Tinha decidido dar um ultimato pra tia Vivian, não era correto nem comigo que parecia estar pisando em ovos, quando estávamos reunidos. Nem com Sabrina que depositou sua confiança em minha família.

Chego à cozinha estava as duas conversando.

-tia essa situação tem que acabar a senhora precisa conversar com Sabrina!- minha tia me olha desolada, ela sabia que tinha razão.

-Vivian você precisa conversar com sua filha- ouço Berta falar a senhora também, era da mesma opinião que a minha- a Sabrina precisa saber o que aconteceu.

-Filha!

-Sabrina! – olhava a mulher pálida na entrada da cozinha, Berta e minha tia Vivian calaram-se- por favor, me escuta, sei que tem muita coisa a ser explicado.

Ela estava lívida, lagrimas molhavam seu rosto. apesar da surpresa sua expressão era dura, sem emoção.

-não acredito que você mentiu pra mim Giulia!- meu rosto já estava banhado por minhas lagrimas. Em seu olhar via uma indiferença que partiu meu coração.

-eu não menti, por favor, me escuta- ela parecia não me escutar, olhava sua mãe de um jeito que ainda não tinha visto, a dor de anos veio a tona.

-vocês todas mentiram pra mim!-olha acusadoramente para Berta-ate você Berta que sempre confiei.

-minha filha pelo menos escuta o que sua mãe tem a dizer, as coisas não são como você imagina.

-vocês não tinha o direito de omitir isso de mim, se trata da minha vida- ela gritava acusando-nos.

Nesse momento Amália, acho que assustada pelas vozes alteradas chega ate a cozinha, e olha com certa simpatia mim e tia Vivian, Berta já havia me contado que a recepcionista já conhecia os fatos.

-eu não tenho mãe, essa mulher que esta ai é uma perfeita estranha- se vira pra mim- acho não conheço realmente ninguém

-amor me escuta,  me perdoa, sei que agi mal...

-Não me chama de amor, a mulher que achei amar nunca existiu  foi tudo mentira!-estrava sem ação, não conseguia raciocinar direito.

-você só ágil assim por eu praticamente te implorei Giulia-tia Vivian ainda tenta argumentar- ela não teve culpa de nada que aconteceu se tem que culpar alguém culpe a mim.

-não foi mentira, eu te amo Sabrina, só escuta sua mãe.

-já te falei que não tenho mãe!

Sai em disparada pela porta dos fundos, ainda tentei ir atrás, mas Amália me segura pelo braço me impedido.

- a deixe, conheço minha amiga ela não vai querer te escuta.

-será que vai querer algum dia- olho pra recepcionista com pesar.

-me desculpe minha filha, varias vezes me alertou sobre isso, estava tão feliz em ter minha filha que não queria que isso acabasse.

-não importa! Se contasse a ela quando chegou, talvez sua reação fosse à mesma.

...

Aquilo não podia estar acontecendo, só podia ser uma brincadeira, como ela teve coragem de me esconder aquilo. Principalmente Berta que presenciou todo meu sofrimento.

-Sabrina-olho a italiana sem emoção, meu coração estava pesado, a dor que sentia era de perda - me escuta, por favor.

-você não tinha o direito de omitir isso de mim, se trata da minha vida- apesar de ver todo o sofrimento de Giulia com minhas acusações, procurei ficar firme em minha decisão. precisava acusar alguém por tudo que estava sofrendo.

-me perdoa, sei que agi mal...

-você só ágil assim por eu praticamente te implorei Giulia- Vivian, quer dizer minha mãe a defendia- ela não teve culpa de nada que aconteceu se tem que culpar alguém, culpe a mim.

-eu não tenho o que falar contigo, você deixou de fazer parte de minha vida quando me abandonou!

Depois disso sai do ambiente praticamente correndo, meu coração estava em frangalhos precisava ficar sozinha, ainda não conseguia acreditar que a mulher que me abandonou há anos fosse à mesma pessoa a criar Giulia e Geno. Meu Deus ele é meu irmão, será que sabia de tudo, com certeza estava metido naquela sujeira toda.

Enquanto caminhavam minhas lembranças vagam pra anos atrás, quando ainda tentava arranjar uma desculpa pra aquele abandono, não acreditava totalmente quando meu pai dizia que ela era uma mulher vil, que não pensou na família quando nos abandonou pra fugir com um  gringo , como ele denominara o pai de Giulia.

E Berta, meu Deus ela sempre esteve do nosso lado, porque agora defendia aquela mulher. Pensando melhor em tudo, ela nunca havia falado nada de minha mãe, apesar das historias de meu pai.

Enquanto caminhava  sem direção, tudo que passei ate ali perturbava minha mente, não queria saber de nada que aquela mulher quisesse falar. E Giulia, senhor porque fez isso comigo,  sabendo das coisas que havia comentado sobre aquela mulher.

Já caminhava por um bom tempo, e não queria voltar e encontrar as duas.

-esta acontecendo alguma coisa Sabrina-era Dayse que me abordava, parecia preocupada por meu estado.

