• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • A fortiori
  • Capítulo 31 - Dezembro

Info

Membros ativos: 9525
Membros inativos: 1634
Histórias: 1969
Capítulos: 20,492
Palavras: 51,967,639
Autores: 780
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: Azra

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Legado de Metal e Sangue
    Legado de Metal e Sangue
    Por mtttm
  • Entre nos - Sussurros de magia
    Entre nos - Sussurros de magia
    Por anifahell

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • Contos para ninar gente grande
    Contos para ninar gente grande
    Por brinamiranda
  • CONVIDE-0 (CONVIDE ZERO)
    CONVIDE-0 (CONVIDE ZERO)
    Por Solitudine

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

A fortiori por Bastiat

Ver comentários: 8

Ver lista de capítulos

Palavras: 4266
Acessos: 18475   |  Postado em: 27/08/2017

Capítulo 31 - Dezembro

 

    Os meses passaram e estamos na segunda semana de dezembro. Laura assinou um excelente contrato com a editora que a Patrícia sugeriu. Seu primeiro livro já estava finalizado e está previsto para ser chegar às lojas no Natal. A jornalista já está no começo do seu segundo livro. Aquela adrenalina que ela sentia nas investigações, agora estão canalizadas nas filhas e nos livros que pretende escrever. Laura já estava até pensando em escrever livros de ficção de suspense e ação.

    Com a data de lançamento tão próxima, Laura está apreensiva pois a sua identidade secreta de anos seria revelada dali três dias em uma coletiva de imprensa para a divulgação do livro. Os olhos de muitos ao redor do mundo estão curiosos para saber quem é a misteriosa jornalista que fez grandes reportagens e desmascarou muitos políticos e membros do Estado.

    Para Camila, o tempo passou rápido também. O seu relacionamento com a Heloísa estava em um estágio morno. Por parte da Heloísa, as duas já estariam de aliança de compromisso. Mas Camila não queria nenhuma relação e só chegava à conclusão de que gostava sim muito daquela menina, mas não estava preparada para assumir um compromisso com ela. Heloísa já estava começando a pesar a relação pois só conseguia ficar com a âncora do telejornal da manhã nos dias que as meninas vão dormir na casa da Laura. Camila levava o meio relacionamento para frente pois esperava de uma hora par outra se apaixonar pela menina.

 

 

Camila

 

    Sábado seria um dia em que eu acordaria na casa da Heloísa, mas como as minhas filhas não foram para a casa da Laura ontem. O motivo do pedida da mudança de dia eu não compreendi até agora, mas ignoro. Então, eu estou aproveitando para tomar um café da manhã bem gostoso com as minhas meninas.

    - Camila, você foi ver a escolinha de Ballet que a minha mãe indicou? - Marina perguntou baixo, desanimada.

    - Não tive tempo, meu anjo. Eu estou apresentando o Jornal da Noite porque a sua vó está de férias, então tenho que chegar no meio da manhã e só saio de lá tarde da noite. Eu te expliquei isso.

    - Então libera a minha mãe para fazer a minha matrícula. Ela já foi lá, viu tudo, conversou com o pessoal, as professoras. Está tudo certo, ela disse que a escola é excelente, parecida com a de Paris.

    - Calma, está bem? As aulas não vão começar semana que vem, ainda temos tempo para fazer a matrícula.

    - Eles estão segurando a última vaga para mim. Se você não for rápida, não poderei fazer.

    Suspirei fundo. Eu não estava com tempo para ir, realmente. Mas seria difícil a Marina entender isso. Ela andava tão triste nos últimos dias e a escola de ballet seja o motivo.

    - Eu vou ligar lá e permitir que a Laura faça a sua matrícula, tudo bem? Depois eu vou conhecer o lugar.

    O interfone tocou e a Verônica, que estava também tomando seu café da manhã, autorizou a entrada.

    - Quem é, Vero?

    - A Helô.

    Eu dei um salto da cadeira e corri para a entrada da casa. O que a Heloísa estava fazendo na minha casa àquela hora da manhã? Será que tinha acontecido alguma coisa?

    Abri o portão da minha casa e ela entrou com o sorriso de sempre. Cumprimentou-me com um selinho.

    - Oi.

    Eu fiquei olhando para ela por algum tempo e me parecia muito bem.

    - Aconteceu alguma coisa?

    - Não, por quê?

