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A fortiori por Bastiat

Ver comentários: 8

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Palavras: 4368
Acessos: 8837   |  Postado em: 17/08/2017

Capítulo 27 - Rosas para mostrar que não te esqueci

 

--3 semanas depois--

 

Laura

 

    "Apenas mais um dia de hospital..." Foi o meu primeiro pensamento que tive ao acordar. O segundo foi lembrar do evento mais importante do dia: o aniversário da Camila. Chamei a enfermeira e perguntei pela Patrícia. Fui informada de que ela havia deixado um recado de que saiu, mas que tentaria voltar antes que eu acordasse.

    - Ótimo! - Falei meu pensamento em voz alta.

    - Posso trazer o seu café da manhã, senhora? - Perguntou a enfermeira que parecia cansada. Seu sorriso é bondoso, mas ela precisa de algumas horas de sono.

    Já fez duas semanas que eu estou comendo normalmente.

    - Pode, pode sim. Mas eu gostaria de um grande favor.

    - Sim senhora, se eu puder ajudá-la.

    - Você emprestaria o seu celular para que eu pudesse fazer uma ligação particular? Eu pago a ligação e quando estiver em posse do meu dinheiro prometo que não esquecerei desse favor.

    - Não se preocupe, senhora, o que nós enfermeiras mais fazemos é emprestar o celular para os pacientes. Muitos ligam para amantes, mas acredito que não seja o caso da senhora.

    - Oh não, é apenas uma ligação de negócios. É que a Patrícia vai demorar, acho que ela foi ver um apartamento para nós.

    A enfermeira não questionou mais, entregou o celular e saiu para buscar o meu café da manhã.

    No primeiro toque fui atendida, como sempre.

    - Floricultura Bela, bom dia!

    - Bom dia, gostaria de fazer um pedido. Vocês já sabem...

 

 

Camila

 

    Todo ano, nesta data, acordo feliz para a celebração de mais um ano de vida. Muitas pessoas, inclusive a minha irmã, reclamam que estão ficando velhas. Eu não! Cada ano que passa me sinto mais viva, com mais vontade de viver. Depois de apresentar o jornal da manhã e receber um café da manhã com bolo de aniversário, eu estou correndo para casa para poder comemorar o dia com as minhas princesas. Será o primeiro ano que a minha família estará completa. A Marina poderá me desejar um feliz aniversário como eu sempre sonhei.

    Cheguei em casa e dei de cara com uma verdadeira bagunça na minha cozinha. A pia está cheia de formas, farinha de trigo, copos, colher.

    - Mamãe!!! - Diana correu para os meus braços quando notou a minha presença.

    Marina não ficou atrás e também correu para um abraço. Já tinha virado hábito aquela recepção.

    - Parabéns para você, nesta data querida...

    Minha irmã acendeu a vela do bolo que estava sob a mesa e começou a canção para aniversariantes. Foi acompanhada pelas minhas pequenas que pulavam e batiam palmas empolgadas com toda agitação.

    Assim que apaguei a vela, peguei o isqueiro e acendi a mesma vela. Comecei a cantar os parabéns para Verônica, afinal o aniversário também é dela.

    - Parabéns para nós... - Abracei a Vero bem apertado quando acabou a música.

    - Parabéns para você primeiro que é a mais velha.

    - Idiota, apenas alguns minutos.

    Nos sentamos à mesa e comemos o bolo juntas. Eu não poderia estar mais contente. Estou ao lado da Marina prestigiando esse momento que perdemos por tantos anos. Eu fui privada de ter aquele sorriso e esse abraço de aniversário, uma coisa imperdoável.

    Agora isso tudo é passado. Nunca mais deixarei de passar um aniversário longe das minhas filhas e elas nunca mais deixarão de estarem juntas no meu. A vida finalmente segue o seu curso normal.

    - Camila, podemos ir à piscina? - Marina perguntou entusiasmada.

