-- Minha gata... – abraçou Camila pelo pescoço, no entanto, a veterinária não esboçou reação, apenas olhou para Fred que parecia surpreso. – Eu lhe procurei, mas parece que você foi abduzida.

-- Não Solange. – tentou se afastar – Eu não queria ser achada. – olhou rapidamente para Melissa.

-- Ei, você disse que iriamos sair para nos divertir e sumiu.

-- Solange, eu falei que iria sair e me divertir, por isso sumi.

-- Meu amor, vamos dançar. – puxou sua mão sem se importar com o que havia falado. Melissa olhou em sua direção, e ela sentiu um misto de vergonha e irritação com a situação, levantou-se e puxou Solange para um canto.

-- Acho melhor eu ir embora sem Camila... – forçou um sorriso. – Ela está se entendendo com a atriz.

-- É mais fácil ela ir a Marte. – Fred concluiu sorrindo. – Conheço bem a minha amiga, e no mínimo ela está mandando Solange para lá.

-- Pelo que conheço de Camila, ela está se livrando do problema.

-- Bem meus queridos... – tomou um gole da bebida. - A noite foi maravilhosa, mas eu já vou. – levantou-se e se despediu dos dois. Camila a observou de longe e ficou ansiosa.

-- Solange, eu não quero que venha mais atrás de mim.

-- Qual é gata? Não entra nessa. – tentou beija-la, mas ela a empurrou.

-- Escuta uma vez porque não vou repetir: estou cheia dessa sua imaturidade e egocentrismo. – bateu no ombro da atriz. – E antes que esqueça, eu posso acabar com sua carreira aqui no Brasil, basta ligar para meu pai e mandar seu histórico no exterior. Sabe quantos trabalhos vai arrumar? Nem filme pornô vai conseguir.

-- Não seria capaz...

-- Ah seria sim. – a olhou firme. – Não brinque comigo. – saiu quase correndo atrás de Melissa e quando alcançou a morena estava saindo do local. – Mel... – a chamou se aproximando.

-- Não precisa se preocupar, eu...

-- Não estou me preocupando, apenas cumprindo o que combinamos. – sorriu.

-- E sua namorada?

-- Ex-namorada. Eu não tenho nada com aquela garota e me arrependo. – Melissa sorriu.

-- Então vamos.

-- Meu carro está para lá. – apontou e seguiram em silêncio.

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-- Pimenta... – Enrico olhou com curiosidade para o namorado. – Eu acho que está rolando um climinha entre sua sobrinha e nossa amiga.

-- O que? – estava surpreso.

-- Isso mesmo. Melissa ficou a noite toda observando Camila, não deixou de encara-la.

-- Não tem como. – sorriu. – Cristina só pensa em Isadora, aquela jornalista que lhe falei.

-- Pode até pensar, mas aqui, esta noite, não parava de olhar para nossa amiga. – sorriu – E digo mais, Camila correspondeu a tudo.

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As duas seguiram em direção à saída, e só então Melissa quebrou o silêncio.

-- Poderia ter ficado mais e aproveitado a noite.

-- De forma alguma. – a olhou seria. – Minha noite não azedou graças a você.

-- Camila, não precisa se preocupar comigo, eu pego um táxi. – Camila abriu a porta do carro.

-- Irei repetir: vou com você. – concluiu com calma, mas, fez uma expressão de cansada, o que fez Melissa sorrir.

-- Doutora, não precisa se preocupar comigo. – respondeu sorrindo.

-- Aqui sou apenas Camila, ou prefere que lhe chame de doutora ou “chefa”? – Melissa deu uma gargalhada.

-- Sem isso de “chefa”. – olhou a médica nos olhos. – Então eu aceito.

-- Só ameaçar de chama-la de “chefa” que resolvi a questão? – entraram no carro e Camila colocou uma música. Melissa ficou surpresa.

-- Bossa Nova?

-- Nasci no exterior e passei anos fora do Brasil, mas me sinto brasileira. – afirmou sorrindo.

-- Gostou de morar fora?

-- Apesar dos problemas que temos aqui e das poucas oportunidades, esse é meu lar, a terra que aprendi a amar e meu povo.

