, se quer me apresentou como uma amiga, eu simplesmente não existi pra você nessa tarde, sentou a metros de distância de mim, não me olhou uma só vez, não me dirigiu a palavra na frente de seus pais, quer saber? Isso denunciou mais do que um beijo na boca, se seus pais forem um pouquinho mais ligados perceberam o clima estranho entre nós.
- Você está coberta de razão Mah... Pode me desculpar?
- Não se trata só de te desculpar... Essa postura que você adotou diante de seus pais tem que mudar, tudo bem, hoje teve a surpresa, o choque, mas não vou tolerar ser tratada como uma adolescente por uma namorada que está se comportando como tal.
- Você está querendo me dizer que... Eu vou ter que contar aos meus pais sobre nós?
- Alex, não estou te obrigando a isso, mas pense bem, você é adulta, independente, estamos juntas, nos gostamos... Você vai enganar seus pais até quando? Até eles arranjarem outro amigo seu para te empurrar como futuro marido? Não quero passar pelo constrangimento que passei hoje. Eu não preciso e não quero passar por isso!
- Tudo bem... Mas eu preciso de um tempo pra fazer isso, você pode fazer mais isso por mim?
- Ai ai... O que eu não faço por você... Minha trapalhona...
- Sabe que você fica muito sensual com essas roupas azuis...?
- O quê? Esses sacos que estou vestida, roupas do centro cirúrgico? Essa calça que cabem duas de mim e essa bata que cabem umas três?
- Você não sabia que tenho fantasias com você vestida com esses trajes aí?
- Ah é?
- Ahan... A vantagem é que com essas roupas, fica tudo mais fácil...
- Fácil pra quê?
A essa altura eu já estava com meu corpo colado no de Marisa contra a parede, soltando os cadarços da calça folgada, e subindo com minhas mãos por baixo da bata, desabotoando o soutien dela rapidamente.
- Viu como é fácil?
Marisa sorriu e balançou a cabeça positivamente, enquanto eu tirava sua bata, empurrando-a só de calcinha na cama de solteiro, deitando-me sobre ela, deslizando o dorso de minha mão na pele macia de minha namorada, sentindo-a eriçar-se inteira. Beijei desde a ponta de sua orelha até seu pé, acariciando seus seios, excitando-me com as reações do corpo de Marisa. Encaixei meus quadris entre suas pernas, roçando meu sex* no dela, em movimentos suaves, deliciando-me com a expressão de prazer se fazendo no rosto de minha namorada.
Marisa me segurava pela cintura, descendo suas mãos apertando meu bumbum, e eu seguia movimentando-me sobre ela, até suas mãos arrancarem minha blusa, soutien, e abrir o zíper de minha calça, deixando seus dedos sobre meu sex*, com nossos corpos colados, e sua mão encaixada entre eles, nossos movimentos massageavam simultaneamente o clit*ris de ambas, encharcadas de tesão, Marisa pediu:
- Tira logo essa calça... Quero sentir você inteira.
Obedeci. E o calor de nossos corpos só aumentava o desejo de nos fundirmos em uma só... A última peça de roupa já não atrapalhava nossa entrega, e sentimos a umidade de nossos sex*s anunciarem a paixão inevitável. De frente uma para outra, aproveitando o espaço tão pequeno da cama de solteiro, penetramos nos dedos simultaneamente no mesmo ritmo e velocidade, num delicioso e excitante desafio a fim de descobrir quem agüentava mais tempo naquelas investidas antes de goz*r plenamente.
Marisa sorria para mim em meio aos meus gemidos que suplicavam:
- Não pára...
Ela não parou, nem eu, aumentando a força das estocadas, o vai e vem de nossos dedos era acompanhado de movimentos que davam um prazer inenarrável evidenciado no gozo derramado em nossas mãos. No desafio, ambas fomos vitoriosas afinal.
Arrasada, sem forças, recostei minha cabeça nos seios de Marisa, que acariciava meus cabelos, enquanto recobrava o ritmo normal de sua respiração. Marisa abriu um pacote de balas que estava no criado mudo ao lado cama, ofereceu-me e eu inocentemente recusei. Minutos depois, Marisa deslizou suas mãos por minhas costas, nuca, ficou sobre mim, beijando meu pescoço, roçando sua língua pela minha orelha, acendendo-me novamente.
Marisa desceu com sua boca beijando cada pedaço do meu corpo até chegar ao meu sex*, abriu minhas pernas, e mergulhou sua boca ali, percorrendo com sua língua os meus pequenos lábios, sugando o líquido quente me levando à loucura. A tal bala que ela ch*pava, usou-a, deixando-a entre sua boca e meu sex*, respirando forte, soprando um ar gelado, refrescante, provocando em mim uma satisfação tão intensa que não me deixava alternativa que não fosse soltar um grito de prazer. Não satisfeita, Marisa ainda alternou língua, bala, e dedos para me penetrar, às vezes os três ao mesmo tempo, deixando-me sem voz, com o coração saltando à boca, dando-me o orgasmo mais incrível de toda minha vida.