-não aconteceu nada! -sou grossa com a advogada que parecia não se deixar abalar.

-vem cá, vamos nos sentar. Você não esta bem, se não quiser conversar pelo menos se acalme.

Já estava bastante longe da pousada, então resolvi sentar ali mesmo na areia. Olhei pra Dayse, que parecia estar realmente preocupada comigo.

-o que faz tão distante da pousada?- pergunto. Era estranho ver a advogada tão distante do chalé.

-precisava pensar na minha vida- ela baixa a cabeça , parecia triste- e você o que faz sem sua italiana?

A simples menção de Giulia fez meu coração oprimir , tudo que vivemos ate ali foi uma mentira, ela deve ter se aproximado de mim a pedido de Vivian.

-ela não é minha Italiana!- ela me olha espantada, pelo tom de minha voz- ela é uma mentirosa- lagrimas rolam novamente por meu rosto, Dayse vendo que não conseguia me controlar, me puxa e me abraça apertado- elas mentiram pra mim Dayse, mentiram...

-se acalma se quiser conversar estou aqui- ela me acalentava com delicadeza.

Fiquei assim por alguns minutos, precisava daquilo, precisava pensar no que estava acontecendo, talvez conversar com Dayse me acalmasse. Quando sentiu que não soluçava mais, a advogada se afasta me olhando nos olhos.

-Quer conversar, sobre o que esta acontecendo?- seu rosto demonstrava sua preocupação.

-a Giulia , a Vivian ate mesmo Berta mentiram pra mim- ela não falava nada, mas me olhava com interesse- aquela mulher , que esta hospedada na minha pousada  na verdade é minha mãe, a mulher que abandonou sua família sem olhar pra trás, e Giulia Sabia de tudo e não me falou nada. Tanto que falei com ela que essa mulher não pensou em nada, somente no amante quando me abandonou.

-o que a Giulia falou?

-não quis escutar suas mentiras, com certeza esta aqui a mando da madrasta. Tudo que vivemos foi uma mentira!

Dayse me olhava com carinho, não sei se por sua profissão, mas ela tinha o poder de fazer que as pessoas se confessassem com ela.

-e sua mãe, deixou ela se explicar porque ter te abandonado?

-não quero saber das duas, quero ficar bem distante.

-Sabrina uma hora vai ter que encara-las, por mais que ache que sua mãe a abandonou, todos tem a uma segunda chance, talvez tudo que você tenha escutado ate hoje, não seja toda a estória.

-tenho certeza que meu pai me falou toda à verdade, ela poderia ter me procurado esses anos todo e não o fez.

-talvez por medo de sua reação, como esta acontecendo agora- ela para , me olha e continua- já pensou a posição da Giulia em toda essa historia. Porque esta claro que te ama muito, assim como ama sua mãe!- minha respiração estava suspensa- de um lado a mulher que ama, do outro a mulher que esteve o seu lado como uma mãe, durante todos esses anos. Sinceramente nem eu  saberia o que fazer!

-tudo bem, posso  ate entender o dilema da Giulia, mas ela teve todas as oportunidades de me contar a verdade e não o fez.

-talvez o medo de te perder, não a deixou pensar direito de como você reagiria ao saber de tudo-faz uma pausa olhando o mar antes de continuar- uma pessoa sobre pressão não consegue agir normalmente, tiro isso por experiência própria- seu suspiro era o indicio de que alguma coisa não estava bem com ela.

-esta com algum problema com a Pietra- ela me olha assustada, ninguém ate o momento havia comentado com ela sobre sua relação com a italiana. Seu suspiro era a resposta de que alguma coisa acontecia.

-não quero falar de mim- seu olhar era desolador- você já tem problemas de mais, mas é por isso que falo que a pessoa sobre pressão, com medo de perder quem se ama , prefere se calar.

-talvez se procurasse a Pietra de coração aberto e conversassem, as coisas se ajustariam.

-te dou o mesmo conselho. Sei que esta magoada com elas, mas tenta entender ou pelo menos ouvir de coração aberto sua mãe, por mais que não a perdoe.

Ficamos por mais alguns minutos conversando, me despeço falando que ia pensar no que ela havia me falado, não estava em condições de conversar com Giulia ou com Vivian, ainda precisava de um tempo a sós para poder digerir todas aquelas informações.

-Amália!- - ligo pra minha amiga, tentei ligar para Geovane, mais seu numero só dava na caixa de mensagem.

- Sabrina, onde se meteu! Este todo mundo a sua procura, preocupados com você.

- queria que me fizesse um favor-tento ser direta- eu estou bem , mas queria ficar um pouco sozinha. Preciso que va em casa pegar uma muda de roupa pra mim, traga também meu carro – falo a ela onde a esperaria.

Enquanto espero Amália repenso no que havia conversado com Dayse, mais a magoa que sentia da Italiana estava muito viva em meu peito, não ia conseguir perdoa-la do dia pra noite, o melhor que tinha a fazer era mesmo me afastar.

