Camila

 

    - É hoje que chega o assistente de editor. Tomara que seja um boy magia maravilhoso para ser o colírio diários dos meus olhos.

    Gustavo arrastou a cadeira dele até a minha mesa apenas para dizer bobagens. É muito bom humor para uma pessoa só. Mas, no fundo, eu adoro. Só ele para me animar.

    - Bom dia para você também, Guga. Dormiu comigo?

    - Ai, bom dia. Desculpe-me, é que eu estou ansioso pelo novo funcionário.

    - Por que essa ansiedade?

    - Dizem que ele é maravilhoso. Uma menina da reportagem o viu e quase desmaiou.

    - Eu nem me lembrava que ele vai começar hoje. Tomara que seja legal.

    - Achei uma escolha rápida. Segunda-feira ele fez a entrevista e ontem já foi anunciado. Fiquei sabendo que ele veio de São Paulo, trabalhava como assistente de editor lá também, só que em um jornal impresso, o francês Le Monde.

    - Le Monde? - Lembrei-me da Laura. - Qual é o nome dele?

    - Só um minutinho, acho que a menina da reportagem me disse isso ontem por mensagem, deixe-me achar na conversa.

    Esperei algum tempo o Gustavo achar o tal nome e quando olhei para a porta confirmei o que eu não queria.

    - Sérgio -  murmurei em um tom que deu para o Gustavo ouvir.

    - Esse nome mesmo, Sérgio! Mas como você sab...

    Meus olhos estavam fixados nele e fez com que o Guga olhasse na direção dele também. Sérgio chegou junto com o editor-chefe e agora caminham para a área do café.

    - Você o conhece, Cah?

    Suspirei cansada. Agora a minha vida está interligada à Laura até no meu ambiente de trabalho.

    - Ele é o melhor amigo da Laura e o padrinho das meninas.

    - MENTIRA! - Gustavo gritou e para a nossa sorte poucas pessoas notaram.

    - Gustavo! Não grita!

    - Desculpa, amiga, mas é que... Camila, que mundo pequeno! Como assim o melhor amigo da Laura aqui? Logo aqui?

    - Eu também não consigo acreditar! Agora eu tenho a Laura enfiada na redação também.

    - Foi esse gato que ajudou Laura a levar Marina para longe? Ele que viveu com a Laura esse tempo todo?

    - Para de chamá-lo assim. E sim, foi ele que ajudou a Laura.

    - Camila, e agora?

    Olhei mais uma vez na direção da copa e respondi:

    - E agora ou eu me demito ou eu fico aqui aguentando olhar para um dos culpados de ter mantido a Marina longe de mim.

    - Se demitir? Está louca? Nunca! Não vou permitir que você faça isso e nem ninguém vai aceitar a sua demissão. Você terá que conversar com o gat... Sérgio. Entender o que aconteceu, saber a versão dele. Agora ele é um dos nossos colegas de trabalho e vai trabalhar diretamente com você, meu bem. Mantenha a postura, faça a sua melhor cara de diva, sorria e receba o seu novo colega de trabalho.

    Não deu tempo de responder. Vi que Francisco, o editor-chefe, e o Sérgio vinham na minha direção. Sérgio desmanchou o sorriso que ostentava assim que me viu. Ele não sabia que trabalharia comigo então.

    - Sérgio, essa é a Camila, nossa editora-adjunta. Camila, esse é o Sérgio, meu novo assistente.

    - Já nos conhecemos, Chico. Em um passado, não tão distante, ele até frequentava a minha casa.

    - Ora, mas que coincidência! Então vocês podem retomar a amizade de vocês, imagino que o tempo que o Sérgio morou em Paris e depois São Paulo tenha afastado vocês.

    - Ah sim, o tempo nos afastou. Tudo bem, Sérgio?

    Sérgio pareceu ter saído do transe e entrou no meu jogo.

    - Tudo bem, Camila. Como tem passado?

    - Tenho passado muito bem, obrigada. Aliás, muito melhor agora com a minha família completa.