    - Não combinamos nada e você apareceu aqui sem avisar, de surpresa, pensei que tivesse acontecido algo.

    Ela mordeu seus lábios em um movimento que indicava nervoso. Olhei para trás para ver se ninguém estava vindo. Na verdade, eu estou morrendo de medo da Marina aparecer.

    - Eu vou viajar esta noite, Camila. Vou viajar com os meus pais para passar o Natal na Eslovênia com a nossa família. Eu avisei isso para você. Então pensei: vamos ficar esse tempo todo longe uma da outra, você gostaria de passar o dia comigo, almoçarmos juntas?

    Busquei todo ar possível para encher meus pulmões. Não quero chatear a Heloísa. Mas minha situação também não é fácil, minhas filhas estão comigo. Eu nem me lembrava dessa tal viagem para ser sincera.

    - Você deveria ter avisado que queria almoçar comigo, marcaríamos em algum restaurante. As minhas filhas estão aqui hoje.

    - É por isso que estamos aqui no jardim da sua casa até agora? Eu não acredito que você não vai me convidar para entrar.

    - Eu já falei, as minhas filhas estão lá dentro.

    - E daí? Já está mais do que na hora de eu conhecê-las. Eu já te pedi mil vezes para você marcar algo para que possa me apresentar.

    - Não é a hora, Helô. Não é a hora e muito menos o dia.

    - E quando será?

    - Quando eu achar que as minhas filhas estão preparadas para conhecê-la. Quando eu me acertar com a Marina de vez. Quando ela estiver me chamando de mãe. As coisas aqui em casa estão se ajeitando ainda, você sabe da história. Não é o momento, será no tempo certo.

    - Então o nosso namoro será no tempo de duas meninas de 9 anos de idade? Really? Quer saber? Eu não aceito essas condições, certo? Elas são duas crianças, caramba. Só vão conhecer a namorada da mamãe. Mas você quer ser mandada por duas crianças? Que seja. Eu não vou me sujeitar a isso. Você é adulta, Camila. Que saco! Eu não acredito que me apaixonei por você.

    É a primeira vez que a Heloísa diz isso. Ela está apaixonada por mim, eu não posso acreditar. Eu pensei que era só sex*, apenas uma aventura. Estávamos há meses saindo, mas ela nunca disse que estava apaixonada por mim. Tudo bem que ela quer namorar comigo, ter uma relação mais séria, tentar algo como ela sempre disse, mas estar apaixonada é diferente.

    Acho que eu fiquei em silêncio por muito tempo olhando-a.

    - O quê? Vai me dizer que não notou que eu estou apaixonada? Faça-me um favor, Camila. Você acha que eu estou dedicando todo o meu tempo para você apenas porque você beija e trans* bem? Eu quero sim muito mais que sex*, mas estou vendo que você não quer.

    Heloísa virou as costas e fez menção de ir embora.

    - Helô, espera. É só que... - ela virou e esperou que eu continuasse - eu, bem... desculpa, não percebi que você quer uma coisa tão séria assim. Você é tão jovem, tão bonita, tão livre. Eu sou bem velha, mãe, tenho uma rotina de trabalho, tenho relações passadas complicadas.

    - Quando eu pedi para o Guga me apresentar para você, eu já sabia de tudo isso. Eu não planejei me apaixonar. Eu sei que é burrada, mas eu estou gostando muito de você. Eu amo a sua idade, eu amo a mãezona que você é, eu amo ligar para te atrapalhar no trabalho e amo quando me dá bronca falando que é responsável por um monte de coisas e que não dá para falar naquela hora. Me dá uma chance de entrar para a sua vida, é só isso que peço.

    Fiquei parada por algum tempo e sorri. É tão bom ouvir que é amada, já tinha até me esquecido do quanto é bom. Puxei-a para um abraço e em seguida nos beijamos lentamente.

    - Vamos ter uma conversa mais séria sobre isso quando você voltar. Você me dá só mais esse tempinho? Prometo que assim que você chegar de viagem conversamos.

    - Tudo bem, pelo menos agora tenho uma data.

    - Boba. Vamos entrar para preparar um almoço maravilhoso e almoçarmos juntas como você planejou?

    - E as suas filhas?

    - Vou dizer que você é uma amiga. Você não queria conhecê-las? É a oportunidade.

    - Convite aceito.

