Maktub por Dayramazotti
Capítulo 29
Acordei ouvindo uma música ao longe e lembrei-me de que o radio havia ficado ligado. Devagar me desvencilhei dos braços de Sophie e fui até o aparelho e o desliguei. Olhei pela janela a cidade que ainda dormia o sol não havia nascido e um vento frio batia em meu rosto. Fazia quase um ano que estava em Londres, e não tinha ideia se algum dia voltaria ao Brasil. Sentia saudades da minha família, mas só de pensar em estar no mesmo local que Laura fazia meu estomago revirar, eu ainda não estava pronta a encara-la. Ainda absorta em meus pensamentos senti os braços de Sophie envolverem minha cintura e seus lábios tocarem minhas costas ainda nua.
- Acordar e ver você assim apenas de calcinha olhando pela janela é a melhor visão que já tive em minha vida. - falou sensualmente em meu ouvido.
- Você e seus galanteios. - sorri e virei-me de frente para ela. - Quer tomar banho comigo?
- Será um prazer. - peguei em suas mãos e a conduzi para o banheiro, tomamos um longo e delicioso banho. Eu estava faminta, revirei meu armário e encontrei algumas coisas para nosso desjejum. Sophie sentou-se a mesa e me observava preparar o café.
- Ana, pensei muito sobre você ter falado do medo que tem de não encontrar um trabalho aqui e a respeito disso, gostaria de lhe fazer uma proposta. - olhei para ela como se fizesse sinal para continuar. - Posso conseguir um estágio para você, na filial da nossa empresa aqui.
- Serio? - eu estava incrédula.
- Nunca falei tão serio em minha vida, se você aceitar pode começar assim que suas aulas voltarem. - disse com um sorriso nos lábios.
- Claro que aceito, nem sei como agradecer...
- Apenas seja essa menina brilhante que penso que é. - eu estava imensamente feliz, corri até onde Sophie estava e pulei em seus braços, de fato ela era um anjo que havia entrado em minha vida para coloca-la nos eixos.
- Só tenho uma dúvida você não estará aqui, certo? - perguntei e ela fez que sim com a cabeça. - Então com quem falo sobre esse estágio?
- Com o John, assim que eu voltar a empresa ligarei para ele e o informarei sobre você. E ele tomará as providências necessárias para que comesse a trabalhar conosco.
- Obrigada mais uma vez. - beijei seus lábios e terminei de preparar nosso café.
O resto da manhã correu tranquilamente, não tocamos no assunto da sua partida para não quebrar o encanto daquele momento. Sophie almoçou comigo e partiu um pouco antes das duas da tarde. Levei-a até o portão e me despedi dela com um beijo apaixonado sem nos importamos com as pessoas que estavam no estacionamento do meu prédio. Ela entrou em seu carro e partiu.
Quase sete da noite recebi seu telefonema informando-me de que havia chegado bem e já estava cheia de saudade, com seu jeito único ela havia conseguido romper uma das camadas que cobria meu coração, e eram poucas as vezes que me lembrava de Laura, mas sabia que meu amor por ela ainda estava intacto em meu peito. A semana prometia ser cheia, e eu estava ansiosa para falar com o John a respeito do meu estágio, via ali a oportunidade de ser alguém na vida, e não iria desapontar Sophie, deitei em minha cama e adormeci.
Ouvi o alarme de meu celular tocando ao longe, preguiçosa levantei da cama e o desliguei. Tomei um banho demorando e fui para a aula, conforme as horas passavam a minha ansiedade aumentava ainda mais. Recebi uma mensagem de bom dia de Sophie e uma de confirmação sobre o estágio e isso fez com que minhas mãos suassem.
