Coitada da Rafaela.
Capítulo 72. Revelações
Quando chegaram em casa as crianças logo vieram abraçar e beijar a mãe e a irmã. Gabriel como sempre foi atirado já pulou no colo da irmã.
-- Gabriel deixa a sua irmã em paz menino! Falou Márcia para o filho.
O menino não deu ouvidos e logo depois todos estavam almoçando. Rafaela ficou observando a vida em família de Márcia e sentiu que ali ganharia uma grande aliada. Sabia Também que não seria fácil ser a nora da coronel Mantovanni principalmente se ela fosse contrariada, percebeu que o apelido de Raposa do Deserto não era em vão.
Depois do almoço Márcia chamou a futura nora e a filha para conversarem. Andressa e as crianças também ficaram na sala, pois a esposa da coronel queria se inteirar do assunto já que ganhara uma “filha” e o seu desejo era participar da vida de Perfídia. Na noite anterior elas haviam conversado e a coronel pediu a ajuda da esposa para conversar com a ex-namorada. Andressa concordou com Márcia que Denilha não deveria ter banido a filha da vida da coronel, mas também entedia o lado de ambas.
-- Meu amor você deve procurar a Denilha e conversar com ela, saber o que realmente se passou para que ela fosse embora com um filho seu na barriga. Imagino o que essa mulher não passou tendo o pai tão poderoso e envolvido com bandidos. Tente entender afinal ela assim como você era muito jovem, será que ele sabia que a Perfídia era sua filha? – Será que ele a tratou com o mesmo amor que os seus pais e os meus sempre trataram os nossos filhos? – Isso você só vai saber se conversar com ela. Releve isso que ela fez no passado e aproveita que você agora tem a sua filha ao seu lado afinal, não é tão tarde assim para curtir a Perfídia.
Márcia analisou toda a conversa que tivera com a esposa e resolveu que teria uma conversa franca com a ex.
Voltando para o assunto anterior Márcia sentou-se no sofá ao lado da esposa. Os filhos também estavam presentes e como sempre Gabriel não largava da irmã.
-- Bom minha família querida e isso agora inclui você Perfídia. Eu gostaria que você me contasse o que aconteceu durante todos esses anos que você e a sua mãe ficaram afastadas de mim.
-- Coronel me desculpe, mas eu preciso ir para o batalhão, afinal eu estou de serviço e o capitão Ferreira é uma praga. Essa conversa entre eu e a senhora pode ficar para depois?
A coronel olhou para a nora respondendo o seguinte:
-- Quando será a sua folga tenente?
-- Ah coronel nos próximos dias eu estou de serviço, só pegarei folga no fim de semana..
-- Pois bem façamos o seguinte, você vai para o seu trabalho e no final de semana conversaremos não vou me impor ao capitão afinal ele é o seu comandante e não é o meu departamento.
-- Obrigada coronel. Deu um beijo na namorada e saiu.
Perfídia contou para todos como fora a sua vida. O avô sempre soube que Perfídia era filha da soldado Mantovanni e por isso ameaçou de tomar a neta para si caso a filha insistisse no romance. Contou também que sempre foram humilhadas pelo velho e quando ela estava com três anos de idade sua mãe juntamente com Silvia foi embora levando a filha junto. Passaram muita fome porém com o tempo as coisas foram melhorando e elas acabaram mudando para Jaú. Lá a menina estudou e fez faculdade de arquitetura, montou seu escritório, mas numa noite fora acordada com um telefonema dizendo que um incêndio havia destruído todo o prédio. Ficaram sem dinheiro mas a moça nunca procurou o avô.
-- Porque você não me procurou antes? Disse a coronel.
-- Eu quis procurar mas o major Assunção me disse que a senhora estava casada e então eu deixei a ideia de lado e fui vender salgados pela cidade. Assim deu para que não faltasse dinheiro para as contas e a alimentação básica. A Silvia estava afastada da polícia por motivos de saúde e agora a pouco tempo que voltou a trabalhar.
-- Você disse Assunção? – O major Clóvis?
A moça acenou com a cabeça em sinal de positivo.
-- Sim mãe ele nos ajudou muito e eu devo muita coisa a ele. Pena que nunca mais ele nos procurou. Ele foi muito importante em nossa vida. A senhora tem notícias dele?
Márcia olhou para Andressa pedindo socorro. Ela estava tão abismada quanto a coronel.
-- A senhora sabe mãe onde posso encontra-lo?
-- Eu sei sim filha e vou te levar onde ele está. Mas primeiro preciso te contar uma coisa que lhe deixará muito triste mas já que você tocou no nome dele, eu preciso contar.
Márcia narrou para a filha tudo o que aconteceu em sua vida até chegar ao dia em que o major fora morto. Perfídia chorava abraçada com Andressa porque ela não imaginava que ele não estivesse mais nesse mundo.
-- Me leva para visitar ele mãe, eu preciso fazer isso!
-- Mas filha você só verá o Assunção por foto, porque se martirizar assim?
Perfídia não respondeu para Márcia e essa respeitou o silêncio da filha.
