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A fortiori por Bastiat

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Palavras: 5033
Acessos: 14585   |  Postado em: 30/08/2017

Capítulo 32 - Kairós

Laura

 

    - E aí, mãe? Patrícia chegou?

    Dois dias que eu não vejo a Patrícia. Desde que ela entrou naquele táxi depois de ter deixado no ar que o nosso relacionamento possivelmente estava chegando fim. Não tive nenhum contato, nem telefonema, recado, mensagem, nada. Absolutamente nada. Talvez ela já tenha ido para Salvador. Talvez eu nunca mais a veja. Respeito o seu pedido, não tenho tentado encontrá-la. Porém,  se ela não entrar em contado até amanhã, serei obrigada a tentar falar com ela para saber se está tudo bem.

    Eu quero tanto, mas tanto, que a Patrícia esteja do meu lado no dia de hoje. Ela faz parte da minha vida, independente do nosso relacionamento ter chegado ao fim ou não. Daqui algumas horas estarei revelando a minha identidade para o mundo todo e lançarei o meu livro. Foi a minha querida Patrícia que me levou para esse rumo. Se hoje estou bem e darei início a uma nova fase da minha carreira, devo isso a ela. Quero todos comigo para comemorar esse momento. A presença física da Patrícia principalmente.

    Almoçando na cozinha, olho para a dona Andreia que responde:

    - Não, filha. Você tentou ligar para ela hoje? - Minha mãe respondeu.

    - Não. Estou respeitando a decisão dela. Vou respeitar o tempo que pediu. Mas será que ela não vem me ver?

    - Acredito que ela vem sim, é um dia importante. Você acha que ela vai terminar? O que significa esse tempo?

    - Hum... significa que ela merece alguém que a ame, alguém que seja completamente apaixonada por ela. Eu gosto muito dela, nossa como eu gosto, mas o amor que ela espera de mim, não sei se conseguirei corresponder algum dia.

    - Por que vocês resolveram morar juntas? Você contou que foi um pedido seu. Se você não a ama tanto assim, por que fez essa proposta?

    - Foi em um momento diferente, mãe. Um outro contexto. Eu estava em São Paulo, ela não sabia do meu passado e sempre dizendo que me amava. Achei que a vida estava me dando uma segunda chance. Até um tempo atrás, achei que conseguiria fazê-la feliz. Agora eu não tenho mais tanta certeza.

    - E se ela aparecer, falar que pensou e quiser continuar o relacionamento, o que você vai fazer?

    Fiquei olhando para o meu prato e remexi a comida.

    - Eu não pensei nessa possibilidade. Tenho certeza de que ela vai terminar. Afastar-me dela será doloroso, porém não posso ser egoísta e continuar tentando amá-la sem conseguir alcançar o amor que merece.

    - Ela vai continuar te fazendo bem mesmo se terminar. Relaxa, vamos terminar de almoçar tranquilas. Tenho certeza de que até à noite ela vai aparecer.

    Balancei a cabeça de modo afirmativo, mas meu coração dói por medo da Patrícia não aparecer nunca mais.

 

...

 

    - Você está pronta?

    Olhei para o meu pai. Tinha dado a hora marcada para o início da minha entrevista coletiva. Eu quero fugir daqui. Não pensei que fosse tão difícil assim. Não entendo essa sensação de solidão.

    - Mais cinco minutos, por favor.

    Ele balançou com a cabeça negativamente e eu mordi meu lábio inferior com toda força. Eu estou uma pilha de nervos.

    Fechei os olhos. Não posso falhar com todos. Não agora. Não de novo.

    Quando abri os meus olhos, para a minha surpresa, quem me encara é a Patrícia. Eu não sei se corro para abraçá-la ou se meus olhos me enganam em uma ilusão.

    - Patrícia? É você mesma que está aqui? Não estou tendo uma miragem? - Resolvi perguntar.

    Ela balançou a cabeça e sorriu. Caminhamos uma até a outra e eu a abracei pedindo ajuda, pedindo desculpa, perguntando se ela está bem, onde ela estava. A cada questionamento, mais a apertei em meus braços.

    - Calma, Laura, você está tremendo. Não achou que eu fosse perder esse momento, não é? Eu estou aqui, calma.

    - Eu não estou me sentindo bem, Patrícia.

    - Você está tremendo. Está passando mal? O que está sentindo?

    - Eu quero fugir - murmurei.

