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  • MANUAL NADA PRÁTICO PARA SOBREVIVER A UM GRANDE AMOR
  • Capítulo 3: LIÇÃO Nº 1: DESAPEGA

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MANUAL NADA PRÁTICO PARA SOBREVIVER A UM GRANDE AMOR por contosdamel

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Palavras: 3276
Acessos: 5716   |  Postado em: 21/11/2017

Capítulo 3: LIÇÃO Nº 1: DESAPEGA

Meu apartamento, meu quarto, virara um cenário nada agradável quando eu me via ali sozinha. Cada móvel, cada canto da casa me fazia lembrar Beatriz. Também pudera, eu ainda lutava para me desafazer das peças de decoração que compramos juntas... Abria meu próprio guarda-roupas e ainda tinha ali, uma peça de roupa, uma camisola, pares de brincos, um casaco... Vez por outra eu me pegava cheirando as roupas buscando qualquer resquício do perfume dela.

 

                Patético! Minha geladeira virou outro ponto de tensão dentro da minha própria casa. Acostumara-me a manter os itens que agradavam Beatriz, cheia de exigências quanto a qualidade das frutas, eram muito poucas as que lhe apeteciam, sabor de sorvete, a marca de leite, do iogurte... Eu nem ao menos me lembrava dos meus próprios gostos, já era automático meu caminho pelos corredores do supermercado, sempre as escolhas que satisfaziam Beatriz.

 

                Eu estava ali na minha própria casa, mas de minha ela tinha muito pouco. Foi quando me dei conta do papel ridículo que eu protagonizava. Já faziam três meses que meu namoro acabara e eu continuava a manter Beatriz na minha rotina, na minha casa, apegada a não sei exatamente o que. Como se não bastasse a piada que eu me transformara, o universo conspirava contra mim nessa comédia, pulando de canal em canal, eu vi uma propaganda cretina na TV, de algum site de compra e venda: “tá sobrando? Desapega, desapega...”

 

                Dava pra acreditar? Até a TV me mandava mensagem! É doutora Luiza, sua situação está mesmo periclitante... Era a hora de exercitar o desapego. Peguei uma sacola qualquer, e fui jogando as peças de roupa de Beatriz, bijuterias, livros. Joguei fora sua escova de dentes, o shampoo que ela usava, se eu demorasse um pouco mais na minha psicose, acharia até fios do cabelo dela na minha escova de cabelo e ia querer jogar fora também... Mas, vai que num surto de raiva eu resolvesse fazer macumba contra ela, ainda me restaria os fios de cabelo dela, achei por bem, mantê-los ali...

 

                Era preciso mais que isso. Minha casa precisava ser meu lugar de novo! Entreguei-me ao momento psicótico, mergulhei nele na verdade. Dessa vez, minha sessão de exorcismo ia contar com armamento pesado. Procurei na minha despensa meus aliados: martelo, tesoura, desinfetante, álcool... Sai quebrando pequenas esculturas, quadros, desinfetei o balcão da cozinha como se pudesse “desbeatrizar” as memórias que figuravam ela ali sentada, passei álcool na geladeira, jogando fora tudo que fizesse lembrar Beatriz. Uma senhora dose de loucura tomou conta de mim naquele dia.

 

                Olhei ao meu redor e reconheci os efeitos do armamento pesado, cacos de cerâmica e vidro espalhados pelo chão, almofadas decorativas aos pedaços, as marcas na parede do quadro que não estava mais lá, e eu... Bem, eu estava descabelada, com grandes luvas de borracha nas mãos, segurando com uma mão um borrifador de desinfetante e na outra um martelo. Minha imagem no espelho da sala seria trágica se não fosse cômica. Parei por alguns segundos me encarando e pela primeira vez em meses caí no riso ao invés do pranto.

 

Para abrilhantar meu momento adorável psicose, a campainha tocou:

 

-- Lu, sou eu, abra essa porta, o que está acontecendo aí?

 

                Reconheci a voz de Cris, outra das minhas melhores amigas, que eu afastei na minha fase de luto. Não deu tempo eu arrumar o cenário de guerra. Apesar do medo de assustar minha amiga, tive que abrir a porta. Exagerada como ela era, se eu demorasse a abrir ela poderia chamar a polícia para arrombar a porta.

