Capítulo 24: "Não exercer uma escolha que você já fez também é uma escolha sua!" (Willian James)
Capítulo 24
Um mês se passou desde que tomei conhecimento da doença de papai.
O todo-poderoso Norberto Siqueira Campos, mesmo um pouco abatido, voltou para Brasília. Contra a nossa vontade, mas, segundo ele, seu trabalho lhe dava ânimo e preenchia seus pensamentos. Tivemos que concordar. Afinal, seria muito mais triste vê-lo definhando dia a dia, esperando a morte chegar.
Guto e eu, aos poucos, fomos retornando à nossa vidinha de sempre. Melhor dizendo, Guto parecia bastante decidido a conquistar o coração da bela e simpática Suzana. Roberto, apesar da costumeira distância que mantinha de nós, parecia estar bem também.
Agora, eu?
Bom, conversava com Marina tarde sim, tarde não e, tão logo o dia de trabalho chegava ao fim, ia para casa e não saía mais. Márcia convidava-me para sair mas, diferente de antes, não insistia tanto. No fundo, achava melhor assim. Mesmo muito agradecida por tudo o que ela estava fazendo, não podia lhe dar nenhuma esperança. Meu coração já tinha dona, que, aliás, parecia ter me esquecido, já que nos últimos dias tinha sumido e não conseguia encontrá-la.
Mas, parece que quando alguma coisa não anda muito certo na vida da gente, coisas estranhas e impróprias acontecem. Então eis que:
- Vamos, Val! Demorei dias tentando convencê-la a sair com a gente! - a voz súplice de Márcia tentava me convencer enquanto, jogada no sofá, eu fingia ler um livro.
- Já te falei, Má - resmunguei sem desviar a atenção das páginas. - Estou sem vontade. Trabalhei pra caramba esta semana e...
- E vai ficar mais uma sexta-feira em casa? Pra quê? Seu pai nem está aí. Depois, você já não falou com ele hoje?
- Huhum...
- Então, garota! Já não se certificou de que está tudo bem e que ele vem para São Paulo amanhã?
- Huhum...
O livro foi tirado de minhas mãos e um par de olhos furiosos encararam-me.
- Chega desse "huhum" e vamos! Vai tomar um banho, vestir-se lindamente e sair para a noitada.
- Má... - fiz beicinho e cara de cansada.
- Vamos, Valentina! - ela me puxou. - Se você fizer isso de novo, eu mesma dou banho em você. - então, sorriu safada. - Você sabe que adoraria fazer isso e como isso acabaria, não é?
Senti meu rosto queimar. Desde que fizemos as pazes e mesmo papai achando que estávamos namorando, nunca mais tivemos nenhum tipo de contato mais íntimo.
Às vezes, não vou negar, sentia o mesmo tesão desenfreado por ela, principalmente quando chegava toda perfumada para me dar carona, pela manhã. E, para piorar, ela não escondia que sentia o mesmo.
Sorri meio sem jeito e corri para o banheiro. Caso ela resolvesse mesmo cumprir sua promessa, não resistiria. Embora eu quisesse muito, a cada dia que passava a lembrança de Marina se alojava mais em meu coração e, mesmo não sabendo o que havia entre a gente, queria lhe ser fiel.
Jantamos num bom restaurante e, logo em seguida, fomos para a melhor boate LGBT da cidade. Márcia parecia ter se tornado ainda mais popular, pois para todo canto que se olhava percebia-se meninas babando por ela.
Muitas insistiam em tirá-la para dançar, mas, sorrindo lindamente, ela dispensava.
- Má, - falei ao seu ouvido. - Lembre-se: você está aqui para se divertir, não para ficar tomando conta de mim. - sorri. - Já estou bem crescidinha, se ainda não notou...
Seu olhar "43" viajou por todo meu corpo e, com voz de veludo, ao pé de meu ouvido, sussurrou:
- Faz tempo que notei que você é bem crescidinha, meu amor!
Tremi inteira com aquela confissão e o tesão que eu estava reprimindo, tomou-me com uma força tamanha que, quase sem notar, olhei para sua boca sensual, desejosa de um beijo seu.
Sem falar nada, mordi levemente meus lábios e esse gesto deve ter destruído o pouco controle que havia naquela mulher fogosa.