-- Tudo bem minha princesa, eu vou te levar. Mas já aviso de antemão que não será fácil. Você quer ir agora?
-- Sim mãe eu quero!
-- Como a sua mãe disse, não vai ser fácil Perfídia. Dizia Andressa para a “filha”.
-- Mesmo assim eu quero ir mãe Andressa!
Andressa olhou para Márcia e falou:
-- Se vê que é bem sua filha amor. É teimosa igual a você!
-- Porque mãe, ela é teimosa?
-- Essa aqui? – É a teimosia em pessoa, mas já foi pior.
Na manhã seguinte Márcia, Andressa, Perfídia e as crianças foram até o cemitério da Consolação. Caminharam até onde estava situado o mausoléu da Polícia Militar. Perfídia ficou encantada com o lugar e falou para Andressa:
-- Nossa mãe Andressa como é lindo aqui! – E esses policiais foram todos enterrados aqui? Perguntou apontando para as urnas que guardavam os restos mortais daqueles que já haviam sido exumados.
-- Sim filha, aqui jazem aqueles que deram a sua vida pelos habitantes de São Paulo e hoje infelizmente não são reconhecidos pelos serviços prestados em prol das pessoas de bem. É por isso que você viu a sua mãe brava com o André e a Celina ontem porque eles querem ser policiais e a coronel não quer deixar.
-- Mãe Márcia eu entendo a sua preocupação, mas é o desejo deles e deve ser respeitado. E acredito que eles serão tão bons quanto a senhora e a mãe Andressa são.
André que escutava a conversa falou para a irmã.
-- É isso mesmo Perfídia, a mamãe é muito preocupada. Eu já falei que vou fazer a academia e ser comandante da cavalaria, mas ela não deixa!
-- André a mamãe tem razão é muito perigoso. Respondeu Nicola que estava próximo aos três. Celina também olhava admirada para as sepulturas e comentava algo com Antônia que estava junto de Gabriel que também observava as mesmas coisas.
-- Pelo visto perdi a batalha afinal são seis contra um. Falou com o semblante triste.
Andressa percebeu e falou para Márcia.
-- Calma meu amor quem sabe eles têm mais sorte do que nós.
-- Andressa eu tenho medo que algo aconteça com algum deles, se eu tiver que enterrar um dos meus filhos aqui a minha vida acaba e isso diz respeito a você também minha filha. Esse é o meu maior medo perder um de vocês. Eu não vou aguentar isso, você mesmo já veio comigo aqui várias vezes e sabe o quanto é doloroso para a família. Você se lembra do soldado Magnum, até hoje não me sai da cabeça a pergunta da mãe e da irmã dele! – A Celina minha primeira mulher, eu sofri muito quando o caixão dela baixou à sepultura nesse mesmo lugar, é muito triste. Eu vi o coronel Vaz Amorim e a dona Marina deixarem um pedaço deles ir com ela, eu vi a tristeza dos filhos e da mulher do Clóvis e eu não vou nunca aceitar de ter que enterrar algum deles aqui, não aceito. Falou para Andressa. Ela também tinha o mesmo medo de Márcia e isso lhe corroía por dentro. Mas tinha que demonstrar força para que a coronel não entrasse em depressão ao pensar nessas coisas.
-- Calma mãe não precisa ficar assim! Falou Perfídia.
Depois de se acalmar ambos foram até o local onde estava sepultado o major. Perfídia acariciou a foto e depositou algumas flores no lugar. Fez uma prece silenciosa e agradeceu por tudo o que ele fez para ajudar ela e Denilha. Agradeceu também por ele ter sido o seu anjo da guarda mesmo sabendo que se um dia a coronel descobrisse cairia matando em cima do amigo. Depois falou para a coronel:
-- Acho que podemos ir mamãe, eu já fiz o que devia fazer. Obrigada. Disse abraçando Márcia que chorava em silêncio ao lembrar-se do amigo. Ao passarem pela campa dos Mantovanni Perfídia fez também uma prece aos parentes da mãe que lá estavam. Viu as fotos de Celina e Nicola, olhou para o irmão e viu que ele tinha os mesmos traços do tio que fora assassinado. Imaginou o quanto Márcia não havia sofrido com a morte do irmão. Sim a coronel era uma guerreira e isso só a orgulhava de ser filha da raposa do deserto. Olhou para a foto de Celina e perguntou quem era.
-- Essa foi a minha primeira esposa, infelizmente morreu por causa de gente canalha que veste farda. Mas sei que ela está bem.
-- E o nome da minha irmã foi dado a ela pela senhora mãe?
-- Não filha, a sua mãe Andressa foi quem escolheu esse nome para colocar na sua irmã. Foi uma homenagem a essa Celina que está aqui.
-- Nossa mãe ela era muito linda!
-- Sim filha ela foi. Mas hoje eu tenho a Andressa ao meu lado e esse avião aqui é quem me faz feliz. Não que eu não tenha sido com a Celina claro que fui e muito, mas infelizmente o destino traçou outros planos para mim. E cheguei até onde estou graças a essas duas mulheres que sempre me deram força, cada uma ao seu modo me ajudaram muito. Não é meu amor?