-Sabrina- a voz que me chamava não era de Amália e sim de Geno que saia do carro, Mari e sua namorada estavam juntas esperando de dentro do carro.

-eu não quero conversar Geno, acho melhor primeiro esfriar minha cabeça senão posso me arrepender ou magoar muito sua mãe e irmã.

-nossa mãe, minha irmã- aquelas palavras agora ditas naquele momento, tiveram um efeito diferente de quando ele chegou. Apesar de estar magoado, saber que tinha alguém no mundo além daquela mulher, era magico -sei que esta com raiva e não te recrimino, Giulia e eu insistimos tanto pra que nossa mãe contasse tudo a você , mas o medo de ter perder de novo a deixou receosa- “como assim o medo de me perder de novo”, bom aquele era um assunto que não queria pensar- só quero que saiba que nossa mãe nunca, entendeu bem , nunca te abandonou!

Sem que esperasse,  me da um abraço e se afasta permitindo assim que Amália se aproxime com a mochila que trazia nas costas.

-esta aqui o que me pediu- me entrega a bolsa- sei que que não me perguntou nada, mas acho que não deveria fugir assim, a Giulia esta arrasada com tudo isso.

-e como acha que estou? Você acha mesmo que não estou tentando entender o porquê ela me escondeu algo tão grave assim.

-tudo bem Sabrina, mas quando voltar conversa com elas , nem que seja pra dar um ponto final em tudo!-uma dor tomou conta do meu peito, um vazio que não sabia identificar se formou, quando ouvi as palavras de minha amiga. Como havia feito Geno, me abraçou entregou a chave de meu carro e voltou para junto dos outro, que foram embora no carro de Geovane.

...

P/ DAYSE

Caminhava pela praia a procura de minha ninfa, ela me evitava desde o dia que soube a verdade de meu relacionamento com Alessandra, naquele mesmo dia tentei falar, mas ela me evitava.

Estava sofrendo, apesar de saber que a italiana voltaria pra sua terra natal, não conseguia me ver sem ela. Já tinha chorado muito no conforto de minha cama, lembrando-se de nossas noites e dias de amor, sentia como se um pedaço de mim estivesse faltando.

 Estava ainda pensando em tudo que estava acontecendo, quando vejo Sabrina que parecia atordoada, pensativa.

Fiquei de queixo caído quando soube o porquê estava tão transtornada, ate eu que já havia vivido muitas coisas, mas aquilo, fiquei pasma! Mas toda moeda tem seus dois lados, não poderia julgar alguém sem saber o que realmente aconteceu no passado, só fiquei com pena de Giulia, que estava no meio disso tudo e era notório seu amor por ela, tentei fazer com que Sabrina pelo menos ouvisse as duas , antes de encerrar aquele assunto de vez.

Depois que deixei Sabrina,  continuo minha procura por Pietra, a encontro como nas outras vezes naqueles dias, junto com Leticia,  aquilo já estava passando dos limites.

Elas tomavam banho no mar, olho minha Ninfa de biquíni, e uma saudade me doeu a alma, saudade de ter seu corpo junto ao meu, de senti – lá se enroscar em meu corpo como uma gata quando termina vamos de fazer amor.

Fico observando as duas, como duas crianças uma jogando água na outra, sorri sem perceber. Queria poder eu estar ali!

Leticia me ver primeiro e aponta em minha direção, fazendo a italiana olhar e logo em seguida nadar para a terra firme e caminhar em minha direção.  logo atrás vem a ex de Mari, mas para a alguns metros.

-o que faz aqui? Não te falei que não quero falar contigo, que chegue perto de mim!

-mas eu quero falar contigo. Sei que estar chateada, mas precisamos conversar nem que seja pela última vez!- me sentia mal em falar isso “última vez”, mas só assim talvez ganhasse sua atenção,  mas ela estava fria como na última vez que nos falamos .

-tudo bem Dayse, fale logo o que quer falar e me deixe em paz!

-Pietra não quis brincar com você, foi você quem tirou aquelas conclusões eu somente não desfiz, quero que saiba que gosto muito de você!

Queria dizer que a amava, mas alguma coisa me impedia, queria falar que aquilo tudo não foi brincadeira, que a respeitava e a amava com todas as minhas forças.

-teve toda a oportunidade de me contar a verdade e não o fez,..

Sem que esperasse a agarro e a beijo com vontade, precisava senti-la mais uma vez. A principio ela ainda tenta resistir, pra logo em seguida se entregar. Como era bom sentir seus lábios, seu corpo, minhas mãos passeavam por seu corpo matando a saudade que estava dela.

Quando a sinto resistir me afasto, novamente seu olhar frio outra vez para meu lado.

-Pietra eu...-queria falar que a amava mas não conseguia.

-eu...- como não obtém resposta alguma completa- vou resolver algumas coisas com a Giulia , e logo em seguida volto pra Itália.

Suas palavras acabaram comigo.

- como assim vai embora!

Fim do capítulo