    - Fugir?

    - Sim, eu quero me esconder novamente. Eu quero ir para Paris, me enfiar em um buraco. Não sei se aguento tudo isso. Eu não sei porquê aceitei tudo isso. Me ajuda, Patrícia, me tira daqui.

 

 

Patrícia

 

    Olhei para uma Laura totalmente transtornada. Sua respiração descontrolada é o reflexo de sua insegurança emocional. Acompanhei seus passos de um lado para o outro. Ela segura o choro. Quanto mais faz isso, mais seus músculos se tornam tensos.

    - Laura, olha para mim.

    Nada, nenhuma reação para o meu pedido. Ela não parou de andar e de pedir minha ajuda.

    - LAURA! LAURA! OLHA PARA MIM!

    Ela parou com o meu grito e ficou assustada.

    - O que está acontecendo? É só uma coletiva.

    - Não, Patrícia. Não é só uma coletiva. Hoje é uma coletiva, amanhã vão me transformar em uma heroína, em uma celebridade. Depois eles vão começar a me perseguir, vou gostar da fama, esquecer-me das minhas filhas. Depois eu vou casar com uma outra mulher que tenha fama na TV para aumentar o meu público. Depois vou buscar as minhas filhas, elas já não saberão quem sou. Então vou controlar a vida delas, tentando recuperar o tempo perdido. Elas nunca vão me perdoar.

    - Laura, você não é a sua mãe.

    Laura ficou estática, nem piscava. Então é isso, eu acertei por me referir ao seu passado. Laura não queria cometer os mesmos erros que a mãe.

    - Ela disse... Anos atrás, ela me disse que eu era como ela.

    - Ela quem? A dona Andreia?

    - Camila.

    Respirei fundo. Aquela mulher não sabia o mal que fez ao dizer isso.

    - Ela estava errada. Você não vai deixar as suas filhas de lado, não gosta da fama que tem. Você vai fazer tudo certo.

    - Mas e se eu...

    - Laura, você está fazendo essa coletiva pela Marina e pela Diana, lembra-se? É por elas que você ficará no Rio. É por elas também que você está lançando o livro. O seu verdadeiro objetivo é colocar um ponto final e recomeçar. É a sua única chance, meu amor. Deixe os seus traumas e medos de lado, foca nas meninas.

    - Me lembre, me lembre... Por que eu estou aqui? - Laura começou a se acalmar.

    - Porque você não vai mais fazer nenhuma investigação que coloque em risco a sua vida e muito menos das pessoas que ama. Porque você já cumpriu o seu papel. Fez tudo o que pode para cumprir o seu dever de jornalista. Porque você vai dar a receita de como combater os bandidos neste e nos próximos livros. Porque você tem que seguir em frente.

    - E se eu fracassar? E se eu não conseguir me livrar da fama? E se no fundo, bem lá no fundo do meu subconsciente, eu estou procurando fama?

    - Você vai dar a sua coletiva e responder as perguntas. Depois vai olhar nos olhos das suas filhas e ver que fez a coisa certa. Elas precisam que você seja forte e que enfrente todos os seus demônios. Se perdoe, Laura. Perdoa as suas falhas.

 

 

Laura

 

    Fiquei cega com tantos flashes que saem das câmeras dos fotógrafos quando ao pisar no palco.

    Fechei meus olhos até que cessasse um pouco. Sentei-me na cadeira atrás de uma mesa com vários microfones.

    - Boa noite a todos.

    O teatro está praticamente todo cheio. Com diversos profissionais de imprensa e curiosos. Todos ansiosos por cada palavra que sair da minha boca.

    - Para quem ainda não sabe, sou Laura Neves Dopollus, tenho 37 anos de idade. São quinze anos dedicados totalmente ao jornalismo investigativo. Parece pouco tempo, mas a intensidade foi tanta que me rendeu muitas histórias. É uma dessas histórias que eu conto no livro "Tentaram me derrubar", que estará nas lojas no dia 23 dezembro. Também conhecido como amanhã.

    Fiz os meus colegas de profissão darem risada. O clima está tenso demais. Olhei para a Patrícia, que segue em um canto com os meus pais e continuei.

    - Eu responderei algumas perguntas agora. Quem será o primeiro?

