Maktub por Dayramazotti
Capítulo 23
LAURA:
Fazia meses que Ana havia partido e mesmo assim não a tirava do pensamento, estava agora no oitavo mês de gestação, Henrique se mostrava uma excelente pessoa, sempre prestativo e paciente comigo. Atendia todas as minhas vontades loucas de gravida. Havíamos nos casado em uma cerimonia feita em sua fazenda com dezenas de convidados, foi uma festa enorme e muito bonita. Mamãe estava radiante, pois conseguira com que me casasse com um homem rico, eu, no entanto não poderia dizer o mesmo, afinal meu amor estava a milhas de distância, e talvez nunca mais a veria.
Sempre que possível fazia visitas à senhora Estela, e por ela me informava sobre como estava Ana, Logo ela se formaria e começaria seu tão sonhado mestrado, e tudo isso me faz refletir sobre as escolhas erradas em que fazemos na vida, pois poderíamos estar juntas agora. Talvez aqui ou em Londres, todavia, nossos caminhos tomaram rumos muito diferentes, mas eu não perco a esperança de que um dia eu seja perdoada, pois o amor que sinto por ela ainda grita em meu peito.
Dona Estela é a única pessoa com a qual posso desabafar, ela sabe toda a tristeza que carrego desde o dia em que Ana se foi, ela tem sido meu ponto de apoio, e passamos horas conversando. Ela me incentiva a voltar para a faculdade e terminar meu curso, e estou pensando seriamente nisso, assim que minha bebe estiver maior, vou voltar a estudar e seguir com minha carreira.
O fim da gestação foi algo muito difícil, tinha dificuldades para caminhar e mamãe passou uns dias em casa ao meu auxilio, Devido a um sangramento, o medico orientou-me a fazer repouso absoluto, e isso era um horror. Dormia mal, e minhas costas doíam o dia todo, e eu já estava ansiosa em ver o rostinho da minha filha. Uma noite dessas acordei toda molhada, achando que tinha feito xixi na cama. Chamei Henrique e ele correu para o quarto de mamãe, ela se apavorou na hora dizendo que minha bolsa havia se rompido e a partir dai foi uma correria total. Henrique ajudou mamãe a me colocar no banco de trás do carro e partimos apressados para o hospital, e em menos de meia hora já estava entrando na sala de cirurgia para um parto de emergência. Fui sedada e não vi mais nada, minha pressão arterial estava muito alta e no meio daquela confusão toda tive a impressão de ter visto Ana em meio às pessoas, ou estava somente delirando. Acordei já em outra sala, a enfermeira ao notar isso chamou mamãe, esta veio com uma expressão esquisita em seu rosto. Meu corpo todo se retraiu, e pensei ter perdido meu bebê.
- Onde está minha filha, mamãe? - Perguntei aflita.
- Ela está na incubadora filha, como nasceu de oito meses precisa ficar um tempinho lá. Ela é linda, se parece com você.
- E quando posso vê-la?
- Logo, você precisa descansar, teve uma parada cardíaca, achei que a perderia. - Caiu no choro.
- Calma mamãe estou aqui e estou bem. - Ela me abraçou e assim ficamos um tempo até que ela se manifestou novamente.
- Você chamava por Ana, e antes da parada, você pediu para ela não te deixar. Não imaginava que sentia tanta falta dela assim filha. - Não soube o que dizer, somente balancei a cabeça em tom de afirmação.
- Gostaria que ela estivesse comigo agora mamãe, mas infelizmente não é possível.
- Quem sabe você não vai fazer uma visita a ela, saia em lua-de-mel com Henrique. Londres é um lugar muito bonito minha filha.
Mamãe e suas ideias, ficamos conversando até que um tempo depois Henrique entrou, estava com o rosto cansado, me deu um beijo e sentou-se ao meu lado permanecendo ali por um longo tempo. Eu queria ver minha bebe, mas precisava me recupera um pouco mais para ter forças e ir ate onde ela estava, e isso só foi possível na manhã seguinte. E ao ver seu rostinho lindo, chorei como uma criança. A amaria eternamente, e não tive dúvidas sobre o seu nome, a chamaria de Ana Clara.
Fiquei quase uma semana internada, eu havia recebido alto, mas minha filha não. Ela estava se recuperando e ganhando peso rapidamente, e duas semanas depois saímos do hospital. Ela era a minha razão de ainda estar nesse mundo, evitava ao máximo as investidas de Henrique sempre alegando indisposição, ou que minha cabeça doía, ele reclamava e às vezes era um pouco rude, já não me tratava tão bem, mas não me importava tanto, afinal casei-me contra minha vontade e não era feliz, mas perante a sociedade, éramos um casal perfeito. Mal sabiam eles o que se passava dentro de casa...
ANA:
Meu celular despertou e eu queria ficar na cama, porem o dever me chamava e eu precisava me arrumar, caso contrário me atrasaria. Levantei tentando ao máximo não acordar Harriet, ela dormia feito pedra e nem percebeu quando sai do quarto. Fiz um café reforçado e em pouco tempo estava pronta para o trabalho. Fui me despedir e ela estava dormindo de bruços, com seu bum bum a mostra. Dei um beijo em seu rosto e deixei um bilhete sobre o criado mudo.
