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O Jardim dos Anjos por Vandinha

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Palavras: 4013
Acessos: 3299   |  Postado em: 23/08/2017

Capítulo 57

 

 

O JARDIM DOS ANJOS -- CAPÍTULO 57

 

Alisson continuava observando os amigos. Nunca se rebelaria contra Deus. Sua passagem pela terra foi maravilhosa. Conviveu com pessoas boas e...

Marcos passou por ela com uma pressa assustadora.

Com pessoas más, também. Porém, com tudo se aprende um pouco. Até mesmo com pessoas como Marcos Hernandes.

Alisson refletiu, por alguns instantes, sobre a saída intempestiva de Marcos.

-- Esse cara está aprontando alguma -- cruzou os braços, circulou pela recepção e se aproximou das portas de vitrais coloridos -- Não confio em você Marquito -- pensando bem, resolveu segui-lo.

Lá fora estava um Toyota Hilux preto esperando pelo pai de Lorraine. De longe Alisson viu que era uma mulher que estava ao volante.

Marcos saiu apressado, aproximou-se da porta do carona e abriu-a, fazendo uma saudação para a motorista, assim que entrou.

Alisson caminhou calmamente até o automóvel e parou diante dele. Inclinou-se para melhor enxergar os ocupantes.

-- Andras e Marcos, que bela dupla de demônios -- a loira entrou no automóvel sem a menor dificuldade. Sentou no banco de trás e ficou olhando para a frente, séria e atenta a conversa.

-- Aonde está a mulher? -- perguntou Andras.

-- Está vindo -- Marcos respondeu com a voz trêmula -- Olha ela lá.

Alisson virou a cabeça para olhar quem era e com o coração apertado, constatou que a menina embrulhada na manta era Priscila.

-- Entra logo! -- mandou Marcos -- Temos que sair daqui o mais rápido possível.

A mulher entrou com Priscila no colo. Com a agitação, a garota acordou e de imediato começou a chorar e chamar por Lorraine.

-- "Eu quelo a minha mãe! Eu quelo a minha mãe" -- estava inconsolável.

Alisson tentou tocá-la para confortá-la, mas suas mãos estavam atravessando ela. E, depois de brigar bastante consigo mesma, convenceu-se de que para conseguir tocar algo material, deveria concentrar-se e manter-se no controle de suas emoções.

Andras arrancou o carro e pisou no acelerador a fundo.

-- Eu quero a menina -- disse olhando para Marcos de forma ameaçadora, mas ele não se intimidou.

-- De jeito algum, a menina vai ficar comigo. Não vou cometer o mesmo erro duas vezes.

-- O combinado não foi esse -- Andras ia a toda velocidade, mas teve que pisar no freio porque chegaram a um semáforo -- O combinado foi que eu usaria a menina como isca para atrair Sara até mim. Depois, você ficaria com ela.

-- Que ser humano desprezível você se tornou, Andras! -- Alisson pensou, tristemente.

 

 

-- Roubaram minha filha! -- repetia Lorraine, quase enlouquecida de desespero.

-- O que aconteceu? -- os funcionários corriam de um lado para o outro, assustados, procurando por Priscila.

-- Talvez ela tenha saído da cama e esteja caminhando pelo hospital -- disse uma enfermeira.

-- Verdade! Vamos fazer uma varredura pelo prédio -- disse outra.

Uma senhora de meia idade que estava sentada em uma das poltronas da sala de espera, aproximou-se pedindo licença.

-- Eu vi uma moça saindo daqui com uma criança enrolada em uma manta, ela entrou em um Toyota Hilux preto que estava esperando por ela. Lembro-me muito bem, eu estava estacionando o meu carro na vaga ao lado.

-- Muito bom! Obrigado senhora -- o investigador retirou o celular do bolso -- Vou ligar para o departamento. Vamos começar as buscas.

-- Meu Deus! Roubaram a minha filha -- Lorraine jogou-se nos braços de Beca -- De novo não, meu Deus! Nós não merecemos isso.