    Vários levantaram as mãos pedindo para perguntar e eu fiquei sem saber o que fazer. Foi quando Sérgio apareceu subindo no palco e me auxiliou com a primeira escolha. Um jornalista de um grande jornal impresso de São Paulo perguntou:

    - Laura, gostaria que você começasse nos explicando porque se esconder.

    " - Então ficamos acertadas assim? A Camila concordou em manter a nossa história em segredo?

    Perguntei para a Verônica quando me falou que a Camila também preferia que eu não expusesse o passado por completo.

    - Sim. É melhor para todos. Fale que você teve que fugir por causa do atentado. Contar a história completa pode prejudicar as meninas. Achamos que vai gerar uma confusão dos infernos nas nossas vidas. Nada de falar do relacionamento passado entre você e a minha irmã também, viu?

    - Sim, claro. Se foi segredo até agora, para que revelar, não é?

    - Então vocês estão acertadas. Tenho que ir agora, pode chamar as meninas..."

    - Eu pensei que viver escondida minha vida corria um risco menor. Quando aconteceu o primeiro atentado, o que trato no livro, já era muito conhecida. Minha cara estava sempre na televisão e por isso eu não podia fazer mais investigação. Na verdade, eu nunca quis trabalhar na televisão. Foi algo que sinceramente não planejei. Acho que colocar a minha cara na TV foi muito, digamos, irresponsável. Aconteceram tantas coisas e eu não queria parar de investigar. O destino também não ajudou, as coisas me procuravam, mesmo eu não querendo. Então me afastei da TV e adotei uma nova identidade como jornalista quando cheguei em Paris.

    Respondi mais umas três perguntas com quase o mesmo tema para jornalistas internacionais. Eu já estava mais tranquila na quinta pergunta:

    - Boa noite, Laura, gostaria de saber quem quais jornais você realmente trabalhou.

    - Bom, isso é difícil de precisar. Apesar de oficialmente eu era jornalista do Le Monde, trabalhei para o The Wall Street Journal, auxiliando no que eu tinha descoberto nos EUA. Também trabalhei para a emissora que meus pais trabalham, para FoxNews e para a BBC. Trabalhei para o Clarín. Teve o da Alemanha também. O italiano Corriente dela Sera. Enfim, acho que o mais importante é que eu fiz o meu papel de jornalista, não servir uma empresa apenas. E antes que me perguntem, o Le Monde sabia que eu não trabalhava somente para eles e concordava com isso.

    Respondi mais umas 10 perguntas sobre o meu livro e sobre os anos que vivi "escondida".

    Um jornalista desses arrogantes se levantou e nem esperou ser escolhido para perguntar.

    - Laura, você realmente foi casada com a Camila Sullivan? Isso nunca foi confirmado e nem desmentido. Minha revista está investigando e estamos quase confirmando que vocês têm duas filhas juntas e que elas estão até grandinhas. Você poderia confirmar isso? Você foi casada com a âncora do Jornal da Manhã e que possuem duas filhas?

    Olhei para os meus pais e para a Patrícia que pediam calma com o olhar. Quando vi que o Sérgio ia falar alguma coisa, falei primeiro:

    - Acho que você está no lugar errado. Sim, acho que sua revista está no lugar errado. Sei que você deve comer, que você deve sobreviver, que esse é o seu trabalho. Mas não comigo, não agora, não no lançamento do meu livro. Não quando o mundo inteiro está aqui para saber de uma profissional que dedicou parte da sua vida em prol da sociedade. Vocês já têm muitas matérias pagas pelas celebridades para colocarem na revista. Não precisam criar uma fantasia sobre a minha vida. Eu não sou celebridade e nunca serei. O que importa aqui é o jornalismo, é a minha vida profissional. Eu acho que você não sabe o que é isso, não fazer fofoca. Aqui está uma ótima oportunidade para aprender.

    Após um silêncio, uma salva de palmas foi dada pelas minhas palavras. Todos ali sabiam o quanto a profissão é importante perto de coisas tão banais quanto a minha vida pessoal.

    Assim que cessaram os aplausos, sorri agradecendo a todos.

    - Bom, vamos para a última pergunta.

    Uma jornalista linda levantou e fez a última pergunta da coletiva.

    - Por que escrever o livro? E os próximos que estão por vir?

    - Porque eu não vou mais fazer investigação. Acredito que cumpri o meu papel. Se um dia tiver que auxiliar em alguma denúncia, será como Laura Neves Dopollus, não vou me esconder mais. Até mesmo porque não adiantou. Quando um bandido quer fazer alguma coisa, ele faz. Eu não vou colocar a minha vida em risco, nem daqueles que eu amo. Os livros, este que estou lançando e os próximos, serão uma extensão do meu trabalho e só.

