Vinte e cinco

 

A segunda chegou preguiçosa e chuvosa. Cuidamos das crianças, fizemos o desjejum e começamos mais uma semana. Trabalhei bastante e no final do dia João Vitor me ligou.

 

- Alô!

- Tia.

- Meu amor, tudo bem?

- Sim, não estou mais de castigo e já posso usar meu celular.

- Que bom. Tudo em ordem contigo e seus pais?

- Tudo numa boa agora.

- Ótimo! Você se alimentou bem hoje?

- Sim! Comi direito para não passar mal de novo.

- Excelente. Conversou com a Jéssica?

- Falei com ela e estamos numa boa. Meus pais também disseram que querem a minha felicidade, não vão mais proibir o nosso namoro.

- Viu, eu te disse que tudo se resolveria.

- A senhora tinha razão. Obrigado!

- Lindo, não precisa agradecer.

 

Conversamos mais um pouco, depois ele desligou avisando que iria jantar. Na quarta ele e os pais vieram aqui em cassa, para assistirmos ao jogo de futebol juntos. Foi bem agradável e a harmonia voltou a imperar.

 

- Tia, posso voltar no final de semana? (João pediu antes de ir embora).

- Claro, você pode vir sempre que quiser. Neste final de semana vamos para a casa dos meus pais. Quer ir conosco? (Convidei).

- Posso?

 

Pediu para os pais, que autorizaram. A semana passou rapidamente e na sexta viajamos. Logo que chegamos na serra, as crianças dormiram.

 

- E o namoro? (Yara perguntou para João).

- Tudo bem, é bom namorar (ele afirmou).

- É muito bom mesmo. Sabia que fui eu que pedi sua tia em namoro?

- Não sabia não. Como foi com meus pais?

- Digo quem pediu.

- Eles se conheceram numa viagem né.

- Sim e foi amor à primeira vista.

- Como vocês duas se conheceram?

- No meu consultório (contei).

- Ainda bem que marquei uma consulta, mas foi difícil conquistar a Florência.

- Sério? Me conta!

 

Contamos para ele sobre a nossa história e ele adorou.

 

- Caetano sabe que estou viajando junto com vocês?

- Sabe sim e disse que vai jogar xadrez contigo (mencionei).

- Ele está me ensinando e também gosto de jogar batalha naval com ele.

 

Chegamos e meus pais fizeram uma festa, pois adoram a casa cheia. Nosso final de semana foi maravilhoso, descansamos e também nos divertimos muito. No sábado fomos numa cachoeira, para a alegria da criançada e no domingo para a minha alegria, minha mãe fez nhoque, Yara fez questão de auxiliar. Retornamos para Bertioga somente no período da noite. Colocamos as crianças para dormir e logo os meninos chegaram para buscar o João Vitor.

 

- Bom, no sábado vocês podem ir para o Guarujá? Queremos fazer um churrasco (Digo disse).

- Podemos né amor (Yara confirmou comigo).

- Sim (assenti).

- Vai ser uma boa oportunidade para o João convidar a Jéssica, assim conhecemos ela (Rui sugeriu).

- Sério? (Ele perguntou desacreditando).

- Sim (os pais dele responderam juntos).

- Muito obrigado! Posso chamar a professora também?

- Claro (Rui afirmou).

 

Na semana anterior, vivemos um dos nossos piores domingos, já desta vez, tudo estava bem melhor do que esperávamos e os três foram embora felizes.

 

- Yara, é tão bom ver eles bem.

- Nem me fale, que alívio! Já que os meninos estão bem e nossos filhos dormindo. Que tal aproveitarmos a noite.

- Você não está cansada da viagem? Veio dirigindo e nem quis revezar comigo.

- Para fazer amor contigo, nunca estou cansada (falou me provocando).

- E eu quero ouvir você sussurrar meu nome e gem*r nos meus braços (devolvi a provocação).