A expressão certa para me definir naquele momento era: extasiada. Jogada, rendida na cama enquanto Marisa me olhava com um sorriso de satisfação nos lábios. Abraçou-me, como se quisesse fazer meu corpo parar de tremer, cada músculo do meu corpo tremia, meu sex* encharcado parecia vibrar, precisei de alguns minutos para voltar a respirar normalmente depois que meu coração enfim se acalmava. Quase cochichando perguntei:
- O que foi isso?
- Você não conhecia as maravilhas da “halls preta”?
Nunca imaginei em toda minha vida, que uma bala contribuísse para o orgasmo mais incrível da minha vida, no máximo a maravilha da halls preta que eu conhecia era seu poder de dar um hálito melhor e descongestionar o nariz com aquele frescor todo... A verdade é que o mérito era todo de Marisa em manipular a tal halls em movimentos tão precisos para despertar o prazer em meu corpo.
- Nossa...
Era o máximo que eu conseguia dizer, todo meu arcabouço jornalístico para formular sentenças se perdeu, não conseguia descrever o que meu corpo sentia naquele momento, e quando meu corpo se refazia daquela profusão de sensações inéditas, a porta do quarto se abriu.
Marisa me escondeu debaixo do lençol que ela se cobria e perguntou:
- O que aconteceu Juliana? Não sabe mais bater?
- Desculpe-me doutora, eu já bati algumas vezes, acho que a senhora não me escutou...
- Aconteceu alguma coisa?
- É que o doutor João está numa cesárea, e tem um paciente no ambulatório com uma queixa incomum... Achei melhor chamá-la.
- Tudo bem, já estou descendo.
- Outra coisa...
- Sim?
- É... Alexandra, você estacionou o carro na vaga das ambulâncias...
- Ai meu Deus! – Exclamei.
Coloquei minha cabeça para fora do lençol num impulso para me levantar, fui contida por Marisa que me segurou antes que eu levantasse nua na frente da enfermeira, enquanto Juliana saía do quarto discretamente.
- Ai Alex você não tem jeito né...
Marisa sorriu enquanto se levantava.
- E você está ficando distraída também... Como não trancou a porta?
- Eu não imaginava que você ia me atacar desse jeito...
- Eu te atacar?
- É... Você não me deixou alternativa...
Levantei-me e vesti-me com pressa, antes de sair do quarto, Marisa me pediu:
- Toma café comigo cedinho?
- Claro... Onde?
- Em minha casa, pode ser?
- Combinado... Dou um jeito nos meus pais e saio antes que eles acordem.
Saí apressada pelos corredores do hospital, no meu carro, encontrei meu celular com dezenas de ligações de minha mãe, “droga, minha fuga foi descoberta”, pensei. No caminho de volta para minha casa retornei a ligação, minha mãe me atendeu aos berros:
- Alexandra! Onde você está?
- Mãe não precisa gritar, estou ouvindo perfeitamente...
- Minha filha! Estou no hospital com seu pai!
- No hospital? O que o papai tem?
- Algo muito grave, venha para cá agora!
Com o coração apertado, preocupada com meu pai, acelerei de volta ao hospital. Chegando lá, corri para a emergência, encontrando na entrada, Juliana:
- Já de volta Alexandra?
- Meu pai está aqui Juliana! Minha mãe ligou dizendo que algo muito grave está acontecendo com ele...
- Alexandra, calma, como é o nome de seu pai?
- Alexandre Castro.
- O senhor Alexandre é seu pai?
- Sim, por quê?
- Marisa está atendendo-o.
- O que ele tem Juliana?
- Priapismo.
- Meu Deus! Parece sério! Mas o que é isso?
Juliana parecia constrangida, e respondeu:
- Isso... É uma ereç*o prolongada e dolorosa...
- Espera aí! Meu pai está aqui por causa do pinto duro?
Só depois que falei percebi que exteriorizei meu pensamento sem medir as palavras, despertando um sorriso tímido de Juliana.
- Na verdade não é muito comum, e seu pai está sentindo muita dor... Pode ser sintoma de alguma doença, mas não creio que seja o caso dele.
Antes que Juliana me explicasse o estado de meu pai, ouvi os berros de minha mãe saindo da sala de procedimentos:
- Alexandra minha filha, graças a Deus você chegou!
- Oi mãe, como o papai está?
- A doutora, aquela bonitona que estava na sua casa hoje a tarde, está aplicando uma injeção lá...
Minha mãe com uma expressão cômica, apontava para baixo para indicar onde Marisa estava aplicando a tal injeção no meu pai.
- Mãe, o que aconteceu?
- Filhinha... O clima da cidade nos inspirou... Tomamos um vinho que achamos na sua geladeira... Aí dei aquele comprimidinho azul pra seu pai tomar... Como estava demorando pra fazer efeito... Coloquei outros dois na taça de seu pai... Aí...
- Ai mãe chega de tantos detalhes, entendi, já basta...
