Capítulo 22
Vinte e dois
A semana seguiu tranquila. Voltei a conversar com meu sobrinho, por ligação e também por mensagem. Na sexta ele pediu para dormir em casa, claro que deixamos e os pais dele também. Como o habitual, cheguei em casa primeiro que eles e decidi fazer lasanha, pois todos gostam e é o prato preferido do João. Eu estava colocando no forno quando eles chegaram. Cumprimentei cada um com um beijo. As crianças foram tomar banho e Yara acompanhou João até o quarto de hóspedes. Em seguida voltou para conversar comigo.
- Quer ajuda?
- Já terminei. Hoje nem corri na praia, cheguei e comecei a fazer a lasanha.
- Nosso sobrinho vai adorar. Já te aviso que ele está tristonho. Falou pouco comigo, preferiu ficar com o fone de ouvido.
- Depois do jantar converso com ele.
- Será bom para ele.
- Como foi seu dia?
- Foi bom e o seu?
- Também. Falei com meus pais, cobraram uma visita.
- Podemos ir semana que vem.
- Legal, amanhã aviso eles. Vão adorar!
Arrumamos a mesa, a lasanha ficou pronta e nos acomodamos na mesa de jantar.
- Flô, qual é o jantar?
- Henry, tem suco da sua fruta preferida.
- Morango (falou feliz).
- Acertou! Lasanha que o João Vitor adora.
- Tia, obrigado! Sua lasanha é muito gostosa.
- E princesa, advinha qual vai ser a sobremesa.
- ‘Sovete’? (Perguntou animada).
- Isso mesmo.
Jantamos, ch*pamos sorvetes e colocamos as crianças para dormir. Depois fomos até o quarto conversar com nosso sobrinho, que estava em pé próximo da janela, observando a noite lá fora.
- Licença (Yara falou antes de entrarmos).
- Oi.
- Lindo, eu vim te dar boa noite e vou te emprestar a minha melhor amiga (falou sorrindo cúmplice para mim).
- Valeu (ele falou tentando esboçar um sorriso).
- Mas não acostuma não, pois sou ciumenta. Ela fez até seu prato preferido rapaz (brincou).
- Cuidado tia, sou charmoso (devolveu a brincadeira).
- Engraçadinho (falou mexendo no cabelo dele).
Eu sentei na cama e ele fez o mesmo ficando de frente para mim.
- João, boa noite!
- Boa noite tia.
Ela saiu do quarto e fechou a porta. Ficamos alguns segundos em silêncio e eu aguardei ele se sentir confortável para começar a conversar.
- Tia, adorei a lasanha, obrigado.
- Disponha. Como foi a sua semana?
- Chata. Mal falei com os pais. Eles me levaram para as aulas todos os dias e nem me deixaram voltar sozinho.
- Sério isso?
- Sim. Meus amigos até zombaram, me chamando de filhinho de papai e que já tenho idade para andar só.
- Que chato isso.
- Mas o que me chateou mesmo, foi que com isso, nem pude ficar com a Jé (narrou triste).
- Ela entendeu ou ficou brava?
- Tia, ela está com medo e acha melhor terminarmos (contou começando a chorar).
- Calma, não fique assim (falei já o abraçando).
Ele chorou bastante e eu o abracei toda carinhosa; da mesma forma que faço com os meus filhos. Uns dez minutos depois ele se acalmou e pediu licença para lavar o rosto. Enquanto isso fui até a cozinha buscar água para ele.
- Desculpa, chorei igual um fraco (ele disse envergonhado quando entreguei o copo com água).
- Não precisa se desculpar por ter chorado e você não é fraco coisa nenhuma.
- Eu me controlei a semana toda e nem chorei. Mas agora te contando não aguentei.
- Viu só, como é forte, aguentou todos estes dias.
- Obrigado por ter me deixado vir, precisava muito conversar contigo.
- Meu amor, você pode vir sempre que quiser e que seus pais deixarem.
- Queria que você fosse a minha mãe.
Pegou no meu ponto fraco, a maternidade. Então além de me ter como tia e amiga. Ele me via também como uma excelente figura maternal.
- Lindo, não fale assim, seus pais ficariam chateados se ouvissem isso. Mas saiba que te tenho como um filho e o amor que sinto por você é incondicional, igual o que sinto pelo Henry e pela Maria.
- Obrigado!
- Mais calmo?
- Sim.
- Me explique, por qual motivo a Jéssica quer terminar.
- Ela não quer terminar. Mas ficou com medo. Na terça eu contei para ela que meus pais são contra nosso namoro. Ela conversou com a mãe dela e na quarta me contou.
