Capítulo 19
Dezenove
Nossas festas de final de ano foram incríveis e desta vez bem melhor, já que agora temos Henry conosco. Meus pais ficaram radiantes e encheram o neto de presentes. Virada de ano com os meninos, novamente muito divertida.
No meio de janeiro meus pais pediram para Henry passar uns dias das férias com eles. Claro que ele adorou e pediu para levar Nina junto. Yara autorizou e eu fiquei toda saudosa sem meus pequenos.
Como nem tínhamos viajado em lua de mel, decidimos aproveitar e viajamos para Holanda, especificamente Amsterdã. Mais uma viagem maravilhosa na companhia da mulher da minha vida. Conhecemos pontos turísticos lindos, tais como a Casa de Anne Frank e o Museu Van Gogh. Passeamos de bicicleta e também de barcos. As famosas tulipas, são belíssimas. A arquitetura é uma atração à parte. Fizemos uma ótima escolha e amamos a viagem.
Retornamos para o Brasil e dentro de três dias, Henry, completaria 8 aninhos. Meus pais desceram para o litoral conosco e realizamos a festa na nossa casa. Ele sempre amável, agradeceu muito. Depois que meus pais e os meninos foram embora; Henry revelou:
- Flô, sabe o que pedi quando apaguei a velinha?
- Não.
- Um irmãozinho ou irmãzinha.
Eu sorri e olhei para Yara; claro que ela também tinha escutado.
- Garoto, você está com a ideia fixa hein (ela falou olhando séria para nós).
- Vou colocar um vestido na Nina (sugeri para mudar de assunto e melhorar o clima).
- Eu gosto daquele roxo, que o tio Rui deu para ela.
Eu e ele fomos cuidar da Nina. Deixando uma Yara pensativa na sala. Quando a noite chegou e estávamos deitadas na nossa cama, voltamos a conversar.
- Disposta a ser mãe novamente?
- Sim e você? (Perguntei).
- Não sei se estou preparada.
- Nós estamos nos saindo tão bem e eu sempre quis ter um casal.
- Eu não me sinto à vontade para fazer inseminação não.
- Posso saber por qual motivo?
- Eu não em imagino gerando, nem mesmo realizando todos os procedimentos, é estranho e eu não quero. Compreendi?
- Compreendo sim.
- Decepcionada?
- Não. Minha linda, por favor, não se sinta pressionada.
- Obrigada!
- Podemos adotar, o que acha?
- Estou começando a gostar da ideia (concordou sorrindo).
- Que bom! Henry ficará feliz e eu também!
Ainda naquela mesma semana, decidimos entrar na fila de adoção, entregamos todos os papéis necessários e realizamos o curso indicado. Preferimos aguardar e inicialmente não contamos para ele, pois não queríamos deixa-lo ansioso.
O ano começou muito bem. Henry já estava bem adaptado no colégio. Meus pacientes aumentaram e os alunos nas escolas da Yara também. Nosso primeiro semestre seguiu sereno e feliz.
Nas férias do meio do ano, viajamos para a Disney, ganhamos de presente dos meus pais. Eu já tinha ido com eles quando eu era criança, mas tudo estava muito diferente e mais bonito. Era a primeira vez da Yara e do Henry naquela cidade mágica de Orlando. Nos divertimos muito e brincamos incansavelmente.
Foi em outubro, daquele mesmo ano, depois de oito meses aguardando na fila de adoção, que outra flor linda passou a fazer parte das nossas vidas, adotamos a Maria Flor, com apenas cinco aninhos e a nossa família aumentou. Ela e Henry se deram muito bem logo de início, ele é todo protetor e gosta muito de brincar com ela. Nina se divide entre os dois e felizmente gosta muito das crianças. No começo foi um pouco complicado e precisei me afastar do meu consultório, para zelar pela saúde da Maria Flor, que diversas vezes deu sustos em Henry e nas mamães corujas. Certa vez, os dois brincavam na areia da praia e do nada ela desmaiou. Ele de susto, teve palpitação e quase desmaiou junto. Durante todo o processo de adoção, soubemos que ela tinha a saúde um pouco debilitada, sua genitora teve demência e uma gestação cheia de complicações, por isso, a pequena tinha alguns problemas respiratórios. Uma orientadora do orfanato, também nos contou que a família dela não tinha condições emocionais para ficar com a criança, que perdeu a mãe aos três anos de idade, devido complicações mentais.