 

-- Oi, tudo bem Cris?

 

-- Mas que porr* é essa? Luiza! O que você aprontou?

 

                Meu temor era justificável, Cris arregalou os olhos enquanto caminhava entre os cacos espalhados pelo chão, estava assombrada.

 

-- Sessão de descarrego! - Respondi retirando as luvas de borracha. - Vou abrir um vinho, me acompanha?

 

-- Luiza o que está acontecendo? Mal entrei no prédio, e o coitado do Raimundo me abordou agoniado porque os vizinhos estavam reclamando de um quebra-quebra vindo daqui! E eu encontro tudo destruído assim?!

 

                Raimundo, era o porteiro do prédio. Cris já dividira apartamento comigo, era conhecida dele e de alguns vizinhos.

 

-- Xi! Eu joguei fora os vinhos, eram todos secos, como a Beatriz gostava! Você ainda tem o número daquela adega que entrega em domicílio? – Respondi fingindo naturalidade.

 

-- Luiza!

 

                Cris entrava na cozinha, igualmente bagunçada. Continuava pasma naquele cenário. Se eu tinha algum referencial de sensatez, esse era a Cris. Éramos amigas desde a infância, nossas famílias eram amigas. Depois da faculdade, dividimos apartamentos por duas vezes, era uma grande companheira. Além de sensata e inteligente, era também, uma profissional exemplar, no entanto, no seu ramo, enfrentou muitos preconceitos pelo fato de ser mulher.

 

                Engenharia civil era um segmento machista, e para uma mulher com trejeitos masculinos, a situação se complicava um pouco mais. Demorou a conseguir um bom emprego após a formatura, passamos muitos apertos financeiros juntas nesse período, tínhamos um pacto de não voltar a morar com nossos pais. Não se tratava de um capricho, nem tampouco nutríamos desavenças com eles, apenas concordamos que seria um retrocesso em nossa independência, e preferíamos evitar as constantes explicações sobre nossas escolhas, inclusive sobre nossa orientação sexual.

 

-- Ah Cris! Não precisa fazer drama! Eu só estava tendo um momento “OLX”, estou me desapegando, me livrando de tudo que tem de Beatriz na minha casa, isso, incluiu parte da minha decoração...

 

                Vi o riso se fazendo na face da minha amiga e em segundos estávamos as duas gargalhando.

 

-- Cara, ainda bem que a Luiza que eu conheço está mostrando que ainda existe... Eu não aguentava mais seu momento Maria do Bairro...

 

                Cris falou aliviada despertando meu riso.

 

-- Mas, me diz... Esse descarrego todo, foi mesmo por que?

 

-- Sei lá Cris! Eu estava me sentindo sufocada aqui, onde eu olhava, eu via a Beatriz! Só podia né? Ela continuava aqui... Aí eu vi uma propaganda da OLX, e achei que era hora de desapegar!

 

-- Bom, muito bom isso. Eu te pedi pra fazer isso uns dois meses atrás, mas, tudo bem, antes tarde do que nunca.

 

-- Cada coisa no seu tempo né Cris?

 

-- Tá bom... Eu não acho que aquela dali valha esse prejuízo todo que você promoveu nesse descarrego, mas se te ajuda a desapegar, que seja! Eu sugeri algo menos drástico, como doar as coisas, mas, você tem que fazer uma cena sempre né Maria do Bairro?

 

Gargalhamos juntas.

 

-- Para de enrolar e pede aí uns vinhos pra gente... Estou aqui pensando no que a coitada da Fátima vai pensar quando vier fazer a faxina amanhã... Ela vai dizer ao Raimundo, e logo eu estarei assustando as criancinhas no elevador.

 

Outra gargalhada ecoou na cozinha.

 

-- Ah para com essa coisa de mulherzinha... Vinho? Esse descarrego merece umas tequilas!

 

-- Ah pode ir parando... Ainda não estou pronta para tequila. E amanhã ainda tenho uma reunião com a “descarregada”.

 

-- Jura, cara? Reunião no sábado? Só sendo mesmo a Beatriz! – Cris bufou indignada.

 

-- Ela é assim, diz que não quer tirar os professores em hora de aula para participar de reuniões, o resultado é que sempre vão os mesmos gatos pingados para as reuniões.