-- Quando voltou para cá, já tinha entrado em contato com Enrico?

-- Não. Solange havia falado de mim e ele pediu meu currículo. Fiquei um tempo por lá e com medo de retornar e aguentar esse tipo de encontro. – olhou rapidamente para Melissa enquanto parou o carro no sinal. – Retornar para o Brasil só se fosse para fazer concurso público ou trabalhar clinica, esta era minha perspectiva.

-- Entendi. – estava pensativa e curiosa quanto à ex-namorada. - Solange? – preferiu fingir que não sabia da história. – Ela ainda lhe considera uma namorada.

-- Isso mesmo. – olhou para Melissa – Foi forte o que tivemos, mas não tive estrutura para estes altos e baixos.

-- Quando terminaram?

-- Pouco mais de um ano.

-- E ela ainda não aceitou?

-- Não. – Melissa pensou mais um pouco e continuou.

-- Vovô quem fez a entrevista?

-- Sim. Acho que você estava afastada. – Melissa preferiu não prosseguir com este assunto, não queria falar sobre a época que ficou fora por causa de Isadora. Ela mostrou o caminho até sua casa.

-- Não quer descer? – perguntou quando chegaram.

-- Não. – sorriu – Está tarde.

-- Solange ainda vai lhe procurar hoje. – Camila bateu na direção e depois encostou a cabeça.

-- Eu mereço, dei mole e acreditei na conversa dela.

-- Quando ela perceber que você não vai voltar... – sorriu – Vamos descer, a casa é imensa e tem espaço suficiente para você morar aqui e ninguém lhe achar por um bom tempo. – disse sorrindo.

-- Eu prefiro deixar para outra oportunidade. – respondeu retribuindo o sorriso.

-- Tudo bem. – deu de ombros. – Então, essa é a parte que desejo uma boa noite e agradeço a companhia? – Camila a olhou nos olhos.

-- Eu que agradeço a noite. – olharam-se por alguns segundos e Camila quebrou o silêncio. – Ainda tem muita tristeza nesse olhar. – pensou alto.

-- Não estou na minha melhor fase.

-- Quanto tempo faz que vocês se separaram? – Melissa ponderou por alguns instantes. – Não quero ser intrometida. – adiantou-se.

-- Tudo bem. – respirou fundo. – Ela voltou para os Estados Unidos faz alguns dias. – refletiu um pouco. – Estamos separadas há um ano.

-- Ainda dói assim? – perguntou sem pensar, e mais uma vez, desculpou-se. – Novamente... – forçou o sorriso e Melissa percebeu seu nervosismo. – Desculpe, eu...

-- Não precisa... – interrompeu. – Estou superando aos poucos e logo terei ocupação suficiente para esquecer até de mim mesma. – completou fingindo confiança e alisando a barriga. – Eu nunca imaginei ser mãe sem ter minha vida toda certinha e estabilidade profissional, de repente, ele vem na pior fase, com tudo bagunçado e sem um caminho definido. – Camila segurou sua mão.

-- Não sei se acredita em Deus... – olhou dentro dos olhos azuis. – Ele nunca nos dá um peso maior ao que suportamos. Às vezes é difícil? É sim, a vida não é fácil. Eu não sei a história de vocês, mas nesse caminho que estamos só seremos felizes se tratarmos o assunto da forma como eles merecem. A vida se mostra como um grande filme, onde existem os atores principais, os coadjuvantes e a figuração. Não podemos ser coadjuvantes quando nascemos para o papel principal. Aprendi a escolher o tipo de papel que quero para minha vida, talvez essa sua fase seja isso: uma reorganização na distribuição dos papéis da sua vida, ainda mais agora que vem o astro principal. – Melissa estava emocionada com aquelas palavras, mas optou por não demonstrar e brincou.

-- Para uma veterinária que perdeu sua atriz principal... – disse em tom de brincadeira, mas Camila a interrompeu.