    Caminhamos para dentro de casa sorrindo como bobas. Quando entrei a Vero estava com a Diana no colo e a Marina emburrada na poltrona com os olhos voltados para a televisão.

    - Temos visita, pessoal.

    Vero sorriu de modo feliz para mim. Ela e Diana disseram um oi empolgado para a Heloísa.

    - Di e Marina, essa é a Heloísa e vai ficar para almoçar com a gente. Ela queria muito conhecê-las, filhas.

    Marina olhou na nossa direção e voltou sua atenção para a televisão. Péssimo sinal.

    Diana, amorosa como sempre, saiu do colo da tia e esticou a sua mão para cumprimentar a Heloísa.

    - Ela será a nova babá, mãe?

    Babá? Ah, claro, a Heloísa é nova babá para a Diana. Ela tem a idade das babás que contratava para ela e associou uma coisa à outra.

    - Não, meu anjo, ela é uma amiga querida da mamãe.

    - Mas eu adoraria ser babá de uma menina tão linda assim, pena que já tenho outra profissão.

    - Você trabalha com a mamãe? É jornalista? - Diana perguntaria tudo o que tem direito.

    - Não, eu sou fotógrafa. Tenho um estúdio muito maneiro, um dia te levo para conhecê-lo.

    - Que legal! Lembra mamãe, quando nós tiramos várias fotos com um fotógrafo amigo da tia Vero?

    - Lembro, meu amor. É exatamente isso que a Helô faz, mas ela gosta mais de fotografar modelos. Ela já trabalhou para a Vero.

    - Que maneiro. Você já foi namorada dela também?

    - Diana! -  Vero tentava segurar o riso - Não, né?! Que mania que você tem de achar que toda mulher que eu conheço já foi minha namorada.

    - Desculpa tia, não quis ofender. Mas que você teve muitas namoradas, isso teve mesmo.

    Demos risada e só parei porque notei a Marina não acompanhou a gente.

    - Marina?

    Ela rapidamente tirou os olhos da TV e me olhou.

    - Marina, não vai cumprimentar a Helô? Quer que ela pense que você é sem educação?

    - Ela não foi apresentada direito. Ela é sua namorada, não amiga.

    Minha garganta secou e eu comecei a tossir. Como ela tinha tanta certeza?

    - Eu vi vocês se beijando lá fora. Eu estava na varanda do seu quarto quando se abraçaram e depois se beijaram na boca - Marina respondeu os meus pensamentos.

    Ficou um silêncio constrangedor na sala. Diana olhou para mim e perguntou:

    - É verdade, mamãe, ela é sua namorada?

    Olhei para a Heloísa que fez cara de cãozinho sem dono. Olhei para a Vero que escondia o riso e fazia um gesto com as mãos como quem diz "desembucha logo".

    - Nós ainda não somos oficialmente namoradas, mas a mamãe está sim a conhecendo. Se o que temos se tornar oficial, me sento com vocês e conto, certo? Por enquanto ela é alguém especial que veio conhecer vocês e almoçar com a gente.

    - Mas me diz uma coisa, minha sobrinha Diana, elas não fazem um casal lindo?

    Eu quero matar a Verônica.

    - Sim, a Heloísa é muito bonita e minha mãe também.

    - E você, Marina, aprovaria se elas namorassem? -  Verônica perguntou para provocar.

    Eu fichei os olhos para nem ver a reação dela.

    - Tanto faz. Se elas estão felizes, que seja.

    Eu sorri aliviada, mas nem tanto. Marina ainda continuava sentada no sofá totalmente fechada.

    - Então vamos para a cozinha que eu tenho que preparar o almoço.

    - Eu te ajudo, Camila.

    Heloísa sorriu para mim e eu queria que aquele sorriso fizesse as minhas pernas tremerem. Bem que meu coração poderia colaborar.

 

 

Laura

 

    Eu estou sorrindo à toa desde que me descobri como escritora. A editora aposta alto no meu livro e por isso a minha vida está uma correria como eu sempre gostei. A relação com os meus pais não poderia estar melhor. A Patrícia tinha total razão quando me disse que eu tinha que consertar as coisas do passado, como essa relação difícil com a minha mãe. Morar com eles me deu a chance de realmente convivermos sem brigas, sem mágoas e acima de tudo com muito amor. Até com os meus irmãos eu estou me dando muito bem.