Após alguns tratamentos, Maria Flor começou a apresentar uma excelente recuperação, os desmaios diminuíram e ajustamos todos os medicamentos necessários. Fora estes probleminhas, ela é uma criança, como todas as outras, que precisa de amor, carinho, atenção e cuidados.
Meus pais novamente ficaram radiantes e acolheram Maria Flor, da mesma forma que fizeram com Henry. No nosso primeiro ano com ela, os dois me auxiliaram muito, pois a Maria ainda não podia ir para a escolinha, necessitava de vários cuidados e eu me atrapalhava bastante. Já Yara, devido ao contato diário com as crianças, sempre se saia muito bem, ela é uma excelente educadora, dialoga com facilidade com as crianças e promove diversas brincadeiras lúdicas.
Recebendo todo o suporte necessário, Maria Flor, começou a apresentar excelentes resultados e a cada novo exame bem-sucedido; ela me enxia de orgulho, tão pequenina e toda guerreira. Lutando desde sempre pela vida, um exemplo de amor e alegria. Ela é mais retraída e tímida, diferente do irmão. Também é morena e têm cabelos lisos. Quando nos conheceu, amou a ideia de ter duas mães e um irmãozinho. Logo se apegou ao Henry e não desgruda dele.
Com ela minha família ficou completa. Yara e eu somos mais felizes, com as nossas crianças.
Quando Maria Flor ingressou em um dos colégios da minha esposa, descobrimos que Henry é ciumento igual a madrinha.
- Eu não quero que a Maria vá para a escola (falou fazendo bico).
- Meu príncipe, ela precisa ir, pois eu a Yara, precisamos trabalhar.
- Mas lá ela vai ter outros amigos e ela já tem eu (reclamou).
- Ciúmes, ele tem a quem puxar né meu amor (provoquei Yara).
- Será que isso pega? (Ela brincou).
- Maria, você não vai mais para a escola (Henry falou todo autoritário).
- Não? (Ela perguntou parando de brincar com a Nina e nos olhando sem entender).
- Minha boneca linda, agora vou te dar banho. Mamãe Yara precisa conversar com o Henry (expliquei pegando ela no colo e seguindo para o quarto).
Antes de deixar a sala ainda ouvi Henry resmungando e Yara paciente começou a conversar com ele.
- É ‘vedade’? (Maria perguntou mexendo no meu cabelo).
- Não. Ele só estava brincando (minimizei).
- Gosto da escola, da tia e dos coleguinhas.
- Eu sei meu amor.
Dei banho nela, a troquei e deixei ela assistindo desenho no quarto. Encontrei Yara na cozinha, começando a preparar o jantar.
- Henry está de castigo (contou enquanto cozinhava).
- Que tipo de castigo?
- Sem desenhos, sem os jogos eletrônicos que ele gosta e nada de TV neste final de semana.
- Ok!
- Ele está muito mandão e quer determinar o que a irmã deve fazer. Que absurdo!
- Calma, ele é só uma criança ciumenta.
- Você sabe lidar melhor do que eu, com pessoas ciumentas.
- Verdade. Vou conversar com ele. Para a Maria Flor, falei que ele estava só brincando. Você precisa de ajuda ou posso falar com ele agora?
- Pode ir, eu faço o jantar (afirmou me dando um beijo).
Deixei a cozinha e fui para o quarto dele. Dei três batidinhas na porta e entrei.
- Flô, assustei a irmã?
- Não, eu disse para ela que você estava brincando e não faça mais isso. Assim como você, ela também gosta de ir para a escola. Não precisa ficar com ciúmes. Da mesma forma que você tem seus coleguinhas, ela também precisa ter os dela, além de aprender.