 

Aos beijos seguimos para o nosso quarto em puro romance. Conforme as carícias ficavam intensas, nossos sentidos também se afloravam, estávamos famintas e entre nós o desejo fica saliente. As palavras ditas bem perto do ouvido intensificam o prazer. Em nós prevalece a cumplicidade e na cama somos maravilhosas amantes. Nossos beijos são quentes, os carinhos são perfeitos, inventamos posições incríveis e a nossa entrega é formidável. Depois de saciarmos nossas vontades, dormimos.

A semana passou harmônica e sem problemas. No sábado de manhã saímos com as crianças, para verificar qual roupa eles usariam no casamento da Bia e do centro da cidade seguimos para o almoço na casa dos meninos. Auxiliamos com os preparativos, Yara assumiu a churrasqueira, Digo limpou a piscina e eu auxiliei o Rui, preparamos arroz, saladas e sobremesas. João Vitor organizou a varanda e cuidou das bebidas. Nós tínhamos acabado de preparar tudo, quando Jéssica chegou na companhia da mãe. As duas são muito simpáticas. Comemos todos juntos e o sábado foi muito agradável. João e Jéssica ficaram juntos o tempo todo e de mãos dadas. No meio da tarde as crianças caíram na piscina e sobrou para a Yara entrar com eles. Eu sei nadar, mas não arrisco ficar na piscina com os dois, pois eles dão nó em pingo d’água; acabo ficando do lado de fora dando recomendações: “Henry, cuidado”, “Maria, vai devagar”, “não precisa pular deste jeito”, “se continuar assim vão se machucar”....

No final daquele dia Jéssica e Jussara se despediram para ir embora. Felizmente nosso encontro foi muito agradável e os meninos enciumados já estavam mais conformados com o namoro do filho único.

 

- Jéssica, adorei te conhecer (falei na despedida).

- Eu também e muito obrigada por todo o apoio. João me contou e sem a sua ajuda eu nem estaria aqui hoje (ela falou sorridente).

 

Sim, acabei ganhando uma sobrinha e os dois juntos formam um belo casal. No começo da noite também fomos embora, sobre protesto dos meninos, que queriam a nossa companhia durante todo o final de semana. Contudo nós nem tínhamos levado nada das crianças. Chegamos em casa com os pequenos exaustos, pois brincaram muito, tomaram banho e logo adormeceram. Nem foi preciso contar histórias.

 

- Amor, vamos tomar banho e assistir um filme? (Sugeri).

- Sim e eu vou te dar banho (falou toda provocativa).

 

Tomamos banho juntas e aproveitamos para namorar embaixo do chuveiro. Optamos por assistirmos no nosso quarto.

 

- Yara, a Nina está diferente.

- Eu acho que ela está prenha.

- Será? Nossa tenho que levar ela no veterinário.

- Eu notei que a cintura dela está diferente e a barriga maior. Depois olhe o mamilo também está protuberante.

- Que Nino safado, ela era uma donzela.

- Família vai aumentar outra vez.

- Vamos ter vários filhotes.

- Nada disso. Não vamos ficar com um monte de cachorro.

- Mas amor.

- Florência, nem venha. Já até estou vendo você e as crianças me atormentando para ficar com os filhotes.

 

Quando os cachorrinhos nasceram conseguimos convence-la a ficar com um casal. Nina é uma excelente mãe, toda cuidadosa e nasceram quatro filhotes. Bia quis um macho e meus pais ficaram com uma fêmea.

Em junho, próximo do dia dos namorados, meu sobrinho me liga pedindo ajuda para comprar aliança de namoro. Fui com ele, que escolheu uma muito bonita. Não permite que ele gastasse todas as suas economias e depois de insistir muito consegui pagar. Aproveitei também para comprar um presentinho para a Yara, um colar com um pingente delicado e dela ganhei de presente uma hospedagem num hotel fazenda, no interior de São Paulo. Naquele ano o dia dos namorados caiu numa sexta-feira e viajamos no período da noite. As crianças adoraram, e para eles o local oferece toda uma programação infantil bem diversificada. Nosso final de semana foi delicioso.