Um tempo depois estava em frente a aquela casa suntuosa. Toquei a companhia e desta vez quem atendeu foi Sophie, e sobe antes mesmo dela abrir a porta, pois seu perfume invadiu minhas narinas. Ela estava ainda mais linda do que me lembrava, usava um vestido em tons suaves com detalhes em verde, o que realçava a cor de seus olhos, seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, deixando seu ombro nu a mostra, revelando a delicadeza daquela pele. Não sei quanto tempo ficamos nos olhando, até que ouvimos passos descendo as escadas nos tirando do transe em que estávamos ela deu um passo para o lado dando passagem para que eu entrasse em sua casa, mas ao fazer isso fiz questão de esbarrar nela.
- Bom dia minha querida, Bran já desce. Hoje ele está terrível. - Disse a senhora Margareth.
- Bom dia, tudo bem, já me acostumei a ele. A senhora acha ruim se o levasse ao parque para que ele ande de bicicleta e gaste um pouco de energia? - perguntei esperando sua resposta.
- Por mim tudo bem, o que você acha Sophie. – e nós duas olhamos para ela.
- Acho uma ótima ideia, posso ir também? - achei ainda melhor aquela ideia. - Vamos também mamãe?
- Ficarei em casa mesmo minhas crianças, divirtam-se.
O parque ficava a poucas quadras dali. Sophie estava calada e meio perdida em seu pensamento, já Bran era o seu oposto. Contou-me tudo o que havia feito no fim de semana, contou-me também que sua mãe ficava muitas vezes olhando pela janela com o olhar triste.
- Deve ser saudade de casa. - Falei enquanto ele fazia uma careta engraçada.
- Acho que mamãe precisa de um namorado. - Ele realmente era muito perspicaz.
- Ei vocês dois, eu estou aqui. – rimos dela e mudamos de assunto.
O passeio estava muito agradável, as vezes ela falava comigo, as vezes fechava-se em seu mundo, como se estivesse tentando fugir dos próprios pensamento. E sempre que nossos olhos se cruzavam, ela desviava o olhar, ou as vezes sorria e eu nunca a entendia. Sentamos em um banco enquanto Bran andava de um lado para o outro em sua bicicleta de super herói. Seu olhar para o filho era sempre doce, e de longe notava o quanto ela amava aquela criança.
- Então Ana, quando termina seu curso? - Perguntou ela.
- No fim desse ano, e começarei um mestrado no ano seguinte. Ganhei uma bolsa de estudos.
- Isso é muito bom, então você deixou sua família no Brasil e mora sozinha aqui?
- Sim, falo com meus pais todos os dias, sinto muita falta deles. Mas é preciso e eles me apoiam sempre.
- E o que seu namorado achou disso ou ele veio com você? - perguntou ela e lembrei-me de Laura.
- Não tinha namorado. - respondi e me dei conta de que aquela era a primeira vez que conversávamos mais intimamente.
- E namorada? - confesso que essa pergunta me pegou de surpresa, mas resolvi não mentir.
- Terminamos um pouco antes da minha vinda para cá, ela me traiu. Hoje estou sozinha e tento ao máximo não me envolver.
- Sinto muito, traição é algo muito complicado. E você a amava?- ela estava entrando em um terreno no qual eu não gostava muito.
- A amei muito, mas enfim já é passado. E você tem alguém em sua vida? - perguntei sem citar gênero algum.
- Hoje não mais. - limitou-se a dizer apenas isso, e entendi que assim como eu, ela não queria tocar nesse assunto.
- Vamos chamar o Bran que já está quase na hora do almoço. - levantei-me indo em direção ao menino que estava logo a frente.
Assim fomos para casa caladas. O dia correu normalmente, e as quatro e meia estava abrindo a porta do meu apartamento. Não havia sinal de Harriet, apenas um bilhete que dizia:
“Ligo para você mais tarde, e não pense que seu ato saiu sem ser percebido, beijos...
Harriet”
Ri desse bilhete, não resisti em vê-la daquela maneira e passei a mão em seu bum bum, mas achei que ela estava dormindo profundamente, ainda rindo fui para o banho. Deitei em minha cama, pensando em como a vida era engraçada. Fiquei com Harriet mais de uma vez, porém sentia apenas um carinho por ela, para mim era uma lance mais carnal, pois não posso negar o quanto ela era uma bela mulher. Minha barriga roncou reclamando de fome e como estava com preguiça de cozinhar, peguei o celular e disquei para um restaurante de comida mexicana. Encomendei o que comer, liguei a TV e esperei minha entrega chegar. Pouco tempo depois, meu interfone tocou, achei estranho, pois eles costumavam demorar um pouco mais. Quase cai para trás quando ouvi a voz do outro lado do interfone.
- Oi Ana, é a Sophie posso subir? - fiquei apreensiva e ao mesmo tempo curiosa em saber o que aquela mulher queria em minha casa uma hora daquelas da noite.
Fim do capítulo
Quero desejar um otimo fim de semanas a todas... Tenham uma boa leitura.
Beijos, Day.
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