 

-- Aproveite seu momento de rebeldia e não vá também! Troque de roupa e vamos beber umas, como nos velhos tempos!

 

-- Cris eu não posso! Tenho que ter o apoio dela, do departamento pra meu grupo de pesquisa, vou lançar o edital nas próximas semanas para bolsas de pesquisa, preciso de pelo menos mais dois professores para orientar e termos mais bolsas, enfim, não posso faltar reuniões nesse momento, até mesmo pra não dar o gostinho a ela... Ou pensarem que estou mal, que não consigo vê-la...

 

-- Aceito os primeiros argumentos, esses últimos aí não. Você não deve satisfações a ela, nem a ninguém naquela universidade, pelo menos não no que diz respeito a sua vida pessoal.

 

-- Eu sei, mas essa semana eu a evitei pra não ser queimada pela luz da felicidade dela! Hunf! – Resmunguei.

 

-- Você vai na festinha da Clarisse?

 

Cris perguntou fazendo cara de nojo, as duas não se bicavam. Não sei ao certo quando essa rusga das duas começou, eu as apresentei, não lembro de nada tão drástico que justifique essa animosidade selada. Carol definia como “antipatia gratuita”, e Cris era menos elegante: “nossos santos não se batem”.

 

-- E eu tenho opção? A Clarisse faz questão, será uma ofensa se eu não for. Ela te convidou também?

 

-- Ah ela me mandou uma mensagem ”in box” pelo Facebook, aqueles convites que só copia e cola para várias pessoas, tá ligada?

 

-- Mesmo assim foi um convite, e ela não chamou tanta gente assim Cris, para de implicância.

 

-- Claro que ela tinha que me chamar, pra esnobar a viagem dela pela Europa, se vangloriar pelos trabalhos que apresentou, da francesa lá que ela pegou...

 

-- Ai nada a ver! A Clarisse não é nenhuma esnobe deslumbrada. E ela nem tá nesse clima de vanglória não, a tal francesa era uma boa bisca pelo que entendi, parece até a roubou.

 

-- Mentira! Ah! Agora eu vou nessa festa! Quero saber esse babado aí!

 

-- Cris não seja desagradável! Ela nem me deu detalhes, ela não quer falar nisso!

 

                A cara da Cris não me deixou segura, se eu tinha algum intuito de inventar uma desculpa para não ir à casa de Clarisse naquele sábado, agora eu tinha um motivo suficientemente justo para ir: evitar sapatadas entre as minhas amigas.

 

                Mas, antes da festa, eu precisava enfrentar uma manhã inteira diante de Beatriz. Em nenhuma das minhas melhores perspectivas, aquela situação seria agradável. Desde nosso reencontro no primeiro dia de aula, evitei outros encontros, passando a maior parte do meu tempo nos intervalos, no departamento de medicina, ou no laboratório. Naquela semana, também não reencontrei Marcela, inexplicavelmente aquilo me incomodou, mas, não mais do que a apreensão pela tal reunião naquele sábado.

 

                O sábado chegou e com ele um temporal desgraçado, daqueles que nenhum guarda-chuva dá conta de proteger aquela roupa engomadinha e arrumada que você escolheu para posar de mulher elegante, nem muito menos salva seu cabelo que você passou quase uma com o secador domando-o. E como se a desgraça fosse pouca, o guarda-chuva que eu tinha no carro, fora adquirido nesses camelôs oportunistas que ficam oferecendo a peça enquanto o semáforo está fechado, resultado: tão logo eu estacionei e abri o bendito, só metade das hastes funcionavam, e todo meu glamour de mulher fina e bem elegante se fora literalmente por água abaixo. Entrei na universidade com metade do guarda-chuva aberto, e meu corpo encharcado por inteiro.

 

                Eu devia ter suspeitado que aquele era o prenúncio do que me aguardava naquela reunião. Entrei na sala reservada para a reunião, e alguns professores já estavam ali, inclusive Beatriz, e claro, todos mais secos do que eu. Fingi naturalidade até o momento que tentei fechar meu guarda-chuva do Paraguai, aí virou uma luta corporal, até a peça fajuta me vencer e eu atirá-lo no lixo, meio aberto e meio fechado, tudo isso com uma plateia atenta testemunhado meu nocaute, no meio dela, Beatriz, que não escondia o riso diante da minha típica habilidade em lidar com trapalhada as tarefas mais simples.