-- Eu não sei como pode ser -- disse Agnes -- Os seguranças não costumam deixar qualquer pessoa passar pela recepção e entrar nos quartos com tanta facilidade.

-- Alguém entrou aqui, Agnes, e levou a minha filha. Mas, por quê? Por quê?

Minutos depois o investigador Pinto desligou o aparelho.

-- As câmeras de monitoramento da Polícia Federal localizaram o carro. Estão seguindo pela Br 101 -- o policial virou-se e revoltado não pôde evitar de dar um soco no balcão -- Eu vou acompanhar a perseguição.

Lorraine agarrou o policial com força pelos braços, chorando.

-- Eu vou com você.

-- Não é prudente -- ele disse, sério.

-- Por favor, vou enlouquecer se ficar aqui parada esperando -- Lorraine disse, aflita.

-- É melhor você ficar no hospital. Se for um sequestro, eles podem telefonar.

Lorraine estava na maior aflição.

-- Oh, eu não vou aguentar. Eu preciso ir junto.

-- Não foi sequestro -- disse o segurança -- Acabei de olhar as câmeras do hospital. Quem tirou a menina do quarto e entregou para a mulher foi o doutor Marcos Hernandes.

Por um longo momento Lorraine brigou consigo mesma, com os punhos cerrados de nervosismo; a raiva do pai e o medo, tomaram conta dela. Sabia do que ele era capaz. Com um gesto decidido encarou o policial, em seguida deu-lhe as costas e depois se voltou novamente.

-- Vamos! Está esperando o que?

 

 

Enquanto o carro deslizava loucamente pela rodovia, Andras e Marcos continuavam discutindo.

-- Não me interessa os seus motivos doentios -- disse Andras -- Só aceitei ficar do seu lado porque me prometeu entregar a Sara.

-- Não tive culpa se ela recusou a parte dela na herança. Pensei que com a oferta, ela voltaria correndo, mas não, teve a ousadia de dizer que o meu dinheiro é amaldiçoado.

Andras então olhou para ele e falou com aquele tom de voz carregada de cinismo:

-- Quanta injustiça, não é Marcos?

-- "Quelo minha mãe" -- Priscila voltou a chorar.

-- Cala a boca, sua anormal! -- Marcos berrou com ela.

Alisson não suportou, deixou cair algumas lágrimas. Levou a mão até Priscila e dessa vez conseguiu tocá-la.

-- Eu estou com você, pequena princesa -- disse com doçura passando a mão pelo seu rosto miudinho -- Não chora, não.

-- "Tô com medo" -- disse, ainda chorando -- "Quelo a mamãe".

Alisson olhou para os olhos dela e não tinha como errar, Priscila estava falando com ela mesmo! Mas como, se ela estava invisível?

-- Você consegue me enxergar?

-- "Oh Alis... Quelo a mamãe".

Alisson se lembrou que as crianças e alguns humanos adultos podem ver anjos em momentos especiais...

A mulher percebeu que a menina falava e gesticulava.

-- Com quem você está falando? -- perguntou, mas Priscila não respondeu.

-- As crianças falam sozinhas -- disse Marcos, de cara feia -- Criaturinhas esquisitas.

Andras olhou para Priscila pelo retrovisor.

-- Tem alguém com você? -- perguntou para ela -- Responde!

-- Diz para ela que não -- pediu Alisson.

-- Não! -- a menina respondeu -- "Po que, não queba a cala deles"? -- perguntou para Alisson.

-- Por que eu sou um anjo da guarda e anjos da guarda não saem por aí quebrando a cara das pessoas -- sorriu para ela.

-- "Deus te mandou só pala ficá olhando pá mim"?

Alisson ficou em silêncio. Responder o que? No fundo ela tinha razão, queria fazer muito mais que ficar olhando.

-- Posso pedir uma coisa? -- perguntou para a menina.