    A minha relação com a Patrícia era a única coisa que tem altos e baixos. Um dia a gente estava muito feliz, brincávamos e namorávamos muito, como um casal feliz. No outro dia a gente estava brigando porque ela começava a implicar com as minhas saídas, outras brigas eram por ciúmes ou medo de me perder. Uma hora ela estava me incentivando na carreira, outra hora ela pedia para ir com calma. Hoje mesmo nós brigamos, só não foi por conta do profissional.

    " - Por que tem uma foto da Camila na sua gaveta?

    - Que foto? Que gaveta?

    - Essa do seu criado mudo.

    Patrícia abriu a gaveta e tirou de lá uma foto minha com a Camila no começo do namoro.

    - Este quarto foi meu na época que eu namorava com a Camila e quando casei deixei algumas coisas aqui. Não ne lembrava que tinha uma foto, nem mexi nessas gavetas.

    Mentira. Eu me pegava admirando aquela foto às vezes.

    - Se não tem importância, então joga fora.

    - Seu ciúme está insuportável.

    - Você ainda gosta dela, Laura? É por isso que você não quer se livrar da foto?

    - Patrícia, eu estou com você agora. Esquece Camila, esquece a editora, que aliás você apresentou, esquece a amiga da Lívia. Não gosto de ciúme, ainda mais sem fundamento.

    - Da editora e da amiga da Lívia pode até não ter tanto fundamento. Mas...

    - De ninguém, Patrícia."

    - As meninas chegaram - Patrícia entrou na biblioteca da casa onde eu estava fazendo uma espécie de escritório.

    Corri feliz da vida. Os dias que as meninas vêm dormir comigo são os melhores.

    - Mãeeee! -  Marina foi a primeira a pular no meu colo.

    Há alguns dias eu estava percebendo uma ansiedade a mais na minha menina. Ela chegava muito bem, brincava, pulava, era a alegria em pessoa. Mas vai dando a hora da tia buscá-la, começa a ficar manhosa, nervosa e chora.

    Hoje ela já chegou mais caidinha, até o abraço foi diferente.

    - Como você está, Marina?

    Chamei a Diana com a mão para dar um abraço coletivo, mas assim que a irmã chegou, ouvi a Marina dizer:

    - Sai, Di! Depois você abraça.

    - Que isso, Marina? Abraço coletivo é tão bom.

    A Diana ficou de fora, sem reação. Depois que a Marina me soltou, abracei a minha outra metade e Marina se sentou emburrada no sofá.

    - Será que a sua tia ainda está aqui, Diana?

    - Acho que sim, ela ficou conversando com a Patrícia lá fora.

    - Eu vou falar com ela, então. Vão para a cozinha, a vovó está preparando batata recheada.

 

...

 

    A Verônica já estava se despedindo da Patrícia, quando a chamei.

    - Ei, Verônica! Espera! Posso falar com você?

    - Claro, Laura. Alguma coisa com as meninas?

    - É com a Marina, na verdade. Eu a achei bem tristinha.

    Verônica fez uma careta de quem estava escondendo alguma coisa.

    - Você não conhece aquela pestinha? Acordou manhosa hoje.

    Verônica tentava sorrir, mas estava forçado demais.

    - Verônica, por favor, justamente porque conheço ela, sei que tem algo errado.

    Ela pensou para falar, mas acabou soltando.

    - É que a Camila apresentou a namorada dela hoje e a Marina não gostou muito. Acho que ela elegeu uma nova Patrícia para implicar.

    Eu não sei como não cai ainda. Meu coração parou de bater por alguns segundos. Namorada? A Camila apresentou a namorada para as nossas filhas? Então eu a perdi para sempre? Então a Camila me esqueceu de vez? Meus olhos se encheram de lágrimas.

    - Laura?

    A voz da Patrícia me despertou de uma profunda tristeza que me abateu. Sinto-me mergulhada em uma água extremamente fria. Foi o maior balde de gelo que me jogaram na minha vida.

    - Eu vou falar com a Marina, ela não vai criar problemas com a nam... o relacionamento da Camila.

    As duas não falaram mais nada, acho que perceberam a minha voz embargada. O baque foi muito forte, a minha Camila está namorando.

    Nos despedimos com um clima estranho.

 

 

Patrícia

 

    Depois de procurar a Laura no quarto, nos banheiros da casa, na piscina, a encontrei nos fundos da casa tragando um cigarro e bastante pensativa.