    - Claro minha, peixinha linda. Vão na frente que daqui a pouco vou brincar um pouco com vocês - me dirigi às duas filhas.

    - Sim, mamãe. No jantar te damos o presente...

    - Fica quita Diana, é segredo! - Marina disse nervosa.

    - Aí, merd*...

    - Ei, olha a boca! - Ralhei com o palavreado da Diana que estava se sentindo acuada com a bronca da irmã. - Não se preocupe, meu bem, saber que vou receber um presente é surpresa a mesma coisa. Mas já que é para revelar segredo: Vero, compre um presente para você.

    - Ah, se é assim... Comprei um presente para você também e te darei no jantar que encomendei para mais tarde - Verônica entrou na brincadeira.

    - Vocês estragaram tudo! - Marina resmungou chateada.

    Já tinha notado essa maneira indelicada dela de lidar com frustações. Ela com certeza ficaria chateada por mais alguns minutos ou horas e como eu também ainda não sabia domo lidar com suas frustações, deixava-a quieta e depois tentava conversar.

    Marina subiu e a Diana foi atrás. Talvez seja mais fácil elas se resolverem sozinhas. Para a minha alegria, elas estão bem unidas, como se se conhecessem desde sempre.

    Verônica e eu ficamos por um tempo comendo mais um pedaço de bolo para comemorar e relembrar outros aniversários. Principalmente aqueles da infância e adolescência. Relembramos também do nosso pai e da nossa mãe.

    Lembrar da mamãe é sempre doloroso. Ela morreu dois anos depois da minha separação da Laura. Mesmo muito doente, não deixava de me relembrar o quanto tinha avisado para não me casar com a Laura. Insistia também para eu tentar casar-me com um homem e dar um pai para a minha filha. Eu não tenho nenhuma mágoa, ela sempre foi e sempre será a minha mãe, com todos os seus defeitos. A perdoo sem a necessidade de ela pedir perdão.

    A campainha tocou distraindo a minha mente e a Verônica foi atender falando que dependesse de quem seria, teria que esconder o resto do bolo, já que ela só aceitava dividi-lo comigo e com suas sobrinhas.

    Minha irmã voltou com um lindo e enorme buquê de rosas vermelhas.

    - Parece que o misterioso ou a misteriosa não esqueceu do seu aniversário de novo, minha irmã.

    Nos últimos anos, no dia do meu aniversário, eu recebo um buquê de rosas vermelhas, as minhas preferida. Com apenas um cartão escrito alguma mensagem bonita e nada mais. Nem ao menos uma letra do nome.

    Peguei as rosas das mãos da minha irmã e cheirei. Seja lá quem manda, a pessoa sempre escolhe as mais bonitas e cheirosas.

    - Leia a mensagem deste ano, com certeza tem mais daquelas palavras doces e que nos deixam na curiosidade de saber quem é o admirador ou admiradora. Aposto que é uma mulher - Vero sorriu.

     Peguei o cartão e comecei a ler.

    "Camila,

    Finalmente eu tenho a chance de colocar o meu nome e acabar com essa agonia de não poder te desejar um feliz aniversário. Desde que nos separamos, há 8 anos, tenho enviado essas rosas vermelhas, que eu espero que ainda continue sendo as suas prediletas, com apenas uma mensagem. Meu desejo sempre foi te ligar. Meu desejo sempre foi pedir para a floricultura colocar o meu nome, mas nunca tive coragem. A primeira coisa que eu fazia às 7:00 em Paris era ligar na Floricultura Bela para pedir que fosse entregue às 14:00 na sua casa o buquê de rosas vermelhas mais lindas que eles tivessem. Sempre quis mostrar que nunca a esqueci. Não sei se você um dia desconfiou da identidade, se jogava-as fora ou se pelos menos cuidava para que ela durasse mais, mas espero que pelo menos esses anos tenha te arrancado um sorriso ao recebê-las.

