Pela manha saímos cedo, insisti com ela que a acompanharia em sua visita a seus pais, a principio ela não aprovou, mais minha insistência foi maior. Marcamos de no dia seguinte fazermos uma visita.

Como sempre fazia fui direto para cozinha, Mari resolveu tomar café com os hospedes que acompanharia. Estava chegando quando escuto mais uma voz além da de minha mãe na cozinha, era Vivian.

-Vivian quando vai conversar com Sabrina, sabe quanto mais demorar , mas sua filha achara que todos a enganaram!

-então não estava delirando, com que escutei ontem.

As duas me olharam assustadas, e eu mais ainda em saber que minha mãe escondia a verdade daquela que dizia amar como uma filha.

-Amália! -a senhora tinha uma expressão e surpresa no rosto, estava assustada, talvez com medo.

-mãe como a senhora pode!- não queria conversar com a mãe de minha amiga, tudo que foi falado dela com o passar dos tempos, ainda estava vivo em minha mente – essa mulher abandonou a Sabrina, a pessoa que a senhora diz amar como uma filha!

-não fale o que você não sabe, e não entende Amália! -minha mãe estava exasperada, era fato, nunca tinha escutado minha mãe falar mal da senhora, pelo contrário sempre nos repreendia quando escutava algo de nossas bocas- você não conhece a história de Vivian , então nos tire suas conclusões antes de saber.

-Amália me escute – a senhora se pronunciava ainda receosa por minha reação - nunca abandonei minha filha, somente me afastar e não foi por minha vontade.

Ela parecia sincera, seus olhos estavam molhados com algumas lágrimas que o sistema em rolar por seu rosto.

-então porque agora, e o que Giulia tem a ver com isso?- aquilo que me dava medo, Sabrina não ia aguentar saber que a mulher que amava a tinha traído.

-Giulia não tem nada a ver com isso, até pouco tempo ela nem fazia ideia,  veio pra cá a meu pedido ,mas sem ter ideia que Sabrina era minha filha . Ela a ama muito, vou conversar com minha filha já está decidido, estou apenas esperando Geno, que é irmão das duas.

Aquela sim era uma surpresa. Sabrina que sempre achou ser sozinha no mundo desde que seu pai morreu, ia ganhar uma mãe que sempre culpou por te – lá abandonado,  e um irmão esse último com certeza seria bem vindo.

-mas o que aconteceu pra deixar Sabrina aqui, sem  se importar se ela iria sentir sua falta ou não!

-nunca abandonei minha filha!

-senta aqui minha filha- dona Berta apontada para o banco a seu lado- a Vivian vai esclarecer algumas coisas, que nos são como Sandro falava.

A senhora começa a narrar como tudo aquilo começou,  e quanto mais eu sabia do que havia acontecido a anos atrás, mais entendia seus motivos, tudo bem que poderia ter agido diferente mais as pessoas são diferentes , tende a reagir de formas diferentes diante da pressão que se é imposta a ela, com Vivian não foi diferente, só esperava de coração que Sabrina pudesse compreender que sua mãe foi obrigada a se afastar.

...

P/DAYSE

Desde que voltaram de sua noite na praia do amor Pietra estava diferente, ela parecia distante, afastada de mim.

Não que não tivemos estado juntas depois disso, Naquela noite me entreguei totalmente a ela, como nunca havia me entregado a ninguém, mas os dias que se seguiram sua indiferença me deixava confusa.

Antes, sempre que a convidava, ela não pensava antes de aceitar meus pedidos para que passássemos uma manhã, uma tarde, até mesmo uma noite juntas. Agora eu precisava contar com sua boa vontade, será que ela cansou de tudo? Ou minha mentira que envolveu Alessandra a havia deixado com pé atrás e percebeu que não era aquilo que queria pra ela. Pra completar vivia agora de segredos com Giulia e todas as vezes que cobrava explicação, ou desconversava ou jogava na minha cara que não devia nenhuma satisfação, afinal estamos somente amantes, aquilo doía em meu coração,  eu precisava desfazer aquela mentira, não queria perde – lá ,não por isso!

- aconteceu alguma coisa Dayse- pensava no que estava acontecendo enquanto tomava meu café da manhã, minha esperança era que Pietra descesse pra me acompanhar, precisava esclarecer aquilo tudo.

-oi Geovane, não aconteceu nada, só estou pensando em um processo que Rodrigo quer que acompanhe!- minto para o rapaz, não queria comentar nada, antes de falar com minha Ninfa.

- não parecia isso não!  Você está vá tão concentrada até fazia careta, parecendo que estava com alguma dúvida – sem que convidasse o rapaz senta – se a minha frente- me conta, e alguma coisa com relação à Pedrita?

Olhei espantada pra ele, como adivinhou? Será que estava tão visível assim!

