Capítulo 16
Dezesseis
No mês de agosto, Henry começou a estudar e gostou bastante da nova turma. Felizmente ele se adapta rapidamente e meu amor por ele cresce a todo instante.
Numa quinta-feira, quando eu já tinha terminado o meu expediente, Alejandra voltou a aparecer e me aguardava do lado de fora do meu consultório.
- Oi (ela falou com a voz um pouco fanhosa).
- Oi, tudo bem?
- Não muito, nem estou conseguindo comer de tanta dor na garganta (reclamou).
- E já foi ao médico?
- Não.
- Você e sua mania de não gostar de hospitais. Além de não se cuidar de forma preventiva.
- É, tem coisa que não muda.
- Este tempo seco é complicado (comentei).
- Cuida de mim (ela pediu manhosa).
Eu fiquei olhando para ela sem saber o que dizer.
- Me acompanha até o médico (um novo pedido).
Não consegui negar e acabei entrando no carro dela. Fomos até o pronto socorro mais próximo e ela estava com inflamação na garganta. Precisou tomar soro e ficamos um bom tempo no hospital. Quando ela foi liberada, me pediu para ir dirigindo até a sua casa, se queixou de sonolência. Passamos em uma farmácia e compramos todos os medicamentos do receituário. Atualmente, ela mora em uma casa num condomínio fechado, logo que chegamos, ela se acomodou no sofá e ficou me olhando atentamente.
- Flor, se não for pedir muito, você faria aquele seu mingau?
- Qual?
- Ei, você sabe do que estou falando, não é mesmo? (Disse me olhando com nostalgia).
- Você está com fome?
- Sim e com saudades da sua comida.
- Você quer que eu faça como? Com bastante alho? Quer que coloque mais alguma coisa?
- Gosto do jeito que você sempre fez.
- Ok! Eu farei.
- Fique à vontade na cozinha e a casa é sua (ela falou me observando).
Fiz o mingau e levei para ela, que tomou tudo. Voltei para a cozinha, também cozinhei arroz, temperei o feijão que já estava cozido, lavei a salada e fritei um filé. Logo que terminei levei para ela, que me agradeceu muito.
- Janta comigo?
- Não, obrigada. Estou sem fome.
Quando ela começou a comer, notei que já estava tarde e eu nem tinha avisado a Yara. Procurei meu celular na bolsa, tinham várias mensagens da minha namorada e também três chamadas perdidas. Já se passavam das nove da noite, antes que eu pudesse mandar uma resposta, meu telefone tocou e rapidamente atendi.
- Alô!
- Amor, você me mata de preocupação. O que aconteceu contigo? Não responde mensagens e nem me atende.
- Desculpe. Vi somente agora suas chamadas perdidas.
- Algum problema?
- Quando sai do consultório, acompanhei a Alejandra até o hospital.
- Mas o que houve?
- Inflamação na garganta e ela me pediu para acompanha-la no médico.
- Poxa e você nem me avisa. Eu já estava quase ligando para os seus pais. Fiquei muito preocupada com você.
Para piorar a situação, ela ainda ouviu Alejandra dizer:
- Flor, que delícia. Muito obrigada!
No mesmo instante ela se alterou no telefone:
- Florência que merd* é esta que ela acabou de dizer? Onde você está? (Questionou nervosa).
- Na casa da Ale, como ela tomou medicação, ficou um pouco sonolenta, me pediu para vir dirigindo o carro dela e agora ela estava me agradecendo, pois preparei algo para ela se alimentar, já que estava com fome, pois ela nem conseguiu comer nada hoje (expliquei).
- Eu estou indo agora te buscar (falou brava).
- Não precisa, vou de táxi.
- Mande o endereço por mensagem, já estou indo para o carro com o Henry (falou e logo desligou).
Tentei retornar à ligação para dizer que nem precisava me buscar, mas ela não atendeu e por isso enviei o endereço por mensagem.
- Flor, muito obrigada por cuidar de mim (Ale agradeceu segurando na minha mão, logo que terminou de se alimentar com tudo que eu tinha preparado).
- Você se cuida viu, para se recuperar logo.
- Agora que comi, vou tomar aquele remédio que o doutor indicou.
- Vou pegar para ti.
Ela tomou o remédio e uns quinze minutos depois, Yara me liga para avisar que já tinha chego e que estava me esperando. Me despedi da Ale e fui ao encontro da minha namorada. Quando eu estava abrindo a porta do carro, escuto a voz da Alejandra.
- Flor, você esqueceu sua blusa comigo (ela falou se aproximando e tirando o casaco para me devolver).
