Capítulo 23
Vinte e três
No sábado, acordamos e tomamos café da manhã, exceto João Vitor, que estava sem fome e não quis comer nada. No almoço precisei insistir muito e ele comeu só um pedaço pequeno de lasanha. A tarde viajamos para Mogi das Cruzes, conforme o combinado Yara seguiu para o cinema com os três e eu fiquei aguardando os meninos na praça de alimentação; uns vinte minutos depois eles chegaram, me cumprimentaram e começamos a conversar.
- Flor, o nosso filho voltou a conversar contigo? Conosco ele nem quis papo esta semana (contou Rui).
- Sim, conversei com ele e estou preocupada, pois ele não está se alimentando direito.
- Em casa foi uma luta para ele comer, precisei dar uns gritos (Digo revelou).
- Se você falar isso para a minha esposa pedagoga, aposto que ela vai dizer que gritar não é a solução.
- Verdade (Rui confirmou).
- Então meninos, que o João Vitor está triste vocês sabem e confesso que também fiquei chateada com vocês, pois não esperava que vocês fossem taxativos. Primeiro, eu entendo o lado de vocês, ele é muito novo e precisa focar nos estudos.
- Exatamente (Digo sobressaiu).
- Ele está disposto a continuar se destacando nos estudos (expliquei).
- Ótimo e é o que ele tem que continuar fazendo. Namorar tão novo só vai atrapalhar (Digo novamente).
- Mas entendam também que ele se apaixonou e além disso, a moça é uma boa garota. Yara me contou que é uma das melhores alunas do colégio. Vocês sabiam que ela acha melhor terminar o namoro já que vocês são contra?
- Faz bem (disse Digo).
- Você diz isso porque não viu seu filho chorando, depois ele ainda me pediu desculpas, por ter sido fraco e ter chorado nos meus braços (falei indignada).
- Nossa! Ele chorou e disse isso? (Rui perguntou chateado).
- Sim e fiquei arrasada. Ele está muito entristecido. Poxa ele foi tão legal conosco contando sobre o namoro e olha o que vocês estão fazendo.
- Para você que não está no nosso lugar é fácil dizer (Digo espezinhou).
- Alto lá, eu sou mãe e por isso me coloco no lugar de vocês. Sei que é complicado. O problema é que vocês estão se esquecendo, que tudo o que os filhos mais precisam é do apoio dos pais. Claro que faz parte da educação dizer não, mas o melhor mesmo é tê-los como amigos e saber de tudo que se passa com eles. Agora falo por mim enquanto filha, ter sido acolhida pelos meus pais quando descobri minha sexualidade foi maravilhoso, pois eu estava perdida e sofri muito até me aceitar. Eu tive amigo que apanhou e foi expulso de casa. Enquanto eu tive o privilégio de ser amada incondicionalmente.
Acabei calando a boca deles, do rosto do Rui escorreram algumas lágrimas, acredito que por intermédio das minhas palavras ele acabou se recordando do passado.
- Vocês sabiam que o João, foi motivo de chacota entre os amigos, pois vocês o levaram e buscaram todos os dias; tudo para evitar que ele não encontrasse com a Jéssica. Além disso, ela foi orientada pela mãe para não continuar com o namoro, visando evitar problemas. Detalhe, a mãe dela é professora do João, gosta muito dele e diferente de vocês não proibiu o namoro. Vocês estão se esquecendo que o proibido é mais gostoso?
Novamente eles nada disseram. Acredito que estavam refletindo sobre tudo que falei.
- Digo e Rui, em nenhum momento apontei tudo isso para o filho de vocês, mesmo porque jamais vou jogar ele contra vocês dois. O que eu fiz foi orientar para que ele nos conte tudo. Eu sempre vou estar ao lado do João Vitor e saibam que não será só para passar a mão na cabeça dele não, mesmo porque eu o amo, na mesma intensidade que amo meus filhos. Quando for preciso também vou dar puxão de orelha. Mas entendam, ele não está fazendo nada de errado, pelo contrário, ele é sincero e um ótimo garoto. Temos que agradecer a Deus, pois ele é um presente na nossa vida. Gente, ele já passou por tanta coisa triste na infância, enfrentou rejeições traumatizantes.
Desta vez não foi só o Rui que chorou, Digo também derrubou algumas lágrimas.
- Como amiga de vocês, eu peço, por favor, deixem o ciúme de lado, escutem o nosso menino, ele precisa de nós e está vivendo a descoberta do primeiro amor.
- Obrigado por dar atenção, suporte e apoio para ele (Rui me agradeceu).
- Não precisa agradecer. Eu o amo muito (afirmei).
- Vou comprar uma água, vocês querem? (Digo falou se levantando).
- Não (eu respondi).
- Amor, eu prefiro um suco de maracujá, por favor.
Digo acabou comprando dois sucos e uma garrafa de água. Eles tomaram em silêncio.
- O filme já deve ter acabado, vou encontrar com eles e já volto (falei deixando a mesa).
Me afastei e fui ao encontro dos meus amores, que saíram animados do cinema. Henry e Maria Flor, começaram a narrar sobre o filme. Enquanto Yara e João me olhavam com curiosidade. Chegando na praça de alimentação, notei que os meninos estavam conversando.
- Mãe Flô, quero lanche de brinquedo.
- Flô, eu também!
- Vou comprar para vocês. João Vitor, me acompanha para comprar?
- Claro, tia (falou agradecido, pois queria falar comigo).
- Eu vou falar com os meninos e colocar as crianças sentadas (Yara avisou).
