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She's Got Me Daydreaming por Carolbertoloto

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Palavras: 3899
Acessos: 1415   |  Postado em: 02/10/2017

Moving On And Getting Over

Pov- Cosima

Antes de começar uma confusa descrição dos últimos dias, tenho duas perguntas para fazer...

Número 1: Existe vida pós-vodka?

Número 2: Por que as piores decisões são feitas após o terceiro drink?

Chega a ser ridículo falar sozinha por tanto tempo, eu já deveria ter me acostumado, porém há certas coisas que levam tempo até fazerem sentido.

Semana passada foi umas melhores que vivi aqui no Canadá, provavelmente porque não me senti tão inútil ou entediada. Robyn me levou para conhecer alguns pontos turísticos em Toronto, mas antes paramos em uma pequena adega com um nome sugestivo "Have You Drunk Today?". O estabelecimento cheirava cerveja barata e madeira molhada, entretanto, os preços e variedade de produtos eram perfeitos para meu primeiro final de semana solteira.

Robyn comprou uma garrafa de "Canadian Club" e um maço de "MacDonald Speciale".

"Por que paramos aqui mesmo?" Questionei ao sair da loja.

"Porque é importante começarmos nosso tour com o pé direito." Removeu a garrada da sacola de papel, "Essa loja é conhecida por vender as bebidas que deram errado, como por exemplo esse Whisky que não recebeu selo de qualidade, pois houve um erro na produção do lote."

"E você acha mesmo uma boa ideia beber algo que deu errado?" Tentei não soar tão sarcástica, mas foi impossível.

"Claro que sim! Não saber o que vai acontecer é um tiro de adrenalina." Ela sorria largamente, me deixando completamente perplexa com tanta beleza.

"E qual é a história desse cigarro?" Apontei com a cabeça ao maço azul.

"Hum, vou ficar te devendo essa, mas eu acho que deve ter sido carga roubada, de qualquer forma você tem que experimentar um pouco de tudo." A Morena era sagaz, e além do mais, tinha uma confiança esmagadora.

"Eu dou uns goles nesse Whisky defectivo, mas não curto cigarros." Clarifiquei.

"Cosima, não há limites quando você não os inventa." A cada passo que ela tomava em minha direção era um tiro de adrenalina bem na cabeça, "Não invente limites agora, só por hoje. Combinado?"

Eu deveria ter pensado um pouco mais, porém haviam pequenos diabinhos sussurrando em meu confuso ouvido, manipulando e desvirtuando até meus mais pródigos pensamentos.

"Combinado!" Podíamos ter selado o acordo com um beijo, um toque, um aperto de mão, entretanto, estes não teriam o mesmo efeito que aquela breve e sensual piscadela esverdeada teve.

E amigos, que efeito!

Iniciamos nosso tour bebendo e fumando indiscretamente pelas ruas de Toronto, visitamos becos pichados, parques abandonados, e com olhos impressionados, passeamos no famoso Centro De Ciência de Ontário. Um museu extremamente interativo e interessante, ainda mais quando você o visita estando completamente embriagado.

Ao cair da noite, minha "fodidamente gata" guia me levou para conhecer uma balada alternativa na agitada Queen Street West, rua de veia turística, rodeada por comércios, e desenhos urbanos na calçada, e mesmo com o clima do Outono, era possível identificar uma galera insana nas praias ali perto.

Não me lembro exatamente o nome do clube noturno, na verdade, tudo o que vivi aquela noite está um tanto "embaçado" ainda. É importante frisar que as escolhas que tomei, as regras que burlei e as bocas que beijei, foram intencionalmente encorajadas por um belo par de olhos verdes e lábios perfeitamente desenhados.

A música estava tão alta, o grave das batidas ensurdeciam, mas a bebida estava gelada e a necessidade por diversão era a única coisa que me instigava a não me importar com mais nada. Robyn remexia seu corpo devasso como quem sabe o quê faz. Seus braços agrediam o ar enquanto seu sorriso iluminava a pista de dança feito chuva de neon.

"Vem aqui!" A Morena pegou em minha mão e caminhou até um canto escuro.

"O quê foi?" Perguntei um tanto confusa.

"Lembra do nosso combinado?" Mirou seus olhos nos meus.

"S-Sim." Eu não precisava estar tão nervosa, aliás seria só um beijo.