-- Solange seria uma ótima atriz se quisesse. – respirou fundo e olhou para frente. – Ela preferiu ser vítima da sua própria história, uma simples figuração. – voltou a olhar para Melissa. – Não sei se deveria... – ponderou - A história pertence a ela, mas me afeta, ou melhor, afetou. – fechou os olhos e quando voltou a abrir a empresária viu algumas lágrimas rolarem. – Os pais dela faleceram em um acidente, ela foi criada pela avó, uma das criaturas mais doce que tive a sorte de conhecer. Ela a mimou demais, queria recompensar o amor dos pais e fez todas as vontades daquela neta que não tinha limites. Sempre linda, conseguiu um contrato publicitário com uma marca da moda, veio à fama e isso puxou o interesse em fazer teatro, filmes e ser conhecida. Fomos apresentadas nesta época e eu me encantei de imediato. Ela se deu bem na carreira, apesar de ser bem nova. – limpou o rosto. - Só que neste meio, assim como em qualquer outro, porque existe gente do mal e fraca em todos os cantos... – fez uma pausa. – Conheceu as drogas, principalmente medicamentos para inibir apetite, para ansiedade, ficar acordada, depois dormir e assim foi. Um dia avó dela faleceu e sem saber o que fazer, ela foi ao fundo do poço. Os amigos de antes sumiram, apenas Fred estava lá.

-- E você?

-- Estava morando com meu pai. Embarquei com ela nesta aventura e abri mão de mim mesma. – voltou a limpar o rosto e forçou um sorriso. – Meu relacionamento com minha mãe não era um dos melhores por causa do meu padrasto. E ele estava certo, eu levei Solange para dentro de casa com meus irmãos... – deu de ombros. – Não tínhamos limites. Fui morar com meu pai, um homem linha dura. – sorriu – Mas soube ler nas entrelinhas e me ajudou a sair dessa. Quando havia desintoxicado, ela apareceu me procurando, reatamos e desta vez quase fui acusada de tráfico, ela foi presa. Meu avô conseguiu que fosse deportada e não condenada a cumprir pena lá nos Estados Unidos. Aqui recomeçou, estava indo bem com ajuda de Fred e Enrico, até voltar ao teatro, em uma reestreia triunfal, na comemoração, voltou ao mesmo ritmo de antes. – Melissa ouvia a tudo com atenção, e só então percebeu que conhecia poucos amigos de Enrico. Voltou a se concentrar em Camila, em um gesto automático, passou a mão pelo seu rosto.

-- Agora está tudo bem.

-- Ninguém sabe as tristezas, as fraquezas, os medos do outro para julgá-lo, pensei muito sobre isso... – baixou a cabeça envergonhada – Depois do que passei... – voltou a olhar para Melissa. – Sei que fiquei mais forte. Não quero o mal de Solange, mas não a quero por perto.

-- Ainda a ama. – constatou. – Tem medo de uma recaída.

-- Não. Eu não posso amar uma pessoa que não sente nada por ela mesma, mereço muito mais que uma figuração. Aprendi a me priorizar, e minha vida hoje, está toda em seu lugar. Voltei ao Brasil, também, por vergonha, muito mais por orgulho de vencer e mostrar que consegui sem precisar fugir. – Melissa refletiu sobre as palavras da médica veterinária e sentiu uma admiração maior pela mulher.

-- Todos nós temos nossos pontos de fraqueza. Não cabe a ninguém julgar quais são e a intensidade de nossa dor. – Camila a encarou.

-- Isadora ainda é presente. – era a primeira vez que conversava sobre a loirinha com outra pessoa, além de Enrico.

-- Está presente. – encostou a cabeça no banco e fez uma pausa. – A vida é transitória, logo meu filho nasce e ele ocupará todo o meu tempo.

-- E será capaz de transferir esse amor e viver assim?

-- Não sei.  Apenas o tempo para responder.

-- O pai dele não tem espaço? – Melissa a olhou incrédula.

-- Essa palhaçada de segurança e o acidente do meu pai... Isso tudo foi por culpa dele. – declarou indignada.

-- Desculpe! – estava envergonhada.

-- Tudo bem. – respirou fundo – Não é sua obrigação saber de toda história. – Camila preferiu encerrar o assunto.

-- Então... – forçou o sorriso. – Acho que essa é a parte que agradeço a noite maravilhosa e vou para casa. – Melissa se sentiu mal pela explosão.

