Cheguei no horário combinado, eu tinha algumas olheiras da noite mal dormida, mas não me importei. Afinal foi uma noite maravilhosa, Harriet era doce, carinhosa, porém meu coração não batia forte por ela e de maneira nenhuma queria magoá-la. Balancei a cabeça jogando para longe esses pensamentos e toquei a companhia, ouvi passos e logo a porta se abriu.

-        Bom dia, Ana. Entre, Sophie já desce com Brandon. - era a senhora Margareth.

-        Bom dia, tudo bem. Eu espero. - fiquei ali parada aguardando.

-        Já tomou café da manha, menina? - perguntou ela.

-        Comi algo em casa.

-        Se quiser tomar café com a gente amanhã, será bem vinda. Ela de fato era uma senhora muito gentil.

-        Obrigada. - e Brandon desceu correndo as escadas gritando por sua avó. Ela o repreendeu delicadamente e ele olhou para mim.

-        Oi. - disse envergonhado.

-        Essa é Ana, sua nova babá. Ela ficará com você até suas férias terminarem. – falou para o rapazinho a minha frente.

-        Oi, prazer.  -  estendi minha mão para ele.

-        Essa é Sophie, minha filha. – virei m eu rosto em sua direção e quando nossos olhos se encontraram o tempo pareceu sumir e eu fiquei ali parada, hipnotizada sem saber o que fazer. Ela desviou o olhar parecendo estar tão desnorteada quanto eu.

-        Muito prazer. - estendi a mão para cumprimenta-la ainda meio perdida.

-        O prazer é meu, Ana. Mamãe falou-me muito bem de você, vamos que irei lhe explicar a rotina de Bran. – saiu apressada deixando o rastro do seu perfume pelo ar.

            Ela me colocou a par de tudo o que a criança fazia, falava comigo, mas não olhava em meus olhos. Bran era um menino incrível, inteligente e alegre, não dava trabalho nenhum, e assim o dia correu tranquilamente Sophie aparecia vinda não sei de onde, olhava para mim, mandava um beijo para seu filho e saia deixando seu cheio no ambiente. Quando deu quatro da tarde, fui dispensada. Estava exausta e tudo que queria era um banho quente e cama, tinha uma chave extra então pude subir sem ter que interfone para Harriet, mas ao chegar a minha casa, estava tudo calma e escuro. Não havia sinais dela lá. Entrei e vi um bilhete em cima da mesa:

            “Ana, achei melhor ir para casa, e colocar minha mente em ordem, apesar da noite maravilhosa que tivemos, sei o quanto ainda está machucada e que não quer se envolver, tentei ao máximo não ficar com você, mas resolvi arriscar e hoje não me arrependo. Quero que saiba que acima de tudo ainda sou sua amiga, se cuida... com amor...

                                                                                                          Harriet.”

            A noite passada de fato foi incrível, mas eu queria ser apenas amiga dela. Laura ainda estava enraizada em mim, e não seria justo com Harriet, ela merecia alguém que a amasse e que a cuidasse. E neste momento eu não era a pessoa certa para minha amiga e pelas suas palavras ela entedia isso.

            Encaminhei rumo ao banheiro e tomei um longo banho, vesti um pijama, dei uma ajeitada no apê, deitei em minha cama e liguei a TV, peguei no sono acordando somente no outro dia quando meu celular despertou. E assim havia sido minha rotina durante a semana, não havia ligado para Harriet, e ela também não me deu noticias, marcaria com ela de sairmos na minha folga. No trabalho tudo estava indo muito bem, Bran era uma criança adorável, e em pouco tempo havíamos desenvolvido uma conexão incrível. Sophie se mantinha mais distante, mas sempre que falava comigo era educada, porém raramente olhava em meus olhos. Descobri que ela havia tido Bran ainda muito jovem e hoje estava com 24 anos, somente três anos mais velha que eu, mas sua mãe me dissera que ela ocupava um alto cargo na empresa em que trabalhava, notava-se o quanto ela era uma mulher de fibra.

            Enfim chegou sábado e eu estaria de folga, peguei o telefone e liguei para Harriet, demorou um pouco e ela atendeu.  Pedi desculpas pelo sumiço alegando estar corrida no trabalho, ela pareceu entender e chamou-me para sairmos com as meninas. Acertamos os detalhes e as oito estava entrando no pub que tanto gostava. Elas já estavam a minha espera, cumprimentei todas e sentei-me ao lado de Harriet. Pedi uma cerveja e conversamos amenidades. Havia uma banda se apresentando e a guitarrista não tirava os olhos da mulher ao meu lado, Harriet percebendo isso começou a flertar com a tal garota, nós não estávamos em um relacionamento, e se ela quisesse ficar com a guitarrista, eu não iria me impor. Não julgaria traição e penso que se eu ficasse com outra pessoa que não ela, também não seria. Afinal éramos amigas acima de tudo.  Levantei e fui ao banheiro, e ela logo veio atrás de mim, entramos juntas e ela me puxou para dentro do reservado.

-        Estou esperando há tempos para isso. - avançou beijando-me até ficarmos sem folego.

-        Nossa tudo isso é saudade? - Perguntei apertando seu corpo contra o meu.

-        Só um pouco, hoje você está livre para mim? - Perguntou colocando a mãos por baixo da minha blusa e tocando meus seios por cima do sutiã.

-        Hoje sou sua, meu furacão, dorme comigo?

-        Por mim, já estaria sem seu apê. - Ri desse seu comentário e voltamos para a mesa em que estavam as meninas rindo de algo que não me recordo.

            Ficamos ali por mais algum tempo, ela já não dava mais moral para a guitarrista e eu passei meu braço por cima de sua cadeira, a garota não olhou mais. Rosaly que observava tudo calada se manifestou:

-        E ai vai contar para nós o que está acontecendo entre vocês duas? - falou olhando para mim.

-        A gente ficou um dia desses e estamos nos conhecendo melhor. - disse como se já não nos conhecêssemos o bastante.

-        Olha que noticia linda, sabe que torço muito por vocês. - tocou nossas mãos com carinho.

            Harriet ficou vermelha e eu ria da situação, ela cochichou em meu ouvido que queria ir para asa. Informamos as meninas que iriamos embora, ela pegou em minha mão e juntas saímos do bar. Chamei um taxi e um pouco tempo estávamos entrando em meu apê. Ela veio urgente para cima de mim e acabamos trans*ndo no sofá. Ela fazia jus ao apelido que dei. Fizemos amor pelo resto da noite até cairmos exaustas. Fiquei algum tempo olhando para Harriet que dormia profundamente, delicadamente puxei uma manta que sempre fica no sofá e nos cobri. Abracei-a por trás e dormi sentindo o calor de sua pele contra o meu corpo.

            Acordamos quase na hora do almoço, estava com preguiça de cozinha, Harriet sugeriu que almoçássemos fora e me levou em um restaurante onde pude provar iguarias incríveis.

            - Ainda tem espaço para sobremesa? – perguntou enquanto pagávamos a conta.

            - Sempre tem. – respondi sorrindo.

            Juntas fomos até uma doceira que ficava a algumas quadras dali. O passeio estava sendo maravilhoso, conforme andávamos pelas ruas, Harriet contava as curiosidades da sua terra natal. Passeamos por horas em meio aos parques e museus. Já era noite quando chegamos a minha casa, tomamos um banho demorado regado a muitas caricias, ao sairmos do banheiro reclamei de fome, pedimos uma pizza e terminamos o domingo assistindo a um filme antigo que passava na TV.

Fim do capítulo