    - Bem, já que vocês dispensam apresentações, vamos já ao trabalho. Espero vocês em 5 minutos na sala de reunião;

    Francisco saiu alegre como sempre e nem pareceu perceber o climão.

    - O que você está fazendo aqui, seu cretino? Não basta...

    - Quando eu aceitei o emprego, nem me passou pela cabeça que você ainda trabalhava aqui, Camila. Eu juro. Se eu soubesse, não teria aceitado...

    Assim como ele me interrompeu, dei o troco.

    - Como eu estava dizendo - ele olhou para mim hesitante - não basta para você tudo o que passei? Com que direito você ainda tem coragem de olhar na minha cara? Pode ficar com esse maldito emprego, eu estou fora. Fora, entendeu? Não quero olhar para a sua cara todos os dias. Por mais profissional que eu seja, não vou conseguir não misturar as coisas.

    - Não precisa se demitir, Camila. Depois da reunião eu vou falar que não posso mais ficar no cargo. Eu aceitei sem pensar.

    Não dissemos mais nada e o levei até a sala de reunião.

 

...

 

    Mais tarde, depois de finalizado mais um dia de trabalho, eu subi para a área verde, que fica no topo da emissora. É um lugar tranquilo, quase nunca frequentado por causa da correria da profissão.

    - Caramba, que lugar bonito!

    Ouvi a voz do Sérgio que parecia nervoso ao tentar amenizar a situação falando do quanto o lugar é bonito. Ficamos nos encarando por um bocado de tempo. No automático, sentamo-nos em um banco e esfreguei minhas mãos uma na outra antes de ir direto ao ponto:

    - Por quê? Por que ajudar a Laura? Por que você fez isso comigo, Sérgio?

    Ele olhou nos meus olhos e não desviou quando meus olhos se encheram de lágrimas.

    - Desculpa, Camila. Perdão. Eu errei. Nossa, como eu errei. Eu acho que fui pior que a Laura.

    - Sim, você foi. Você esteve comigo cinco vezes durante esse tempo e não me disse nada. Meus Deus, Sérgio, por quê?

    - São coisas que a gente faz por alguém que... pelos melhores amigos. Eu nunca tive coragem de olhar nos seus olhos como eu estou olhando agora, justamente porque eu mentia quando perguntava se você tinha notícias da Laura. Eu tinha que mentir, disfarçar, aquilo doía muito. Acredite em mim.

    - Sérgio, você poderia ter mudado toda essa situação. Você deveria ter contado que estava com a Laura e com a Marina.

    - Teria sido diferente? Você teria perdoado a Laura e vocês estariam juntas?

    - Não. Eu não sei, na verdade. Mas teria nos poupados de todo o sofrimento.

    - Sabe, Camila, vai parecer estranho o que vou dizer, mas toda vez eu pensava em acabar logo com o jogo de esconde-esconde, eu via a Laura feliz com a Marina e dava um passo para trás. Eu acho sim que a Marina poderia ser tão feliz aqui com vocês quanto ela foi em Paris com a Laura. Mas a Laura morria de medo de voltar e acontecer isso que está acontecendo agora. Eu quis adiar o sofrimento dela por algum tempo e consegui. Ela está sofrendo, Camila.

    - Não mais do que eu sofri.

    - Está sofrendo como você sofreu.

    Aquela conversa estava indo para um rumo que não planejei. É melhor encerrá-la com o que está preso na minha garganta há anos:

    - Até as pedras desta cidade sabe no fundo porque você fez o que fez. Você, assim como a Laura, é covarde. Você morre de medo de ouvi da boca dela a verdade se um dia você contar o que sente.

    - O que eu sinto ou deixo de sentir é um problema meu.

    - São o quê? Mais de vinte anos vivendo de migalhas? Mais de vinte anos preso a uma utopia.

    - Você me desculpa?

    Olhei para a paisagem do mar ao fundo e voltei meu olhar para o Sérgio.

    - Sim e não. Eu estou cansada de tudo isso, sabe? Das pessoas me pedindo desculpas. Acho que para eu seguir com a minha vida, tenho que enterrar algumas coisas e uma dessas coisas é você. Sei bem como a Laura consegue ser manipuladora, você gosta dela e fez o que um completo idiota cego faria.