Não conseguia realizar meus pais fazendo sex*, ok, eu sou uma boba, afinal se eles não fizessem sex* como eu nasceria? Mas sabe aquela coisa que você sempre acha que pai e mãe não trans*m? Preferia pensar assim... Certamente resquícios da Alex reprimida sexual...
Antes que minha me traumatizasse mais, Marisa surgiu, com a sua postura profissional impecável:
- Alexandra, dona Angelina, o senhor Alexandre está repousando agora, vou pedir um quarto para que ele fique aqui hoje a noite em observação, Administrei uma medicação vasoativa, e a... Ereção já cessou.
- Quer dizer que o... Já...
Eu nem sabia como perguntar isso, percebendo meu constrangimento Marisa adiantou-se:
- Sim...
- Mas doutora estragou alguma coisa lá? – Minha mãe perguntou preocupada.
Sem graça esboçando um sorriso Marisa respondeu:
- Não estragou nada não dona Angelina, não terá seqüelas, mas ele precisa de repouso, e mais uma coisa, o tal comprimidinho azul que o marido da senhora tomou não pode ser ingerido com álcool, e mais de um num espaço tão curto de tempo é perigoso...
- Entendi doutora, entendi, muito obrigada.
Minha mãe abraçou Marisa, apertando-a com toda força como se isso representasse mais gratidão. Minha mãe ficou no hospital com meu pai, e eu, saí de lá constrangida, sem ao menos ter coragem de entrar no quarto que ele descansava.
Com a certeza que meus pais não sentiriam minha falta, conforme combinei com Marisa esperei-a no portão de sua casa, para tomarmos juntas o café. Chegou linda como sempre, apesar da aparência cansada, aquele sorriso me iluminava mais do que o sol que já estava alto àquela hora... Os olhos de minha namorada para mim eram a mais perfeita expressão do brilho que eu precisava na minha vida.
- Bom dia minha linda! – Marisa disse ao descer do carro.
- Bom dia minha doutora.
- Está com fome?
- Muita...
- Trouxe pães fresquinhos...
- Trouxe bolo de fubá... Rosa deixou feito, sei que você gosta...
- Oba! Vamos entrar então.
Pela primeira vez, Marisa segurou minha mão, e entramos em casa de mãos dadas, um gesto tão simples, mas que me sensibilizou tanto, me deu uma sensação de intimidade pacificadora, meus olhos marejaram, e Marisa piscou o olho apertando mais forte minha mão na sua e perguntou:
- Está tudo bem?
- Está... Tudo ótimo.
Preparamos a mesa, trocando beijos, carícias, sorrisos, eu me pegava contemplando cada movimento dela, se fosse um filme, a cena seria em câmera lenta com um fundo musical do tipo “Lifehouse”, ela inspirava todos os meus instintos românticos, não só para a escrita do meu conto, mas em cada atitude rotineira minha.
- Seu pai deve receber alta daqui a pouco, você vai buscá-lo?
- Sim, vou... Ai que vergonha de minha mãe Mah...
- Ué, por quê?
- Marisa! Ela envenenou meu pai!
- Não seja tão dramática Alex, isso é comum em casais com tanta vitalidade como os seus pais, a super dosagem conjugado com o álcool, deu no que deu, mas você não tem do que se envergonhar...
- Minha mãe apronta cada uma...
- Parece com alguém que conheço...
Marisa segurou o riso, e eu joguei um guardanapo no seu rosto em um clima de brincadeira, fazendo careta para ela:
- Achei sua mãe simpática, e ela tem um jeitinho encantador, até na forma como trata seu pai...
- Eles se amam de verdade, desde pequena eu sonhava com um casamento como o deles... Meu pai tem uma paciência incrível com minha mãe, e minha mãe do jeito dela, anima meu pai, cuida dele muito bem...
- É isso que você ainda sonha em um casamento?
- Eu quero um casamento feliz pra vida toda como o deles...
- Eu também desejo isso.
Marisa me olhava fixamente, a ponto de me deixar desconcertada, beijou-me suavemente acariciando meu rosto, seus lábios colados nos meus eram suficientes para despertar em mim o desejo de me entregar por inteiro, e Marisa parecia captar esse desejo, segurei-a pelos cabelos puxando-a para mais perto de mim intensificando nosso beijo, em segundos eu já estava sentada no colo de Marisa com minhas pernas encaixadas nos seus quadris, sentindo as mãos dela subirem por baixo de meu vestido e sua boca sugar meus seios expostos pelo decote.
Marisa não tardou em penetrar seus dedos no meu sex* que ansiava por tê-la dentro de mim, seus movimentos pareciam sincronizados com os meus, eu remexia me deliciando com as estocadas simultaneamente com meu clit*ris sendo massageado pelo polegar dela. No auge do prazer, na iminência de mais um orgasmo, meu celular tocou para minha irritação.
Ofegante atendi:
- Oi mãe.
- Seu pai já está de alta e ansioso para sair daqui.
- Estou indo então.
Decepcionada me recompus e avisei:
- Mah, preciso ir...
- A gente se vê mais tarde?
- Espero que sim.