- Eu sei (falou cabisbaixo).
- Ela te ama, você é o irmão dela e nunca ninguém vai tomar o seu lugar. Vocês sempre serão melhores amigos (esclareci carinhosa e ele sorriu).
- Eu amo ela.
- Eu sei. O que você está lendo?
- Gibi que a vó me deu.
Maria Flor entrou correndo no quarto dele.
- Oi! (Ela disse sorridente e tentando subir na cama).
- Oi (ele respondeu ajudando ela a subir e colocando ela ao seu lado na cama).
- Tomou banho?
- Sim e também já estou de pijama.
- ‘Vamo’ vê desenho lá no meu quarto.
- Não posso, estou de castigo.
- Fez arte?
- É.
- O que ‘vamo fazê’?
- Você pode ficar vendo desenho e eu vou ficar lendo gibi.
- Quero fica aqui com você (ela pediu e ele sorriu).
- Eu leio pra você (ele falou já abrindo o gibi e começando a ler).
Ela ficou toda atenta e interessada no que ele lia para ela. Deixei o quarto dele, fui até o dela, desliguei a TV e voltei para a cozinha.
- Já conversei com ele (falei abraçando minha esposa).
- Que bom!
Contei para ela sobre a conversa com ele e também sobre o diálogo dos nossos filhos.
- Eles são unidos e lindos (ela constatou).
- Nosso príncipe e a nossa princesa (comentei feliz).
- Temos uma família lindíssima!
- Que tal aumentarmos novamente a família?
- Você está brincando comigo, só pode. Mais crianças? (Perguntou perplexa).
- Relaxa! Um casal é suficiente. Quero arranjar um companheiro para a Nina.
- Ufa! (Falou voltando a respirar normal e gargalhamos juntas).
Terminamos o jantar, chamamos os pequenos, nos acomodamos na mesa de jantar e nos alimentamos. Em seguida, nos dividimos e os acompanhamos para escovarem os dentes, antes de os colocarmos para dormir. Henry gosta dos meus contos mais realísticos, já Maria Flor prefere os da Yara, que são mais lúdicos e cheios de fantasia.
Meus pais que conseguiram arrumar um companheiro para a Nina e as crianças que escolheram o nome. Ambos são práticos e juntos decidiram que o novo membro da nossa família, chamaria Nino.
Rui e Digo, também decidiram aumentar a família, adotando um adolescente, o João Vitor, que atualmente têm 16 anos. Um belo garoto, alto, simpático, que adora jogar futebol com os pais e é meu paciente; adolescência fase em que as espinhas são as principais inimigas. Devido as várias visitas que ele fez ao meu consultório, acabamos nos tornando muito próximos e passei a ser uma amiga para ele.
A primeira vez que ele veio conversar sobre garotas comigo, quase tive um mini enfarte, pedi aos céus, para que Henry e Maria Flor, demorem muito para atingir esta fase de descobertas amorosas.
- Tia, posso falar em particular com a senhora? (Ele me pediu em um domingo, durante um churrasco que estávamos fazendo na casa dos meninos).
- Claro meu amor (respondi imaginando que fosse algo relacionado ao tratamento dermatológico).
Fomos até o quarto dele e estranhei quando ele trancou a porta. Ficou alguns minutos em silêncio criando coragem.
- Seu quarto é lindo (falei para descontrair).
- Obrigado!
- Tudo bem garotão?
- Tia, promete que não vai contar nada para os meus pais?
- O que aconteceu? Assim você deixa a tia preocupada.
- É. Eu posso falar de tudo contigo?
- Sim. Comigo e também com a Yara.
- Eu tenho medo da tia Yara contar para o pai Rui, eles são primos e muito amigos.
- João Vitor, o que você quer conversar?
- Tia, eu estou gostando de uma menina e ela é muito linda.
- Uau! (Eu falei atordoada com aquela informação e sentei na cama dele).
- Promete que não conta nada e que é segredo nosso?
- Sim, eu prometo (falei para tranquiliza-lo).