-- Pode -- ela respondeu feliz.

-- Fecha os olhos e pede para Deus nos ajudar. Mas pede com fé, amor, perseverança. Que com certeza ele atenderá.

-- Tá bom -- ela fechou os olhos e começou a pedir:

-- "Papai do céu, taz a minha Alis de volta...

-- Faz essa doente calar a boca -- Marcos pediu para a mulher.

-- Ela só está orando. Que mal tem isso?

-- Silêncio! -- pediu Andras.

-- O que foi? -- Marcos olhou para ela, assustado.

-- Sirenes de polícia.

-- Inferno! -- Marcos olhou para trás -- Mais rápido, mais rápido, porr*!

-- Joga a menina.

-- O que? -- Marcos perguntou incrédulo.

-- Abre a porta e joga ela para fora -- repetiu Andras - Com isso ganharemos tempo.

-- De que vocês estão falando? -- a mulher que segurava Priscila perguntou indignada -- O senhor disse que a menina estava correndo perigo e que entregaríamos para a mãe verdadeira -- ela inclinou-se para frente e colocou os braços ao redor do pescoço de Andras e apertou -- Vocês mentiram para mim, eu não vou deixar que matem a menina.

Alisson abriu o cinto de segurança que prendia a mulher, destravou a porta do carro e fechou os olhos.

-- Pai, se deu ao homem o livre arbítrio, porque também não daria aos anjos? Eu creio que fará o que for o melhor para nós.

O carro andava em zig zag pela rodovia totalmente sem controle.

-- Me solta... -- Andras gritava, tentando desvencilhar-se dos braços da mulher.

-- Vamos morrer... -- Marcos gritava, em pânico -- Pareee...

Alisson cobriu Priscila e a mulher com o corpo.

Andras jogou o carro para a lateral da rodovia e evitou o choque frontal com outro veículo, mas perdeu o domínio sobre o volante e o Hilux, capotou violentamente por várias vezes.

Ele foi rolando ribanceira a baixo até parar completamente, com as rodas para cima.

Por alguns segundos o silêncio reinou, até o carro explodir em chamas e labaredas de fogo que se espalharam por toda parte junto com os restos do automóvel.

Em pouco tempo, carros de polícia, bombeiros, ambulâncias e pessoas que passavam pelo local, se aglomeravam no meio da rodovia.

-- Afastem-se -- berrava o policial -- deixem os bombeiros trabalharem.

-- MINHA FILHA!!! -- Lorraine ouviu o som estridente da sua própria voz ao gritar desesperada.

-- Procure se acalmar, que...

-- NÃOOO... -- Para Lorraine, era impossível se acalmar -- MINHA FILHA!!!

Lagrimas brotaram nos olhos do investigador.

-- Sinto muito! Sinto muito, mesmo.

O bombeiro balançou a cabeça negativamente.

-- Não sobrou nada do carro.

Algum tempo depois, não haviam mais labaredas, apenas uma nuvem de fumaça negra, fúnebre, subia para o céu. Lorraine sentia que sua vida estava indo embora junto com aquela fumaça.

Um dos bombeiros dá um berro que chamou a atenção de todos!

-- Aqui... Olhem quem eu encontrei -- ele levantou a menina ao alto -- Alguém aí não acredita em milagres?

-- Mamãe! -- a menina estava com o rostinho sujo de fuligem.

Lorraine foi rolando ribanceira abaixo. Diante do desespero que estava passando, seria capaz de fazer qualquer coisa!

-- Minha filha! -- lágrimas de alegria rolavam pelo seu rosto -- Como você está? -- apalpou rapidamente o corpinho da menina.

-- Tô bem mamãe, mas a Alis tá lá.

-- Quem é a Alis? -- perguntou o bombeiro.

-- "Meu anjo da guada".

Os socorristas se entreolharam desconfiados.

-- Deve ter mais algum sobrevivente -- disse Lorraine, olhando em seguida, ansiosa, para o rosto do bombeiro.