 

Em uma sexta-feira à noite, as crianças estavam dormindo, Yara e eu, estávamos assistindo um seriado, comendo fondue e tomando vinho. Nosso programinha de casal predileto no inverno. Meu celular tocou.

 

- Amor, pausa um pouco, preciso atender o celular (falei).

- Poxa! Vamos ignorar a ligação (sugeriu).

- Não posso, é o João Vitor.

 

Depois que falei o nome do nosso sobrinho, ela pausou rapidamente.

 

- Alô!

- Oi tia, te acordei?

- Não, estou acordada.

- Liguei só agora porque estava esperando meus pais deitarem.

- Tudo bem?

- Tudo sim. Você tinha razão tia e deu tudo certo. Fiquei um pouco perdido no começo, por ser a minha primeira vez, mas depois foi ótimo, a Jé é incrível e eu estou felizão.

- Uau! E quando foi isso?

- Hoje, nós não tivemos aula a tarde, por conta da reunião de pais no colégio. Eu pedi para meus pais deixarem a gente assistir filme aqui em casa, eles deixaram, mas nem vimos o filme (contou rindo).

- Vocês se preveniram?

- Sim! Fizemos tudo certinho.

- Ótimo!

- O tia, é bom fazer oral em mulher né (falou naturalmente, como se eu nem fosse tia dele, mas sim apenas uma amiga com a mesma idade que ele).

- É bom sim (confirmei rindo e agradecendo por aquela conversa ser por telefone, pois se fosse pessoalmente eu estaria muito constrangida).

- Eu liguei só para te contar que deu tudo certo.

- Fico feliz por você e se cuida viu.

- Pode deixar, beijo tia.

- Outro e boa noite!

 

Desliguei o celular e fiquei alguns minutos parada, digerindo tudo que João me contou.

 

- Amor, tudo bem?

- Sim.

- O que ele queria?

- Me contar sobre o namoro dele.

- A ligação foi rápida.

- É.

- Posso dar play?

- Pode.

 

Voltamos a assistir e continuei pensando no meu sobrinho; ainda bem que ele estava bem e feliz. Fomos dormir tarde e depois de ver uma temporada inteira do nosso seriado favorito. No sábado levamos nossos filhos para o ensaio e no final daquele mês já seria o casamento da Bia. No domingo meus pais me ligaram, para nos convidar para um cruzeiro familiar, conversei com a minha esposa e topamos, pois, ainda não tínhamos planejado nada para as férias de julho.

Bia, ficou linda de noiva e estava radiante. O casamento foi na praia, em uma pequena ilha, Henry, carregou as alianças e ele estava lindíssimo, usando bermuda azul marinho, suspensório, gravata borboleta na cor azul, camisa branca e uma boina. Maria Flor com certeza é a daminha de honra mais bela do planeta, minha filhota carregou um mini buquê de bonecas, todas vestidas de noivinhas. A pedido de Bia, minha filha usou um vestido azul claro e branco. Já o arranjo com flores naturais para o cabelo foi ideia do Rui e ficou um encanto. Depois da celebração, os dois estavam até com receio de brincar e estragarem o figurino. Ambos ficaram maravilhosos, claro que Yara e eu, emocionadas.

Nas férias, deixamos os pets com os meninos e viajamos com os meus pais. Escolhemos um cruzeiro de 10 dias, pela costa brasileira, saindo de Santos, passando por Búzios, Salvador, Ilhéus e Ilha Grande. As crianças adoraram e meus pais também.

- Yara, viajar contigo é sempre extraordinário.

- Florência, viver com você é sempre extraordinário (afirmou e me beijou).

 

Meu escol do afeto, meus amores e minha família!

 

 

“Uma família feliz, nada mais é, que o paraíso antecipado”.

 

Fim do capítulo