Meu pai nem parecia ter passado a noite em repouso... Estava irritado,ainda mais pelo excessivo cuidado de minha mãe, na tentativa de se redimir pelo que ela aprontou na noite anterior.
- Meu querido, está confortável? Quer que eu desligue o ar condicionado? Baixo o banco?
- Mãe para com esse paparicado... Pai o senhor está se sentindo bem?
- Estou sim filha, obrigada. Estaria melhor se sua mãe estivesse mais calma...
- Ouviu mãe? Vou deixar vocês dois em casa, e vou trabalhar, não quero chegar em casa e encontrar o papai estressado e nem a senhora nervosa, combinado?
- Impressão minha ou seu humor está muito bom hoje minha filha? – Perguntou meu pai.
Ruborizei, desconversei, chamando atenção para o lindo dia que estava fazendo, aumentando ainda mais minha cara de felicidade, despertando o comentário de minha mãe:
- É meu querido, você tem razão...
Sorri aliviada estacionando o carro em frente a minha casa, quando mamãe anunciou:
- Ah! Vou fazer um jantar hoje e quero que você convide a doutora bonitona, e aquela enfermeira simpática para agradecer o excelente atendimento que elas deram ao seu pai, aproveite e chame o pessoal que trabalha com você no jornal, quero conhecê-los.
- Jantar hoje? A senhora vai fazer?
- Sim Alex, já chamei a enfermeira Juliana, mas não vi a doutora hoje cedo, você tem o telefone dela não é? Convide-a em meu nome e avise ao Daniel e aos outros do jornal.
- Mãe a senhora vai cozinhar?
A surpresa unida a apreensão da minha pergunta eram tão gritantes que despertou o riso de meu pai, desfazendo a irritação de outrora. O talento de minha mãe para culinária só era comparado ao meu... Ou seja, um desastre total. Temi pela minha cozinha, e pelo estômago dos convidados.
- Alexandra, não se preocupe, eu fiz um curso de culinária em Milão ano passado, você nem imagina como estou cozinhando bem!
- Pai?
Meu pai empalideceu, engoliu seco, e entrou em casa avisando:
- Estou cansado vou deitar, vocês se entendam!
A fuga de meu pai respondeu tudo... Certamente o curso de culinária internacional só deu aos pratos horrorosos de minha mãe, um sotaque italiano. Mas como eu não tinha alternativa, fiz o convite a Marisa, Daniel e minha equipe do jornal, advertindo-os sobre o perigo em potencial o qual iam se expor.
Preferi nem aparecer em casa na hora do almoço para não me apavorar, tinha esperança que Rosa salvasse o jantar, apesar de ter certeza que minha mãe a dispensaria. No fim da tarde cheguei em casa, exausta, mas a nova edição do jornal estava pronta, faltando apenas a entrevista que Luiza faria no dia seguinte.
Como supus, a minha cozinha parecia ter sido atacada por soldados, meu pai lia seu livro tranquilamente na rede armada entre as árvores no quintal, enquanto Rosa com uma cara de bicho olhava para minha mãe que ditava ordens todo tempo.
- Mãe eu sabia que isso ia acontecer viu...
- Está tudo sob controle... A Rosa é que não está acostumada com receitas sofisticadas.
- Mãe, essa carne é pra ficar com essa cor mesmo?
- Outra que não entende nada de cozinha vindo dar pitaque!
- Mãe, a carne está preta! Tostada!
- Eu avisei dona Alexandra, mas ela disse que é assim mesmo...
- É assim mesmo, estou seguindo direitinho a receita do professor! Está aqui, ir ao forno por 150 minutos.
Peguei o caderno e li:
- Ir ao forno por 50 minutos! Mãe isso não é um “1”, é um colchete!
- Não pode ser!
Minha mãe não acreditou, mas acabou confirmando seu equívoco quando recolocou seus óculos.
- A senhora estava lendo o livro de receitas sem óculos?
- Eu pensei que estava de lentes...
- Ótimo... Temos duas horas para preparar um novo jantar e arrumar essa cozinha, ou servir carvão de carne...
Minha mãe ameaçou dizer algo, mas não permiti:
- E não mãe, a senhora não vai fazer nada... A não ser ajudar Rosa com essa bagunça, na cozinha, vou providenciar o jantar.
- Ah mas que piada! Você vai cozinhar? – Mamãe perguntou assustada.
- Não mãe, vou encomendar... Mais seguro, ouvi falar que o corpo de bombeiros aqui tem o efetivo muito pequeno, não vamos nos arriscar...
Meu pai entrou nesse momento me abraçando e dizendo ao meu ouvido:
- Obrigada minha filha.
- O senhor devia ter me avisado dessa catástrofe... Imagino como estão os outros pratos...
- Ah não! A salada está linda, veja só.
Minha mãe exibiu com orgulho a tigela de plástico com uma colorida e aparente apetitosa salada, mas ao invés de colocá-la sobre a mesa, colocou sobre a chapa do fogão, esquecendo que estava quente, enquanto conferíamos a boa aparência do prato, sentimos o cheiro de queimado, e logo percebemos o plástico da tigela derreter.
