vamos para o segundo capítulo?
Capítulo 2
Capítulo 2
Alison's POV:
Emily estava ao meu lado, sentada no banco do passageiro, enquanto eu dirigia. Precisei de alguns minutos em silêncio para acreditar que, de fato, ela estava ali na cidade, em nossa cidade. Não foi necessário parar em nenhum dos cruzamentos, ainda era cedo e a maioria dos moradores de Rosewood estava dormindo. Tê-la ao meu lado era quase inacreditável. Não apenas pelo fato de Emily estar morando do outro lado do país, mas porque era como se ela tivesse adivinhado o quão péssima minha semana fora.
Você acredita em destino?
Com Emily ao meu lado, eu acreditava.
Era aniversário de morte da minha mãe, eu havia discutido com Charlotte durante, praticamente, toda a semana e dar aula na Rosewood High era mais difícil do que eu imaginava.
Senti os olhos de Emily em mim durante quase todo o percurso, mas nossos olhares somente se cruzaram quando estacionei o carro. Trocamos um sorriso e Emily levou uma das madeixas do cabelo para trás da orelha. Engraçado pensar que eu sempre a enxergara como a garota do Ensino Médio por quem eu havia me apaixonado. E, por mais que tivéssemos passado pela formatura juntas, eu ainda guardava a imagem daquela Emily em minha mente. Agora, ela estava ali, diante dos meus olhos, muito mais mulher do que eu esperava, um verdadeiro mulherão. Como agir diante de uma mulher daquelas? Eu definitivamente não sabia.
Descemos do carro e seguimos até a porta de entrada. Pouca coisa havia mudado. Grande parte do tempo, com meu pai morando fora de Rosewood, Jason viajando pelo mundo e Charlotte internada, a casa era basicamente minha e eu não tivera coragem de alterar uma peça que fosse da decoração que minha mãe deixara.
- Uau, entrar aqui é como voltar no tempo...- Foi a primeira coisa que Emily falou quando passamos pela porta.
Suspirei e nossos olhos se encontraram novamente. Percebi suas bochechas corarem levemente, será que quando ela voltava no tempo pensava a mesma coisa que eu?
Caminhamos pelo hall de entrada até chegarmos à sala de jantar.
- Você está com fome? – Perguntei, caminhando até a geladeira. Não havia nada ali além de molho de tomate e manteiga, digamos que eu não vinha me alimentando da melhor forma possível nos últimos tempos. – Eu posso...posso...- Pensei em qualquer coisa que poderia preparar com aquela grande lista de ingredientes.
- Pode ser só água...- Em falou.
Fechei a geladeira, pegando o telefone e um folheto que trazia o telefone da pizzaria mais próxima.
- Vamos pedir uma pizza! – Informei.
- Ali, tudo bem, eu não estou com fome...- A morena disse. Olhei em seus olhos, grandes, amendoados e cor de chocolate. Emily estava triste, mas algo me dizia que não era apenas por ter perdido seu pai.
- Pizza é sua comida favorita em todo mundo! – Exclamei de uma forma adolescente e ao menos consegui colocar um sorriso em seus lábios. Por hora, fiquei satisfeita.
- Eu sei, mas...
Aproximei-me de Emily, contornando o balcão da cozinha.
- Eu pago, ok? Não se preocupe! – Falei, como se desvendasse tudo o que passava pela cabeça dela.
Às vezes, acho que eu e Emmie temos esse poder, de adivinharmos o que a outra pensa.
Ela concordou com a cabeça, deixando a mochila no chão da cozinha, enquanto eu discava para a pizzaria.
- Você sabe que eu posso passar a te considerar a melhor pessoa do mundo por pedir uma pizza para mim às sete horas da manhã, não é? – Falou e eu ri.
- Eu achei que já fosse essa pessoa para você! – Disse sem nem pensar e só percebi o quanto aquilo poderia significar depois, quando Emily desviou os olhos, evitando nosso contato visual.
Suspirei pesadamente, caminhando novamente até a geladeira. Não suportaria aquele silêncio entre nós, não quando eu desejava contar a ela tanta coisa.
- Eu tenho cerveja para acompanhar, você aceita? – Perguntei.