    Dizer aquilo foi um alívio. Eu estou pronta para deixar aquela ânsia de investigação de lado. Essa é a hora de deixar para sempre a velha jornalista Laura.

    - Boa noite a todos, até uma próxima.

    Me levantei e ganhei um abraço do meu melhor amigo. Em seguida, me abraçando por trás senti a Patrícia.

    - Eu estou muito orgulhosa de você - ouvi sua voz no meu ouvido e segurei algumas lágrimas.

    Eu consegui.

 

 

Camila

 

    A coletiva da Laura foi transmitida por alguns canais e eu resolvi assistir. Minha irmã me fez companhia até o final. Não comentamos nada durante as pergunta. Ao encerrar, lembrei-me de respirar.

    - Intensa a coletiva. Eu estou toda arrepiada - Vero disse ainda olhando para a TV.

    - Normal. Laura sabe falar muito bem, mas quem a conhece sabe que no fundo estava uma pilha de nervos.

    - É, você tem razão. Mas só percebeu isso quem a BEM conhece mesmo. Ela é muito inteligente, soube passar emoção na medida certa.

    - Quando foi que você se tornou fã número 1 dela?

    - Eu tenho razão, então?

    Respirei fundo dando-me por vencida.

    - O que virá em seguida? Que devo conversar com ela?

    Verônica sorriu para mim afirmando e respondeu:

    - Camila, eu não disse nada. Minha irmã querida, minha melhor amiga, a descoberta, a briga, tudo aconteceu lá em fevereiro. Estamos em dezembro. Quase um ano todo se passou, e tantas coisas aconteceram. As meninas a adoram. Laura já provou que amadureceu. Realmente não acha que está na hora de uma conversa? Veja bem, uma conversa apenas para mostrar para as meninas que vocês, independente de tudo, são amigas e estarão sempre aqui para auxiliá-las.

    - Não, Verônica. As minhas filhas sabem que eu sempre estarei aqui, sempre. A Laura também, já que aparentemente veio para ficar. Então ela também estará aqui por elas.

    - Camila, não é assim! É claro que elas sabem que tem a mãe Camila e a mãe Laura. Mas elas querem as duas unidas com respeito. Você sabe que casais brigados prejudicam os filhos.

    - É difícil, Vero. É complicado. Eu ainda não estou preparada. Por mais que me esforce, ainda não me sinto segura para encontrar a Laura.

    - Do que você tem medo? É só uma conversa.

    - De chegar perto dela.

    Levantei-me do sofá e caminhei lentamente para o meu quarto.

    Deitei na minha cama e me senti como Atlas que carrega nos ombros o peso do mundo.

 

 

Laura

 

    Está acontecendo uma pequena comemoração na casa dos meus pais. Apenas para amigos jornalistas das antigas, o pessoal da editora do meu livro e claro, a Patrícia, o Sérgio, meus irmãos, meus pais e para a minha surpresa as minhas filhas. Não é dia de visita, mas a Camila abriu uma exceção por causa do Natal e do lançamento do livro.

    Eu sou grudada nas minhas filhas e elas em mim, mas hoje a Marina está mais agarrada comigo do que normalmente. Minha filha abraçava as minhas pernas e segurava no meu vestido enquanto eu caminhava e conversava com os convidados. Quando sentei-me para descansar um pouco, ela se apoderou do meu colo e não saiu mais. Seu olhar é triste demais para toda a alegria daquele lugar. Mas ter uma conversa com ela estava fora de possibilidade nesse momento.

    Perto da meia-noite, todos os convidados foram embora, restando apenas os moradores da casa e a Patrícia. Ainda não sei se ela continua moradora ou não.

    Marina apenas desagarrou do meu corpo quando tive que levantar para me despedir dos convidados. Quando terminei, notei que esfregava os olhos com as costas da mãozinha direita indicando que estava morrendo de sono. A Diana já está no décimo sono no quarto de hóspedes que acabou virando das minhas filhas nos últimos meses.

    Peguei a Marina no colo e assim que ela encostou a cabeça no meu ombro, dormiu. Levei-a para o quarto e a coloquei na cama de casal junto com a irmã. Beijei ambas e sorri.