- Ah verdade, você sentiu frio no hospital por conta do ar condicionado e eu tinha esquecido mesmo (disse pegando o agasalho).
- Novamente, obrigada por cuidar tão bem de mim (ela falou sorrindo).
- Fica bem! (Falei entrando no carro).
Alejandra ainda acenou se despedindo e Yara estava furiosa. No banco de trás do carro, Henry já dormia.
- Que palhaçada foi essa?
- Yara, ela não estava bem, acompanhei ela ao médico, foi só isso.
- Para quem não estava bem, ela estampou um sorriso muito cínico para o meu gosto.
- Implicância sua (afirmei).
- Está folgada já passou dos limites e agora resolveu jogar sujo para te reconquistar.
- Yara, não faça drama. Estou cansada.
- Engraçado que para fazer janta para ela você não estava cansada.
- Poxa, ela está doente.
- Isto é desculpa para se aproximar de ti.
- Não tem necessidade disso e eu não poderia simplesmente virar as costas para ela num momento que ela não estava passando bem.
- Já te pedi para não dar liberdade para ela (falou apertando o volante).
- Compreenda foram anos juntas e ela não gosta de hospitais. Precisou de mim.
- Ainda não entendi a necessidade de você ir até a casa da sua ex.
- Já falei, ela precisou ser medicada e estava sonolenta. Não viaja e me erra (reclamei exaltada e ríspida).
- Fale baixo o Henry está dormindo.
- Não precisava ter ido me buscar, eu falei que pegaria um táxi.
- Isso se você não resolvesse ficar e bancar a enfermeira particular (foi a vez dela ser ríspida).
- Me respeite!
- Digo o mesmo (ela falou muito brava).
- Que inferno (reclamei alterada e com o tom de voz elevado).
Ela não disse mais nada, se atentou na direção e compreendi que ela não queria brigar, mas que não tinha gostado nem um pouco de toda aquela situação. Seguimos o restante do trajeto em silêncio, eu preferia ter ido para a casa dela para resolver aquilo, contudo ela me levou para o meu apartamento. Não quis subir e nem mesmo me deu um beijo de boa noite. Tive insônia e fiquei pensando se a Ale tinha melhorado. Também fiquei brava com a Yara que tinha me tratado mal, só porque precisei socorrer minha ex-mulher. Mas eu também sabia que tinha errado em não ter avisado e nem deveria ter sido ríspida com a minha namorada.
Na sexta-feira, nem sinal da Yara e eu com o orgulho ferido também não a procurei. Enquanto Alejandra me ligou, disse que estava melhorando e reclamou que sentia a minha falta. No período da tarde recebi flores e pensei que fosse da minha namorada, disposta a ter uma reconciliação. Fiquei decepcionada, pois a remetente era a Ale, junto tinha um cartão, com o seguinte:
Flor, muito obrigada por ontem e sinto muito a sua falta.
"Amor é sede depois de se ter bem bebido" (Guimarães Rosa).
Serei sempre sua, Ale.
Levei um susto quando li, joguei o cartão fora, pois se a Yara sonhasse com aquilo, tudo poderia piorar. Pedi para que a Bia ficasse com as flores e ela adorou. Disse que levaria para a sua casa.
Meu sábado foi muito estranho sem a Yara e o Henry. A noite conversei com a minha mãe e contei sobre o ocorrido.
- Minha filha, tome cuidado e não permita esta aproximação da Alejandra. Vai acabar prejudicando seu relacionamento com a Yara; justo agora que ela e o menino precisam tanto de ti.
- Mãe, estou com saudade deles.
- Vá até a casa dela, não fique longe deles neste momento e nem permita que aquela imprestável volte a fazer parte da sua vida.
- Não vou permitir.
- Tem certeza?
- Tenho.
- Assim espero.
- Poxa, nem era para tanto né. A Yara é muito ciumenta.
- No lugar dela eu também não iria gostar e você deveria ter feito diferente.
- Poxa mãe a senhora está de qual lado?
- Filha, você a deixou preocupada, não deu notícias e estava com a Alejandra; que está louca para te ter de novo, ela te mandou flores e um cartão explicitando o que deseja. A Yara tem todo o direito de ter ficado furiosa.
- Que droga!
- Me escute, amanhã procure a sua namorada e se acertem logo. Não seja cabeça dura.
Terminamos de conversar e antes de dormir pensei muito em tudo o que a minha mãe tinha me falado.
No domingo fiquei ainda mais saudosa e resisti somente até o período da tarde. Deixei meu orgulho de lado depois do almoço, que mal comi e liguei para Yara, porém, ela não me atendeu. Tentei novamente e nada. Somente na terceira tentativa que ela foi me atender.