Os olhos cor de chocolate voltaram a me encarar.
- Vamos mesmo fazer isso? Pizza e cerveja às sete horas da manhã? – Ela indagou enquanto ria.
- Já que estamos aqui...- Dei de ombros. – Eu não durmo há alguns dias, então, não fará muita diferença...- Brinquei, pegando duas garrafas de cerveja longneck.
Caminhei até a gaveta e vasculhei em busca de um abridor de garrafa.
- Merda! – Resmunguei baixinho, eu sempre me perdia naquelas gavetas.
Porém, mesmo tendo murmurado o palavrão, acredito que Emily tenha ouvido. Ainda de costas, senti sua aproximação. Mantive-me congelada, hesitando realizar qualquer movimento que pudéssemos nos arrepender depois. A morena parou ao meu lado, encostando a gaveta de volta no lugar. Pegou as duas garrafas que estavam em minha mão e só então nos encaramos.
Um sorriso de canto desenhou-se em seus lábios e sem grandes dificuldades, ela abriu a garrafa com as próprias mãos.
- Uau! Você costumava ser a garota boazinha do grupo...
Em riu, afastando os fios longos do cabelo, retirando-os do próprio rosto, enquanto deu uma boa golada na garrafa de cerveja, estendendo-me a outra.
- Alison DiLaurentis, se você soubesse quanta coisa mudou...
- Por que você não tenta? – Perguntei.
- O que?
- Porque não tenta me contar o que aconteceu...- Sorri, e covinhas desenharam-se em minhas bochechas, uma de cada lado do rosto.
- Você quer que eu comece pela parte mais trágica ou menos trágica? – Em indagou.
- Tanto faz, eu só sei que eu costumava ser a rainha do drama...- Estreitei os olhos na direção da morena, que sorriu de uma forma sexy enquanto bebericava o resto da cerveja.
- Digamos que como contadora de finais felizes eu não dei muito certo...
- Duvido! – Exclamei, tomando um gole da minha bebida.
- Eu larguei a faculdade, Ali...- Emily despejou de uma vez. – Eu esperava estar um pouco mais bêbada quando te contasse isso, mas vamos precisar de algumas cervejas para isso acontecer: eu larguei a faculdade, acabei com todo o dinheiro que meu pai me deixou e, desde então, estou trabalhando de bartender para ter o que comer e pagar o aluguel do apartamento...
Todas as confissões dela me atingiram de uma só vez. Era como um soco no estômago, de repente, eu podia sentir toda a angústia que estava presa nela. Deixei a cerveja em cima do balcão e ela fez o mesmo. Conhecíamos bem o caminho para nosso abraço. Meus braços a apertaram levemente e tudo o que senti foi seu cheiro de cereja misturado ao perfume Carolina Herrera. Fechei os olhos, escutando a respiração de Emily, que pouco a pouco começou a se alterar até transformar-se em choro.
- Shhh, está tudo bem agora, eu estou com você! – Sussurrei no pé de seu ouvido, enquanto afaguei seus longos cabelos escuros.
Fomos interrompidas pela campainha e no mesmo instante nos afastamos.
- Deve ser a pizza...- Informei e ela concordou com a cabeça, tentando limpar as lágrimas do próprio rosto.
Quando retornei com nosso jantar/café da manhã em mãos, Emily já havia separado os pratos e guardanapos. Servimo-nos e fomos para o sofá, onde ela contou com detalhes tudo o que passou na Califórnia. Quando o relógio marcou oito horas da manhã, seus bocejos ficaram mais frequentes.
- Em, exatamente há quanto tempo você não dorme? – Perguntei.
Ela mordeu o lábio inferior antes de responder.
- Há alguns dias...talvez? – Suspirou. – Eu peguei um ônibus de Malibu até Miami, a passagem de avião era mais barata de lá para a Filadélfia...- Ela deu de ombros.
Fiquei boquiaberta. Eu sabia que ela estava passando por dificuldades, mas não tinha ideia do quão "difíceis" elas de fato eram.
- Você deveria descansar...- Falei, recolhendo os pratos e levantando.
- Não, Ali, eu não poss-...