"Bom, então se prepare para embarcar numa viagem maluca." Removeu de seu bolso sua carteira, buscou um pequeno saquinho lá dentro, o qual guardava um pedaço de papel colorido. Eu já sabia o quê aqueles quadradinhos eram, mas mesmo assim, decidi perguntar.

"LSD?" Soei preocupada.

"O melhor que Toronto tem a oferecer." Destacou duas peças, colocou em um sua boca e o outro pousou em minha língua, "Não há limites para a diversão."

Não houve efeito repentino, ele foi vagaroso, foi como as músicas que tocavam em ritmo diferenciado. Robyn e eu dançávamos embutidas na multidão, inseridas em viagem particular.

Por ser cientista, conheço os efeitos da droga que derretia dentro de minha boca. Conhecida como: Ácido, Doce, Papelzinho...O LSD muda a química do cérebro, causando alterações na atividade do córtex visual, o que aumenta a comunicação desta área com outra, o hipocampo. A interação entre similares regiões neurológicas torna o usuário capaz de formar imagens, capaz de manipular memória pessoal, e tal fato ocasiona alucinações e aumento da percepção visual. As cores parecem mais fortes, e as luzes, mais brilhantes. Objetos que antes eram fixos, passam a se mover, ganham raios de luz e cores açucaradas. As coisas e pessoas adquirem textura peculiar, velocidade facultativa, é feito dançar sob sinestesia. É como ser capaz de ouvir os sons, as cores e o coração. Ao consumir LSD, o viajante pode viver picos de felicidade e euforia, como se tudo ao seu redor, de repente, se tornasse mágico, interessante e bonito. É uma vontade de contemplar o momento e embelezar o feio. Há rumores que escurecem a luz que a droga traz, pois ao embarcar na viagem, nos tornamos impulsivos e donos de podre julgamento. Supostamente, algumas pessoas pularam de prédios e pontes enquanto estavam "viajando", outras se afogaram porque pensavam que poderiam andar sobre a água.

Soltei meu cinto de segurança, me entreguei ao psicodélico momento. "Sober", por Childish Gambino marcou a decolagem de minha sanidade.

Meus pés formigavam em desespero, eles desejavam dançar, e minha mente absorvia sentidos escondidos. Os cabelos morenos de Robyn tornaram-se rosa e laranja, eram lazer espacial. Percebi mãos em meu corpo, cheiro florestal e necessidade física. Virei para encarar a predadora atrás de mim. Ela tinha olhos amarelos e rosto magro. Acompanhei seu ritmo, salientei suas curvas, mas aquela mulher não era Robyn. Procurei pela Morena, ela sorria de maneira sincera. Com sua cabeça, ordenou minha súbita entrega à moça que me desejava. Um leve calafrio, uma palpitação sedente, beijei lábios diferentes, com sabores cítricos e doce de melão. E então minha língua brincava de escalar montanhas de saliva em bocas vermelhas.

Uma, duas, três.

Vendi meu sabor em troca de qualquer coisa distante do amor, ou da dor de ser rejeitada por não saber o porquê tudo terminou.

A última mulher com quem me envolvi aquela noite, não era me familiar, mas isso não me impediu de leva-la ao meu lar. Abandoei minha guia turística, e, paguei em sex*, um passeio em terras forasteiras.

Ter um outro alguém me tocando daquela forma promíscua, foi um lembrete do quão impulsiva uma trans* casual pode ser. E pela manhã do dia seguinte, degustei o amargo do arrependimento e da ressaca cerebral.

Despertei sedenta e com memória falha, e para minha surpresa, havia uma mulher nua e sonolenta esparramada entre a bagunçada formada por meus lençóis.

SANTA MERDA!

Meu primeiro impulso foi fugir, talvez ela fosse embora ao perceber que não havia ninguém em casa. Busquei por um moletom qualquer e caminhei apressadamente até o apartamento de Scott. Soquei a porta até que meu vizinho a atendesse.

"Cosima? O quê foi?" Ele estava sem camisa, eu quase vomitei.

"Cara, você não faz ideia." Clarifiquei ao adentrar o ambiente.

"Miga, tá tudo bem? Cê tá pelada?" Felix apareceu do nada, e ele também estava sem camisa.

"Não sou a única pelada aqui." Informei, "Vocês trans*ram?"