Ele balançou a cabeça concordando e berrou para os companheiros:

-- Não vamos desistir pessoal! Continuem a procurar por sobreviventes.

 

 

Uma semana depois...

Sua mente parecia desligada, ouvia vozes, mas não conseguia entendê-las. Queria abrir os olhos, mas suas pálpebras estavam pesadas.

-- Senhorita.

Lá estava a mesma voz de novo a chamá-la. Por que não a deixava em paz? Queria continuar dormindo. Sua cabeça doía com o esforço em tentar abrir os olhos.

-- Moça, ei.

Droga! Além de chamar, agora a estava sacudindo.

-- O nome dela é Alis, mamãe. Chama ela de Alis.

-- Está bom -- Lorraine sorriu para a filha -- Vou chamar ela de Alis -- tocou com as pontas dos dedos no rosto da loira -- Alis, ei.

Alisson reconheceu a voz aveludada que tanto amava, incentivada pelo desejo desesperado de revê-la, concentrou toda a sua energia no ato de abrir os olhos.

-- Oh, Deus! Ela acordou! Está acordada! -- Lorraine comemorou beijando a filha que batia palminhas e dava pulinhos miudinhos.

-- ALISSS...

O grito estridente da menina doeu em seus ouvidos.

-- Aiiiiii... Não precisa gritar -- Alisson franziu a testa e olhou ao redor.

Cama branca. Paredes brancas. Tubos presos ao seu braço. Aquilo devia ser um hospital.

-- Olá! Eu sou a doutora Lorraine. Estou feliz por tê-la conosco finalmente - Seus olhos verdes brilhavam de felicidade por vê-la acordada -- Você esteve em coma por uma semana devido a um acidente de carro -- disse ela -- Por alguma razão, que ainda não sabemos explicar, você estava no local do acidente e retirou minha filha e outra pessoa do carro antes que ele explodisse. Contudo, bateu a cabeça com violência, e isso, sem dúvida contribuiu para o coma. Também fraturou três costelas, uma perna, um braço, e algumas escoriações pelo corpo.

-- Tudo isso? -- disse, sorrindo -- Que maravilha!

Lorraine não entendeu.

-- Está feliz pelos traumas ou por estar viva?

Alisson queria dizer que aquela era a melhor notícia de sua vida. Anjos não sentiam dor, não quebravam costelas. Seus olhos se encheram de lágrimas. Sabia que a partir de agora poderia sentir tudo aquilo que lhe era impedido de sentir como dor, sabores, sensações de prazer, êxtase, paixões e muitas outras coisas.

-- Algum problema? Está sentindo dor? -- perguntou a médica gentilmente.

Alisson umedeceu os lábios. Queria dizer que não estava sentindo dor, e sim, uma vontade louca de beijar aquela boca gostosa.

-- Estou com sede -- conseguiu balbuciar.

-- Vou pegar um copo de água para você -- disse Lorraine, saindo.

-- "Toce um pesente".

-- Que bom. Deixe-me ver.

Alisson abriu o embrulho.

-- "É um anzinho" -- disse a menina, orgulhosa.

-- Bem feiosinho esse anjinho, hein? -- Alisson fez uma careta -- Mesmo assim, obrigada -- ela sorriu e guardou o anjinho embaixo do travesseiro -- Vê se não se mete mais em confusão, garota. Já deve ter percebido que não sou mais um anjo.

-- "Eu sei. Disse pa Deus que eu quelia a minha Alis de volta".

-- Mesmo toda quebrada?

A menina sacudiu a cabeça.

-- "Cutei minha mãe dize pa titita Náda, que você é linda e um tezão. Que é tezão, Alis"?

Alisson foi salva por Lorraine que retornou com uma jarra com água.

-- Meu amor, a tia Beca perguntou se você não quer um milk shake?

-- Quelo!

-- Então corre lá. Ela está te esperando.