    Parei longe para observar aquela figura enigmática. Me perguntei como eu pude deixar me apaixonar por ela assim, tão profundamente. Se bem que nos últimos dias eu estava mais desapaixonando do que me apaixonando. Depois desta atitude ao saber que a Camila está namorando, eu não tenho dúvidas de que a Laura ainda a ama e eu sou apenas uma segunda opção. Sei que insisti na relação, mas hoje não vejo mais futuro para nós. Desde a volta da Laura para o Rio, sei que ela está diferente. Em São Paulo ela estava desligada do seu passado, era uma Laura que sabia disfarçar que não gostava da Camila. Hoje ela não consegue mais disfarçar quando fala dela com as meninas, quando conversa com a mãe dela sobre o passado. A Laura de hoje está mais para a Camila do que para mim.

    - Ah, aqui está você! Meses sem fumar e resolveu voltar a fumar logo agora? Cadê aquela história de que você não se sentia mais ansiosa? Tem algum motivo para essa sua ansiedade?

    - Me deu vontade, apenas isso.

    - Apaga esse cigarro, suas filhas estão te esperando para jantar.

    Ela me olhou, deu mais uma tragada, apagou o cigarro e veio na minha direção para beijar os meus lábios. Desviei.

    - Depois do lançamento do seu livro, eu vou para Salvador passar as festas de final do ano com a minha família.

    Ela me olhou surpresa.

    - Quando você decidiu isso? Por que está avisando em cima da hora?

    - Na verdade, decidi hoje conversando com os meus pais e meu irmão. Estou com saudade deles.

    Mentira. Faz umas duas semanas que eu não falo com ninguém da minha família. Tinha decidido isso agora, de supetão. Precisava me afastar, mesmo não querendo.

    - É uma pena, queria passar o Natal com você.

    Por que ela faz isso? Me olha de uma forma doce, até parece apaixonada por mim. Mas eu não vou cair nessa. Não vou me sujeitar a ser segunda opção de ninguém.

    - Vamos entrar? As meninas estão morrendo de fome.

   Laura me seguiu e tentou me abraçar enquanto caminhávamos para dentro de casa. Eu me desvencilhei de seus braços.

    Antes de alcançarmos a porta, Laura me puxou para olhar para ela.

    - Fugiu do meu beijo, fugiu dos meus braços. Está fugindo de mim?

    Olhei para aqueles lindos olhos âmbar e tirei forças bem do fundo da minha alma.

    - Eu estou me preparando para o fim que está próximo.

    Laura ficou parada um bom tempo, até cair a ficha. Antes que ela pudesse pronunciar algo que me fizesse ficar, eu entrei na casa, peguei a minha bolsa e enquanto ela andava atrás de mim me pedindo explicação, chamei um táxi por um aplicativo.

    Enquanto eu esperava o táxi do lado de fora da casa, Laura continuava falando algumas coisas, tentando iniciar uma conversa. Ignorei tudo o tempo todo. Mas antes de partir, tinha que dar alguma explicação:

    - Eu preciso de um tempo sozinha, vou para um hotel. Por favor, não corra atrás de mim como você já fez, pode ser pior. Hoje, mais do que nunca, eu preciso pensar no que quero para a minha vida.

    O táxi chegou rápido. Não me despedi, a Laura apenas balançou a cabeça concordando com o meu afastamento. Entrei no táxi e pedi para o motorista partir.

 

 

Camila

 

    Depois de um almoço até divertido, meu coração estava mais leve. Heloísa me surpreendeu de todas as maneiras possíveis. Ela interagiu muito bem com a Diana. Nunca imaginei que ela gostasse de criança. Marina esteve totalmente aleatória a qualquer conversa. Foi de muda a calada. Mal comeu, como nos últimos dias.

    Por falar em Marina dos últimos dias, a notei mais distante do que nunca. Parecíamos que estávamos progredindo, mas acho que nas últimas três semanas, Marina se trancou no mundinho dela e não pretende sair de lá tão cedo. Eu não posso colocar a culpa no beijo trocado entre eu e a Helô pelo comportamento dela. Na realidade, ela não pareceu se incomodar. Acho que eu tenho que levar ela em um psicólogo o mais rápido possível.

    Ouvi batidas na porta do meu quarto.

    - Entra.

