Obrigada por acompanharem, por não desistirem da fic e por shipparem o melhor OTP do mundo!. Espero que vocês gostem do capítulo.
beijos
Capítulo 16
Capítulo 16
Alison's POV:
O caminho para o aeroporto de Los Angeles nunca parecera tão rápido. Por mais que eu torcesse para ter alguns minutos a mais o trânsito pareceu colaborar e eu cheguei quinze minutos antes do esperado. Eu estava nervosa e receosa como há muito tempo não ficava.
Desde que me mudei definitivamente para L.A. com Emily, nossa vida pareceu engrenar. Comprei meu tão sonhado Café e, com os meses, ele vinha crescendo, compramos um apartamento, pintamos paredes juntas e batalhamos por cada mobilha que havia lá dentro. Mas, desde que havíamos nos estabilizado, Rosewood e todas as pessoas, incluindo nossa família, pareciam uma realidade distante. A mãe de Emily havia nos visitado no primeiro mês na Califórnia, ainda no antigo apartamento de Em. Preocupada se a filha realmente havia se recuperado, ela passara duas semanas conosco, me ensinando a melhor maneira de fazer cada prato favorito da filha. Não que eu já não soubesse, mas Pam Fields insistia em dizer que meus pratos não estavam no ponto que Emily gostava (embora a própria tenha elogiado diversas vezes os almoços e jantas que eu preparo). Deve ser coisa de sogra, mas, desde aquela visita, esta era a primeira vez que teríamos alguém com a gente.
Após estacionar o carro, segui para o saguão de desembarque. Ainda faltavam alguns minutos para o avião pousar, por isso, me permiti olhar as mensagens no celular.
" Mantenha a calma, amor.
À noite estarei com vocês.
Beijos,
Em."
Meus olhos percorreram a mensagem por mais algumas vezes. Sorri, imaginando Emily pedindo para que eu me acalmasse pessoalmente. Se estivéssemos frente a frente, ela com certeza faria isso. Respondi rapidamente sua mensagem e guardei o celular.
Já passava do meio da manhã, era uma terça-feira e o aeroporto estava mais calmo do que de costume. Apenas um ou outro engravatado passava por mim, quando a tela indicou que o avião havia pousado. Respirei fundo, me preparando psicologicamente para o que viria a seguir. Aquele sentimento de incerteza era algo completamente novo para mim. Eu havia passado por muitas coisas, mas, com certeza, aquela era inédita.
O fluxo de pessoas havia aumentado. Famílias inteiras desembarcavam nas belas terras californianas, enquanto meus olhos buscavam apenas uma. Repentinamente eu o vi. Apesar de quase dois anos sem vê-lo, ele estava da mesma forma que eu me lembrava. Sem rugas a mais ou a menos. Apenas seu cabelo parecia mais grisalho.
Kenneth DiLaurentis vestia um terno cinza que combinava com a calça social, uma camisa branca e gravata vermelha. Mesmo com o calor de Los Angeles, ele parecia extremamente confortável em suas vestes elegantes. Estava impecável, sem um único amassado em seu terno. Depois da morte de minha mãe e a revelação sobre Charlotte, papai se mudara para a Filadélfia, recusando-se a morar na casa onde fui criada. Naquela época, eu insistira inúmeras vezes para que ele retornasse, em uma tentativa de sermos novamente uma família. Porém, ele não havia aparecido sequer no funeral dela.
- Alison...- Seus olhos azuis me mediram de cima a baixo quando o homem parou em minha frente. Em sua mão esquerda ele puxava uma mala preta de bordo com rodinhas.
- Olá, papai...- Respondi, embora o "papai" soasse um pouco falso demais. Engoli em seco, se havia uma pessoa que me deixava insegura, mesmo depois de tantos anos, esse alguém era aquele homem.
- Eu estive pensando, talvez fosse melhor eu ficar em um hotel e...- Ele parecia tão desconfortável quanto eu com aquela situação.
Mas precisávamos resolver isso. Até então, eu nunca havia falado com ele, ou qualquer outra pessoa da família, além de Charlotte, sobre mim, sobre a minha sexualidade e como eu me sentia sobre isso. Eu havia tido alguns relacionamentos com rapazes, era verdade, mas no momento, eu morava com uma mulher e não só isso, eu namorava ela. E eu sentia que precisava, mais do que nunca, assumí-la.
Para os nossos vizinhos, para as pessoas que frequentavam o café ou até mesmo alguns colegas do trabalho de Emily, era fácil apresentá-la como namorada, segurar sua mão e trocar alguns selinhos na frente deles. Todos em Los Angeles haviam nos conhecido juntas, éramos um casal antes mesmo de conhecê-los. Porém, para o meu passado, eu ainda sentia certa resistência ou, talvez, a palavra fosse apenas medo. Até mesmo para nossas melhores amigas, Hanna, Spence e Aria, era estranho referir-me à Emily como minha namorada.