-- Ebaaaa...

Alisson e Lorraine ficaram observando a menina sair correndo porta afora e riram juntas.

-- A Priscila fala de você com tanto carinho, que chego a ter ciúmes -- confessou Lorraine.

-- Pois não tenha. Ela te ama muito e, nunca desistiu de você.

Lorraine franziu o senho.

-- Como pode saber?

-- Eu não sei, eu simplesmente sinto.

Lorraine não pareceu convencida, porém mudou de assunto.

-- Meu pai e sua amiga Andras, morreram no acidente. O carro explodiu antes que o socorro chegasse. Se você não tivesse aparecido... Minha Priscila também teria morrido.

-- Sinto muito -- Alisson disse, pesarosa.

As lembranças levaram lágrimas aos olhos de Lorraine, as quais escorreram pelo seu rosto. Apesar de tudo, Marcos era o seu pai.

-- Infelizmente eles procuraram por isso - secou as lágrimas com as mãos - Você conseguiu salvar a senhora também.

- Que bom! Fico feliz em ter ajudado.

Alisson pegou-lhe a mão e acariciou-a. Esse toque provocou em Lorraine uma certa sensação de déjà-vu. Ela fitou demoradamente o rosto da loira, os lindos olhos azuis, os cabelos de molinha.

-- Quem é você? -- perguntou, ainda fitando a loira com curiosidade.

-- Quem sou?

-- É, quem é você? -- ela tentou novamente.

-- Eu sou a sua alma gêmea, Lorraine. Ainda não percebeu? Sou sua companheira. Nenhuma outra mulher será tão importante para a sua alma, como eu.

Lorraine ficou assustada. Seu coração disparou.

-- Você é louca? -- pegou a bolsa de cima da cadeira. Estava confusa, queria fugir dali -- Nos conhecemos hoje e já está cheia de gracinhas para cima de mim?

Alisson sorriu do nervosismo dela.

-- Você não tem a impressão que em uma outra ocasião nós nos amamos?

Os seus olhares cruzaram-se e Lorraine ficou hipnotizada e sem fôlego. Era estranho, era como se tivesse encontrado sua outra metade.

-- Preciso ir embora!

Lorraine saiu em disparada e deixou Alisson cheia de dúvidas e incertezas

 

 

-- Depois de uma semana acampada no hospital, cuidando dessa loira insonsa, é isso que recebo em troca. Uma cantada de pedreiro. Aff.

-- Falando sozinha, mana? -- Felipe abraçou-a carinhosamente.

-- Estou indignada, isso sim. Aquela loira abusada me deu uma cantada.

-- A nossa heroína, acordou? Que maravilha! -- Felipe deu uma gargalhada -- Confessa que está caidinha pela gata.

Lorraine não respondeu, apenas sorriu.

-- Quem cala consente -- cantarolou.

-- É cedo demais para qualquer afirmação, acabamos de nos conhecer.

-- Tá bom! -- disse sorrindo.

 

 

Patricia tocou a campainha e ficou esperando Nádia abrir a porta. Aqueles poucos segundos de espera pareciam horas infinitas, de sofrimento. Se ela tocasse novamente a campainha e não obtivesse resposta, deixaria as malas diante da porta e fugiria correndo, para nunca mais voltar.

Antes que tocasse novamente, a porta se abriu.

-- Graças a Deus -- respirou fundo.

Nádia sorriu, seus cabelos estavam úmidos, como se tivesse acabado de tomar banho.

-- Entra -- a pediatra franziu a testa -- Pela sua cara, parece que está dando entrada no presídio.

Patricia entrou, atravessou o hall de entrada e parou na grande sala.

Houve novo silêncio, até que Nádia perguntou:

-- Algum problema? Você parece tensa.

Patricia suspirou e colocou a enorme mala no chão.

-- Estou nervosa, estou insegura, estou a ponto de sair correndo daqui.