Retirar a tigela imediatamente não salvou a única coisa que minha mãe acertou na cozinha. O plástico derretido espalhou-se sobre a chapa se misturando às folhas que compunham o prato.
- Pronto... Vou pedir também a entrada no restaurante.
Saí de casa deixando minha mãe desolada, sendo consolada pelo meu pai, mas ao menos ia garantir que meus convidados não comessem plástico derretido com torrão de carne.
Encomendei desde a entrada até a sobremesa no melhor restaurante da cidade, e minha mãe ingenuamente me fez prometer que não revelaríamos o nome do verdadeiro cozinheiro do jantar. Meu pai se encarregou das bebidas, e devidamente arrumados, a família feliz e tradicional aguardou os convidados na sala.
Dan foi o primeiro a chegar e trouxe Diego com ele, para o choque de minha mãe, apresentou-o como namorado, despedaçando as esperanças dela de que eu desse um jeito nele. Luiza e Arthur vieram depois, Berta também veio, e parecia a melhor amiga de infância de minha mãe, uma preocupação nasceu com isso, afinal, Berta curiosa como era, sabia muito da minha rotina, especialmente sobre as visitas de Marisa ao jornal.
Marisa chegou em seguida, linda, meu Deus que mulher linda! Adorava quando ela usava vestido, logo acendia meu desejo de colocar minhas mãos por baixo dele e possuí-la... Cabelos envoltos num coque discreto, maquiagem discreta, cheguei a respirar fundo ao vê-la. Meu pai recebeu-a com educação e encantamento, quem não ficaria encantado com ela? Cumprimentou a todos, e em mim, deu um beijo no rosto, percebi que naquela noite, Marisa não ia se comportar como no dia anterior, como uma estranha em minha casa.
Fernanda e Marcos chegaram praticamente ao mesmo tempo que Juliana, e assim, a lista de convidados estava completa. Artur caiu em cima de Juliana, assediando-a descaradamente, o que não era de se estranhar, ele era conhecido pela galinhagem despudorada e a enfermeira era uma mulher linda, sem o uniforme do hospital as suas formas curvilíneas e o belo par de pernas chamavam atenção, mas Juliana se esquivava, puxando assunto com minha mãe e Berta que pareciam uma fonte inesgotável de conversa.
Bebemos e beliscamos os petiscos que Rosa teve a inteligência de preparar, achei mais conveniente servir o jantar na grande mesa do quintal, já que na minha sala não caberiam todos. Por volta das 21h servimos o jantar, todos elogiando a comida de minha mãe que sem o menor peso na consciência aceitava-os como se de fato fosse a cozinheira dos pratos, que obviamente foram comparados aos do melhor restaurante da cidade. Meu pai e eu contínhamos o riso a custa de muitas caras e bocas de minha mãe, imagino que meu pai deve ter recebido uns bons chutes na canela por baixo da mesa...
Por mais que eu tentasse eu não conseguia parar de olhar para Marisa, que discretamente sorria para mim, flagrei meu pai nos olhando por duas vezes, antevi o momento que eu teria que revelar minha relação com ela para ele. Minha mãe estava mais preocupada em receber os créditos pelo jantar do que prestar atenção em mim, se o fizesse, perceberia de cara meus olhos brilhando ao olhar para Marisa.
Tudo correu bem no jantar, não posso negar que o astral de minha mãe animava qualquer reunião, o clima informal e agradável no quintal estava tão bom, que após o jantar ficamos por ali mesmo, nos divertindo com as piadas que Daniel contava, meu pai era um excelente contador de piadas e o desafio entre eles estava lançado.
Percebi Marisa se retirar para ir ao banheiro, aproveitando a distração de todos com o desafio de piadas entre Dan e meu pai, a segui, surpreendendo-a batendo à porta do banheiro.
- O que a dona da casa deseja aqui? – Perguntou Marisa com um olhar cheio de volúpia.
- Você!
Mal esperei para concluir a resposta e já estava mergulhada na boca deliciosa de Marisa, sugando sua língua quente enquanto empurrava seu corpo contra a parede, rocei meu sex* no dela despertando seus gemidos, deslizei minhas mãos por baixo de seu vestido, tocando seu sex* por cima da calcinha até sentir a umidade dele molhar o tecido, afastei a peça com meus dedos penetrando-os suavemente ouvindo Marisa me pedir:
- Vai... Me come...
Ouvir isso me pareceu mais que imperativo excitada ainda mais pela voz rouca de minha namorada, investi naquele movimento intenso, deixando seu corpo rebol*sse com meus dedos dentro dela intensificando nosso prazer. A expressão de prazer se desenhando no rosto de Marisa me excitava de tal maneira que eu sentia meu sex* encharcando, como se adivinhasse, Marisa não tardou em sentir nos seus dedos essa umidade, subindo sua mão por baixo de minha saia e nos tocamos simultaneamente não contendo os gemidos roucos. Marisa tocava meu clit*ris suavemente levando-me ao delírio quando alternava com movimentos de vai e vem dentro de mim. O remexido de nossos dedos com o roçar de nossos corpos, em meio a beijos molhados e mordiscadas no pescoço nos levou ao gozo enfim.