-porque seria?-pergunto somente pra saber o porquê o nome de minha Ninfa foi mencionado.

-ah Dayse, tu jura que ninguém percebeu o fogo de vocês duas, as sumidas juntas. Ate um cego perceberia.

Suspiro, bom não tinha mais porque esconder, eu estava mesmo precisando desabafar, mesmo que fosse com Geovane que todos sabiam não saber guardar segredos.

-não sei o que fazer Geovane!-o rapaz faz uma cara engraçada como se estivesse escutando algum segredo de vida ou morte.

-o que aconteceu Daysinha, conta tudo pra mim o que te aflige – a vontade de rir de sua expressão era maior do que a vontade de me confessar com ele. Mas resolvi falar o que estava me tirando o sono.

-a Pietra acha que sou casada ainda, com a Alessandra – seu olhar era igual a de um psicólogo analisando  seu paciente – é acho que ela está se afastando de mim, por pensar isso!.

-porque ainda não desfez esse mal entendido todo, com ela.

-não sei, no início era cômodo, parecia que ela também estava gostando, mas agora não sei se o que pensei era o certo! – estava expondo o que pensava realmente, acho que a interpretei mal desde o início.

-olha Dayse, conheço pouco a Pedrita – sempre achava engraçado a forma que se referia a ela – mas uma coisa te garanto  Desde que se envolveu com você,  não a vi mais dando em cima de ninguém ,como via quando veio pra cá,  querendo recuperar o amor da minha Deusa.

Aquiles era outro assunto que me incomodava a aproximação dela com sua ex-mulher, estavam  tão próximas ultimamente, que cheguei a pensar que talvez estivessem tendo uma recaída.

-será que não estão tendo algo?- minha pergunta era mais pensamentos do que pra ele.

-lógico que não,  a Giulia e louca por minha amiga,  jamais faria algo pra magoa-la, até mesmo Sabrina que morre de ciúmes da minha Deusa, entendeu que que a Pedrita e ela são apenas amigas!

Aquilo era verdade, a implicância que outrora Sabrina tinha por minha Ninfa, não existia mais!  Acho que meu medo maior era pensar que Pietra não fosse entender minha omissão diante de todo aquele mal entendido.

-porque você não conversa com a Pedrita, ela parece gostar de verdade de você!  Tudo bem que você mentiu em relação a sua situação com sua ex-mulher, e que talvez ela possa sim ficar chateada, mas veja pelo lado bom, você contará a verdade!

Revirou os olhos pra sua teoria, aquilo não me ajudava em nada, pois meu maior medo era justamente aquele, dela ficar com raiva e querer se afasta de mim.

-vou conversar com ela, bom Seja o que Deus quiser!

Naquela manhã não vi Pietra, a procurei pelos lugares que costumávamos ir juntas, mas nada. Já estava a caminho da gruta Onde sempre nos encontrávamos, quando a vejo com Giulia,  meu coração apertou em meu peito, então era isso ,as duas estavam juntas realmente.

Já estava fazendo o caminho de volta, triste com aquela situação, quando vejo Sabrina bem atrás das duas , foi então que percebi que as três estavam juntas sem nenhuma chance de estar acontecendo algo mais íntimo entre minha Ninfa e a italiana. Era uma tortura imaginar outra pessoa a tocando, não gostava nem de imaginar tal coisa.

Aproximo-me tentando chamar atenção das três,  Estava um clima pouco estranho mas conversavam amigavelmente.

-oi- Pietra me olha sem nenhuma emoção, como acontecia nos últimos dias, não suportava aquele olhar, queria ter aquele olhar cheio de desejo que aprendi a conhecer.

-oi Dayse, quer falar comigo?-Sabrina se adianta.

-na verdade quero falar com a Pietra.

As duas me olharam e sorriram, mas Pietra não parecia satisfeita em me ver. Meu coração estava oprimido, triste por vê-la de alguma forma me rejeitar.

-o que quer falar comigo, - fala sem nenhuma emoção.

-precisamos conversar, vamos dar uma volta- ela consente, as duas se despediram me deixando a sós com ela – o que está acontecendo Pietra, você está distante...

-como assim distante, fazemos amor do mesmo modo de sempre!

-mas está distante, esta me tratando com frieza.

-só estou me comportando como uma amante que sou- fala sem emoção, aquilo tinha que acabar e seria agora ou nunca.

-você não é minha amante,  porque não sou casada com Alessandra- ela me olha confusa a principio , mas seus olhos se tornaram raivosos da feita que continuava a falar- você concluiu isso quando ela veio pra cá,  estamos tratando de negócio,  a venda de uma fazenda que tínhamos juntas.

- como você teve coragem de fazer isso comigo, vendo o quanto estava envolvida contigo, te falava que não suportava imagina – lá com ela.

-mas foi você que interpretou mal essa situação.