- Papai, eu já preparei o quarto. – Informei, apontando na direção da saída do aeroporto.
- Mas Alison, eu...- Seus olhos se desviaram mais uma vez dos meus. Eu sabia que ele tinha conhecimento do que estava acontecendo entre nós, todos em Rosewood sabiam, mas poucos tocavam no assunto.
- Se for o que fará o senhor se sentir mais confortável...- Suspirei pesadamente, desistindo de insistir.
Caminhamos lado a lado silenciosamente por alguns minutos. Meu pai só estaria na cidade por dois dias e eu sentia que esta era a chance. Quando chegamos em frente ao meu carro, ele tornou a falar.
- Acho que posso tentar...
Sorri de canto como em agradecimento.
Percorremos as ruas de Los Angeles e eu apresentava cada ponto turístico a ele em nosso percurso, embora tivesse consciência de que ele já estivera na cidade outras vezes. Era uma forma de manter algum tipo de diálogo, já que o Sr. DiLaurentis respondia apenas o que eu perguntava.
- O senhor se importa de pararmos no Café por alguns instantes? – Perguntei, quando entrarmos na rua do local.
- Tudo bem...- Ele concordou.
Dirigi por mais duas quadras até parar em frente a uma portinha que trazia o nome em uma placa: Secret Café. Descemos do carro e assim que entrei, Carrie e Matt, que trabalhavam como atendentes no local, sorriram para mim.
- Eu só preciso confirmar uma coisa com eles...- Informei a meu pai, que varria o local com os olhos.
Secret Café era o típico espaço aconchegante e acessível. Tinha belas e confortáveis poltronas, algumas mesinhas, internet de graça, muitos petiscos e um ótimo capuchino. Apesar dos pesares, eu mantinha nele um ar rústico que, como Emily gostava de lembrar, remetia imediatamente ao Brew de Rosewood.
- Você quer alguma coisa? – Perguntei ao meu pai, antes de me afastar e deixá-lo no meio dos jovens que frequentavam o local.
- E-eu...estou bem...- Afirmou com a cabeça.
Kenneth DiLaurentis não havia dito uma única palavra depois disso durante todo o tempo que ficamos no Secret. Mas era como se eu pudesse ler sua mente. Ele se orgulhava pelo trabalho que eu havia feito no local, por estar me sustentando de alguma forma, mas aquele não era nem de perto o futuro que havia sonhado para mim.
Viver as expectativas de alguém era uma das coisas mais difíceis do mundo. Durante anos vivi as expectativas de minha mãe. Ela moldou a Alison que ela sonhara em ser. Agora, eu precisava encarar e enfrentar as expectativas que meu pai havia criado.
Deixamos o café cerca de uma hora depois. Dirigi imediatamente para o apartamento e máximo que conversamos foi sobre o calor que fazia na Califórnia e como havia palmeiras na cidade. Chegamos no apartamento e no instante em que entramos, percebi os olhos azuis de meu pai escaparem para uma pequena mesinha no hall de entrada, onde deixávamos o telefone fixo e alguns porta-retratos. Assim como minha mãe, eu adorava fotografias. Então, o que não faltava pelo nosso apartamento, eram fotos minhas e de Emily.
Seus olhos se fixaram em uma foto antiga que havia ali, ainda no Ensino Fundamental, onde eu e Emily estamos abraçadas. O homem limpou a garganta e então, me seguiu.
- Essa é a nossa sala de jantar...- Apontei para a sala onde havia uma mesa retangular para seis pessoas.
Não chegava aos pés da mesa que tínhamos em Rosewood, mas era uma mesa bonita, de carvalho e bem envernizada. Na parede, havia pôsteres de Paris, Londres, Nova York e Rio de Janeiro. Todos em preto e branco. De todos aqueles destinos, só havíamos estado em Nova York, mas sonhávamos em conhecer quantos países fosse possível. Na sala de jantar havia também um pequeno bar e uma cristaleira. Continuei caminhando em direção a cozinha que, apesar de pequena, era planejada e arejada. Depois seguimos para a sala, banheiros e os dois quartos de hóspedes. Quando passamos pela suíte onde eu e Emily dividíamos, não a apresentei, mas percebi o olhar de meu pai se espichar pela porta entre aberta, como se pudesse encontrar ali algo além de uma cama de casal, um closet, um banheiro conjugado e uma penteadeira.