Abraçadas com os corações acelerados, suadas, ouvimos batidas na porta.
- Alexandra? Vocês estão aí?
Era a voz de Juliana que continuou:
- Não quero interromper... Mas sua mãe está te procurando, ela está vindo para cá, vim para avisar vocês...
Mal esperei Juliana terminar a sua justificativa e eu já estava na porta, meio descabelada, com a saia torta, e a blusa abotoada com os botões em desalinho...
- Ela está vindo?
Perguntei assustada. Juliana desconcertada com meu estado, respondeu:
- Ahan...
Saí do banheiro enfim, e nesse momento minha mãe apareceu, quando Marisa saía se recompondo ficando ao lado de Juliana.
- Alex onde você estava?
Minha mãe parecia espantada ao ver Juliana e Marisa juntas na porta do banheiro, e eu com culpa no cartório, gaguejei para responder:
- Aqui mãe... Esperando o banheiro desocupar.
- Vocês estavam esse tempo todo aí meninas?
O tom desconfiado de minha mãe me apavorou, Marisa não entendia o que se passava, Juliana então tomou a frente da situação:
- Pois é dona Angelina, mas todas já usaram o banheiro, vamos voltar para o quintal?
- Isso! Vamos mãezinha?
Puxei minha mãe pela mão sendo seguida por Marisa e Juliana, antes de chegar ao quintal minha mãe freou-me, e cochichou:
- Essas duas estavam se agarrando no banheiro?
- Han?
- É filha... Olha a cara delas de quem tem culpa no cartório! A doutora bonitona está com o zíper do vestido aberto e com uma marca vermelha no pescoço, olha só aquele arranhão nas costas dela!
Empalideci, minha mãe olhava estranhamente para Juliana e Marisa, que ignoravam a tese que minha mãe acabara de criar. Inventei uma sede inadiável e fiquei na cozinha tentando me recompor e me acalmar, muito educada, Juliana aproximou-se de mim e avisou:
- Ajeita sua blusa e sua saia Alexandra...
- Juliana, obrigada!
Mais uma vez agradeci a gentileza da enfermeira, beijando seu rosto, quando Marisa surgiu na cozinha testemunhando a cena. Franziu a testa e perguntou:
- Interrompo alguma coisa?
Quando olhei para Marisa, vi um olhar diferente, seria mesmo possível ela estar com ciúmes de Juliana?
- Claro que não minha linda!
Andei a passos rápidos para perto de minha namorada, notando o constrangimento de Juliana, apressei-me em explicar:
- Estava só agradecendo a perspicácia da Juliana, é a segunda vez que ela me salva de uma encrenca...
- Juliana é mesmo muito prestativa...
Notei o sarcasmo no comentário de Marisa, Juliana pediu licença e saiu nos deixando a sós na cozinha. Com meu jeito desajeitado, arrumei as roupas que estavam tortas no meu corpo sob os olhos atentos de minha namorada.
- O que foi Mah? Está me olhando assim por quê?
- O que sua mãe estava cochichando com você?
- Ah! Você não vai acreditar! Imagina que ela acha que você e Juliana estavam se agarrando no banheiro! Pelo menos dessa vez me livrei do flagrante! -Falei divertida.
- O que você disse a ela?
- Nada né Mah! O que você esperava que eu dissesse? “Não mãe, Marisa estava se agarrando comigo, aliás, trans*mos gostoso...”
- Algo parecido...
Notei que Marisa não estava em clima de brincadeira, e isso me deixou apreensiva.
- Mah eu não posso ter esse tipo de conversa com minha mãe assim... Ela chegou ontem, te disse que preciso de tempo para prepará-la...
- Então para você é melhor que ela pense que eu estou me agarrando com Juliana no banheiro de sua casa ao invés de saber que estou namorando você?
- Mah, não dramatiza vai... Pelo menos agora ela desconfia que você é lésbica, vai ficar mais fácil falar de mim.
- Se você quer que ela pense que estou com Juliana, pois muito bem... Agora ela vai ter mais motivos!
Marisa saiu enfurecida da cozinha, sentou-se ao lado de Juliana, tomando o lugar de Artur que insistia em assediá-la. Sentei perto de Luiza que com cara de interrogação perguntou cochichando:
- Está tudo bem?
- Sinceramente Luiza? Nem eu sei...
Passou-se mais uma hora e aos poucos os convidados anunciavam que iriam embora. Diego e Dan mais animados comunicavam que iam esticar no Chica’s, Luiza se escalou para ir junto, Artur conhecendo o público que freqüentava o local logo rejeitou a oferta, chamando Marcos e Fernanda para um bar na cidade vizinha, mas minha surpresa foi o convite de minha namorada, não direcionado a mim:
- Vamos Ju?
- Eu? Pra onde? – Juliana perguntou confusa.
- Pro Chica’s, vamos comigo?