    Quando desci as escadas, só a Patrícia me aguardava.

    - Pensei que não te encontraria aqui ainda. Vi que você fez uma mala e colocou no carro.

    - Te esperei para me despedir. Amanhã na parte da tarde embarco para Salvador, por isso a mala.

    Me aproximei mais dela e tomei seus lábios com os meus. Não encontrei nenhuma resistência, apenas entrega. Agarrei sua cintura com as minhas mãos e colei o corpo dela no meu.

    - Nós vamos terminar, não é?! - Perguntei quase como uma afirmação. - Só não quero que você fique com raiva de mim ou se afaste de vez. Eu gosto de você.

    - É uma pena que nós não tenhamos dado certo. Não se preocupe, eu não tenho direito de ter raiva de você. Laura, sei tentou me amar. Eu sei que tentou de verdade. Mas a gente não ama uma amiga de maneira amorosa. Você até sente desejo por mim, então eu sou aquela amiga com prazeres especiais. Isso não é vida. Não posso continuar com você com essa situação. Nós vamos apenas nos machucar se insistimos hoje nessa relação.

    - Você foi uma das melhores coisas que me aconteceu na vida. Eu serei sempre grata por tudo e mais um pouco que você fez por mim. Você merece tanto, tanto ser feliz.

    - Se daqui um tempo eu ainda estiver apaixonada e se você estiver solteira depois de ter ajeitado as coisas no seu coração. Acho que podemos tentar um dia, ainda.

    - Você não vai ficar solteira por muito tempo, minha querida. Eu só posso te ver como minha amiga. Pode ser que você tenha confundido os seus sentimentos por mim também. Eu sou alguém que precisava de cuidados e você ama cuidar das pessoas. Desde a primeira vez que me viu, sentiu que eu tinha vários problemas e se apaixonou pela ideia de me ajudar a resolvê-los. Já pensou por esse lado? Você merece alguém que te ame, que tenha essa troca de cuidado, que veja você como merece ser vista. Eu sempre vou te amar como eu amo o Sérgio, que é o meu melhor amigo.

    - Eu não tinha visto por esse lado. Acho que te ensinei as ver melhor as coisas. Mas para outras você ainda continua bem tapada - fez uma careta. - Então, vamos nos dar um até breve? Eu quero continuar para sempre ao seu lado.

    Patrícia ainda segue em meus braços, fazendo carinho na minha nuca com uma mão e a outra repousada na minha cintura. Seus olhos cravados nos meus brilham com muito desejo.

    - Você se importaria se fosse um até breve mais quente? - Perguntei a ela.

    Ela gargalhou balançando a cabeça como quem diz: "Você não presta, Laura Neves Dopollus"

    - Eu adoraria que as coisas ficassem mais quentes. Daquele jeito que só você sabe fazer.

    - Como? Assim? - Puxei os cabelos dela de leve e ataquei o seu pescoço.

    Com a resposta positiva dela, fiz com que ela me acompanhasse até o quanto para termos uma noite quente como estávamos com vontade.

 

 

Verônica

 

    "14/12". Entro na janela da minha conversa com a Patrícia pelo aplicativo de mensagens instantâneas toda manhã para me certificar que já são nove dias sem falar com ela. Nove dias que ela não envia nada. Nem ao menos pedia algum favor como ela sempre fazia. Eu me odeio por isso, por ficar me rastejando por uma mulher, por querer a namorada da outra mãe das minhas sobrinhas.

    Estou há meses nessa paixão louca que sinto. O que eu recebi em troca? 9 dias sem ao menos um "Tudo bem com você?". Nada. Eu não vou ficar correndo atrás dela como já fiz. Finalmente caiu a ficha de que ela só me chama por mensagem quando tinha que pedir alguma coisa. Se fosse algo urgente, até me ligava.

    Que se dane essa Patrícia também.

    Me levantei, fiz minha higiene matinal e passei longe da cozinha. Sem tempo para tomar, estou atrasada para buscar as minhas sobrinhas. Atraso significava ouvir um monte da minha irmã depois.

 

...

 

    Entrei no condomínio dos pais da Laura um pouco mais depressa do que o normal, mas tive que botar o pé no freio com a mesma pressa. Vi Patrícia em um beijo de tirar o fôlego com a Laura. Mais um beijo e entrou no carro que eu tinha ido comprar com ela.