"Claro que não! Eu namoro, e minha namorada está na minha cama." Scott se defendeu com unhas e dentes e mamilos rosados.

"Eu dormi no sofá com o Colin, ele acabou de sair. Agora, dá pra falar o porquê você está tremendo mais do que bunda da Shakira?" Fe tinha um senso de humor exclusivo, quem não entendia suas referências, provavelmente o achava insuportável.

"Bom, ontem vocês me largaram para irem trans*r, então Robyn e eu demos umas voltas pela cidade, e acabamos indo para uma balada no centro, o quê rolou lá é um grande mistério, mas quando acordei, encontrei uma mulher estranha e nua na minha cama." Expliquei minha situação sem pausas para respirar.

"Ela é estranha ou feia?" Fe questionou.

"Ela é gata, mas eu não sei quem ela é." Revisitei minhas lembranças, aos poucos, reconhecia o caminho entre a noite anterior e o dia no qual estava.

"Mas e a Robyn? Pensei que vocês iam dar uns pega." Mud adentrou nossa conversa, a moça vestia apenas um shorts e sutiã bege.

"Boa pergunta! Eu não sei como vim parar em casa, e também, não entendo o porquê não foi com ela que transei." Eram oito horas da manhã, e eu já estava esbanjando sinceridade.

"Calma Cos, tenho certeza que há uma explicação pra tudo. E você deixou a menina na sua casa e veio pra cá?" A estagiária se divertia com a minha impulsividade.

"Sim." Mirei meus olhos ao chão enquanto meus amigos debochavam de mim.

Eu realmente sou péssima em trans*s de uma noite só. Desaprendi a não amar, e agora que tudo acabou entre Delphine e eu, só quero ficar alta, longe da sobriedade e julgamentos racionais.

*****

Foi em uma quinta-feira quando me deixei levar pela tristeza que é não ter minha mulher junto a mim. Mesmo trabalhando ao seu lado, me sinto completamente distante de sua atmosfera. Ela não aparenta estar mal como antes, mesmo estando nitidamente abalada e constantemente em ressaca. Sei o quanto Delphine gosta de afogar seus problemas em uma garrafa de destilado qualquer. Naquele mesmo dia, Dra. Cormier e eu tivemos uma discussão nada amistosa sobre Charlotte. Depois de semanas sem ao menos visitar a menina, Delphine desejava participar no meu secreto experimento para curar a jovem menina. E como todos sabem, quando fogo beija gasolina, a explosão perde o controle.

Passei a tarde inteira resumindo meus feitos e passos, descrevi tudo o que era necessário no relatório que minha chefe havia solicitado. Entretanto, como sempre, acabei me enrolando com os Bernes. Estar ativa em dois grandes projetos pode ser quase tão insano quanto amar alguém que te despreza.

O relógio evidenciava meu atraso, Scott me apressava, e o pessoal já estava subindo para conhecer meu lugar de trabalho.

"Vamos, Cosima!" Eu poderia, facilmente, quebrar seus óculos com um soco certeiro.

"Scotty, vai com calma, mesmo estando sozinhos aqui, não temos autorização para trazer visitantes." Embalei o relatório dentre de um envelope.

"Eu sei, mas não tem chance de ninguém chegar. Fica tranquila." O Nerd nunca foi de quebrar regras, é incrível o quê o amor pode fazer.

O elevador ficava próximo à sala de Delphine, e tudo lá aparentou estar solitário. Quando o pessoal, finalmente, chegou, desviei a conversa e foquei meu olhar em Robyn. Aquela foi a primeira vez que a vi após nossa saída. Eu não sabia como toca-la, como cumprimenta-la. Foi horrível.

"Vamos logo! Quero conhecer o laboratório." Felix exclamou.

"Pera, preciso deixar esses papéis na sala de Dr. Cormier." Informei segurando os documentos e meu coração em mãos.

"Dra. Cormier? Nossa quanta formalidade." Fe não fazia ideia do quão difícil era dizer o nome de minha ex-namorada em voz alta.

"Delphine não é mais Delphine, agora é só Dra. Cormier." Expliquei em meio à dor de entender a drástica mudança.

Enquanto meus amigos me aguardavam, fiz meu caminho até o escritório de minha chefe. O local estava escuro demais, apenas a luz do luar que adentrava pelas imensas janelas, iluminava escassamente aquela sala sofisticada. Coloquei os documentos sobre a mesa de trabalho, aspirei com vontade, e tal ato foi estranho. O cheiro de Delphine estava impregnado na gravidade, era como se ela estivesse fisicamente lá, e mesmo com o misto da essência vinda de múltiplas doses de Whisky, o aroma de minha chefe ocupava cada canto, centímetro por centímetro simetricamente.

A saudade me invadiu feito saqueadores medievais. E ela veio sem dó ou piedade.

"Amiga, você tá bem?" Felix me conhecia bem demais, e isso, às vezes, não era uma coisa boa.

"Logo menos ficarei." Engoli a falta de Delphine em goles secos.

Enquanto Mud e Scott apresentavam o laboratório para o restante do grupo, meus olhos observavam a miragem de ver Dra. Cormier caminhar até o elevador. Ela mexia em seu celular como quem disfarça momentos embaraçosos. Ela evitou olhar em minha direção, mas quando as portas começaram a se fechar, ela mirou em mim e atirou tristeza em balas invisíveis.

O tour foi breve, o pessoal estava mais interessado no tamanho dos equipamentos do que no fato de termos cobaias humanas. Avistei Robyn me avistando, ela parecia estar à vontade perto de mim.

"Quero que você conheça alguém." Informei ao pé de seu ouvido.

"Hum, é a mulher do final de semana passado?" Provocou em tom levemente enciumado.

"Não! É uma amiga, uma jovem amiga." Busquei por sua mão e a guiei até os aposentos de Charlotte. Pelas paredes transparentes, pude ver a menina desenhando em seu quadro negro.

Passei meu cartão pelo dispositivo e antes que a porta abrisse por inteiro, fui esmagada por bracinhos finos e fracos.

"Cosima! Pensei que fosse embora antes de dar tchau." Todo dia, após o expediente, visito minha paciente. Conversamos, brincamos e eu a coloco para dormir.

"Você sabe que eu jamais faria isso!" Agachei para encaixa-la em meu abraço.

"Quem é essa moça?" Perguntou.

"Charlotte, essa é a Robyn, uma amiga minha." Expliquei.

"Ela é sua amiga igual Delphine?" Essa criança me deixava sem palavras com tamanha esperteza.

Eu não soube o quê responder, então apenas sorri.

"Você é muito bonita, Robyn." A menina elogiou.

"E você também, Charlotte." A Morena retrucou.

Esperei por minha paciente terminar seu banho, eu a ajudei a vestir o pijama e a cobri em sua cama. Esta era uma rotina só nossa, e eu não trocaria aquilo por nada.

Após a visita final, Robyn e eu encontramos com o pessoal no estacionamento, e de lá, seguimos ao bar da semana passada, The Tavern.

Todos bebiam e dançavam com seus respectivos amantes, mas a Morena e eu permanecíamos ao balcão.

"Olha! A tal da Clara não para de te encarar." Havia um misterioso elemento contido em sua voz suave.

"Pois é! Me sinto como um pedaço de carne, principalmente, depois daquela noite." Dei a brecha para que ela me respondesse ou comentasse sobre o que rolou naquele final de semana. 

"Cara, eu curti sair com você." Só isso, Robyn?

"É, eu também." Tomei um gole de minha cerveja.

"Você deveria sair com essa Clara, ela é bonita." Eu realmente não sabia o quê a Morena pretendia.

"Robyn, eu acho que entendi errado, né?" Indaguei certa de minha confusão.

"Entendeu o quê?" Retrucou sorrindo.

"Tipo, você e eu, é só amizade ou o quê?" Prontifiquei minha dúvida.

Gargalhando suavemente e de maneira natural, a mulher em minha frente pousou sua mão direita em minha face.

"Cosima, não quero apressar as coisas pra você. Eu acredito que você tenha que conhecer outras pessoas antes de apaixonar de novo." Clarificou mantendo contato.

"E como você sabe que vou me apaixonar de novo?" Questionei surpresa com tanta certeza ilusória de sua parte.

"Porque eu sou exatamente o quê você precisa, e eu quero te dar tudo o quê você merece, mas sei que ainda não está pronta para se entregar. Então, eu te espero conhecer e desconhecer pessoas insignificantes, para quando você vier, querer ficar aqui." Removeu sua mão de minha estrutura, olhou para o lado e suspirou, "Agora vá com a Clara e se divirta."

Eu deveria ter ficado em choque, em puro espanto, entretanto, nada disso aconteceu. Beijei o canto de seus lábios perfeitamente desenhados e conversei com seu sorriso branco e brando. Caminhei até mulher que me olhava faminta.

"Quer sair daqui?" Audaciosamente, perguntei.

Clara não disse nada, apenas me seguiu. Com sua moto veloz atrás de meu carro, chegou até meu apartamento. Abri a porta e aconcheguei meu corpo contra o seu. Nossos beijos eram vazios mesmo sendo cheios de tesão. Eu não queria estar ali com ela, pensamentos loiros e de sotaque encantador, atormentaram meu ser e evitaram uma trans* que não devia acontecer. Decidi, então, desabar em solidão. Pedi para que Clara fosse embora, mesmo acabando de chegar. E ela não me questionou, apenas fez o quê pedi.

Menos uma pergunta sem resposta.

Liguei minhas caixas de som, pluguei meu celular, escolhi uma playlist qualquer. E enquanto "Do You Love Me Still", por The Kooks, tocava acidentalmente, eu fumava uma baseado em minha cama, completamente nua e transbordando saudade.

Eu não parava de imaginar o quê Delphine estava fazendo. Será que estava dormindo ou terminando a segunda garrafa de vinho? Será que pensava em mim? Será que abraçava seus travesseiros imaginando meu corpo?

De uma coisa eu tinha certeza, Delphine estava sozinha, não havia ninguém para lhe fazer companhia, e mesmo isso sendo confortante para mim, era na mesma medida, triste e perturbador. Um dia ela vai melhorar, vai encontrar outra pessoa, e eu não passarei de uma simples "ex".

Nem percebi quando sonhos tomaram controle de minha realidade. E eles tinham cor azul claro, textura macia, e som conhecido "Sweet", por Cigarettes After Sex.

Dra. Cormier deitava ao meu lado, não vestia nada além de seu lindo sorriso formando por dentes pequenos e covinhas profundas. Seus olhos redondos e castanhos não hesitavam em me namorar. Pousou suas mãos em mim, uma na bochecha, outra no queixo, e me puxou para um beijo, o qual começou de maneira lenta, sendo o encontro de lábios perdidos. Logo, o beijo tomou diferentes proporções, a língua de minha amante tentava efetivamente adentrar minha boca, para com a minha língua, dançar. Ah! Elas dançaram como melhores amigas. Se conheciam tão bem, sabiam dos movimentos uma da outra, e respeitavam a vontade e os limites de cada uma. Senti a calorosa pressão em meu pescoço, quando aqueles lábios sabor mel clandestino decidiram passear pela trilha de minha pele. E lá eles ficaram enquanto dedos de toque sorrateiro e delicado, foram descendo ao longo de meu corpo, apertando meus seios, arranhando minha carne, ultrapassando meus limites, acariciando minha virilha e adentrando minha vagin*.

Lubrificação letal.

Masturbação acidental e sonambula.

Eu sabia, tudo era um sonho, era apenas fantasia, mas mesmo assim, manipulei minha mente para fazer com que Delphine e eu tivéssemos um final feliz.

Obriguei seus toques a não me abandonarem, demandei sua voz a dizer que me amava, e fiz seus lábios me ch*parem até cada gota minha secar.

Ao final de uma trans* imaginaria, o dia já raiava lá fora.

E eu estava sozinha...

Era Sexta-Feira, mas aqui dentro parecia ser segunda. Despertei rapidamente, e tentei não me atrasar para trabalhar, eu precisava ver Delphine, mesmo não a tendo comigo em minha realidade da maneira como eu queria, eu ainda a tinha em minha rotina, e aquilo me pareceu ser suficiente em uma manhã, estranhamente, ensolarada.

Para minha surpresa, minha chefe estava muitíssimo atrasada. Dra. Cormier não é de fazer isso, mas até então, ela não era a mesma mulher de antes. Então passei a manhã inteira trabalhando e revisando meus feitos. Mal percebi o tempo passando, e nem me atentei ao relógio, apenas captei passos de som familiar vindo em minha direção. E de familiar não era apenas o som de seu caminhar, aquele sorriso que esparramava em sua face, era me tão caseiro como almoço de Natal.