-- Sim meu anjo infelicidade de uns alegria de outros. O destino pregou uma peça em todos nós. E a prova disso está aqui, a nossa filha Perfídia.
-- Sei que tudo isso pelo que a senhora passou deve ter sido difícil mãe, mas o importante é que com a ajuda da mãe Andressa a senhora superou essa barra. Eu não sei o que faria se perdesse a Rafaela para esses bandidos que existem por ai. Também não gosto do trabalho dela, mas respeito.
-- E se esse sempre foi o sonho dela, você deve respeitar mesmo. Falou Márcia para a filha. Mas e por falar nela a quanto tempo voc~es estão juntas?
-- Uns quatro anos mãe. Agora estamos pensando em casar mais o dinheiro está escasso e creio ter que esperar um pouco.
Márcia chamou Andressa de canto e falou para ela que ajudaria a filha.
-- Perfídia minha princesa eu sempre estive ausente da sua vida e você sabe que não foi por minha culpa, mas se você quiser levar esse sonho adiante, eu ajudo você. Pode começar a arrumar as coisas do seu enxoval e andamento nos papéis de casamento.
A moça olhou para a mãe e respondeu:
-- Mas mãe eu não posso aceitar! – Eu entrei ontem na vida de vocês e a senhora já me aparece uma proposta dessas!
-- Você é minha filha, uma Mantovanni de sangue e eu não aceito uma resposta negativa. E diga para a sua noiva que eu quero conversar com ela nesse final de semana.
Andressa que só olhava as duas falou para Perfídia:
-- Minha filha não adianta porque quando a sua mãe toma uma decisão ela não volta atrás. Isso é muito raro acontecer.
Perfídia analisou as palavras da madrasta e da mãe. Depois de refletir resolveu acatar a proposta da coronel.
-- Filha eu só quero a sua felicidade, nada mais. E não se esqueça que sexta – feira na casa do seu avô tem festa para você e assim já aproveitamos e apresentamos a Rafaela para a nossa família. Estamos combinadas?
-- Sim mãe!
Quando estavam saindo do cemitério Perfídia chamou a madrasta de canto perguntando;
-- Mãe Andressa ela é sempre assim? – Autoritária?
-- Filha ela já foi pior, com o passar do tempo consegui ir lapidando a sua mãe aos poucos, mas no começo foi difícil. Mas bandido com ela não se cria isso você pode ter certeza e tem mais, nunca nem pense em enfrentar a sua mãe porque ela não vai pensar duas vezes em te colocar de castigo.
-- Sério?
-- Você já a observou com os seus irmãos? – Então nem pense em fazer isso.
Perfídia ficou pensando como seria a convivência com a mães e os irmãos. Sorriu ao ver Gabriel correndo em sua direção e logo os outros já estavam ao seu redor. Pegou o pequeno no colo ficando a pensar o quanto a vida era engraçada. Depois de trinta e dois anos ela conheceu sua mãe, madrasta e irmão. Sim ela era uma Mantovanni assim como os irmãos.
Fim do capítulo
Olá meninas tudo bem?
Logo estaremos caminhando para o final dessa história. Mais à frente daremos um salto no tempo.
Perfídia contou toda a verdade para Márcia e Andressa. Agora a coronel quer a filha de tudo quanto for jeito e não poupará esforços para ter a filha mais próxima já que passou trinta amos sem saber que ela existia. Andressa bem compreensiva apoia Márcia.
Coitada da tenente Rafaela, ter a coronel como sogra não será fácil.
Bjs fico agradecida a todas.
Darque minha amiga que saudades, sumiu? Fiquei feliz em saber que tudo está bem. assim que tiver tempo responderei ao seu comentário e aos outros também.
Que Deus abençoe a todas.
Amor te amoooooooooo...Meu anjo bom.
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Olá Catrina!
Mudei de cidade e as coisas ficaram um pouco estreitas, mas Deus está no controle.
Quando leio sobre a Coronel Márcia, a imagino imponente, braços pra trás, queixo erguido kkjk. Quando eu crescer quero ser igual a ela Lj.
Também estava com saudades!
E patty-321, quando vai postar uma história?
Bjs e muito sucesso!
Darque
Resposta do autor:
Ela é assim mesmo. Não baixa a cabeça para nada. Só para a Andressa e assim quando ela bate o pé.
Bjs.
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patty-321
Em: 21/09/2017
Muitas coisas ainda a se conhecer uma da outra. Perfídia é Márcia. Como bem disse a Andressa, aínda dar tempo de curtir a filha. Nem tudo são flores, como a perfídia está descobrindo na personalidade da mãe, mas se por um lado ela é autoritária por outro ela é justa e carinhosa e protetora com os seus. Bjs amor.
Resposta do autor:
Oi gatinha.
Elas vão se entender e prfídia acabarádescobrindo porque a mãe é assim.
Bjs te amo.
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