Capítulo 5 - 1935
1935
O ano de 1934 foi muito corrido, eu treinava dia e noite, tentava sempre bater meu recorde. Meu pai até me ensinou a pilotar algumas vezes, eu fui pegando um pouco de pratica, mas nada comparado a o treinamento das forças aéreas. Minha mãe vivia brigando comigo, pois eu mal comia e dormia, eu vivia a treinar, queria porque queria realizar meus sonhos.
Se passou um ano desde que decidi que entraria. Chegou o dia da inscrição e eu fui. De imediato uma moça que fazia a inscrição me tratou com frieza e desprezo, mas eu bati o pé e disse que não sairia dali sem antes falar com um oficial, eu iria entrar na aeronáutica.
Ela me encaminhou a uma sala, eu fiquei em torno de uns 30 à 40 minutos esperando um superior chegar. Depois de muito esperar, eis que entra na sala um senhor alto de aparentemente 1,80 m de altura. Cabelos bem preto e pele bronzeada.
- é você quem quer entrar nas forças aéreas? - ele foi direto
Levantei-me e bati continência - sim senhor - olhava pra frente com o maxilar tencionado
- me acompanhe - virou as costas, entrou em uma sala e eu o segui. - eu acho que a senhorita não sabe, mas a guerra é para os homens - sentou-se. Eu permaneci em pé olhando além da janela
- sim senhor - falei firme
- o que lhe faz pensar que vai entrar para a aeronáutica? - cruza as mãos e me olha.
- minha competência senhor e força de vontade... senhor - eu era firme
Ele riu da minha cara - uma mulher? Faça-me um favor - continuava rindo - o que você sabe? - perguntou
- com todo respeito senhor, sei mais do que qualquer soldado que esteja treinando a tempos ou que entrou agora senhor - engoli
- como é? - ficou nervoso
Não deu tempo falar nada, pois outro oficial entra na sala
- bom dia Carlos - fala o outro
- oi Matthew - o oficial Carlos revira os olhos ao falar com ele.
O oficial Matthew se vira pra mim e sorrir - prazer, oficial Matthew - estende sua mão para me cumprimentar
- prazer senhor - seguro firme a sua mão
- porque não se senta? - me indicou a cadeira
- sim senhor - respondi
- então... - ele deu uma pausa e olhou meus arquivos - senhorita Laura Collins , o que lhe traz a nosso pelotão? - me encara de pernas cruzadas
- se me permite senhor - ele acena com a cabeça, confirmando - eu sempre tive gosto pra guerra, é meu sonho desde criança pilotar aviões, e qual lugar melhor para pilotar aviões se não nas forças aeras? - o pergunto e ele ri de canto e acena a cabeça em confirmação - passei meu ultimo ano treinando, senhor, para dar meu melhor aqui. - finalizei
- guerra não é lugar de mulher - o oficial Carlos fala
- com todo respeito senhor, não é lugar pra homem nenhum, mas infelizmente estamos lá - tencionei meu maxilar
- verdade - diz Matthew, com um riso de canto - mas senhorita, a senhora sabe que pode morrer se ocasionar uma guerra?! - ele me adverti
- com todo respeito também oficial - engoli - se caso vier a morrer, morrerei feliz, por estar fazendo o que realmente gosto e uma soldada mulher a menos ou a mais não iria fazer falta. - meus olhos eram fixos em seus olhos e ele sorriu
- essa garota quer se matar - bateu na mesa o oficial Carlos.
- ok - diz Matthew - me dê um - fez com o dedo - apenas um motivo pra lhe ter aqui? - me desfiou com os olhos semicerrados.
- lhe dou quantos o senhor quiser - respondi.
- ok, quero que você pegue a arma do oficial Carlos e atire naqueles alvos - apontou pela janela a minha direita - e se você fizer boa pontuação, a gente vê o que faz - arqueou a sobrancelha direita
- como quiser, senhor - levantei-me e os oficiais vieram atrás de mim. Peguei a arma do mesmo e comecei a atirar.
- fácil, estão todos pertos - disse Carlos
- pois bem, pegue aquela ali - Matthew aponta para uma maior - e acerte aqueles alvos - apontou para uns alvos bem distantes, muito na verdade.
Sem me preocupar, peguei a arma e atirei em todos os alvos. Tantos os da frente quanto os dos fundo, eu acertei ao meio.