- O que a mãe dela disse?
- Que somos menores e sem a autorização dos nossos pais não podemos namorar. Além disso, ela trabalha no colégio, é minha professora e não quer problemas.
- E a mãe dela falou contigo?
- Não.
- Então, do que a Jéssica tem medo?
- Ela é bolsista tia.
- João Vitor, a Yara é muito justa, com relação a bolsa da Jéssica vocês não precisam se preocupar.
- Eu gosto muito da Jé e estou com medo dela terminar comigo. Ontem e hoje conversamos pouco no intervalo. Acho que ela está me evitando (disse deprimido).
- Combinei de conversar com seus pais amanhã. Vou te ajudar.
- Mais uma vez obrigado.
- Estarei sempre ao seu lado e você não está fazendo nada de errado.
- Tia conversa com a Jé também?
- Tudo bem, posso falar com ela sim.
- Vou ligar então.
- Agora não, já está tarde e prefiro falar com seus pais primeiro.
- Entendi. Me dá outro abraço?
- Claro! Nem precisa pedir (falei voltando a abraça-lo).
- Tenho que te devolver para a tia Yara (ele brincou quando desfez do abraço).
- Se você não conseguir dormir pode me chamar.
- Vou ler um pouco e logo durmo.
- Fica bem e eu te prometo que vou te ajudar a resolver tudo isso.
- Acredito em ti, boa noite tia.
- Boa noite, meu amor.
Dei um beijo na testa dele e deixei o quarto. Antes de ir até o meu, passei na cozinha e bebi água. Ainda espiei meus filhos, que dormiam tranquilamente; e quando entrei no meu quarto, Yara assistia TV.
- Ainda não tomei banho, estava te esperando (ela falou se levantando).
- Vamos então, pois estou exausta e carecendo de um bom banho.
- Vou te banhar então meu amor.
- Danada!
- Como foi o diálogo? (Questionou quando estávamos nos despindo).
- Pior do que eu esperava (lamentei).
- Pelo semblante e desânimo dele imaginei mesmo que seria tenso.
- Que situação viu.
- Rui comentou que durante a semana mal conversaram e estão preocupados, pois ele nem comeu direito.
- Ainda bem que fiz lasanha, ele gostou e se alimentou um pouco.
- Me conta, como andam as coisas.
Entramos debaixo do chuveiro e relatei tudo para ela.
- Nossa, eles levaram e buscaram ele todos os dias. Que exagero! Vou falar com a Jussara, mãe da Jéssica. Deixar bem claro que o relacionamento dos dois não interfere em nada na escola e muito menos na bolsa. Agora entendi o motivo da tristeza dele, que chato tudo isso.
- Muito chato e ver ele chorando acabou comigo.
- Ele nem é de chorar (falou enquanto esfregava as minhas costas).
- O João já enfrentou tanta coisa, quando criança ele passava fome (recordei com tristeza).
- E assim como eu também perdeu um irmão ainda na infância. Será que os meninos estão lembrando de tudo isso ou só estão pensando neles?
- Não sei. Mas confesso que estou bem chateada com os dois.
- Você acha que a moça vai mesmo terminar com ele?
- Espero que não. Quando você falar com a professora, pergunte por favor, se posso falar com a filha dela. João me pediu.
- Claro, pergunto sim (confirmou quando deixamos o banheiro).
- A Jéssica é uma boa menina?
- Sim! Muito educada, simpática e tem ótimas notas. Uma das nossas melhores alunas.
- E você conhece o menino que ela namorou?
- Conheço, estudou no colégio e terminou no ano passado. Mudou com os pais para São Paulo. O namoro deles não durou muito não, acho que nem um ano. Era mais encantamento de adolescente.
- Entendi. Agora vamos dormir, estou muito cansada.
- Eu te amo, boa noite!
- Também amo você, boa noite.
Fim do capítulo
Olá! Entramos na reta final e já sinto cheiro de despedida rs
Um aviso para quem aguarda a continuação de Dueto: estou finalizando Escol e na sequência já retomo a segunda parte deste romance que deixei pendente.
Grata por todas as leituras e comentaristas vocês são uns amores, obrigada! Beijos
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NovaAqui
Em: 04/10/2017
Tadinho do John Jom! :(
Acho que a conversa da Flor com os pais dele vai desanuviar as coisas. Lógico que eles ainda vão ficar um pouco reticentes, mas aos poucos vão aceitar o namoro do filho
Abraços fraternos procê!
Resposta do autor:
Olá! Muito obrigada pela companhia e por todos os comentários.
No final de semana retorno com o 23. Até breve. Abraço fraterno!
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