 -- Lu, senta aqui perto de mim...

 

Ouvi uma voz doce e amiga que veio em meu socorro. Era Patrícia, professora de Bioquímica, uma das melhores amigas de Beatriz, desde que terminamos, não nos falamos mais. Sempre tivemos uma excelente relação, apesar dela ser hetero, entendia muito bem os pormenores de uma relação homoafetiva. Falei que ela veio em meu socorro não só porque eu estava perdida com a minha entrada na triunfal, mas também porque as roupas molhadas com o ar condicionado ligado, me deixaram além de tremendo de frio, em uma situação constrangedora com as roupas grudadas ao corpo.

 

-- Toma meu casaco, acho que você está precisando mais do que eu.

 

Patrícia disse, enquanto eu sorria amarelo, encarando Beatriz sem querer. Pois é, ali estava eu, olhando minha ex. Não podia negar, Beatriz era uma mulher bonita, nada de extraordinário, mas, sua beleza era inegável. Olhos claros, pele alva, nariz afilado, era magra, não tinha curvas avantajadas, aliás, ela sempre se queixava que tinha pouco peito, e pouca bunda, eu, como toda mulher apaixonada, nunca vi defeito nisso, agora, eu começava a querer enxerga-los, fazia parte do processo “desapega”: enumerar os defeitos da ex.

 

-- Acho que já esperamos demais, quarenta minutos de atraso, quem chegou não chega mais, e ainda tem essa chuva como desculpa para não vir.

 

Beatriz disse para dar início a reunião. Distribuiu a pauta, e logo começou a explaná-la. Na verdade essas reuniões serviam mesmo para uma grande disputa de egos entre os professores da casa, o maior ego de todos era justamente o da coordenadora, que se vangloriava dos seus artigos publicados, da sua influência junto à reitoria para conseguir benfeitorias para o curso, e logico, ela não poderia deixar de exercer seu papel de gestora, cobrando resultados especialmente nos avanços pedagógicos e em pesquisa.

 

Dessa vez, Beatriz não tinha mais a mim e meu grupo de pesquisa para pegar carona nas publicações, ao menos isso, eu teria o gosto de fazê-lo, para tanto, precisava de outro professor para o meu grupo de pesquisa, não aceitaria mais Beatriz atrelada a mim a ao meu trabalho.

 

-- Já que a professora citou a necessidade de intensificarmos as pesquisas e publicações, quero dizer que o GRUFARMA, estará lançando edital nas próximas semanas, e como muitos membros saíram, e identifiquei linhas de pesquisa diferentes entre os professores que estavam comigo, para esse ano, precisaremos de professores que tenham mais afinidade com a farmacologia e a clínica, se algum dos senhores tiver interesse, por favor, procure-me com a cópia comprovada do currículo lattes para viabilizarmos o cadastramento.

 

Falei com a certeza de que a notícia surpreenderia Beatriz. Sua contribuição no grupo de pesquisa era praticamente nula. Sua formação em pedagogia nada tinha com a linha de pesquisa em fármacos, seu mestrado em educação não ajudava no desenvolvimento das pesquisas, mas, era conveniente para ela estar no grupo que mais publicava na universidade, seu nome estava sempre nos artigos sem que ela fizesse nada. Notei o desconforto dela, se remexendo na cadeira quando outros professores se animavam em pedir esclarecimentos sobre os prazos.

 

-- Professora Luiza, que bom! Meu doutorado em bioprospecção molecular tem tudo a ver com essa linha de pesquisa, vou lhe procurar com certeza! Precisava mesmo me encaixar em algum grupo aqui. – Edgar comentou.

 

-- Já tenho dois professores do curso de medicina que também estão interessados, já fazem pesquisas de maneira independente, será um ganho se juntando a nós.

 

Conclui, e logo fui interrompida por Beatriz que repassou alguns informes encerrando a reunião rapidamente. Devolvi o casaco a Patrícia e quando caminhava em direção à porta para sair dali, Beatriz me chamou.

 

-- Professora Luiza, você tem um minuto, por favor?

 

O tom de Beatriz predizia o caráter da conversa. Patrícia fez uma careta qualquer para mim, e nos deixou a sós na sala.