Nem esperei a aula acabar, sai da faculdade e fui de táxi ao local indicado por Sophie, tive medo de chegar atrasada, mas só então percebi que estava adiantada mais de meia hora. Assim que o carro parou em frente aquele prédio, pude perceber o quanto tudo aquilo era real. Calculei que aquele edifício deveria ter no mínimo uns vinte andares, todo espelhado refletia o céu sem nuvens. Paguei o taxi e com mãos tremulas toquei o interfone no numero indicado na mensagem de Sophie, uma mulher de voz alegre atendeu. Identifiquei-me e ela liberou a porta para mim, dentro do edifício era ainda mais lindo, o chão cuidadosamente enseirado refletia quem passava por ele, nas paredes havia quadros modernos, assim como os móveis do hall. Chamei o elevador e este pareceu uma eternidade a chegar, assim que ele se abriu eu pulei para dentro apressada, apertei o numero 13 e as portas se fecharam, meu estomago estava revirado tamanho era a minha ansiedade, meu celular tocou e eu dei um pulo quase o jogando no chão, era Harriet atendi rapidamente antes da porta se abrir.
- Alô. - disse com voz abafada.
- Aninha, preciso falar com você. - sua voz saiu anasalada como se estivesse chorando.
- Assim que eu chegar em casa te ligo, fique calma... - e a ligação caiu assim que as portas se abriram, coloquei meu celular no mudo e entrei na sala indicada, havia uma moça muito bem vestida no que parecia ser uma recepção.
- Oi, boa tarde sou Ana Luiza Bitencourt, tenho uma reunião marcada com o senhor John Hoffman.
Ela levantou seus olhos para mim parecendo incrédula, interfone e informou a alguém sobre mim e pediu com que aguardasse no sofá a sua frente.
Esperei por alguns instantes que parecera uma eternidade, eu estava inquieta, me levantei e encaminhei ate a janela que mais se parecia uma parede, perdida em pensamentos olhava os pássaros voando livre lá fora, e por um momento não me importei com a altura em que eu estava.
- Ana? - ouvi uma voz de homem me chamando e virei ao seu encontro, era um homem na casa dos cinquenta anos muito bem vestido, sua pose imponente intimidava a qualquer um.
- Oi, muito prazer – estendi a mão para cumprimenta-lo, ele pediu para que entrasse em sua sala e conversamos por um longo tempo, conversamos sobre meu curso e as ambições que eu tinha para o futuro, e diferente da primeira impressão ele se demonstrou um homem gentil e agradável. Sai de lá com meu estagio garantido, e começaria na semana seguinte. Eu estava radiante, peguei meu celular para ligar para Sophie e vi algumas ligações de Harriet, retornei sua chamada, porém seu número só caia na caixa postal, então liguei para Sophie.
- Alô. - atendeu ela no terceiro toque.
- Oi, quero te agradecer mais uma vez pela oportunidade a mim dada. - disse rápido
- Que isso meu amor, tenho certeza de que você se dará muito bem. Já estou com saudades. - disse um pouco mais baixo que o normal.
- Também estou, poderíamos nos encontrar esse fim de semana. - sugeri.
- Verei o que posso fazer, preciso ir agora meu amor, te ligo a noite. Beijos e se cuida.
- Beijo vá com cuidado para casa. Até mais. - e desligamos, peguei o ônibus ainda eufórica com o acontecido, liguei para minha mãe, esta ficou extremamente feliz com a notícia. Logo papai poderia parar de me mandar dinheiro, pois eu conseguiria me sustentar sozinha naquela cidade.
Estava virando a esquina de casa quando avistei Harriet parada em frente ao meu prédio, corri até ela, seus olhos estavam inchados e parecia que ela havia chorado muito, abracei-a e ela se aninhou em meus braços. Juntas subimos para meu apartamento, sem nem trocarmos luma única palavra. A porta se abriu e entramos em minha casa.
- O que aconteceu minha querida? - perguntei preocupada com a minha amiga.