- Valeu.
- Me fale mais desta moça (pedi).
Ele me contou que o nome dela é Jéssica, um ano mais velha que ele e estudam no mesmo colégio. Ele no primeiro ano do ensino médio e ela no segundo. Também falou que ela é linda, cheirosa e popular na escola. Da forma que ele narrava, notei que se tratava do primeiro amor, ele estava todo encantado e apaixonado.
- Me dá algumas dicas?
- Que tipo de dica?
- Ela é mais experiente que eu e já namorou com um carinha.
- Nossa! Você não acha que é melhor conversar com seus pais? Eles são seus amigos e vão te orientar.
- Eu já tentei, mas não consigo (falou abaixando a cabeça).
Busquei equilíbrio e compreendi o lado dele; não é tudo que falamos abertamente para os nossos pais, alguns assuntos são tabus. Era bom ele me ter como aliada e confidente.
- Sei como é, tem coisas que com a sua idade eu também não conseguia falar com meus pais e pode contar comigo. Você já beijou a Jéssica?
- Já sim e ela beija bem (ele contou sorridente).
- E antes dela, você já tinha beijado alguém?
- Duas meninas, mas foi diferente. Com a Jé é melhor.
- Você já até chama ela de Jé, vocês estão namorando?
- Não, a gente só fica.
- Que moderno isso. Tem quanto tempo que vocês ficam?
- Cinco meses, amanhã. Vou pedir ela em namoro, será que ela vai aceitar?
- Não sei. Mas se ela gosta de você, acredito que sim.
- Eu chamei ela para tomar sorvete na praia, depois da aula e vou perguntar se ela quer namorar comigo.
- Quando você chegar em casa me liga para contar se deu certo.
- Ligo sim!
- Você precisa de dinheiro para pagar os sorvetes?
- Não. Tenho bastante no cofrinho e é raro quando uso o que recebo da mesada.
- Se precisar de algo me avise.
- O tia, você fez tudo certo na sua primeira vez com uma mulher?
Aposto que eu fiquei vermelha. Aquela conversa estava sendo surpreendente e eu não esperava por aquela pergunta.
- Você pretende ter a sua primeira vez com ela? (Devolvi com outra pergunta).
- Sim (salientou sem titubear).
- Bom, a primeira vez é diferente e é normal ficarmos um pouco perdidos, pois é algo novo. Por favor, camisinha sempre!
- Eu sei, para não ter filho cedo e para prevenir das doenças sexualmente transmissíveis. Aprendi no colégio. Professor de biologia até explicou como coloca preservativo.
- Ótimo! Com relação a isso, alguma dúvida?
- Não, isso eu sei e vou fazer certinho.
- Importante!
- Eu tenho medo de fazer algo errado, de ficar muito atrapalhado ou de parecer bobo e fico inseguro porque ela é experiente.
- Não tenha medo e nem fique inseguro. Na hora certa tudo vai dar certo e você é esperto.
- Tia, obrigado! Eu precisava muito conversar e nem queria falar isso com os colegas do colégio. Se alguém entendesse errado, poderia falar algo para a Jé e pode ficar chato.
- Sempre que precisar conversar, conte comigo!
- Amanhã à noite eu te ligo. Agora melhor a gente voltar para o churrasco, já te aluguei muito e a tia Yara é ciumenta (ele brincou).
- Ligue sim e de ti ela não tem ciúmes não (falei bagunçando o cabelo dele).
Voltamos e nos juntamos aos outros. No final do dia retornamos para Bertioga.
Fim do capítulo
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lis
Em: 24/09/2017
Boa noite May, tudo bem? Que capitulo lindooooo parabéns, maravilhosa as familias, suas estórias são apaixonantes.
Resposta do autor:
Boa noite, tudo sim e contigo? Que bom vc ter achado lindo; tmb estou adorando as famílias.
Muito obrigada! Fiquei feliz com seu comentário e espero que as minhas histórias sejam sempre apaixonantes. Até quarta e uma bela semana para nós. Beijos e abraços!
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