Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos. Um filme mais ou menos, um livro mais ou menos. Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu acaso, sua adoração ou seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia.

Martha Medeiros

(Isadora) Isso ecoava em minha mente, sou assim Oito ou oitenta não consigo ser menos ou mais. Tenho que ter uma personalidade certa, algo concreto “e momentaneamente duradouro” por que sei que nada é para sempre. Ainda mais quando se trata da Agnes, cheguei a essa fazenda e já estou sentindo um turbilhão de pensamentos Confusos, e desajeitados talvez... Mais eles estão desabrochando.  Olhar para Agnes assim, abraçada a mim, sentir a respiração dela em meu pescoço. A mão na cintura, e esses cabelos altamente desajeitados sobre mim, estão me deixando sem sentindo. Ela é linda, e esse conjunto só me faz pensar coisas absurdas que não posso pensar. Eu sempre fui muito bem resolvida e independente nunca me imaginaria passar o dia com uma “estranha” dar carinho e afeto Sem impor barreiras ou pedir nada em troca. O x dá questão é que desde o primeiro momento não estranhei nossa proximidade, e agora ela aqui tão linda dormindo, me faz pensar até que ponto eu quero sentir certas coisas. Até agora ela aparentemente está tranquila. Não precisou de remédio para dormi, ela não pode viver sedada a vida toda, e se eu conseguir ajudar nisso já será uma vitória.  Será que ela se lembrara de mim amanha? Terá alguma reação já que dormiu sem o sedativo...

A deixo com muito sacrifício na cama, e ela se agarra em um travesseiro o que me faz apenas suspirar... Sigo para o meu quarto, com a certeza de que eu não iria dormi bem... Faltava-me o sono. Preciso estar educando meus sentimentos, se quiser ajudar a Agnes...

(Agnes)

“Isadora” estou me esforçando para fixar esse nome com esse lindo rosto... Ela me faz sentir coisas novas, eu não consigo permanecer com medo quando estou com ela, pensei em não conseguir dormir sem remédio, porém me enganei. Logo eu comecei a sentir sono, ela cantava baixinho e me dava carinho, eu involuntariamente me aproximei mais e me deixei sentir paz...

(Isadora) a noite foi longa, me perdi mais em minha mesma, do que encontrei soluções, tomei um banho passei no quarto da Agnes mais ela ainda estava dormindo então resolvi descer e tomar café.  Seu Pedro e mamãe também já estavam lá...

-- Bom dia a Todos (Isadora)

-- Bom menina Isadora (Pedro)

-- bom dia filha, e ai dormiram bem? Você vai aonde tão cedo? (Marta)

-- oi? (Isadora)

-- eu vi que você deitou com a Agnes, não sabia que você cantava filha (Marta)

-- mamãe menos, por favor, sua filha irá sair conhecer o povoado, e o que tem nesse fim do mundo (Falei fingindo irritação).  Seu Pedro eu posso levar sua filha comigo?

-- não é arriscado menina? (Pedro)

-- não é, cuidarei dela e não é bom ela ficar o dia dormindo e no quarto sozinha.

-- ontem ela ficou bem sem o remédio?

-- sim, até o momento que a deixei ela estava tranquila, seu Pedro eu sei o que lhe digo (Mas não sei o que sinto em relação a sua filha, penso internamente)

-- então se é assim, a marta pode ir com vocês até a cachoeira que tem aqui perto, faz muito tempo que ela não sai de casa (Pedro)

-- irei sim, bom que aproveito  minha filha (marta)

-- a Agnes não desce para o café?

-- não, sempre eu  levo ou peço para Maria levar ela acorda sempre muito angustiada, as vezes chorando  é como se a memoria do acidente voltasse pela manha...

-- seu Pedro, em outra oportunidade quero conversar com o senhor sobre isso e lhe aconselho hoje não tente falar isso novamente. A memoria dela pode “viciar” dias após dia com a mesma informação, nem se ela pedir pra relembrar... Você tem que ajuda-la a criar novas memorias... (Isadora)

-- isso pode ajudar mesmo menina?

-- sim pode

-- então hoje eu não vou acorda-la

-- vá você, ontem ela se deu bem com você...

-- então irei fazer isso, mais ainda quero levar algo bem reforçado para ela comer... (Isadora)

-- peça a Maria, que ela prepara o café (Pedro)

Retirei-me da mesa, e fui à cozinha atrás da Maria, irei tomar meu café com a Agnes, quero acompanhar de perto as reações dela em relação a minha pessoa se ela tiver guardado uma relativa memoria, já e um bom começo.