 

-- Você pode me dizer que palhaçada foi essa? – Beatriz perguntou de braços cruzados.

 

-- Oi?

 

-- Como assim você mudou as regras para os orientadores do GRUFARMA, restringindo a linha de pesquisa? Foi de propósito para me excluir? Luiza você sabe que preciso pontuar para concluir meu doutorado! Você vai mesmo levar pro lado pessoal e me prejudicar justo na minha carreira?

 

-- Desculpe-me professora, mas, não estou entendendo do que a senhora está falando. – Abusei no tom sonso.

 

-- Para de palhaçada, estamos só nós duas aqui! Você sabe perfeitamente do que estou falando, você se quer me comunicou isso, deixou para falar diante de todos os professores do departamento, sabia que ia chover de gente interessada!

 

-- Ok Bia, eu disse que não estou entendendo, por que de fato não compreendo de onde você tirou a ideia de que preciso me reportar a você para falar do GRUFARMA. É um grupo de pesquisa devidamente cadastrado na CAPES, com o meu nome, eu só preciso me reportar à pró-reitoria de pós-graduação e pesquisa. Eu não mudei as normas, eu só quero que os professores que orientarão os alunos tenham mais afinidades com farmacologia e clínica, por que eu, sozinha, não posso dar conta de orientar todos os bolsistas.

 

-- E quanto a mim? Você fechou as portas para mim no grupo!

 

-- Procure outro grupo Bia, algum que se encaixe na sua linha de pesquisa. Qual é mesmo sua linha de pesquisa? – Ironizei.

 

-- Nunca pensei que você fosse tão pouco profissional, que decepção Luiza. Quanto rancor... Imaginei que você fosse mais madura! Está se vingando de mim por que me apaixonei por outra mulher?!

 

-- Bia eu admito qualquer coisa de você, até o par de chifres, afinal de contas, sempre foi seu grande amor, a Alicinha não é? – Fiz um cara de nojo – Mas, não admito ser questionada na minha ética profissional. Tomei uma atitude que vai beneficiar os alunos bolsistas, a pesquisa, e lógico, vai amenizar minha sobrecarga por que eu também preciso pensar no meu pós-doutorado.

 

-- Admita, Luiza você fez de propósito! Quis dar uma de superior com visual moderno, com uma repaginada pra virar a gostosona do pedaço, mas, no fundo está com recalque por causa da minha felicidade com outra pessoa!

 

Admito que ouvir da boca dela que eu era a gostosona do pedaço me deu um prazer indescritível, mas, as ofensas que se seguiram me trouxeram ao real teor daquela discussão.

 

-- Chega! Agora é você que está sendo impertinente! Eu não quero você no meu grupo, por que você simplesmente não faz nada nele! Procure outra idiota pra se escorar! Essa pesquisa é minha, a vida é minha, e você não faz mais parte nem de uma, nem de outra.

 

Nossos olhos se encontraram faiscando ira. A firmeza das minhas palavras parecem ter mexido não só com os brios da minha ex, mas também, despertou um olhar diferente sobre a mulher que ela deixara. Não estava ali diante dela, a Luiza compassiva e facilmente manipulável. E eu, estava presa aos olhos dela, num misto de saudade e revolta. Beatriz deu dois passos em minha direção, ficamos a uma distância mínima e incômoda, quando uma voz aguda ecoou na sala:

 

-- Bia, você ainda vai demo...

 

Alicinha, aquela imitação de “Backardigan” surgiu na porta e foi baixando o tom de voz ao notar minha presença.

 

-- Oi, Luiza. – Alicinha falou sem graça.

 

-- Oi. – Respondi seca,

 

-- Já terminei aqui, vamos.

 

O desconcerto de Beatriz era óbvio. Quanto a mim, isso é outro departamento... Estava tão confusa que não sabia ao certo se comemorava a rasteira que eu dei quase sem querer em Beatriz, ou se me martirizava por atestar que ela ainda mexia comigo. Preferi exercitar meu mantra:

 

 

-- Desapega, desapega, OLX!

Fim do capítulo


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Comentários para 3 - Capítulo 3: LIÇÃO Nº 1: DESAPEGA:
jake
jake

Em: 02/10/2024

Isso mesmo Luiza da um chega pra lá.

Desapega....

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