Juliana desconcertada, me olhou, mas não teve tempo de recusar, Marisa trouxe-a para mais perto dela lançando seu braço em volta dos ombros da enfermeira e disse:
- Não aceito recusas! Vamos para o Chica’s.
Embasbacada eu fechei minha cara, todos em volta notaram o desconforto da situação, exceto minha mãe que se despedia de Berta combinando um novo encontro no dia seguinte para conhecer Nova Esperança.
- Dona Angelina a senhora cozinha muito bem, parabéns! Adorei o jantar e estou esperando a senhora para nossa consulta no hospital, Sr Alexandre, bom revê-lo, obrigada pelo convite Alexandra, boa noite a todos, vamos pessoal?
Marisa mal me olhava, se olhasse seria um risco para ela ser atingida pelos raios que saíam do meu olhar. Daniel me abraçou e sem graça convidou-me:
- Vamos conosco sardenta...
- Obrigada Dan, estou cansada e amanhã temos trabalho, fica pra outra vez...
Subi as escadas antes de todos saírem, queria ligar para Marisa e dizer tudo que estava entalado na minha garganta. Liguei, e minha chamada foi ignorada, poucas coisas me irritavam mais do que isso... Não insisti, meu orgulho não deixou, mas não consegui segurar minhas lágrimas, me jogando na cama.
Pouco tempo depois desci até a cozinha com os olhos inchados, ainda com a mesma roupa, encontrei meu pai, que parecia adivinhar que me encontraria ali.
- Sem sono minha filha?
- Sim pai.
- Quer um copo de leite morno? Estou esquentando para mim.
- Quero sim pai, obrigada.
- Sua equipe é muito boa, não é a toa que o jornal está um sucesso, li os exemplares hoje, estou orgulhoso filha.
- Obrigada pai, é muito importante ouvir isso do senhor.
- E meu orgulho maior é ver sua volta por cima depois do aquele infeliz fez com você, você está mostrando a fibra que tem, eu nunca esperei algo diferente de você.
- Não foi fácil pai, vir para Nova Esperança foi a melhor coisa que eu poderia fazer.
- Agora vejo que sim, antes eu julgava como uma fuga, mas agora vejo que foi um ótimo recomeçar.
- É pai, foi sim.
- Recomeçar a amar também não é filha?
- Sim pai...
Nem percebi que me entregara confirmando o recomeçar a amar na conversa informal com meu pai, era assim que ele sempre descobria o que queria a meu respeito e com minha mãe também quando ela tentava esconder algo dele.
- Você quer me contar algo filha?
- Ai pai isso não é justo, o senhor sempre me pega nesse truque, começa com uma conversinha, rodeando, até me envolver e fazer com que eu fale o que realmente o senhor que saber não é?
- E você é igualzinha a sua mãe, sempre cai... Faço isso por que sei que vocês querem me contar algo, mas, não sabem como...
- Você percebeu alguma coisa?
- Só cego ou sua mãe distraída não veria a troca de olhares apaixonados entre você e a doutora Marisa.
- Eu não sabia que estava tão óbvio assim.
- Mas está... Então vocês estão juntas?
- Sim pai. Estou apaixonada por ela, Marisa mudou minha vida, ela é responsável em grande parte pela minha volta por cima como você falou.
- E o que aconteceu aqui essa noite?
- Marisa se chateou, aliás, está chateada comigo há dias, uma série de bobagens, mas que estão se acumulando... Hoje, deixei que a mãe acreditasse que ela estava se agarrando no banheiro com a Juliana... Quando na verdade estávamos eu e ela lá... Enfim, ela não está gostando desse esconde-esconde...
- Então ela resolveu fazer o jogo, e contribuir para a tese de sua mãe...
- É... Ainda ficou com ciúmes da Juliana, ai pai, estou tão perdida, tão difícil o relacionamento entre mulheres!
- Mulheres são mesmo complicadas querida... Mas, relacionamentos são difíceis mesmo, entre homens e mulheres, na verdade, gente é complicado filha...
- Eu sei pai, mas com Marisa é tudo tão intenso, a gente já passou por cada coisa, tem tanto mistério... Tantos segredos...
- Mistérios? Segredos?
- É pai... Mas essa é outra história, depois conto com calma.
- Filha, a doutora Marisa é mulher feita, bem resolvida, certamente não gosta de mentiras, e deve gostar de você de verdade, por isso não quer que nós tenhamos uma idéia errada sobre ela...
- Pai só pedi um tempo para ela, para contar a vocês... Poxa ela é a primeira mulher da minha vida, há meses não vejo vocês, a última vez que nos vimos eu estava noiva de um homem!
- Ela sabe que é sua primeira mulher?
- Não... Eu menti dizendo que já tive outras mulheres na minha vida...
- Minha querida, não entendo de relacionamento entre mulheres, mas uma verdade é universal em qualquer relação: mentira nunca é a saída.
- Você tem razão pai... Mas, eu preciso saber, está tudo bem para o senhor?
- Como assim?
- Eu ser...
- Lésbica?