    Só poderia ser a Vero com aquele sorriso de quem queria conversar sobre a minha relação com a Heloísa.

    - Posso dizer? Adorei que você a trouxe para almoçar com a gente. Viu que não teve escândalo nenhum?

    Deixei o livro que estava nas minhas mãos de lado e bati na cama para a Vero deitar comigo.

    - Na verdade eu não convidei a Helô, ela apareceu aqui porque queria um almoço de despedida já que ela vai passar o Natal com a família na Eslovênia.

    - Adoro meninas de atitude e essa Helô parece ter muita. Garanto que ela te colocou contra a parede para conhecer as meninas.

    - Ela disse que está apaixonada por mim.

    Eu estou tão feliz por isso. Uma pessoa apaixonada por mim!

    - Ah vá! Jura? Nem percebi isso hoje.

    - Como assim? - Perguntei muito curiosa.

    - Aqueles lindos olhos verdes brilham quando te olham. Não tenho dúvidas de que ELA está apaixonada.

    Ignorei a ênfase que a Vero deu no meio da conversa. Mas eu tinha entendido muito bem.

    - O que me surpreendeu foi a reação da Marina.

    - A falta de reação dela, você quer dizer. Jurava que ela reagiria mal já não gosta da Patrícia. Melhor.

    - Não sei. Ela está estranha, com um olhar triste. Vou levá-la a um psicólogo. Acho que é muita coisa para a cabecinha dela. Vou levar ela e a Diana também.

    - A Laura veio conversar comigo a mesma coisa.

    Aquele nome ainda me causa arrepios pelo corpo.

    - Conversar sobre o comportamento da Marina?

    - É, ela queria saber se aconteceu alguma coisa porque estava achando a filha bem triste. Ela conhece muito bem a Marina, sabe que tem algo errado.

    - Achei que ela estava provocando isso. Estranho.

    - Cah, a Laura não é esse monstro. Se você tiver a oportunidade de vê-la com as meninas, vai se surpreender.

    - Santa Laura - revirei os olhos.

    - Nem um pouco santa. Mas uma coisa eu posso te garantir: ela é uma pessoa que cometeu erros e está tentando corrigi-los de alguma forma.

    - Eu sei.

    - Você ainda sente medo dela fugir com as meninas?

    - Não. Se ela tivesse que fazer, já o teria feito. Nessa parte eu estou bem tranquila.

    - Eu falei para você que as coisas iam se ajeitar. Ela tem as visitas dela, você tem as meninas com você. Sua vida não poderia estar melhor, não é verdade?

    - Estou pensando em ceder mais algumas coisas. Ela ir à escola e pegar as meninas para passar uma tarde durante a semana. Final de semana de quinze em quinze dias ainda é pouco para as meninas.

    - Eu acho uma ótima ideia. Assim ela participa da vida das meninas também. Esses finais de semana parecem dias de folga ou férias, sabe? Falta aquela coisa de rotina. De buscar na escola e almoçar.

    - Eu quero o melhor para as minhas filhas.

    - Acho que chegou o momento de você conversarem e acertarem isso pessoalmente. Não estou reclamando de ser garota de recado. Vocês são adultas e podem muito bem conversar sem brigar. Hoje, Cah, eu te vejo com mais leveza, com mais calma. Você pode achar que isso é consequência de seu namoro com a Helô, porém a verdade é que você está assim porque percebeu que se continuar sofrendo ou querendo vingar, jamais vai conseguir ser feliz. Hoje, minha querida irmã, te vejo pronta para voltar a viver.

    Fiquei em silêncio e a minha irmã se levantou para fazer uma salada para o jantar. Olhei para a gaveta que guardava todas os meus documentos e abri para procurar a nossa certidão de casamento. Se eu tenho que voltar a viver, tenho que fazer as coisas certas. Esta certidão tem me feito pensar todos os dias na importância deste pedaço de papel.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Um encontro entre a Camila e a Laura está cada vez mais próximo :).


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior
  • Próximo capítulo

Comentários para 31 - Capítulo 31 - Dezembro:
rhina
rhina

Em: 09/03/2019

 

Que pestinha esperta é a Marina 

Tão rebelde para a  idade 

Rhina

Responder

[Faça o login para poder comentar]

NovaAqui
NovaAqui

Em: 28/08/2017

Agora o caminho vai ficar livre para Vero.

Torço por Patricia e Verônica. Acho que elas merecem ficar juntas.