    - Não fala assim da Laura, ela não é manip...

    - Sérgio, por favor, não vamos falar da Laura. Um dia você vai se tocar que estragou a sua vida também por nada. Eu sentia raiva, mas te olhando agora... tenho pena porque nunca receberá nada da Laura. Nada. Vamos deixar o passado no passado e seguir.

    - Está certo, Camila. Passado é passado. Além disso, não precisa se preocupar, eu não vou trabalhar aqui.

    - Se isso for te prejudicar, eu posso engolir você por aqui.

    - Não se preocupe, nem eu consigo trabalhar aqui. Deixei uma oferta em aberto e não vou ficar no prejuízo. Até breve, Camila.

    - Queria poder dizer até nunca mais. Mas também temos o laço com a Diana e a Marina, talvez nos encontremos em alguma festinha dela ao longo da vida.

    Sérgio levantou-se, caminhou mais alguns centímetros, hesitou, mas não voltou. Eu, ele, a Laura e a Vero fazíamos um bom quarteto. Foram bons e inesquecíveis momentos juntos. Eu espero que um dia ele pague por tudo que fez. O mundo gira.

 

 

Laura

 

    Como é bom poder andar, mesmo com a ajuda dessa muleta e ainda bem devagar. Com minha rápida recuperação o médico disse que poderei andar normalmente em menos de 3 semanas. Quero voltar a rotina de sempre. Quero um trabalho e quero poder passear com as minhas filhas. Para isso faço fisioterapia todos os dias.

    Todo mundo saiu de casa e o tédio me acompanha agora. Meu irmão Bento está em uma rotina intensa de estudos para a segunda fase do vestibular, então vivia nos cursinhos preparatórios. Já a Lívia está a todo vapor nos exames finais. Meus pais no trabalho, assim como a Patrícia que voltou semana passada para o trabalho normal. Resolvi ligar para ela.

    - Oi, amor - Patrícia atendeu no quinto toque.

    - Tédio.

    - Ontem eu cheguei mais cedo em casa, mas hoje eu tenho uma reunião no final da tarde e não posso sair do escritório para tirar o seu tédio.

    - Eu preciso de um emprego. Você não está precisando de uma jornalista? Uma assistente talvez? Posso fazer assessoria da sua empresa. Só preciso me atualizar... Pensando bem, não é uma boa ideia, as coisas podem ter mudado desde a faculdade e eu nunca prestei muita atenção nessa aula.

    - Laura... Laura...

    - Estou te atrapalhando, não é? Mas é que eu queria falar com alguém, o fisioterapeuta só chega no final da tarde.

    - Amor, eu estava falando com uma mulher que é dona de uma editora de livros.

    - Que legal! Você poderia conseguir uns livros para mim, todos que tem aqui eu já li. Seria bacana para passar o tempo.

    - Não, Laura. Eu tenho uma ideia melhor: escreva um livro!

    - O quê?

    Comecei a dar risada.

    - É sério, meu amor. Você escreve muito bem, tem um talento incrível de verdade. Lembra aquelas poesias que você me mostrou? Não, na verdade eu vi seus cadernos sem querer. Mas, amor, elas são lindas. Por que não um livro de poesias? Posso te passar o contato dela.

    - As minhas poesias são tão pessoais.

    - Então um livro sobre as suas investigações. São inúmeras e ainda pelo mundo. Nossa, seria incrível você contar tantas coisas.

    - Estou começando a gostar dessa ideia.

    - É uma ótima ideia. Eu ainda acho que suas poesias poderão gerar um belo livro.

    - Esquece as poesias, eu adorei a ideia de contar minhas aventuras. Caramba, eu te amo Patrícia!

    - Eu também te amo, Laura. É bom ouvir sua voz empolgada. Quer que eu fale com ela?

    - Não, ainda não. Eu preciso escrever pelo menos um pouco para poder chegar com alguma ideia para ela. Vou desligar que minha cabeça já está fervilhando, beijos.