    Então enquanto eu esperava uma mensagem, ela estava fazendo o que eu nem quero imaginar com a... namorada, oras! Mas que destino cruel! Eu que me divertia com todas, deixava as mulheres correndo atrás de mim, sigo perdidamente apaixonada por uma mulher que nunca me daria nem um selinho na vida.

    Estacionei o carro em frente à casa quando Laura estava entrando. Ela voltou assim que me ouviu chamando por ela.

    - Achei que eu estivesse ganho algumas horas de bônus. - Laura brincou com o meu atraso.

    - Não consegui acordar cedo - sorri de lado para ela, sem graça. - Vi a Patrícia saindo. Ela vai trabalhar em pleno domingo?

    - Trabalhar? Ah não. Ela está indo para o aeroporto. Vai passar o Natal com a família em Salvador.

    Então a Patrícia nem avisou que vai passar o Natal longe. Capaz que não me deseje um Feliz Natal também. Eu e a Laura caminhávamos em silêncio para dentro de casa quando ela resolveu falar:

    - Eu queria te pedir um favor.

    - Quando você não quer? - Eu sorri brincando.

    - Não vou pedir para as meninas ficarem mais ou passar o Natal aqui, se é isso que você está pensando.

    - Que bom, porque você já sabe que a resposta é não e nem adianta insistir. Eu nem ousaria fazer uma pergunta dessa para a Camila.

    Laura balançou a cabeça afirmativamente e pude ver que olhou para cima por um momento para segurar as lágrimas.

    - Qual é o favor, Laura? - Perguntei tentando mudar de assunto.

    - Ah sim - ela respirou fundo - Eu comprei os presentes de Natal das meninas. Eu não queria entregar antes ou depois. Sempre mantive a tradição de colocar os presentes debaixo da árvore, para a Marina abri-los bem cedo no dia seguinte. Ela acordava assim que o dia amanhecia, acho até que ficava esperando. Depois que amanhecia, Marina ia para o meu quarto e me fazia acordar para que descêssemos e abríssemos os presentes - ela sorriu de uma maneira bem bonita. - Enfim, as meninas me disseram que vocês montaram uma árvore enorme em casa e eu gostaria que você colocasse os presentes lá. Assim a Marina e a Diana podem tê-los no dia 25, bem cedinho. Se importa de levá-los?

    Agora quem teve que olhar para cima segurando as lágrimas foi eu.

    - A gente sem fez a mesma coisa com a Diana aqui. Será um prazer fazer isso, Laura.

    Ela me abraçou, me agradeceu muito. Foi correndo buscar os presentes e levamos para o meu carro.

 

...

 

    A hora de ir embora não está sendo fácil. Marina começou a chorar e não parava. Ninguém entendia o motivo, a Laura estava começando a ficar desesperada.

- Marina, meu amor, por favor, para de chorar. Você está sentindo alguma coisa? Olha para mim e diz o que está acontecendo, pelo amor de Deus!

    Laura permanece ajoelhada enquanto a Marina esconde o rosto entre as mãos.

    Diana, que estava apenas observando, resolveu acabar com a nossa angústia.

    - Ela está assim porque quer passar o Natal aqui com vocês.

    Os avós ficaram desconcertados com a cena. Diana olhava a irmã com empatia. Eu coloquei as mãos no bolso.

    Laura engoliu seco e pude perceber que ela tirou força de onde não sabia que tinha para perguntar:

    - É isso, amor da minha vida?

    Marina tirou a mão do rosto e os olhos âmbar totalmente expressivos, agora vermelhos pelo choro, partiu ainda mais o coração de todo mundo.

    - É - sua afirmação saiu fraca.

    Marina caiu nos braços da Laura que a acolheu prontamente em um abraço.

    - Escuta, Marina. Escuta bem o que eu vou dizer. Este Natal você vai ficar a com mamãe Camila. Você e a Diana terão um lindo Natal com a outra mãe de vocês. Eu tenho certeza de que será muito bonito e você comerá uma comida deliciosa. Garanto que a ceia será melhor do que a que o tio Sérgio preparava. Aquele bobo queimou o peru no ano passado, lembra? Tivemos que enfrentar uma fila enorme em uma padaria para comprar outro já assado. Então, eu tenho certeza que você não terá esse problema mais. Só não exagere na sobremesa, sua tia Vero ficará de olho em para me contar tudo depois. Será o melhor Natal de todo o mundo.