- sorte - resmungou Carlos
Eu apenas assenti com a cabeça, o oficial Matthew não deixava de me encarar.
- quero ver você fazer esse percurso em 5 minutos - disse Carlos
- mas Carlos, esse se faz em 8 - Matthew falou
- se ela quer entrar na aeronáutica, tem que ser melhor que todos - senti ignorância em sua voz.
- como queira, senhor - respondi, e o oficial Matthew me mostrou todo o percurso que eu deveria fazer. Me certifiquei de tudo, olhei para o lado e o Danny me olhava, seus olhos terno e meigos me acalmavam, era sempre bom ter ele, seu sorriso saiu em minha direção como quem me dava força mesmo de longe - thank you - falei com a boca e ele piscou
- pronta, senhorita? - perguntou o Matthew
- sim senhor - respondi me colocando em minha saída.
Ele deu a largada com um tiro pra cima. Eu corri, fiz todo o percurso tranquila, sem me abalar com nada, passava por obstáculos, pulava e abaixava, na minha cabeça vinha minha mãe pedindo pra eu tomar cuidado e não me machucar, meu pai chorando com medo de minha morte antecipada, cheguei ate sorrir ao lembrar. Minha mente não carregava nada além de lembranças deles, o meu peito tranquilo, sem rancor e só tinha leveza. Terminei o percurso muito cansa, fui parando e me apoiando no joelho para tentar respirar, o sol estava queimando aquela hora de manhã.
- haaaa, sabia - disse ignorante o Carlos - 5:01, você não é boa, não é mesmo? - sua voz de vitorioso
Eu me assustei, mas como? Eu tinha certeza que fiz menos que isso. Posso não ser boa com as letras, mas com os números eu sei me dar.
- oficial Carlos, acredito que esteja havendo algum engano - me aproximei dele, enquanto o mesmo já caminhava pra sair
- como é que é? - ele se virou e me encarou
O Matthew que não tinha falo nada se pronunciou - relaxe Carlos - colocou a mão na frente dele - ela esta certa! - ele continua, revezando seus olhos entre o relógio e o meus olhos - a senhorita acha que fez quantos minutos? - ele me pergunta
- não sei ao certo senhor, mas acredito que menos que 4 - respondi em continência
- a senhorita fez 3:49, ninguém nunca ficou em 6 minutos. - ele sorria - estou muito impressionado, e por conta de sua força de vontade, eu vou lhe treinar - ao ouvir aquelas palavras, meu coração pulou de alegria, um sorriso veio em minha face e um suspiro de satisfação. Olhei de canto e vi o Danny pulando de alegria e apontava o dedo pra mim.
- isso é um absurdo - resmunga o oficial Carlos e sai.
Fui aceita nas forças armadas e isso era gratificante, dei meu primeiro passo, consegui minha primeira vitória. Mas nada dali pra frente seria fácil. Eu queria ser uma grande pilota de caça, e pra isso eu teria que comer muito feijão com arroz, como diz meu pai. Danny conseguiu entrar junto comigo, eu agradeci por isso, não riria sofrer tanto assim o tempo de aprender. Quando tudo realmente começou, logo eu comecei a sofrer. Eu não poderia ter tratamento especial, afinal eu quis entrar por livre e espontânea vontade. Fiquei no mesmo alojamento dos rapazes, tinha que vê-los andando de um lado a outro de cueca, quando não estavam nus. Mas eu não me importava, o Danny sempre me dava forças.
Comecei a ser humilhada pelos rapazes, eles não me queriam lá, e a todo momento soltavam piadinhas, mexiam nas minhas coisas, tinham dias que me espiavam tomando banho, o que pra mim não era nada demais. E continuava a pensar, que o bom disso tudo era o Danny, que não me deixava de mão. Ele quando não estava atarefado, não deixava os rapazes me ver pelada, me dava o espaço necessário. Todos no quartel davam encima de mim, pareciam ate uns urubus quando viam carnes novas, o Danny sempre pegava em minha mão e dizia que tava tudo bem, e logo abria aquele sorriso me passando segurança.
Foi um ano bastante difícil pra mim, os rapazes não me deixavam em paz, o oficial Carlos me humilhava, me deixava sem dormir e me fazia trabalhar o dobro, eu não entendia a irritação dele sobre mim. Mas o oficial Matthew era atencioso e me ajudava muito, uma fez treinando, ele me disse que via grande potencial em mim, obvio que amei saber daquilo. Danny disse que ele tinha uma quedinha por mim, mas acredito que não, era só admiração assim como eu tinha dele.