    Desliguei assim que ela terminou de se despedir e já peguei o meu notebook para começar a escrever. A minha primeira história será do prefeito que atentou contra a minha vida. Vai ser bom exorcizar os demônios que eu carrego daquela época.

 

...

 

    Eu estava escrevendo freneticamente quando ouço batidas na porta.

    - Posso entrar, ma cherie?

    - Sérgio!

    Fechei a tela do meu notebook enquanto o Sérgio entrava no meu quarto para em seguida me cumprimentar com um beijo estalado no rosto.

    - Como você está? - Sérgio se sentou na minha cama.

    - Eu estou muito bem e você?

    - Estou muito bem também. Está com uma carinha boa, aconteceu alguma coisa?

    - Você não vai acreditar! A Patrícia me deu uma ideia espetacular.

    - Que ideia, Laura?

    - Eu vou escrever um livro!

    Sérgio abriu a boca e em seguida mostrou o seu mais belo sorriso.

    - Genial! Quero o segundo exemplar, já que o primeiro com certeza será para a Patrícia.

    - Fechado! Se alguma editora aceitar, vamos com calma.

    - Até parece, Laura. Esse livro será um sucesso. Sobre o que você vai escrever?

    - Esse será sobre a minha primeira investigação sozinha, do prefeito Vitor Amaral.

    - Uou! Forte, muito forte.

    - Se tiver uma boa aceitação, talvez eu faça uma coleção. Por exemplo, o próximo eu posso falar daquele ministro da economia da França. Depois, outras investigações internacionais, dos membros da ONU. Até chegar ao último, o candidato à presidência da Argentina.

    - Eu quero todos com autógrafos e dedicatória exclusiva. Mas então você terá que, finalmente, revelar quem era a "LND" que o mundo se perguntava. Todos sabem que a "Laura Neves Dopollus" sofreu um atentado, mas não que é a famosa "LND".

    - Está mais que na hora de fazer a grande revelação, você sabe meu real motivo, agora não tenho que me esconder de ninguém.

    - Será o melhor dia dos últimos séculos. Você sabe que tem até discussões na internet para saber a identidade? Muitos apostam que você é um homem. O mundo ficará chocado.

    - Os machistas de plantão vão ficar decepcionados com o poder de uma mulher.

    Demos risada juntos. Com certeza será um grande dia.

    - Mas, anda, me conta do trabalho. Seu primeiro dia, não?

    - Então, vim correndo te contar uma coisa.

    - Pois diga, estou curiosa.

    - A vaga de trabalho era para o Jornal da Manhã.

    Demorei apenas alguns segundos e arregalei os olhos quando caiu a ficha. Jornal da Manhã é igual a Camila.

    - Você está trabalhando com a Camila? Com a Camila?

    - Exatamente. Era um trabalho diretamente ainda, ela é a editora-adjunta.

    - Sérgio! Que mundo minúsculo. Tudo bem que estão na mesma emissora, mas nunca pensei que trabalhariam juntos. Como foi o encontro?

    - No começa eu fiquei chocado em revê-la. Acho que fiquei com cara de idiota por algum tempo. O Chico, que é o Editor-Chefe nos apresentou e a Camila se saiu muito bem, não mentiu em nenhum momento que já nos conhecíamos. Mas depois eu percebi que não teria clima para trabalharmos juntos. Eu pedi demissão.

   - Pediu demissão? Como assim pediu demissão? Seria estranho no começo, mas vocês são profissionais.

    - Bem, eu já causei muito dano na vida dela. Seria crueldade da minha parte impor a minha presença.

    - Mas a culpa disso tudo foi minha. Você não pode pagar por um erro meu. Eu não posso destruir a vida do meu melhor amigo.

    - Eu destruí a sua vida, minha querida.

    - Não é a primeira vez que você fala isso. Vai me explicar de uma vez o que essa frase quer dizer?

    - É só uma frase, minha querida. Mas de qualquer maneira, tenho minha parcela de culpa. E não se preocupe, já tenho outro emprego.

    - Certo. Vai ser até melhor assim, vai que ela começa a achar que é perseguição.

    - Eu conversei com ela na hora do almoço.

    Fiquei esperando o Sérgio continuar e ele ficou com um sorriso do nada.