Meu pai havia acabado de se servir uma dose de uísque e eu terminava de colocar a mesa na sala de jantar, quando a porta de entrada do apartamento se abriu. Meus olhos levantaram-se para o relógio que havia ali: 19 horas. Senti meu coração ficar levemente descompassado, saber que Emily chegava em casa era sempre minha parte favorita no dia.
- Ali? – Escutei sua voz chamar e foi inevitável não sorrir. Meu pai me observava de canto de olho, enquanto folheava meus álbuns de criança.
- Na sala de jantar, am-...Em! – Corrigi, rapidamente. Chamá-la de "amor" na frente dele ainda me deixava com uma sensação estranha.
Na soleira da porta da sala de jantar, Emily apareceu em seu uniforme de técnica do time de natação. Seu cabelo longo e escuro estava preso em um rabo de cavalo alto, mas, ainda sim, não pude deixar de admirá-la. Sorri de canto para ela, quando os olhos de meu pai também estavam em sua direção. Emily sorriu para mim e então seus olhos castanhos pousaram no sogro.
- Olá, senhor DiLaurentis, seja bem vindo! – A morena aproximou-se esticando a mão para cumprimentá-lo.
Papai levantou-se e apertou sua mão.
- Olá, Emily. – Disse educadamente, ainda que de uma forma seca.
- Bom...o jantar está pronto! – Falei, encarando os dois e desejando que aquele clima se dissipasse.
- O cheiro está maravilhoso! – Emily apoiou-me, caminhando até onde eu estava. Seus olhos acompanharam a mesa toda posta.
- Muita massa, queijo, molho e almôndega, do jeito que você gosta! – Pisquei para ela e meu pai pigarreou logo em seguida.
Sentamos todos à mesa e nosso assunto se resumiu em: "passa o guardanapo", "ainda tem suco?" e "está uma delícia o macarrão". Quando terminamos, levantei e tirei a mesa. Escutei, da cozinha, meu pai conversar com Emily sobre o emprego que ela havia conseguido. Não era grande coisa, mas os dois estavam tentando.
Um pouco mais tarde, Emily foi para o quarto tomar banho, enquanto eu fiquei encarregada de preparar café para todos. Servi as pequenas xícaras e colocado-as em uma bandeja prata, que havíamos comprado na semana anterior para a estadia dele. Quando estava a caminho da sala de jantar, um papel na mesa chamou minha atenção.
"Querida Alison,
Provavelmente esta não é a melhor forma de um DiLaurentis agradecer pelo jantar. Entretanto, você é minha filha e não sei bem como fazer isso. Sinto que já perdi muitas pessoas importantes, não quero perdê-la também. Porém, não acho que eu esteja preparado para isso ainda. Esse mundo novo ainda me preocupa, mas não me preocupa tanto quanto a sua segurança. Por favor, esteja bem.
Passarei os dois dias da minha estada por Los Angeles em um hotel, acho que é o melhor para todos nós.
Agradeça à Emily pela cordialidade.
Com carinho,
Kenneth DiLaurentis"
Conforme meus olhos capturaram as palavras escritas na letra cursiva de meu pai, um nó subiu pela minha garganta. As lágrimas estavam prestes a rolar por meu rosto, quando Emily apareceu, de cabelo molhado e usando um jeans rasgado e uma blusa pink de alcinha.
- Eiii...- Ela disse ao perceber que eu estava com o rosto abatido. Aproximou-se, olhando ao redor, para certificar de que estávamos sozinhas no cômodo.
Emily me abraçou e deixei que as lágrimas escapassem enquanto ela me protegia do mundo. Escutei-a sussurrar quando seus dedos afagaram meu cabelo:
- O que foi, meu amor?
Peguei a carta, esticando-a a ela. Os olhos de Emily se concentraram na folha por alguns instantes, o suficiente para que ela lesse toda a mensagem. Escutei-a respirar fundo. A morena colocou o papel novamente em cima da mesa e desta vez abraçou-me pela cintura com ambos os braços.
- Ali, nem sempre é fácil...- Sua testa encostou na minha. – Mas o importante é que você foi verdadeira com ele, o importante é que ele sabe, e não pela boca de outras pessoas, mas por você! – Sua voz era baixa, ela tinha o dom de me acalmar com seu timbre suave e seu jeito carinhoso.
Fim do capítulo
om, tentei colocar aqui um pouco da reação da família da Ali, como ela está lidando com toda a questão da sexualidade e o quanto a relação dela com Emily mudou desde de o que elas tiveram em Rosewood...tentei trazer uma pitada de realidade para a história, porque imagino claramente o pai da Ali agindo assim, e vocês? O que acham? Gostaram do capítulo? Como acham que o pai dela reagiria?
Deixem a opinião de vocês, comentários, sugestões, críticas...enfim, o que quiserem!
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