- Ahan...
- Claro que não está tudo bem filha... Os pais nunca sonham que seus filhos sejam homossexuais... Meu sonho sempre foi entrar na igreja com você, te entregar a um homem bom que te amasse e logo viessem netos lindos para que eu estragasse com tanto mimo!
- Pai...
- Mas, os sonhos dos pais não são obrigações dos filhos... O meu desejo maior é sua felicidade, e farei de tudo para ajudar você a ser feliz, se sua felicidade se completa ao lado de uma mulher, que seja assim!
- Ai paizinho... – Falei com os olhos marejados.
- E preciso te dizer uma coisa: você tem um gosto heim filha... A doutora Marisa é uma mulher maravilhosa!
- Pai!
Meu pai sorriu apertando minhas mãos, e eu prossegui:
- Entrar na igreja e me entregar a um homem isso não será possível pai, mas filhos para o senhor estragar, é uma possibilidade...
- Como? Ai Alex chega, aí é muita modernidade pra eu aceitar agora, preciso de tempo também ok?
Sorri e balancei a cabeça positivamente.
- Como o senhor acha que a mãe vai reagir?
- Não sei filha, mas você tem que contar, ficarei ao seu lado, não se preocupe.
- Obrigada pai.
- Mas voltando ao assunto do jantar... Você vai ficar aqui em casa a noite toda chorando pelos cantos, enquanto sua namorada está não sei aonde com a enfermeira gostosa?
- Pai!
Meu pai sorriu, e continuou:
- Tire essa cara de choro, e vá conversar com a doutora, não deixe que ela fique uma noite inteira chateada com mais uma bobagem.
- Você está certo mais uma vez pai.
Dei um beijo na bochecha barbada de meu pai, e subi as escadas correndo, retoquei a maquiagem, e dirigi em direção ao Chica’s.
Chegando lá,o bar estava lotado, as noites de quinta eram tradicionais, logo vi Dan e Diego com a turma de sempre, no canto do palco, Luiza cochichava em um clima bastante íntimo com Juliana, mas não vi Marisa.
- Sardenta! Que bom que você veio!
- Oi Dan, você viu Marisa?
- Ela está estranha... Chegou, e se sentou sozinha no bar, bebeu horrores, não quis conversa, a última vez que a vi, estava subindo para o andar superior do bar.
- Obrigada amigo!
Subi as escadas me desviando das pessoas com pressa, no segundo piso do bar, poucas pessoas, mas nada de Marisa. Juliana me seguiu e logo se justificou:
- Alexandra, vim te dizer que não aconteceu nada! Marisa me deixou na companhia dos seus amigos e foi só...
- Calma Juliana, eu sei que não aconteceu nada... Você a viu?
- Ela não desceu, a vi passando para cá, quem sabe ela está na cobertura.
- Cobertura?
- É, não tem nada lá em cima, mas a vista é linda.
Mal me despedi de Juliana, e subi. Marisa estava lá, sentada em um banco de madeira, fumando, olhando para o horizonte, nem sabia que ela fumava... Aproximei-me quando ela notou minha presença.
- Precisamos conversar. – Eu disse.
Marisa permaneceu calada.
- Desde quando você fuma?
- Não tenho hábito, fumo esporadicamente quando bebo.
- Não havia necessidade desse comportamento imaturo Marisa, me provocar com a Juliana, me tratar daquele jeito na frente de meus amigos.
- Só contribui para o disfarce com sua mãe, você não quer continuar me escondendo dela?
- Marisa as coisas não são assim, não esperava esse comportamento imaturo da sua parte?
- Olha só quem está falando em imaturidade...
- Odeio quando você é irônica assim!
- E eu odeio quando você me trata como seu passatempo adolescente!
- Eu nunca te tratei assim!
- Não? Está tratando agora, me expondo a situações ridículas com seus pais.
- Como você pode ser tão incompreensiva?
Marisa levantou-se rapidamente, e num tom mais alto disse:
- Alexandra eu quero um relacionamento sério com você, não quero ser tratada como uma aventura, que droga você não percebe que estou apaixonada por você?
Arregalei os olhos, a voz faltou, ouvir aquela declaração de Marisa me desestruturou completamente.
- Marisa... Eu...
- Não acredito que você seja tão distraída assim que não tenha percebido isso...
Marisa jogou a ponta de cigarro no chão, pisou em cima, e caminhou em direção a escada, quando segurei seu braço.
- Eu não esperava ouvir isso, por que meus sonhos geralmente não se tornam realidade... E sempre sonhei que você estivesse apaixonada por mim, assim como eu estou por você.
Meus olhos marejados viram o brilho cobrir o olhar de Marisa, iluminado pela pouca luz da cobertura naquele palco de estrelas. Aproximei meu corpo do dela, afastei do seu rosto os fios de cabelo agora soltos, assanhados pelo vento, acariciei seus lábios e a beijei apaixonadamente, como se fosse nosso primeiro beijo, dessa vez em um cenário mais romântico, marcando um acontecimento na nossa breve história.
Fim do capítulo
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