João e eu fomos até o fast food.
- Tia, me conta. Como foi?
- Conversamos bastante, eles tiveram que ouvir todo o meu discurso, os chamei a razão. Acredito que eles vão refletir sobre tudo que falamos.
- Tia a senhora é uma amigona (falou mais animado).
- Eu te amo garoto.
- Eu também!
Comprei o que as crianças pediram e fomos até a mesa que eles estavam. João Vitor cumprimentou os pais, meus filhos começaram a comer e brincar.
- Nós já vamos, estou cansado (Rui falou).
- João Vitor se despeça das suas tias e das crianças. Vamos para casa (disse Digo).
- Pai, deixa eu ficar o final de semana com as tias.
- Não, temos que conversar e vamos para a nossa casa (Digo determinou).
- E a minha mochila? Deixei minhas coisas na casa delas.
- Prima, na segunda você leva por favor e ele pega contigo no colégio.
Yara somente meneou a cabeça em concordância. Eu também não disse nada, fiquei apenas observando. Os três se despediram e foram embora. Nós duas também comemos lanches e depois deixamos o shopping. Na viagem as crianças adormeceram e aproveitamos para conversar.
- Percebi mesmo que os dois choraram (ela comentou depois que narrei toda a conversa).
- O Digo, quando quer ser irritante consegue (reclamei).
- Sabe o que eu sinto, meu primo está se deixando levar pelo Digo e ambos estão esquecendo que o João tem 16 anos de idade, ou seja, não é mais nenhuma criança.
Chegamos em casa, ainda brincamos um pouco com nossos filhos, depois os colocamos no banho e cuidamos dos pets. Antes de deitarmos ainda comemos bolo de chocolate e tomamos refrigerantes.
Naquela noite tive pesadelos umas duas vezes, no primeiro João Vitor me pedia socorro e depois desaparecia. Já no outro, eu chorava muito e discutia com o Digo. No domingo logo que acordei contei para a Yara.
- Amor, você sonhou isso, pois passou por stress ontem, mas pode ficar tranquila, tudo vai se resolver.
Tomei café da manhã com a minha família e depois deixamos as crianças no quarto assistindo desenho, pois precisávamos limpar a casa. Antes de começar a limpeza, tentei ligar para o meu sobrinho.
- Celular do João Vitor só da caixa postal (falei para a Yara).
- Ele deve estar dormindo, mais tarde você liga de novo.
Ela tinha razão, talvez ele estivesse dormindo. Por volta das dez da manhã, quando eu estava passando aspirador no sofá da sala, o telefone fixo tocou e eu fui atender imaginando que fosse a minha mãe.
- Alô!
- Flor, o João está contigo?
- Não. Você nem o deixou voltar conosco (respondi para o Digo).
- Ele sumiu.
- Como? (Perguntei sentando no sofá).
- Eu e o Rui acordamos tem meia hora, já procuramos pela casa toda e nada dele.
- O celular dele só dá caixa postal.
- Ontem colocamos ele de castigo e o celular dele está conosco.
Comecei a chorar preocupada. Seria meu sonho, um aviso? Yara se aproximou de mim.
- Amor, o que foi?
Eu não consegui responder. Estendi o telefone para ela, que começou a falar rapidamente. Nem consegui entender o que a Yara dizia. Fiquei perdida nos meus pensamentos e lembrando de todos os momentos com o meu sobrinho. Só voltei a dar atenção para a voz dela quando ouvi:
- Se algo acontecer com ele, eu juro que vocês dois vão se ver comigo (ela disse irritada e desligando o telefone em seguida).
Fim do capítulo
Escol terminando e este foi o antepenúltimo capítulo. Feliz final de semana e até quarta. Bjs
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Bia08
Em: 07/10/2017
Olá Flor,que tensão foi essa caramba
Os meninos pegaram muito pesado com o João, a Flor está coberta de razão, temos que ser amigos também além de pais, ouvir e ponderar as situações e não somente impor as vontades.
Bjsss amando, pena que está acabando.
Resposta do autor:
Olá! Flor, como vai?
Verdade os meninos pegaram pesado.
Sintomas de saudade já com Escol acabando.
Fico feliz por vc estar amando. Até quarta e boa semana. Bjs
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Mille
Em: 07/10/2017
Ola querida May
Será que agora eles abrem os olhos, não bastou a conversa da Flor para faze-los entender o filho, e agora estão aperiado sem saber aonde está o João.
Espero que ele esteja bem e tenha ido para a casa da namorada.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Querida amiga Mille, agradeço por todos os seus comentários.
Feliz final de semana e até quarta. Beijocas
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preguicella
Em: 07/10/2017
Putz, sabia que os dois iam vacilar com João, e a Flor ainda sonhou, danou-se. O menos pior é que agente sabe que a história tá acabando, então não vai ter coisa ruim aí! Vai ser só o susto!
Bjão
Resposta do autor:
Olá! Agradeço o seu comentário e participação. Obrigada!
Outro beijão e um belo final de semana. Até quarta.
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NovaAqui
Em: 07/10/2017
Olhos marejados
Dois cabeças duras. Aff
Espero que ele tenha ido ver a namorada
Ansiosa aqui
Ainda bem que quarta é depois de terça, que é depois de segunda. Segunda já é depois de amanhã kkkk logo ali kkkk
Abraços fraternos procê!
Resposta do autor:
Oie, tmb fiquei com os olhos marejados.
Vai passar rapidinho e log a quarta chega rs
Outro abraço fraterno e até breve. Beijos
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