Nádia segurou a mão de Patricia com carinho, e, sem desviar os olhos dos dela, disse-lhe:

-- Eu te amo tanto. Não sinta-se insegura, um dos motivos pelo qual eu te amo, é a segurança que você me traz. Agora nós vamos viver juntas e ser felizes para sempre.

-- Eu não mereço você, Nádia. Você é tão linda, tão perfeita.

-- Patricia, Patricia. Não precisamos ser perfeitas, mas sim felizes. Você me ama?

-- Mais que tudo nesse mundo.

-- É o que me basta. O resto é só consequência do amor.

Patricia procurou-lhe a boca que Nádia já lhe oferecia e beijaram-se apaixonadamente.

Nádia afastou-se dela e segurou-lhe as mãos.

-- Agora vem. Vamos juntar os trapos, juntar as escovas de dente, dividir os lençóis...

-- Essa é a melhor parte...

Patricia levantou Nádia no colo e, rindo como duas adolescentes apaixonadas, foram para o quarto.

 

Lorraine jogou-se no sofá preto de couro, livrou-se do sapato e colocou as pernas para cima.

-- Estou morta! -- reclamou.

-- Deve estar. Passou praticamente a semana inteira naquele hospital -- disse Lucia, sem olhar para ela.

-- "Mamãe tava cudando da Alis" -- Priscila sentou na pontinha do sofá com uma boneca na mão.

-- Hum, aí tem -- disse Lucia, com ironia.

-- A Alis gosta da mamãe.

De repente, Lorraine sentiu uma curiosidade gigantesca.

-- Ela falou alguma coisa sobre a mamãe?

-- Ela falou que a mamãe é a mulher mais linda do mundo.

Lorraine deu um sorrisinho de lado.

-- Verdade é? -- deu um pulo do sofá, animada com o elogio. Há muito tempo não sentia-se assim, como se tivesse o estômago cheio de borboletas -- Vou tomar um banho.

Lucia pegou na mão de Priscila.

-- E você garotinha vai fazer a mesma coisa, tomar banho, fazer um lanche e cama.

-- Quelo puta.

-- O que???

-- Cuca -- Lorraine berrou do quarto.

-- Ah, que susto!

-- "Lussa, o que é tezão?"

Lorraine sentou na cama e suspirou profundamente. Não conseguia mais deixar de pensar nela, fosse durante o dia, em meio a uma cirurgia ou à noite, sozinha no quarto. Era como se estivesse em um sonho maravilhoso. Ela é linda, parecia um anjo com aqueles cabelinhos encaracolados e os olhos azuis cheio de mistério e sedução.

-- Estou perdida -- Lorraine sentia seu coração bater desesperado -- Como pude me apaixonar dessa forma eloquente em tão pouco tempo?

 

 

Beca entrou no quarto segurando uma bandeja com medicações.

-- Bom dia, dona sem nome.

Alisson fez um trejeito com a boca.

-- Já disse que meu nome é Alisson.

-- Alisson de que? Precisamos do seu sobrenome para preencher a sua ficha -- disse Beca, injetando a medicação no soro.

-- Alisson... -- não sabia o que dizer -- Alisson...

-- Burnier.

Beca ouviu uma voz conhecida às suas costas. Virou-se para ver quem era e ficou surpresa.

-- Dona Helena?

-- Sim, eu mesma -- a médium aproximou-se de Alisson e a abraçou com cuidado -- Alisson é a minha sobrinha querida. Ela é médica pediatra.

-- Que coincidência incrível! Lorraine vai adorar a notícia -- Beca parou pensativa -- A senhora nunca comentou sobre ela.

-- Tia desnaturada! -- Alisson resmungou -- Aparece só depois de uma semana.

-- Fiquei sabendo só hoje -- Helena retrucou.

-- Bem, vou deixar vocês duas aí discutindo a relação, tenho mais o que fazer.

Alisson esperou Beca sair para então falar:

-- A senhora se lembra de mim?