- Claro que pode! – Exclamei, deixando os pratos em cima da mesa de centro.
- Vamos...- Estiquei a mão em sua direção.
Apesar de estar contrariada, Emily aceitou. Nossos dedos se entrelaçaram, como se conhecessem bem e eles realmente se conheciam.
- Cerveja e pizza não fará você se sentir melhor se você não tiver boas horas de sono! – Falei, enquanto caminhávamos lado a lado até o meu quarto.
- Mas, antes, eu posso só tomar uma ducha? – Emily pediu.
- Você não precisa nem pedir...- Pisquei, enquanto caminhei para dentro do quarto.
Busquei nas gavetas uma muda de roupa confortável e limpa e quando me virei, Emily ainda estava parada na porta do quarto, encarando a cama no centro do cômodo.
- Vem, Em...não é como se você nunca estivesse estado aqui! – Falei e vi suas bochechas corarem levemente de novo.
A morena entrou no cômodo com passos lentos, observando cada um dos pôsteres nele. Assim como o resto da casa, eu não havia mudado uma única coisa ali.
Estiquei a muda de roupas para ela e no instante em que as teve em mãos, seus olhos encararam com surpresa o moletom azul.
- Esse é o...- Emily foi quem começou a dizer, mas eu que conclui.
- É o seu moletom. – Confessei, encabulada.
- Você guardou? – Perguntou o óbvio, mas eu não poderia culpar sua surpresa.
Nossos olhos fitaram-se por alguns instantes.
- Nas noites mais difíceis, eu durmo com ele. É uma forma de me manter ligada a você. – Confessei e percebi um sorriso derretido em seus lábios.
Enquanto Emily tomou banho, troquei os lençóis e preparei a cama para que ela pudesse dormir. Fechei as cortinas, para impedir que a luminosidade a atrapalhasse e deixei uma jarra com água fresca no criado-mudo ao lado da cama. Quando ela saiu do banheiro, vestindo o moletom do time de natação de Rosewood High, foi como se nada tivesse mudado.
- Eu acho que nunca serei capaz de te agradecer...- Ela disse.
- Eu te devo muito mais que isso, Em...- Sorri. – Pode ficar a vontade e, se precisar de algo, a casa é sua...você conhece essa casa tão bem quanto eu! – Pisquei, apontando na direção da cama.
Emily sentou na beira do colchão, tomando um gole de água, enquanto seus olhos se mantiveram nos meus. Naquele momento, nos faltaram palavras. Eu estava prestes a sair do quarto, quando ela chamou.
- Ali...
Virei, tornando a olhá-la.
- Você pode ficar por um instante aqui comigo? – Pediu.
Concordei com a cabeça, caminhando na direção da cama. Emily deitou, se acomodando nas várias camadas de edredom que eu havia colocado e eu me deitei ao seu lado.
- Eu senti tanta sua falta...- Sussurrou.
Levantei os olhos, olhando seu rosto, gravando mentalmente cada traço de sua face para ter a certeza que jamais os esqueceria.
- Eu também, Em! – Falei, esticando meus braços em sua direção, chamando-a para um abraço.
Emily fora, sem sombra de dúvidas, a pessoa que mais me amara. Um amor incondicional, único e, eu sentia, que agora era a hora de retribuir um pouco de tudo o que ela havia feito por mim. Beijei sua testa assim que seus olhos fecharam-se e nos mantivemos naquele abraço até que ela pegasse no sono.
Três horas depois, cuidadosamente para não acordá-la, deixei-a na cama. Sai sorrateiramente do quarto, depois de lhe escrever um bilhete:
"Querida Em,
Desculpe sair sem te acordar, mas preciso ir para o trabalho. Estou dando aula na Rosewood High, ironia, não é? Depois te conto tudo sobre isso! Tenho três aulas hoje, todas no período da tarde. Te vejo à noite, ok? Se precisar de qualquer coisa, você sabe onde encontrar. Deixei um pouco de dinheiro na penteadeira também, caso tenha fome e deseje pedir algo diferente.
Até mais tarde.
Com amor,
Ali."
Fim do capítulo
Quem aí shippa Emison? <3
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