O Matthew me ensinou tudo sobre aviões, não só pilotar, mas como concertar, ensinou tudo, quando der o defeito o que fazer, e eu me empenhava mais em saber tudo, queria muito ser boa naquilo que eu me dedicava tanto. Enquanto os rapazes tentavam e gastavam o seus tempos vagos me importunando, eu gastava os meus aprendendo. Chegou um ponto que eu não me importava mais, eu tinha o Matthew que me apoiava e Danny que sempre me dava sua mão.
Quando eu estava dentro de um avião e voando nos céus, eu não me sentia mais aquela garota acuada, eu sentia que poderia dominar o mundo, que nada me abalaria, e que todos os meus problemas foram insetos do mundo.
Certo dia, quando volto de um dia infernal que o Carlos me fazia passar, vejo minhas coisas reviradas, um ódio sobe por mim, o Danny passa na minha frente e vai pegando as coisas pelo chão, evitando que eu faça um briga. Mas já era tarde, eu não conseguia, não mais, ficar calada e ver que eu não teria respeito de ninguém. Subi na cama visivelmente estressada
- vai fazer Striptease, pra gente? - um dos rapazes pergunta
- não seu babaca - respondi grossa - e tira esse sorriso ridículo da cara, pois você e os outros são desprezíveis, nojentos, não me respeitam por eu ser mulher, uns ate me chamam de homem, e quer saber? E se eu for homem ou querer ser? O que vocês tem haver com isso? - eu estava estressada, falava alto, na verdade eu gritava e apontava pra cada um, eles nada diziam. - vocês querem que eu me comporte como homem? Tranquilo, isso eu já faço, durmo com vocês, como onde vocês comem, tomo banho e todos me olham que eu sei, eu não me importo. Agora me respeitem como um igual a vocês. - bradei com cada um e eles nada falavam, Danny terminava de pegar minhas coisas espalhadas. O oficial Matthew e o Carlos chegaram após ouvir a gritaria
- o que esta acontecendo aqui ? - pergunta Carlos
Ninguém nada fala, todos meteram a língua em algum buraco.
- SENTIDO - grita Carlos e todos vão a seus postos
- o que aconteceu aqui senhorita Laura? - Matthew pergunta paciente
- nada senhor - respondo tencionando o maxilar
- tem certeza? - ele pergunta e caminha até minha cama - suas coisas estão reviradas - sinto seus olhos me fitarem por trás
- sim senhor - respondi seria
- e por que diabos suas coisas estão desarrumadas? - o oficial Carlos para em minha frente, praticamente cuspindo as palavras em minha cara
- quando saí hoje de manha senhor, deixei tudo bagunçado - respondi
- como é? - pergunta Matthew
- o que o senhor ouviu oficial - respondi
- então não foi ninguém aqui, que mexeu? - ele olha para todos
- não senhor, foi indisciplina minha - respondo engolindo a seco
- para você aprender, amanha vai ficar de guarda - disse Carlos e se sai
- liberados - fala Matthew, visivelmente irritado, pois sabia da verdade.
Depois daquele dia os rapazes viram que era besteira ficar em pé de guerra comigo, começamos a fazer amizades e cada um ajudava o outro nas dificuldades. Quando se aproximava o fim do ano, eu era respeitada, todos me invejavam, eu era a melhor da turma, aprendia rápido e os ensinavam. O único ainda que não gostava da ideia era o oficial Carlos, que achava desrespeitoso com o governo, uma "little woman" como ele me chamava, esta nas forças aéreas.
No fim de cada dia, depois que eu entrei para a aeronáutica, eu agradecia a Deus, primeiro por estar viva e meus entes queridos também, segundo por estar realizando um sonho.
Fim do capítulo
Meninas, mais um cap... acabei decidindo postar mais cap hoje! hahahaha
espero que gostem
bjão! <3 <3
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LiaB
Em: 11/09/2017
Nossa amo esse filme.
Estou gostando muito dessa nova perspectiva da história.
Abraços! :*
Resposta do autor:
Eu também amo esse filme, perd as coas de quantas vezes me mative em frente ao computador por umas 3hrs assistindo... amo tanto o Rafe e a Evelyn
Ainda bem que voce esta gostando.... bjão!
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