    - E ai, idiota? O que ela disse?

    - Ela meio que me desculpou. Disse que enterrou o que eu fiz e que quer deixar o passado no passado.

    - O QUÊ?

    Por essa eu não esperava.

    - Ela quis saber os meus motivos e depois ponderou sobre as minhas atitudes. Fez isso também pelas meninas, é claro. Não sei, a Camila sempre teve um coração de ouro, não é verdade? Acho que isso ajudou.

    - Ela desculpa todo mundo, menos... eu.

    - Dê um tempo para ela. Acho que em um próximo encontro ela te perdoa.

    - Não sou tão confiante. Ela jamais me perdoará.

    - Como pode ter tanta certeza?

    - Você não reparou uma coisa? Eu sofri um atentado, Sérgio. Quase morri e a Camila não veio me visitar até hoje. Passei meses no hospital e nada. Um dia ela levou as meninas e ficou do lado de fora. Eu a perdi para sempre, para sempre.

    Eu não sei se foram as lágrimas rolando pelo meu rosto ou se caiu a ficha do Sérgio o quanto a Camila me odiava, mas o silêncio entre nós dois gritava alguma coisa.

    Chorei mais um pouco o que estava guardando há dias. Recebi um abraço afetuoso do meu amigo que acompanhou nos últimos anos essa mesma dor que eu estou sentindo.

    - Escute o meu conselho: dê um tempo para ela. Eu tenho certeza, algo dentro de mim diz que ela vai te perdoar.

    Resolvi não rebater, quero acreditar no que ele diz.

    - Ela está linda, não está?

    Ele sorriu e soltou uma risada abafada balançando a cabeça em sinal de reprovação.

    - Ela sempre foi e está ainda mais agora.

    - Eu sei, ontem eu pesquisei umas fotos dela e acabei assistindo alguns vídeos do jornal. Meu Deus, como ela é perfeita.

    - O tempo só fez bem a ela.

    - Será que ela tem alguém? Vi várias fotos e nenhuma ela tem algum anel. Também pesquisei foto dela com outras mulheres e não encontrei. Não é possível que ela não esteja com outra sendo tão bonita assim.

    - Laura, Laura... Que diferença faz se ela tem ou não alguém? Você tem a Patrícia e mais do que isso, moram juntas agora, estão casadas!

    - É, você tem razão. É só curiosidade. Sei lá, queria saber se ela encontrou alguém assim como eu encontrei a Patrícia.

    - Você pode ser sincera comigo, Laura. Somos um confidente do outro.

    - Você sabe que aqui dentro está tudo confuso.

    - Ainda gosta dela?

    - Você sabe que sim - respondi contrariada, como se estivesse falando a coisa mais óbvia do mundo. - Sabe que eu vou amá-la para sempre. A Patrícia tem me ganhado,  aprendi a amá-la. Mas amor, amor de verdade mesmo, só sinto pela Camila.

    - Eu poderia falar para você correr atrás dela, mas as coisas são realmente complicadas. Eu não entendo esse amor que você sente por ela. Juro que te entendo em muitas coisas, mas você abriu mão dela anos atrás e não teve coragem em nenhum momento de voltar. Você ama a Camila, mas teve medo de amá-la...

    Interrompi e senti que estava em um dejávu.

    - De novo essa conversa? Já tivemos ela em Paris e você já sabe o resultado.

    - Uma briga feia porque você é uma cabeça dura!

    - E você quer continuar com essa teoria do medo?

    - Tudo bem, Laura, você quem sabe. Só não me peça para compartilhar mais uma loucura com você. Eu também estou cansado de tudo.

    - Pode ficar tranquilo.

    - Me promete que não vai fazer nenhuma burrada? Nem com a Camila, nem com a Patrícia?

    - Não tenho como fazer uma burrada maior do que já fiz. Estou aqui para consertar as coisas e te quero sempre ao meu lado. Você é e para sempre será o meu melhor amigo, meu irmão de alma e meu ombro amigo.

    - Sim, Laura. Eu para sempre serei o seu amigo. Eu sei disso.

 

Fim do capítulo