- Queria fazer uma surpresa a Mary, pois havíamos brigado por culpa do ciúme possessivo dela. Então sem que ela soubesse fiz uma cópia de uma das chaves de sua casa, e ao entrar a encontrei na cama com outra pessoa. - senti a raiva consumir minhas entranhas, aquele projeto de gente estava traindo minha amiga.
- Eu vou matar aquela filha da puta. - disse sentindo meu rosto queimar.
- Não quero que faça nada, a pior coisa que fiz foi ter reatado nosso namoro. - seus olhos estavam perdidos e senti pena da minha amiga, pois sabia muito bem o quanto doía uma traição.
Sentamos no sofá e eu liguei a TV, Harriet se aninhou em meus braços e chorou até não ter mais forças, eu apenas alisava seu cabelo sussurrando que tudo iria ficar bem, algum tempo depois percebi que ela havia dormido, e toda aquela cena me remeteu ao dia que soube da traição de Laura, pensava nela mais do que queria, às vezes me pegava lembrado de como era bom estar em seus braços, e sentia uma dor incomoda no peito. Temia nunca conseguir esquece-la, meu compor poderia pertencer a qualquer outra mulher, mas minha alma seria para sempre dela.
Sem perceber cai no sono também, acordando com meu celular vibrando em meu bolso, era a minha loira linda, perguntando como tinha sido a entrevista, com medo de acordar Harriet me desvencilhei de seus braços cuidadosamente e fui até a janela. Contei tudo o que havia acontecido dentro daquele escritório. Sophie estava feliz e eu não sabia mensurar o quanto estava radiante, a conversa se prolongou por algum tempo, até que senti mãos tocarem meu corpo e soube de imediato o que elas queriam. Assustada, desliguei o telefone alegando que minha mãe estaria na outra linha, olhei para Harriet e esta tinha um sorriso safado que eu muito bem conhecia porém estava com Sophie e não queria fazer nada que a magoasse.
- Harriet sinto muito, mas não posso ser nada além de sua amiga. - gentilmente tirei suas mãos do meu corpo que já dava sinais de que estava gostando daquele toque.
- Entendo aquela loira conseguiu penetrar seu coração não é mesmo? - perguntou e pude sentir a amargura em sua voz.
- Ela me faz bem e isso que importa. - disse saindo para a cozinha.
- Entendo me desculpe. - abaixou a cabeça meio envergonhada.
- Não se desculpe, está tudo bem. Tenho uma novidade para te contar. - e relatei a ela sobre meu novo emprego. Ela ficou feliz com essa minha conquista que só foi possível graças a Sophie.
Abri uma garrafa de vinho e tomamos enquanto eu fazia o jantar, queria amenizar um pouco a tristeza que minha amiga estava sentindo, pois conhecia muito bem aquela dor. Apos o jantar, Harriet manifestou a vontade de tomar um banho, pediu uma toalha e um pijama emprestado. Só que desta vez peguei o maior que eu tinha para que não caísse em tentação diante dela, assim que a morena saiu do banho, foi a minha vez de encarar o chuveiro, mas não me demorei, estava cansada e tudo que mais queria era minha cama.
Conversamos mais um pouco até que o sono me venceu, e dormi antes de Harriet. Tínhamos aula no dia seguinte e acordei animada, logo começaria meu estagio e teria que me redobrar para conseguir, pois de manha era aula e a tarde o estagio. A semana passou voando e eu falava com a Sophie todos os dias, no fim de semana ela veio me visitar e eu fiquei imensamente feliz em tê-la comigo. Passamos quase o fim de semana todo trancadas no quarto, quanto mais nos amávamos mais o fogo entre nos crescia, minha vida parecia estar entrando nos eixos, era como avistar uma luz no fim do túnel. Sophie foi embora no domingo a tarde com a promessa de voltar no fim de semana seguinte.
Fim do capítulo
voltei kkkk
cap bonus para as minhas queridas... espero qe gostem, beijop grande.
Comentar este capítulo:
Sem comentários
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook: