A relação de Isadora e Francisco não estava fácil. Desde a última discussão sobre Michele o jornalista evitava a amiga que percebeu e preferiu ignorar até chegar em casa e se deparar com as possíveis mudanças.

-- O que é isso? – perguntou ao entrar e se deparar com o amigo e algumas malas.

-- Malas. – a loirinha passou a mão pelo rosto e respirou fundo. – Francisco, eu sei que são malas, quero saber para onde você vai, pode ser?

-- Estou saindo de casa.

-- Oi?

-- Não posso acreditar no que você está fazendo. Cara, só tem feito bobagem, efeito em cascata.

-- E o que tem? – sentou-se se fazendo de indiferente.

-- Não acredito que esteja me fazendo este tipo de pergunta. – pegou as malas. – Depois nos falamos. – quando estava saindo ela o chamou.

-- Tem certeza do que está fazendo, não é? – ele a olhou com uma expressão triste.

-- Quando os ETs devolverem a minha melhor amiga, nós voltamos a conversar. – saiu deixando a loirinha irritada.

-- Agora todos estão contra mim. Ótimo! – foi em direção ao quarto, pegou uma caixa e abriu, pegou um bilhete do seu pai e várias fotos de Melissa e Joaquim juntos, em uma delas os dois juntos, nus na cama. Leu mais uma vez o bilhete.

“Eu sempre quis seu amor e seu sucesso. Hoje você jogou tudo isso fora e se tornou uma garota de programa da menininha rica. Veja o quanto ela retribuiu seu amor. Agora fique fadada ao fracasso.”

 – Sua falsa! – jogou a caixa para longe e baixou a cabeça chorando. – Eu sempre acreditei no nosso amor... Você prometeu que nunca mais ficaria com ele.

 

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-- Acho que já recoloquei suas energias suficientes, agora pode me seguir? – Camila se afastou reabrindo os olhos e sorriu.

-- Para onde vamos?

-- Casa. Estou cansada e com dores. - fez sinal com a cabeça e seguiu em direção a casa.

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-- Viu as meninas?

-- Passaram em direção a casa.

-- Essas duas estão aprontando.

-- Não viaja Fred. – balançou a cabeça.

-- Espera e depois vai confirmar.

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-- A tal deusa não quer puxar mais minhas energias? – Melissa sorriu e a puxou para um beijo. O clima ficou mais quente, mas a imagem da loirinha veio a sua cabeça e então ela se afastou. – O que foi? Aconteceu alguma coisa?

-- Não. – sorriu – Cansaço apenas. – passou a mão pelo rosto da médica. – Irei dormir. – Camila estava confusa, mas balançou a cabeça e se afastou. Melissa foi para o quarto e olhou ao redor, lembrando-se da última vez que haviam feito amor naquele quarto. – Você foi embora depois que nos amamos... – começou a chorar. – Eu preciso lhe esquecer. – adormeceu abraçada ao travesseiro que era de Isadora.

No outro dia, bem cedo, todos estavam saboreando um delicioso café da manhã, até Junior chegar.

-- Onde você dormiu? – Enrico perguntou após ver a forma como o garoto chegou.

-- Dormi perto do rio. – sorriu e piscou para Enrico. – Peguei duas gatas.

-- Uma delas é a filha daquele peão da fazenda vizinha? – Camila perguntou sorrindo.

-- Eu não conheço o pai dela, só a amiga. – piscou.

-- É aquela baixinha e morena? – Fred perguntou com curiosidade.

-- Sim e muito bonita. – foi à vez de Camila.

-- São nas pequenas gatas que “tão as grande” arranhadas, tá ligada? - todos riram. – E o pote de mel da Isa? – Camila olhou para Junior e pediu licença.

-- Nem tomou café ainda?

-- Preciso resolver umas coisas. – levantou-se e saiu. Fred percebeu e observou,

-- Jalapenho, vai chamar a Melissa. – pediu olhando para amiga que acabava de sair.

-- Vou lá. – levantou-se e antes de sair bateu de leve na cabeça de Júnior. – Quando o pai dela souber. – riu.

-- Ai! Eu tenho a Mel. – respondeu com a boca cheia. Enrico foi até o quarto da sobrinha e bateu de leve, e quando abriu a porta a encontrou sentada sobre a cama e suada.

-- Cristina...

-- Eu tô sentindo umas dores muito esquisitas. – ele se aproximou e auxiliou a sobrinha se levantar. – Aiiiii! Quer dor!

-- Calma... – pediu preocupado.

-- Deixa arrebentar a tua cara, se aguentar a dor eu me acalmo.

-- Ajuda Melissa Cristina. – ela se irritou mais quando ouviu seu nome inteiro.

-- Argh...

-- Pessoal, eu preciso de ajuda urgente! – gritou para os amigos. – Alguém vai nascer. – Júnior e Fred se olharam e subiram correndo.

-- Melhor chamar Camila. – Júnior gritou.

-- Camila é veterinária, sua anta.

-- E Melissa é o que? Isadora “chama ela de garanhona”.

-- Cala a boca Junior! – Enrico gritou.

-- Aiii... Isso dói! – gritou enquanto apertava a mão de Fred com força.

-- Ai! Isso também dói... – Fred reforçou o coro de dor.

-- Vamos gente, preciso que me ajudem. Fred vai para o carro, Júnior me ajuda a leva-la. – desceram correndo e seguiram até o carro. Júnior chama os seguranças.

-- Seguranças!!! – gritou enquanto colocava a morena no carro.

-- Se fosse para gritar eu mesmo fazia isso.

-- Enricooo... – disse bufando – Facilita e vamos logo. – correram em direção ao hospital da cidade vizinha que era o mais próximo. Quando chegaram os funcionários pensaram que Enrico era o pai da criança, mas, depois de tantas discussões entre os dois, ficou perceptível que eram apenas amigos.

-- Só um de vocês pode entrar. – Enrico foi rápido em se colocar como acompanhante. Ela apertou forte sua mão. Camila soube do ocorrido e seguiu até o hospital e entrou sem que ninguém percebesse. Quando se aproximou, riu com o jeito dos dois.

-- ISSO DÓIIIIIII! – gritou e puxou a mão do amigo com força, assoprando o ar, em uma respiração rápida – Nunca mais me deixe engravidar!

-- Não me envolva nisso – reclamou.

-- Não... Aiii.... discuta! – ela segurava com mais força a mão de Enrico, que se contorcia e tentava se soltar do aperto. – Seja homem, deixe-me segurar sua mão.

-- Dói Cris...

-- Dói mais isso aqui... – respirava rapidamente – Aiiii! Rico, liga para Isa, eu não vou sobreviver, liga logo.

-- Só se você soltar minha mão. – Camila ouviu aquele pedido e não soube o que falar ou fazer, preferiu sair sem que ninguém a visse.

-- Espera...aiiiiiii! – gritou fazendo careta – Ainda não ligou?

-- Você deixou? – perguntou quase se ajoelhando com a dor da mão sendo esmagada pela morena.

-- Rico se por acaso me acontecer alguma coisa, chame Isadora, e peça que ela cuide do meu filho – pediu entre uma contração e outra, segurando com força a mão do tio.

-- Vai ficar tudo bem e você quem vai chamar sua loirinha de volta e criar juntas o bebê de vocês. – respondeu preocupado, sem perceber a presença de uma linda mulher próxima a porta. Camila saiu e esbarrou na médica que vinha em direção ao casal.

-- Desculpe! – saiu correndo. Os dois continuavam discutindo dentro do quarto.

-- Ela não foi embora, mas tenho certeza que cuidaria do meu filho por mim. – foi a primeira vez que a morena assumiu sua vontade para alguém.

-- Desculpem atrapalhar, mas preciso realizar alguns procedimentos e me certificar em quanto está a sua dilatação – avisou uma linda mulher que entrava no quarto.

-- Quem é você? – Enrico perguntou preocupado.

-- Sou a doutora Mariah, médica plantonista.

-- Plantão? Você acha que vou deixar minha sobrinha e melhor amiga ser atendida por uma plantonista? Quero um telefone para chamar o helicóptero, ela tem um obstetra que acompanhou sua gestação.

-- Desculpe, mas não dará tempo, as contrações estão próximas. – disse observando a morena – Não se preocupe, sou plantonista, mas em grandes cidades sigo a identidade secreta de obstetra. – sorriu e Melissa simpatizou com aquele jeito.

-- Será que demora muito ainda doutora? – a morena perguntou tentando controlar a dor.

-- Posso examina-la, mas seu amigo precisa nos deixar sozinhas. – sorriu novamente. Enrico sentiu a pressão na mão aliviar e saiu correndo do quarto. Mariah examinou com atenção, explicando em seguida que a criança já estava coroando e logo nasceria. Menos de vinte minutos depois, Melissa ouviu o primeiro choro do filho, e não pode deixar de se emocionar. – Seu menino nasceu forte e com saúde. – admirou o bebê, e logo depois a técnica de enfermagem informou o peso e tamanho – Um garoto de quarenta e cinco centímetros e três quilos e setecentos, vai deixar as recém-nascidas malucas no berçário.  – Melissa olhou emocionada para o filho.

-- Só isso? Tudo isso por um tamanho desses? – sorriu quando olhou seu rostinho e passou o dedo pelo rosto da criança. A médica achou linda aquela morena suada, com o cabelo escuro grudado ao corpo e uma expressão de indignação com o tamanho do filho - Ele é franzino. Deve ter ficado mais dente lá dentro, pode investigar – pediu ainda com dor – Esse barrigão todo para esse tamanho e peso? Ele vai ser baixinho? – lembrou-se do tamanho de Isadora.

-- Não sei. – disse sorrindo com a preocupação da mãe e sem tempo para responder a enxurrada de perguntas – O pai é baixinho ou da sua altura?

-- Ele não tem pai. – informou com o cenho fechado. – O fiz na chocadeira. - Mariah resolveu não insistir na brincadeira, ainda não sabia o tipo de terreno que estava pisando.

 

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-- Cris, ele tem a boquinha parecida com a sua. – Enrico admirou.

-- Crianças nascem com cara de joelho de porco e encardido... – sorriu para a criança - Mas este é mesmo bonitinho. – concluiu após observar a criança – Nem em sonho essa boca se parece com a minha.

-- Vai dizer que se parece com...

-- Junior! – Enrico gritou antes que concluísse.

-- Ia falar da boca de Isa.

-- Minha obra prima não tem comparações. – sorriu enquanto observava a criança em seu braço – Acho que ele vai ser baixinho, nasceu com quarenta e cinco centímetros.

-- Este é o tamanho sua bocó, ele é um bebê e não um dos seus bezerros. – foi à vez de Enrico explicar.

-- Então Isa era menor que isso, uma doenta?

-- Doende! – Enrico gritou mais uma vez.

Mariah observava com divertimento a conversa dos três, enquanto prescrevia as medicações para morena, que ficaria no hospital o resto do dia. Fred viu quando Camila saiu correndo e foi atrás.

-- Não compare meu filho a um bezerro seu aloprado. – ajeitou a manta que envolvia a criança – Ele é lindinho. – olhou a médica e perguntou – Doutora, quando que se pode ver a cor dos olhos?

-- Quando ele abrir Cristina. – foi à resposta de Enrico.

-- Cala a boca coisa quase afetada. – a morena começava a se irritar com o tio.

-- Você faz perguntas estilo Júnior e quer que me mantenha calado? Vou ligar para Isadora.

-- Para que? – interrompeu

-- Você pediu ainda a pouco, mas eu estava nervoso.

-- Não precisa mais. Estou viva, já percebeu? – disse em tom de deboche. – Vou criar meu filho.

-- Deveria era ter ficado com paralisia de língua. – olhou a médica que sorria observando-os – Doutora, não tem nada para anestesia-la?

-- Eu vi em um filme de fixação que existe uma mascara que coloca e a pessoa dorme. – todos olharam para Júnior.

-- Se colocarem algo em mim, eu quebro a pessoa. – advertiu irritada. Mariah resolveu cortar o assunto.

-- Quem vai cuidar do bebê? – perguntou sorrindo.

-- Melhor mesmo deixa-la quieta. – saiu resmungando. – Vou falar tudo para Isadora e não tente me impedir. – alertou mostrando o telefone em sua mão e estirando língua em seguida.

-- Deixa falo para Isa? – Júnior saiu correndo atrás dele.

-- Ninguém fala nada para aquela loira irritante. – gritou para os amigos. Mariah sorriu e olhou para a morena.

-- Ainda sente dores? – perguntou enquanto analisava as feições do rosto da criança e comparava com as feições da mãe.

-- Um pouco. – sorriu e olhou a criança – Demora muito para ele abrir os olhos?

-- Não, mas vai demorar um pouquinho para ter certeza sobre a cor. – brincou sorrindo em simpatia com a cena – Ele terá sorte se forem iguais aos seus.

-- Eu preferia que fossem verdes. – lamentou.

-- Não acha os seus bonitos? – queria investigar a vida da morena, mas ela não dava espaço.

-- Acho, mas prefiro verdes da cor do mar. – esfregou os lábios na cabeça da criança e lamentou a ausência de Isadora.

 

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-- Camila... – gritou chamando-a.

-- Sai Fred, eu preciso chegar cedo ao serviço.

-- Hoje é domingo. – alertou.

-- Preciso ficar sozinha.

-- O que aconteceu?

-- Ela me beijou ontem, eu gostei, mas hoje percebi que foi apenas um beijo.

-- Por causa da criança? Você é louca por crianças.

-- Não é por isso.

-- É o que?

-- Ela chamou pela Isadora. Elas se amam, eu nunca teria uma chance.

-- Mas você está gostando dela. – pegou o rosto da amiga. – Curta isso e lute por ela.

-- Não tem como, seria o mesmo de chover no molhado.

-- Vai acovardar?

--Essa mulher me tira as estruturas. Ela quando olha, enfeitiça com aqueles olhos. Eu não vou embarcar nessa, ficar apaixonada e me decepcionar.

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Isadora não parava de resmungar para o computador.

-- O que há Isadora? – Francisco perguntou enquanto terminava a edição de uma reportagem.

-- Não começa com a investigação descabida. – levantou-se andando de um lado a outro e esfregando as mãos. – Sinto-me nervosa, esperando alguma coisa.

-- Esperando o que? Melissa?

-- Não enche Francisco. Melhor se meter com sua vida.

-- Olha, você precisa definir sua vida. Eu não sou obrigado a aguentar suas grosserias, por isso sai de casa. - ela permaneceu ansiosa.

-- Desculpa! – Francisco a olhou surpreso.

-- Isadora está voltando da abdução? Minha amiga está ai? – ela o olhou e permaneceu andando balançando as mãos ou esfregando-as. Minutos depois o telefone tocou.

-- Vai ver é o que você esperava – Francisco debochou.

-- Hi!

 

-- Isadora?

-- Enrico?

-- Olá Isadora, tudo bem?

-- Sim. Aconteceu alguma coisa com Mel? – foi à pergunta que não queria nunca fazer, mas sua ansiedade a forçou.

-- Sim. – sentiu a loirinha parar de respirar – Mas foi algo de bom, Danielzinho nasceu.

-- Daniel? – sorriu - Ela está bem? – Francisco a olhou – Quando? Quer dizer, que horas?

-- Hoje, aliás, ainda há pouco. – a loirinha olhou seu relógio e fez novamente a pergunta.

-- Qual foi à hora? – perguntou constatando a diferença de fuso horário - No Brasil deve ser mais de meio-dia.

-- Ah! Ele nasceu as dez e quinze, exatamente. Um meninão de quarenta e cinco centímetros e três quilos e setecentos. Acabei de avisa ao meu pai e aos avós do garotão. – a loirinha estava acometida de sua mudez momentânea, então Enrico prosseguiu – A mãe já fez várias perguntas idiotas à médica, ela acha que o menino é pequeno, talvez quisesse que ele fosse um bezerro. – brincou.

-- Ela... Ela está bem então? – estava com a voz embargada.

-- Melhor impossível. – queria entrar no assunto, mas não pretendia ser indelicado – Isadora... – falou pausadamente - Ela falou de você várias vezes hoje, acho que deveria voltar para conhecê-lo.

-- Ela sabe meu endereço e telefone, quando quiser vem atrás. – respondeu com frieza.

-- Isa...

-- Não Enrico, nós duas conversamos, ela sabe onde me achar. – respondeu educadamente. – Beije-a por mim e a Danielzinho também. – despediram-se e Isadora saiu da sala, seguida de Francisco.

-- Nasceu então? Por isso seu nervosismo. – concluiu, chamando a atenção da loira.

-- Acha mesmo que era por isso? – parou de andar para olhar o amigo.

-- Pelo menos agora você ficou calma.

-- Realmente... – ficou pensativa – mas como?

-- Almas gêmeas. – respondeu com simplicidade – Uma faz parte da outra, por isso é tão fácil sentir o que a outra sente... – falava com propriedade - Mas vocês não se conectaram ainda, por isso não percebem os sinais.

-- Fran, eu estou cansada, e agora que sei o motivo do meu “estresse”, gostaria ir para casa, ficar sozinha já que não mora mais lá. – falou com ironia. Isadora não queria dar o braço a torcer e assumir que Francisco poderia estar certo.

-- Mulher de pouca fé, você vai ver, preste atenção nos sinais. – voltou para sala e deixou a frase martelando a cabeça loira que imaginava como poderia ser fisicamente o filho da morena. Parecido com Joaquim? Ou a sorte de sair igual à mãe? Com este pensamento ela voltou para casa, onde pegou uma garrafa de vinho e bebeu todo o conteúdo.