-é você teve a cara de pau de continuar com a farsa, agora vejo que não sente absolutamente nada por mim, além de atração sexual, você não pensou no que eu sentia ou estava passando!

Aquelas acusações verdadeiras me cortaram a alma, deveria ter contado a verdade desde o início,  quando nos envolvemos .

-Pietra você está errada, não é só desejo o que sinto por você- atropelava em minhas palavras, estava desesperada por faze – lá entender que a amava.

-você brincou com meus sentimentos, de maneira vil, teve várias chances de me contar a verdade, mas não, preferiu me ver aflita com meus pensamentos!

-não é verdade, você parecia satisfeita com essa situação, os encontros às escondidas, os desafios.

-eu não estava satisfeita, só não queria te perder por isso aceitei!

-tem certeza que aceitou pra não me perder, ou não ter nada que a impedisse de correr atrás da Giulia.

-tá louca, Giu e eu somos amigas até mesmo Sabrina já entende! Realmente você não confia nenhum pouco em mim.

-Pietra eu...

-não quero mais te ver na minha frente , vou resolver o que tenho pra resolver e voltar pra Itália, o que me prendia aqui, já não me prende mais..

Sai me deixando ali, no meio da praia, somente com os bater das ondas no mesmo  ritmo com meu coração, que batia descompassado.

...

P/PIETRA

Enquanto caminhavam de volta para pousada, lágrimas rolavam por meu rosto. “Como ela pode fazer isso comigo, a angústia,  o ciúme que sentia só de imagina – lá com outra “porque ela fez isso comigo? Perguntava-me a todo instante, não entendia, se ela dizia gostar de mim. no dia em que fomos a praia do amor, ela chegou a falar que me amava quando foi consumida pelo prazer que havia lhe proporcionado.

Estava doendo muito, muito mais do que com Giulia, não sabia o que fazer.

-Pietra , aconteceu alguma coisa? -Amália me olhava insistentemente, enquanto limpava meus olhos- está sentindo algo?

-estou bem, só preciso ficar sozinha!

Meus pensamentos estavam um caos, não queria, mas não parava de pensar em Dayse, o que mais me doía era saber que ela não pensou em mim em nenhum momento, doía pensar que teria que me afastar, não podia estar com alguém que não confiava mais.

Enquanto fazia o caminho contrario do qual havia feito, lagrimas continuavam a rolar em meu rosto não queria ver Dayse, não queria pensar nela, mais seu rosto não abandona meus pensamentos.

Lembro em um dos dias que Alessandra estava hospedada em seu chalé, tínhamos acabado de fazer amor, quando ouço a voz de sua mulher, rapidamente ela me faz vestir a roupa e sai do quarto falando que iria afastar sua mulher do chalé, para que eu pudesse sair. Agora sentia raiva da situação, quantas vezes não haviam rido pelas minhas costas, no lugar do amor que guardava em meu peito um sentimento de raiva, de desprezo se fazia presente.

-Pietra- ouço alguém chamando meu nome- esta perdida por essas bandas- estava tão distraída em meus pensamentos, que não notei a trilha que havia tomado na ânsia de fugir da advogada, estava sentada em um tronco de arvore perdido ali.

-oi Letícia- falo sem entusiasmo algum, não queria conversar queria apenas pensar no rumo que minha vida estava dando.

Ela parece sentir em minha voz, o que se passava em meu coração. Senta-se a meu lado sem uma única palavra, ficamos ali por horas eu em meus pensamentos, e Leticia com os dela.

...

Estávamos a caminho do aeroporto, Sabrina estava ansiosa, por conhecer Geno. Meu coração estava apertado, cada dia que se passava parecia mais distante daquela confusão acabar.

Tia Vivia não parecia também a vontade com aquela situação, era notória a felicidade que sentia por ter sua filha a seu lado, mas a cada dia percebia que não seria tão fácil faze-la entender que não a havia abandonado por vontade própria.

-ali esta ele!- saio de minhas divagações e olho em direção ao rapaz que se aproximava sorrindo de sua mãe e irmãs. Sabrina olhava pra ele encantada, eles eram muitos parecidos, ninguém que os conhecessem naquele momento, duvidaria que fossem irmãos, ele não tinha puxado a família paterna em nada, era branco e cabelos claros iguais à mãe.

Aproxima-se e da um abraço caloroso, cheio de saudades em tia Vivian, pra logo em seguida fazer o mesmo comigo me beijando varias vezes no rosto. Quando me larga olha Sabrina com um sorriso no rosto, seus olhos brilhavam e aquilo me causou um mau pressentimento, minha tia havia comentado que falara com ele sobre tudo o que se passava.

-então essa é minha irmã, ela é linda maninha! -Senti vertigens, devo ter demonstrado pois rapidamente os três se aproximam.

Fim do capítulo