    Mãe e filha continuavam abraçadas. Marina chorava, e a Laura segurava as lágrimas. A minha ex-cunhada não sabia mais o que dizer.

    - Eu quero ficar aqui. Não quero ficar longe de você. Eu sempre quis Natal com muitas pessoas. Podemos fazer como nos filmes... Aqui será eu, a Di, você, a vovó, o vovô, a tia Lívia, o tio Bento e tio Sérgio também! Quem sabe a tia Vero não vem para cá, não é tia?

    Não tive tempo de responder, Laura não permitiu.

    - Não, Marina. Este ano não poderá ser assim. Eu sinto muito. Sei que está chateada e vai ficar muito brava, mas lembre-se que não pode ficar brava no Natal, certo? Natal é dia de alegria, é toda aquela historinha que já te contei sobre gratidão, sim? Você tem que estar grata por ter a oportunidade de passar este Natal com a sua mamãe Camila que tanto ansiou por esse momento. Então vai com a tia Vero para casa agora. Sem mais birra, por favor.

    Laura já estava de pé e de costas para a Marina. Com certeza foi muito difícil fazer aquele tom duro.

    - Você não quer que eu passe o Natal aqui, mãe? - Marina perguntou já de pé, perto de mim.

    Depois de um bocado de tempo de silêncio, Laura falou:

    - Este ano não dá, Marina. Vai com a sua tia, por favor.

    - EU TE ODEIO! - Marina gritou e saiu por a fora com a Diana correndo atrás.

    A dona Andreia fez um sinal para que eu fosse logo e abraçou a filha.

    Minhas pernas pesam 50 quilos cada de tanto pesar que eu sinto ao deixar a casa. Quando cheguei no carro, Marina enxugava as lágrimas com raiva. Com muito custo, liguei o carro e parti.

 

 

Camila

 

    "- Marina! Marina! Marina, espera!"

    Ouvi a voz alterada da Verônica entrando em casa. Feliz da vida, estou fazendo a lista de compras para a Ceia de Natal.

    Pela primeira vez a Marina estará aqui. Finalmente minha família completa. Por isso tem que ser a melhor ceia de Natal de todos os tempos.

    Interrompi a minha empolgação para ver o porquê da minha irmã alterar a voz ao chegar. Caminhei para a sala e encontrei Verônica sentada no sofá com a cabeça baixa.

    - O que foi, Vero?

    - A Marina, ela... conversa com ela, Cah.

    - Mais uma birra? Sinceramente isso já está passando dos limites. Eu vou terminar de fazer a lista de compras para a ceia enquanto ela se acalma, depois eu subo e falo.

    - Camila, não tem o menor clima para o Natal. Você pode fazer a melhor ceia de todos os tempos que a Marina vai odiar tudo. Estou te avisando: sobe agora e conversa com ela.

    Verônica está séria demais, bem diferente do que ela costuma ser.

    - E você pode me adiantar o assunto que terei com ela? Qual foi o motivo da birra?

    - O assunto é justamente a ceia de Natal. Ela quer passar o Natal na casa dos avós.

    - Ah, claro, coisa da Laura isso. Eu tenho certeza que ela fica colocando isso na cabeça da menina e a coitada cai na conversa dela. Usar uma criança...

    - VOCÊ ESTÁ COMPLETAMENTE ERRADA!

    Verônica explodiu como eu nunca tinha visto antes.

 

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Comentários para 32 - Capítulo 32 - Kairós:
rhina
rhina

Em: 10/03/2019

 

Patrícia se afastou da Laura 

Marina que não quer ficar longe da Laura 

Veronica explodindo com a Camila. ....Uau

Rhina

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SPINDOLA
SPINDOLA

Em: 31/08/2017

Primeiramente bem que a autora poderia nos agraciar com mais um capìtulo hoje não, ansiedade mata rsrsrsrsrrs.

Sou nova nos comentários, fiz o cadastro para poder comentar, leitora compulsiva e ansiosa.

Situação bem complicada de resolver a delas, mas como algumas colegas já disseram também espero ansiosa a volta delas, o amor verdadeiro supera tudo.

Porém, vejo a Camila sendo muito injustiçada até agora, afinal a filha que foi afastada dela não a aceita ainda e pelo andar da carruagem só vai aceitar completamente se as mães ficarem de bem e pelo jeito vai demorar. A Camila não consegue aceitar e conviver com a Laura agora, então na busca para conquistar a Marina vai acabar abrindo mão de passar o Natal com a Marina e sinto que a Diana vai junto. Fico triste com esta situação, pois a Laura fez o que fez e as duas filhas convivem muito bem com ela, já a coitada da Camila só na sofrência.