- Alô!
- Yara.
- Eu (ela falou desanimada).
- Demorou para atender.
- Eu estava cuidando do Henry.
- Saudades de vocês (confessei).
Ela nem respondeu, apenas suspirou.
- Flor, eu preciso desligar. O Henry está febril. Acabei de dar um banho nele e agora vou preparar um leite com achocolatado, espero que ele tome.
- O que ele tem? (Perguntei preocupada).
- Um pouco de febre e se não melhorar, amanhã levo ele ao pediatra.
- Quero vê-lo!
- Deixe para outro dia, pois ele não está bem.
- Mas...
- Melhor você aproveitar o seu domingo. Hoje, ele precisa de mim e tenho que desligar.
- Eu te ajudo com ele e se eu não for ficarei preocupada. Não estou aproveitando nada sem vocês. Por favor, me deixe ir até a sua casa (pedi sincera).
- Não sei.
- Vou só me trocar, precisa que eu passe na farmácia, que leve algo?
- Traga a Nina, sexta, ontem e hoje. Ele perguntou muito de vocês duas.
- Levo sim, até logo!
Ela não disse mais nada e desligou. Me arrumei rapidamente, peguei a Nina e as coisas dela. Não demorei para chegar na casa da Yara. Além de toda a saudade que eu estava sentindo, me preocupei muito com Henry.
Fim do capítulo
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Carol The M
Em: 16/09/2017
Olha, não sou daquelas que pensa que ex deveria morrer só pq é ex, mas a Flor tá sendo um tanto quanto jumenta aí. Qualquer uma com menos idade que ela já teria sacado o papo furado da ex sem noção. Não vejo o menor cabimento em continuar sendo amiguinha e paparicar uma cidadã que te botou chifre e fica de provocaçãozinha baixa com a sua namorada. A Yara teve muita paciência até (mesmo sendo ciumenta demais para meu gosto), pois eu já teria mandado à pqp. Não sou ciumenta, mas se tem uma coisa que eu detesto é desaforo de ex cretina e atual não fazer nada a respeito, dar corda e ainda achar ruim se eu reclamar. Viro as costas e vou embora na hora, pq respeito aí nessa relação passa longe.
Resposta do autor:
Olá! Agradeço o seu comentário.
Tenha uma ótima semana! Abraços
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zilla
Em: 13/09/2017
Essa Flor é uma tapada mesmo visse aff!
Se ela continuar dando brecha pra ex vai perder Yara e Henry de uma só vez!!!
Estou amando sua historia, parabéns autora!!
N demora a postar o proximo cap por favorzinho
Resposta do autor:
Oie, é sempre muito bom receber comentários, agradeço o seu e fico feliz com a sua participação.
As comentaristas motivam as autoras, gosto muito de ler todos e responder. Adoro esta interação.
Eba, que lindo você estar amando, grata pelo elogio. Nem vou demorar não, tenho hábito de postar nas quartas e no fim de semana. Pode deixar que passarei estas informações que você citou para a Flor, ela esta precisando de umas dicas e darei um puxão de orelha nesta minha personagem orgulhosa rs
Até breve! Beijos e abraços, May.
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NovaAqui
Em: 13/09/2017
DR por causa da ex?.... Aiai! Parece que a Flor não tem a idade que tem. Está sendo imatura e dando oportunidade para a ex se aproximar. Francamente, Flor! Alôôooô! A mulher jogou a isca e você feito trouxa caiu.
Abraços fraternos procê!
Resposta do autor:
DR por causa de ex é uma chatice e ngm merece. Não tenho muita paciência com isso não rs
Foi muito imatura né mas logo irá se redimir e mostrar toda a sua maturidade.
Têm pessoas que são um perigo, jogam iscas e aprontam de tudo. Alejandra já demonstrou que não é das melhores, Flor tem mais é que ignora-la e dar um basta.
Outro abraço fraterno para ti e até breve!
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Mille
Em: 13/09/2017
Olá querida May
Flor está vacilando, a Alê que não é boba nem nada está jogando com a sensibilidade dela e só percebeu depois. Acho que o orgulho pode ser um problema, a Flor devia ter ido no outro dia procurar a Yara.
Bjs e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá! Querida amiga Mille, sim, a Flor foi muito vacilona rs já a Ale é do mal. As duas são orgulhosas e eu tenho hábito de dizer que quem vacilou que deve correr atrás. Ou seja, corre Flor e vá se desculpar!
Beijocas e até o 17.
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