-- Eu que peço desculpa. – colocou a mão sobre a de Camila. – A noite foi muito boa. – olhou o relógio. – Não desceu, e agora passamos mais de uma hora conversando.

-- Em uma próxima oportunidade eu desço. – estava envergonhada. Melissa não sabia como se despedir. Primeiro apertou e depois afagou a mão da médica que sorriu e se aproximou, depositou um beijo em sua face e mais uma vez se despediu. – Preciso dormir, amanhã tenho trabalho e meus chefes não iriam aceitar chegar atrasada no primeiro mês.

-- Não mesmo. – respondeu sorrindo após descer.

-- No segundo mês eu fico mais tempo. – brincou e saiu.

 

********************************

 

-- Isadora, explica mais uma vez.

-- Francisco, eu não tenho tempo para ficar me justificando para você. – respondeu com mau humor.

-- Eu não entendi: você foi a um programa de entrevista acompanhada de Michele?

-- Sim. – sorriu com sarcasmo – Ela pediu para voltar e como sou uma pessoa boa... – estava sentada escrevendo alguma coisa.

-- E o tio dela um “playboy” que vive em capa de revista. – abaixou-se na frente da loira. – Quer mesmo perder de vez Melissa?  - ela deu de ombros.

-- Ela mesma me desprezou no dia que preferiu ficar naquele País.

-- Aquele é o nosso País. Ela não desprezou, acredito que toda mulher quando tem filho gosta de ter a mãe por perto, a situação dela pode ter sido esta e depois...

-- Francisco não tenta justificar o que não tem justificativa. Agora eu quero provar que cresci, e me tornei tão notória e desejável como ela.

-- Eu lamento muito ouvir isso de você. – declarou com pesar. – Seus olhos estão nublados de ambição e arrogância. Parte de minha amiga sumiu. Andar com gente de grana e famosa não vai lhe ajudar em nada se não tiver talento, isso você tem. – deixou a loirinha sozinha e saiu. Isadora olhou para o lado e viu o prêmio de melhor jornalista investigativa do ano, sorriu com orgulho.

-- Esse foi o primeiro de muitos, eu vou provar para vocês que sempre fui capaz de crescer. – pensou em seus pais, em José e Melissa. Era uma questão de honra provar sua ascensão profissional.

*******************************

Os dias passaram rápido, a festa de Santo Antônio estava chegando, os preparativos no haras gerou um grande alvoroço. Pediram para Melissa fazer parte de uma quadrilha, ela se negou e sugeriu que o convite fosse feito a veterinária que achou interessante e aceitou.

-- Eu nunca participei de uma quadrilha.  – afirmou sorrindo. – Claro que vou adorar. Convite aceito! – gritou pulando.

-- Mas é que a senhora vai ser a noiva, “dotora”. – Melissa ouviu e começou a rir, afastou-se para não chamar atenção, mas Camila percebeu.

-- E quem vai ser o noivo? A dona Cristina? – provocou e trocaram olhares.

-- Não. – olhou para dona do haras. – A senhora num se importa né patroa?

-- Não. – tentou segurar a seriedade. – De forma alguma.

-- A patroa deixou “nós convirdar” gente de fora, chamamos seu Tiago e o “fio” dele, o menino Martinho. A senhora “ceita” né, “dotora”?

-- Ela aceita seu Beto... – riu – Ela aceita. – Camila a olhou de forma avaliadora e quando ficaram sozinhas resolveu provocar.

-- Ah, eu pensei que você seria o noivo.

-- Acha que me convidariam apenas para puxar meu saco?

-- Acho. – sorriu - Você daria um excelente pai da noiva, ainda mais com essa simpatia que possui.

-- Estou sentindo um tom irônico nestas palavras, doutora.

-- Eu com ironia? Você é a patroa. – respondeu com cinismo.

-- Quero assistir essa quadrilha no melhor local. – foi em direção ao homem que antes conversava com elas. – O casamento da veterinária com um inocente pirralho.

-- Ei, ele é uma criança?

-- Um adolescente elétrico, tipo aqueles filmes de virgens, se é que me entende. – saiu rindo e Camila respirou fundo.