-- Sim, eu me lembro. O que ouve? Da última vez que nós encontramos você estava em estado angelical.

-- Deus me concedeu o livre-arbítrio. Então escolhi voltar a ser humana.

-- Foi o que pensei -- Helena sorriu -- O seu amor por Lorraine e Priscila é puro demais para ser pecado. Deus sabe disso. E Andras?

-- Andras e Marcos foram levados para o Umbral. Foi muito triste, tia. Quanto sofrimento dos Espíritos culpados.

-- Infelizmente é necessário que esses Espíritos sintam a angústia do arrependimento mais intenso, por suas faltas cometidas -- sussurrou, acariciando-lhe a bochecha com a mão -- E você? Como está esse coraçãozinho?

-- Triste, tia. Lorraine quase me bateu quando disse que ela era a mulher da minha vida.

Helena deu uma gargalhada.

-- E com razão! Você exagerou, minha filha.

-- É que estou me sentindo tão sozinha, tão carente, tão quebrada. Preciso tanto dela.

-- Você vai ter que ir com calma, conquistá-la cada dia um pouquinho. Seja paciente.

-- E se acontecer comigo o que aconteceu com a Andras? -- perguntou com o rosto banhado em lágrimas -- E se ela não se interessar por mim, tia?

 

Lorraine não conseguiu dormir. Passou a noite toda acordada, olhando para o teto.

-- Droga! -- olhou-se rapidamente no espelho e percebeu que estava com olheiras -- Veja o que você está fazendo comigo, senhorita Alis!

Quando chegou a seu carro, jogou a bolsa no banco de trás, estava ansiosa, sentindo-se aflita. Sabia o motivo, parecia estar em abstinência dela.

-- Que loucura! -- enquanto dirigia consultou o relógio -- Já estou atrasada -- acelerou e em menos de vinte minutos, atravessava o hall de entrada do hospital.

-- Bom dia!

Lorraine levantou os olhos para encontrar o rosto alegre de Nádia.

-- Bom dia! Que felicidade é essa?

-- O amor, minha querida. O amor nos deixa assim.

Lorraine olhou para o elevador.

-- E a sua paciente preferida? Como está?

-- Está bem. Acordou ontem, do coma.

-- Então?

-- Então o que? -- Lorraine não entendeu.

-- Ainda não partiu para o ataque? -- Nádia se inclinou para ela com um brilho malicioso no olhar -- Minha irmã, não dê bobeira. Eu já ouvi umas quatro funcionários dizerem que estão a fim dela.

Lorraine arregalou os olhos.

-- O que? Aquela loira é minha, de mais ninguém -- disse irritada.

-- Então, o que está esperando? -- Nádia deu-lhe uma piscadela marota -- Corra atrás da sua felicidade.

-- Será?

-- Não perca a chance de ser feliz. Vá lá -- Nádia a empurrou de leve.

Em poucos minutos Lorraine estava parada diante da loira.

-- Olá, doutora Lorraine, o que faz aqui a essa hora? Veio...

Lorraine puxou-a pela gola do pijama e trouxe-a para perto.

-- Cala a boca, Alis -- seus olhos verdes estavam faiscando -- Cala a boca e me beija.

Foi um beijo gostoso, verdadeiro e cheio de amor. Daqueles de tirar o fôlego.

 

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 57 - Capítulo 57:
NovaAqui
NovaAqui

Em: 24/08/2017

Do choro ao riso com a mesma intensidade

Muito emocionante, Vandinha!

Gostei de Alisson ter voltado para elas ficarem juntas. Confesso que se Cidade dos Anjos tivesse esse final feliz, seria meu filme preferido. 

Uma pergunta: a menina que foi ajudada por Alis vai aparecer por aqui de novo?

Seus romances ajudam a desanuviar os pensamentos. Obrigada por ser instrumento de Deus e nos ajudar. 

           "Fora da Caridade não há salvação"

Abraços fraternos procês!

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