Só não contava com a Maria que resolveu sumir,  fui atrás dela fora da casa, e a encontrei fazendo o trabalho habitual tão fervorosamente...

(Marcelo)  Decidi voltar cedo a fazenda, e da um jeito de manter a “incurável” sedada, espero que ela tenha sentindo  falta do sedativo, e me implore para aplicar, como já sou de “casa”, nem preciso ser anunciado e sigo para complementar a mesa...

-- bom dia, sogro... Dona marta como vai?

-- Meu rapaz precisamos conversar

-- sim meu sogro, e vamos fazer isso... Mais antes quero vê a minha namorada...  Não estou como medico, sim como namorado... Hoje faz mais um mês da nossa união e queria acorda-la...

(Marta) sinto que isso não vai prestar...

-- tudo bem meu rapaz... Eu só quero lhe dizer

-- agora não seu Pedro, com sua licença já vou acordar meu amor.

Sigo para o quarto da insuportável, até agora não percebo a presença da Isadora ohhh mulherzinha chata...

Quando entrei no quarto, notei que ela estava dormindo ainda, e com um pijama que não cobria nada... Bem que poderia ser sem...  Fecho a porta, e, sigo para perto dela...  Passo minha mão pelo seu corpo, é nessa hora já estou louco...

Antes que possa fazer algo, ela acorda... E tenho que voltar a ser bonzinho de novo...

-- oi linda, bom dia... Sou eu Marcelo, seu namorado...  Hoje é nosso dia, e estou aqui você não vai me dá um abração?

-- quem é você? (Agnes)

-- seu namorado olha aqui... Essa foto somos nós... Lembra?

-- eu acabei de acordar, não me lembro de muita coisa mesmo...

-- mais eu posso te lembrar, vem cá...

A puxo para um beijo, e a pego de surpresa... Ela correspondendo ou não, tem que ser como quero...

(Isadora) a Maria demorou um pouco para preparar esse  café e então resolvi subir pra acordar a Agnes, mamãe estava tão concentrada na conversa com seu Pedro, que eles mal perceberam que passei entre eles...

Estranhei ouvi vozes no quarto dela, e quando abro a porta sinto como se o mundo tivesse desabado...

Ela estava beijando um cara? O idiota que faz mal a ela... Que tipo de pessoa  é a Agnes...  Não penso em mais nada, é deixo derrubar uma rosa que vinha trazendo na mão...

(Agnes) acordei com um homem, me olhando diretamente...  Ela falava que era meu namorado, e me mostrou uma foto... Eu realmente era a pessoa da foto, ele não me deixou falar mais nada e me beijou. E não consegui fazer nada até vê alguém entrando no quarto, era uma garota com uma rosa?

-- posso saber o que está acontecendo aqui Agnes? (Isadora)

-- não é logico? Estamos se beijando sou o namorado dela...  Você sabe disso, e se faz de idiota. (Marcelo)

(Isadora) eu queria ter dado à resposta a altura mesmo... Mais eu não consegui, a única coisa que fiz foi lançar um olhar de raiva pra Agnes e que ela faça o que quiser...

Já deveria ter me acostumado a ser trouxa... Sempre fui...  Eu deveria ter esperado o que? Uma recepção melhor, carinho? Abraço?... Eu só sou uma estranha pra ela todos os dias será a mesma coisa...

Agora me dá vontade de falar mal, de descontar essa raiva que eu tenho desse Marcelo dentro de mim...

-- quem é você? ( essa garota não me estranha, eu não lembro de quem se trata, mais o olhar dela me fez arrepiar inteira) (Agnes)

-- sou uma idiota você não ouviu seu namoradinho falar (Isadora).

(Agnes) que garota mais grossa, não entendo por que essa reação, por que eu não me lembro de nada, quem é esse homem, e quem é essa garota que fez meu coração acelerar com um simples olhar...

Sai batendo a porta, não suportei vê a Agnes com esse idiota...  Minha vontade é de sumir...  Sem ao menos ter tido a coragem de começar a tentar... Não sei se irei aguentar conquista-la todos os dias não sei mais de nada...

Continua

De qualquer forma, não esqueça das seguintes verdades:

Não faça nada que não te deixe em paz consigo mesma;

Cuidado com quem anda desabafando;

Conte até três (está certo, se precisar, conte mais);

Antes só do que muito acompanhado;

Esperar não significa inércia,

muito menos desinteresse;

Renunciar não quer dizer que não ame;

Abrir mão não quer dizer que não queira;

O tempo ensina, mas não cura.

Martha Medeiros

Fim do capítulo