Delphine estava sorrindo? Estava feliz?

Acredite, tal cena não me deu sossego, mas alegrou meu coração. Mesmo não sendo eu a causadora de sua felicidade ilegal, me fazia bem saber que a escuridão em seu caminho não era mais tão assustadora.

Dra. Cormier trabalhou juntamente com a equipe durante o restante do expediente. E após horas comandando nossos experimentos, ela partiu até seu escritório, mas chamou por mim quando todos já haviam ido embora.

"Dra. Niehaus, li seu relatório e gostaria de saber se posso te ajudar nos próximos procedimentos. Entenderei se não quiser, porém, saiba que estou investida." Ela sentava em sua cadeira gigante, vestia a mesma roupa do dia anterior, e exibia confiança.

"Sim, sem problemas. Estou voltando para o laboratório para checar as proteínas que extraí dos órgãos, quer me acompanhar?" Torci para que fosse vir comigo, eu precisava senti-la de perto, mesmo estando longe.

"Claro! Guie o caminho." Levantou e me seguiu.

Vestimos nossos jalecos e caminhamos até a bancada. Busquei pelos tubos de ensaio dentro do difusor.

"Bom, como você deve ter lido, isolei os órgãos doentes e extraí as proteínas, agora o próximo passo é fundir a Hsp70 com as outras proteínas reguladoras, catalizadoras e defensivas, criando uma vacina para ser injetada nos órgãos doentes novamente..." Fui explicando tudo sem desviar de seu olhar, e ela me interrompeu para completar minha frase.

"E reverter os sintomas!" Sorriu largamente, "Você está quase lá, Cosima! Estou muito orgulhosa." Pousou sua mão na minha.

Paralisei, congelei.

Meu coração ganhou leveza e distribuiu esperança.

"Obrigada, mas ainda tenho que testar a vacina nos camundongos depois de injetar nos órgãos de novo, porque provavelmente o experimento renderá duas vacinas, uma que talvez reverta os sintomas e outra que, com certeza, poderá ser fatal a eles." Clarifiquei ainda sentindo o peso do toque de Delphine.

"Sim, mas eu te ajudarei, ok?" A distância entre nós diminuía a cada pulsar cardíaco.

E meu celular tocou.

O clima acabou.

"Hey, tudo bem?" Era Robyn do outro lado da linha, ela falava sobre me encontrar em meu apartamento, "Tudo bem, eu te encontro lá em 20 minutos."

Enquanto meu ouvido captava as palavras da bela Morena, meus olhos observavam Delphine se corroer por dentro.

"Tudo bem, beijo." Encerrei a ligação.

"Eu preciso ir, você precisa de mim?" Questionei torcendo por uma resposta positiva.

"Não, pode ir." Respondeu ainda sorrindo.

Virei-me, removi meu jaleco, e encarei minha chefe mais uma vez.

"Você está bem?" Nossos olhos colidiram feito carro de corrida e mureta assassina.

"Estou melhorando. Agora, vá! Você não quer se atrasar." Seu tom não era depressivo, era acolhedor, como se ela estivesse contente por eu ter encontrado um outro alguém.

Delphine me deixou ir novamente, mas desta vez, não doeu. Nunca senti tanta vontade de beija-la, de estar em sua companhia, de apenas respirar do mesmo ar que ela. Entretanto, vontade é uma coisa que vem, e quase sempre, passa.

Como havia combinado, encontrei com Robyn em minha casa. Passamos a noite toda fumando um baseado, nos conhecendo melhor, contanto histórias sobre nossa vida e desafiando a imensa tensão sexual entre nós.

Por fim, dormimos juntas, mas não do jeito que se é esperado. A Morena me acolheu em seus braços cansados, e com minha cabeça repousando em seu peito, caímos no sono e nada além daquilo aconteceu.

Seguir em frente e esquecer não são a mesma coisa, nem adianta tentar ficar encima do muro, porque sua queda será inevitável. Dar tempo ao tempo até soa um tanto clichê, porém é melhor do que apressar o aprendizado de reaprender a caminhar.

Amar exige paciência.

Seguir em frente exige coragem.

 

E esquecer, bom, esquecer exige alto nível de compreensão espiritual.   

Fim do capítulo


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