- Não faz isso, Val... - ela gem*u sem afastar seu olhar do meu.
Instintivamente passei a língua por meus lábios, num gesto provocante, e seu gemido foi mais alto.
Então, sua boca capturou a minha num beijo faminto, quente...
Não tinha a mínima vontade de afastar sua boca da minha. Muito pelo contrário, eu queria mais... muito mais... Queria também o contato daquele corpo moreno que tantas vezes saciou o fogo que morava em mim que, nosso beijo foi se tornando mais profundo, enquanto as mãos experientes de Márcia passeavam por minhas costas, minha cintura, minhas coxas...
Interrompi o beijo para respirar um pouco.
Seus olhos buscavam os meus transbordando um desejo selvagem.
- Está vendo porque não posso dançar com outras garotas? - ela me falou em meio a respiração entrecortada.
Não disse nada. Não conseguia pensar em mais nada a não ser levar aquela morena para a minha cama e apagar o fogo que nascia em minhas entranhas e desaguava no meio de minhas coxas. Ela, tremendo, tomou minha mão, beijou dedo por dedo e, num gesto tantas outras vezes repetidos, levou-me em direção ao seu sex* latejante...
- Sinta o que você faz comigo, Val.
No exato momento em que senti sua umidade por sob a calcinha de renda, meu corpo todo estremeceu e um gemido rouco escapou de minha garganta.
- Hummm, quero você, Má. Preciso de você! - sussurrei excitadíssima.
- Também quero você! - ela gem*u afastando minha mão daquela gruta quente, desejosa. - Muito, muito, muito!
Márcia me olhou febril.
- Vamos sair daqui! Por favor!
- Sim, vamos.
Levantamos juntas e, sem nos despedir do resto do grupo que dançava , saímos dali queimando de desejo.
Assim que fechei a porta da minha sala, fui jogada de encontro a ela e, ali mesmo, fui despida quase ferozmente. Márcia se transformava quando trans*va comigo, me tomava de uma maneira desesperadora. Sua fome sexual me excitava, me enlouquecia, me deixava fora do ar. Quando dei por mim, estávamos em meu quarto nuas e nos devorando.
Márcia usava suas mãos e sua boca para me atormentar e eu fazia o mesmo em retribuição a tanto prazer. O gozo chegou uma... duas... três... quatro vezes ininterruptamente, tanto para mim quanto para ela. Até que saciadas e esgotadas adormecemos uma nos braços da outra.
Acordei lentamente. Olhei para o relógio e assustei com a hora: 10h30 da manhã! Poucas foram as noites em que dormi tanto e tão bem no último mês. Virei-me de lado e encontrei a bela morena num sono profundo. Seus cabelos castanhos espalhados pelo travesseiro davam-lhe a imagem de uma selvagem domada. Sorri satisfeita e agradecida. Transar com aquela mulher gostosa tinha me feito muito bem. Toquei levemente seu rosto, ela resmungou algo que não entendi e virou-se para o outro lado.
Espreguicei-me longamente e decidi levantar. Depois de um banho demorado, voltei para o quarto, coloquei uma bermuda de tecido fino e uma camiseta cavada e fui para a cozinha preparar o café. Deixei Márcia esparramada na minha cama. Linda e nua.
Preparei toda a cafeteira e saí, silenciosamente, para a padaria que havia na esquina do meu prédio.
Na volta, cumprimentei novamente o porteiro e sua esposa e subi as escadas, beliscando um pão quentinho e lendo as chamadas do jornal.
Qual não foi minha surpresa quando:
- Bom-dia, doce Valentina!
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
AureaAA
Em: 08/10/2017
Olá autora acompanhou essa história desde o começo e verdadeiramente pensei que tivesse abandonado que bom que não.
Bom eu não iria comentar,mas cara é muito complicado esse triângulo amoroso...tenho dó da Márcia,mas torço por Val e Marina e não acho legal o que a Valentina está fazendo com as duas,já que a Valentina diz que ama a Marina e ficar transando com a Márcia para mim é uma puta de uma sacanagem com as duas seria bom que a Valentina se decidisse logo...enfim só um comentário de uma leitora que lhe admira.
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