-- Passa logo... Vai ser rápido e sem dor, Camila.

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-- Oh patroa, pedi para Dora trazer curau e pamonha pra sua mesa.

-- Obrigada Beto. – olhou para Enrico. – Não vai dançar?

-- Até vou, mas estou esperando Fred.

-- E onde ele foi?

-- Fazer algumas fotos do casal de noivos. – sorriu e Melissa deu uma gargalhada.

-- Camila com aquele “salsicha” espinhento, belo noivo foi arrumar.

-- De quem está falando?

-- Do filho do vizinho, aquele menino... – tentou lembrar o nome.

-- Martinho,

-- Isso! – voltou a rir.

-- Mas ele... – foi interrompido por Fred que se aproximou acompanhado de Dora.

-- Trouxe comida e Jacira tá trazendo a bebida. Fiz suco para senhora, dona Cris. – Melissa agradeceu e logo a brincadeira começou e quando ela viu o homem que fazia par com Camila, o sorriso se desfez e uma expressão enigmática surgiu.

-- Quem é esse homem?

-- Mas esse é seu Martinho, “fio” do seu Tiago. – Melissa olhou para Enrico.

-- O filho dele não é um adolescente espinhento?

-- Aquele é o mais novo, esse é o mais velho. – Fred percebeu a expressão da morena e fez uma foto sem que ela percebesse.

-- Fotografou Cristina?

-- Claro né? – respondeu balançando a cabeça de forma afetada. – Preciso mostrar para Camila como ela ficou quando a viu nos braços de outro homem.

-- Ela não está nos braços de outro homem.

-- Lógico que está, veja só, são noivos! – Enrico revirou os olhos e resolveu assistir a dança.

Camila sorria, estava com uma maquiagem carregada, mesmo assim sua beleza era evidente. Sempre simpática, chamou atenção do jovem fazendeiro que depois da quadrilha a puxou para conversar.

-- Você dançou muito bem para quem nunca participou de festa Junina.

-- Obrigada. – tentou ser simpática. Olhou em direção a mesa e não viu Melissa. Fred e Enrico conversavam com algumas pessoas.

-- Vamos beber um quentão? – puxou a mão da veterinária forçando o contato.

-- Preciso procurar alguém.

-- Não vá. – sorriu - Fique aqui. – insistiu puxando-a pelas duas mãos.

-- Martinho, eu realmente... – não completou a frase.

-- O que está acontecendo aqui? – o jovem olhou para Melissa sem soltar as mãos da veterinária.

-- Ah, eu sou Martinho seu vizinho de...

-- Eu sei quem você é, ou não estaria aqui. – olhou para as mãos de Camila. – Por que está segurando as mãos dela?

-- Estava convidando-a para beber um quentão. – respondeu sorrindo.

-- Isso não é convite, está coagindo. – olhou para médica que estava surpresa. – Vem Camila.

-- E acha que isso é convite? – brincou e se arrependeu. Melissa se aproximou encarando-o.

-- Aqui eu faço o que quero, estou na minha propriedade. – olhou para veterinária. – Venha Camila. - ela a seguiu, mas não gostou do que ouviu.

-- Acha que lhe pertenço? Porque estou em sua propriedade, acha que faço parte dela? – perguntou em tom desafiador.

-- Estou na minha casa.

-- Trabalho na sua empresa e não para você. – parou cruzando os braços. Estavam quase em frente ao estábulo. Melissa olhou para trás e chamou mais uma vez.

-- Camila...

-- Eu não vou. Não sou sua empregada. – Melissa a puxou para dentro do estábulo e a encarou firme. – Agora vai me bater? – ela a puxou para perto e segurou seu rosto, roubando-lhe um beijo. Quando afastou-se e abriu os olhos, sorriu, pois a médica permanecia com os olhos fechados.

-- Agora venha comigo. – exigiu mais uma vez.

-- Não... – abriu os olhos e fitou os olhos azuis. – Uma deusa sugou minhas forças. – Melissa desfez a expressão permaneceu sorrindo.

 

-- Então ela precisa devolver um pouco, para você me seguir. – voltou a beijá-la.

Fim do capítulo