-- Parabéns Melissa Cristina, você conseguiu ter o filho do seu querido ex. – ela ficou bêbada e quebrou quase todo o apartamento.

 

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-- Olá, você é Enrico?

-- Sim.

-- Sou Francisco, amigo de Isadora.

-- Aconteceu alguma coisa com a loirinha?

-- Se aconteceu eu não sei, mas alguma coisa “ta” rolando agora, ela está diferente.

-- Diferente como? – Francisco contou tudo o que a loirinha tem feito, e deixou Enrico surpreso. – Mas essa arrogante não é a minha amiga.

-- Nem a minha.

-- Olha precisamos pensar nisso e agir. – conversaram por quase uma hora.

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No outro dia bem cedo, a médica retornou ao quarto para se despedir da nova mamãe.

-- Vim apenas me despedir.

-- Receberei alta hospitalar agora? – perguntou com expressivos olhos azuis, chamando atenção de Mariah.

-- Não, agora é a hora da minha alta, estou deixando o plantão. – olhou dentro das safiras azuis e gostou muito do que viu.

-- Acha que ficarei por mais tempo? – ficou curiosa.

-- O próximo médico depois vai passar a visita, caso esteja tudo bem com ambos... – apontou para criança no berço ao lado e para mãe – Não vejo problemas para alta.

-- Oba! Estou louca para voltar ao meu canto. – disse sorrindo olhando o filho dormir.

-- Onde fica este lugar? – ficou curiosa.

-- Na cidade ao lado, mas ficarei algum tempo em São Paulo, com meus pais.

-- Também moro em São Paulo.

-- Vem todos os dias para cá? – ficou surpresa, pois era uma cidade um pouco distante da grande metrópole.

 

-- Venho uma vez por semana para um plantão de vinte e quatro horas. – sorriu - Sou daqui, e esta foi uma maneira de ficar mais próxima dos meus pais. – deu de ombros – Agora saio e tomo meu café com eles, descanso um pouco e após o almoço retorno.

-- Muito bom... – sorriu à morena – uma boa filha.

-- Tento ser. – sorriu e a morena apreciou a beleza da mulher, avaliando-a, fato que foi percebido e deu coragem para seguir adiante – Você tem ginecologista?

-- Sim. Tenho a mesma médica desde adolescente, por quê? Algum problema? – demonstrou preocupação.

-- Apenas para averiguar que não terei problemas convidando uma paciente para sair. – Melissa foi pega de surpresa, mas apreciou a forma como a médica a abordou.

-- Depende para onde pretende levar uma mulher em resguardo. – brincou, fazendo uma menção aos ditados populares. – Dizem que são perigosos encontros nestes períodos.

-- Espero passar os quarenta dias. – foi à resposta com o mesmo tom de brincadeira – Aqui, tome meu cartão. – a morena pegou e leu.

-- Enrico colocou minha bolsa no armário, você pode pegá-la?

-- Claro! – abriu o local indicado e pegou uma linda bolsa em couro, e entregou à morena – Este homem, ele é seu amigo? – perguntou enquanto Melissa procurava por algo.

 

-- Na verdade, descobrimos recentemente que ele é meu tio, mas sempre fomos amigos. – olhou para a médica e sorriu segurando um cartão – Sempre fomos como irmãos. – estendeu a mão – Tome o meu cartão. – Mariah pegou e leu.

-- Olhe só! Eu não conciliei o nome à marca. – fitou a mulher lamentando a garfe após perceber o impresso do frigorífico no cartão – Você fabrica o melhor queijo ricota temperado que já experimentei.

-- Obrigada! – deu uma gargalhada – Na verdade, meu pai não queria inovar, mas cedeu e acabou nisso, este queijo é um dos mais vendidos.

-- Bem, ao menos sei que fome eu não passarei em sua companhia.

-- Depende do ponto de vista, não espere que cozinhe você se arrependeria. – sorriu, mas logo parou quando viu o filho se inquietar. Mariah pegou a criança com carinho e colocou nos braços da mãe.

-- Ele já tem nome? – Melissa lembrou-se de um comentário antigo feito por Isadora, quando haviam se conhecido, e novamente no sítio, antes do noivado.

-- Enzo. – olhou o filho expondo em seguida o bico do seio e oferecendo-o a criança – O nome dele é Enzo de Alcântara Peixoto. – sorriu mais uma vez, observando aquele pequeno serzinho.

 

 

Fim do capítulo