O medo de perder a pessoa amada para algum atentado e consequentemente as filhas, acabou levando a Camila agir de forma errada com a Laura, que conseguiu piorar a situação fugindo e perdendo a confiança da sua companheira. O amor das duas é muito forte, e devem ficar juntas, mas é diícil perder o medo de sofrer e voltar a confiar, que é o que a Camila está sentindo.

Quanto a Vero, a autora deveria fazer a Patricia sofrer um pouco pra conquistar ela, e não facilitar um possivel namoro . Afinal quando precisou usou e abusou da amizade da Vero esfregando o seu amor pela Laura na cara dela, mesmo sabendo dos sentimentos dela. Coitada da Vero não merecia a falta de consideração  e amizade que a Patricia dizia sentir ficando incomunicável desse jeito.

Autora, sua história é ótima, por isso seja boazinha e libera outro capítulo.

Bjs


Resposta do autor:

Ah, não posso liberar hoje... Eu geralmente posto quarta e domingo, é tradição. Eu posso ser boazinha e liberar dois no domingo, mas não prometo nada.

A Marina já aceitou a Camila como mãe, só não a chama ainda assim porque... Bem, ela vai explicar. Gostaria que vocês (você e outras que comentam sobre as meninas juntar as mães) reparessem que as meninas nunca mencionaram algo como ver a mães juntas. Hum?

Sim, a quebra de confiança foi muito forte, as duas chegaram no limite. Veremos qual será o caminho trilhado para o perdão.

Respeito a sua visão, mas a Patrícia não esfregou na cara da Verônica o amor pela Laura. É que a Patrícia é fiel, estava casada, tentando fazer valer o seu amor, seu relacionamento, então ela não eu brecha para a Vero. E sim, o que a Patrícia fez foi meio falta de consideração. Porém, ela estava sentindo seu relacionamento no fim e se concentrou nele.

 

Obrigada, beijos.

 

Ps: não fique brava comigo por não liberar haha.

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patty-321
patty-321

Em: 31/08/2017

Eu sei q a Laura tá colhendo o q plantou, mas fikei com dó dela, é natal, qual a mãe q quer ficar longe de seus filhos nesta data? E a Marina, tadinha, e inocente mas sofre bastante com a situação. O q Camila irá fazer? Ela tb tem direito de está com as filhas. Oh situação complicada. E a vero? Ah maldade dessa autora com ela. A coitada tb já aprontou bastante né? Patrícia não tem sentimentos nenhum para com ela? Nenhuma mensagem. Tb sei q ela está lidando com os demônios dela. Saber q a Laura nunca vai ana-la como merece. Dói. Cada vez mais essa estória me instigando. Amo tudo isso. Bjs


Resposta do autor:

"Oh situação complicada" é uma ótima definição. Laura abriu mão de passar o Natal com as filhas, a Camila está adorando a ideia das meninas junto com ela, mas a Marina quer ser ouvida.

Não sou maldosa com a Vero, adoro ela. Patrícia estava muito ligada a Laura e fidelidade para ela conta muito. Patrícia não iria iludir a Verônica e como você mesma disse, ela está lidando com os demônios dela.

 

Beijos.

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jo40
jo40

Em: 30/08/2017

Cada dia que passa gosto mais da sua história.

Uma das minhas preferidas.

Parabéns autora.


Resposta do autor:

Que bom, fico feliz por isso.

 

Obrigada, Jo.

Abs.

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 30/08/2017

Ora das mães pensarem nas filhas e conversarem. Não vai ter jeito, Camila, pelo bem das meninas

Oremos para as duas se entenderem!

Abraços fraternos procê!


Resposta do autor:

Tá chegando a hora. Agora como será a conversa... oremos.

Abraços para você também.

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marcellelopes0
marcellelopes0

Em: 30/08/2017

Oh coisa birrenta essa Marina, mas compreensível. 

Espero que atitude sirva pra aproximar a Ca e Laura. 

Cada vez melhor a estória. 


Resposta do autor:

Birrenta, mas fofa, vai... hahahahaha.

É, veremos qual será a resposta para a atitude.

Obrigada, abs!

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