Cada vez mais perto o reencontro das mamães. Vamos ver quem vai falar "eu te amo" primeiro

Abraços fraternos procê!


Resposta do autor:

É, caminho livre por enquanto. Vamos ver se a Patrícia se apaixona pela Vero também, né?

É, está chegando a hora... haha.

 

Abraços para você também.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Ada M Melo
Ada M Melo

Em: 28/08/2017

autora querida elas precisam se encontrar e a Camila vai só fazer a Helor sofrer tambem.....gente ta na hora dessas duas se perdoarem elas se amam...


Resposta do autor:

Calma, porque essa pressa? Haha. Eu não posso simplesmente colocar a Laura e a Camila sentadas para conversar, comer um bolo e pronto, elas retomam o casamento. Deixas as coisas acontecerem, seja para ficarem juntas ou não.

 

Abs!!!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Jeanny1
Jeanny1

Em: 28/08/2017

Bom dia amo cada vez mas essa história Bastiat, torçendo para que Laura e Camila se acertem e Patricia e Veronica engatem logo esse romance. Tenho uma possibilidade acho que as meninas vão dar um grande empurrão para juntar as mães.Boa Semana. Bjus

 

 

 


Resposta do autor:

Oi! Que bom, fico feliz por saber que gosta.

Hum... será que as meninas vão dar um empurrão? Grandes apostas por aqui que sim. Talvez... não sei. Veremos.

 

Boa semana para você também. Beijos.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Suzi
Suzi

Em: 28/08/2017

Uauuuuu amei ameiameiameiameieiiii.

Nossa Bastiat maravilhoso, só você pra escrever esse capítulo e me deixar com a boca seca e o coração parado.

Depois escrevo melhor ufaaa agora tá na emoção.


Resposta do autor:

Olha, que honra ler isso hahahaha.

Obrigada, beijos.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

patty-321
patty-321

Em: 28/08/2017

A reação da Laura foi de muito sofrimento. E a  Patrícia é tão inteligente e sensível, percebeu na hora. Ai ai. Que difícil. Heloísa foi corajosa mas é outra q vai sofrer. Camila tá mais maleável, o ódio pela Laura tá esfriando e ainda há muito amor embaixo de todo os sentimentos. Amo demais essa estória. Parabéns. Ansiosa pelo próximo mais que nunca. Boa semana


Resposta do autor:

Pois é, Laura deixou transparecer seu sofrimento, bateu o desespero. Patrícia precisava de uma confirmação e teve, precisa de um tempo para assimilar isso.

Heloísa é uma menina, está idealizando um relacionamento, talvez sofra.

Camila está vendo as atitudes da Laura e da necessidade de ser maleável pelas meninas, uma mistura de sentimentos.

Obrigada, Patty. Abs e boa semana para você também.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

FENOVAIS
FENOVAIS

Em: 27/08/2017

São por essas e mais outras do início da história que eu realmente detesto a Laura. Torço fervorosamente que a Camila não volte pra ela, pois ela não foi só de uma imensa covardia, Mas De uma extrema deslealdade com a mulher que ela prometeu amar...

Torço mais ainda para que a Patrícia encontre aquela que vá ser o amor justo para ela (seja a Veronica ou nao). 


Resposta do autor:

Quais "essas"?

Não me meto em torcidas, mas entendo o que você quer dizer em relação a Laura e respeito sua visão.

Patrícia sabe o que é melhor para ela, seja com quem.

 

Abs.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Bia08
Bia08

Em: 27/08/2017

Como eu adoro essa história, a forma que vc escreve me surpreende a cada dia.   A Camila é muita fofa e as atitudes delas estão sendo coerentes de acordo com cada situação. A Helo trouxe uma paz que ela estava precisando. 

A Laura mega triste pq acha q a Cah não se preocupou e agora arrasada com o namoro da Cah.  Espero que ela acorde pra vida e não desista do seu amor. 

Ansiosa por demais por esse encontro. Que tudo de certo. 

Bjs 


Resposta do autor:

Camila voltando a ser fofa :DDDD. Interessante ler que você percebe cada atitude das situações. Muito bom.

É, pareceu que a Laura não estava nem ai, mas ela guardou para ela toda a chateação. Vamos ver se ela vai acordar.

Calma, que ainda falta alguma coisa para o encontro.

 

Beijos.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web