    Para finalizar, gostaria de dizer que apesar de tudo... ainda sinto um carinho muito especial por você. Mais uma vez lhe peço perdão. Aproveite este novo ciclo que se inicia e vamos conversar, vamos colocar uma vírgula na nossa história. Não por mim, nem pelo que vivemos, mas pelas nossas meninas. A gente precisa conversar, Camila.

    Feliz aniversário.

    Com carinho,

    Laura.

    Obs.: Não sei se a Verônica te contou que saio amanhã do hospital. Então estarei disponível para uma conversa quando você achar melhor. Aguardo o seu contato. "

    Meu coração saltava, minhas pernas tremem assim como minhas mãos. A mão esquerda que segurava o buquê possui uma força descontrolável de tanto que apertava.

    - Cah? Camila, está tudo bem? Você está pálida.

    - Os buquês... Todos os buquês foram enviados pela Laura. Aquela idiota me enviava buquês de aniversários. Eu vou matar a Laura!

    - Ei! Ei! Calma. Calma, Camila. Respira, me explica essa história direito.

    Eu não expliquei, dei o cartão para a Verônica e fui na direção da lata de lixo com as rosas.

 

 

Verônica

 

    Li o cartão que Camila jogou nas minhas mãos e não acreditei no que estava escrito em cada linha. Eu não entendi nada. Por que a Laura enviava buquês? Por que a Laura foi embora afinal? A Laura ainda ama a minha irmã, é isso? Ela queria conversar? E a Patrícia nessa história? Tudo bem que a Laura não especificou que tipo de conversa que ela queria ter e que quer também pelas meninas. Mas é no mínimo inusitado essa história de buquê. Guardar tanto carinho e consideração assim, só pode ser amor.

    Será que a desconfiança de Patrícia acerca dos sentimentos da Laura tem algum fundamento? Aquela conversa que tivemos no jantar, aquela pergunta que ela fez na hora que estava partindo fazia algum sentido? "Você acha que ainda existe amor entre as duas, Verônica? ". Eu respondi pela minha irmã, ainda com dúvidas, pois Camila ainda é fechada para assuntos sobre Laura. Mas como eu poderia responder pela Laura? Depois dessa atitude acredito que ela pode ter sentimentos pela Camila sim.

    Esperei mais um pouco, até a minha irmã regular sua respiração e parecer mais calma.

    - Podemos conversar sobre isso? Quero ouvir o seu desabafo.

    - Não tenho nada para desabafar, Verônica.

    - Você tem, Camila. Sabe que tem muito o que falar. Não é possível que você fique indiferente a isso. Quero saber o que está sentindo. Quero que coloque para fora a surpresa que sentiu. Guardar rancor como faz há anos não adianta nada. Olha a situação a que ponto chegou: a Laura voltou, a Laura vai morar na nossa cidade, a Laura quer conviver com as filhas dela, a Laura te mandou flores no dia do seu aniversário, a Laura tem alguém, a Laura reconstruiu a vida dela, a Laura quer contato com você, a Laura...

    - Chega Verônica! Para de falar esse nome. Para de falar Laura, Laura, Laura!!! Laura morreu! A Laura que se vire com a culpa dela! Laura que viva com a mulher que escolheu. Laura que pode morar aqui, em Paris, em São Paulo, na puta que pariu. Eu não aguento mais! Eu não quero mais ouvir esse nome! Eu quero esquecer que a Laura existe. Que ela existiu na minha vida. Tenho esse direito porque eu fui a mais prejudicada da história. Todos parecem estar contra mim, não entendo. EU tenho o direito de reconstruir a minha vida. EU tenho o direito de não aceitar falar com ela. Sinceramente? Até hoje não sei como resolver a situação com as minhas filhas, mas sei que darei um jeito.

    Ela parou, passou as mãos pelos cabelos e prosseguiu:

    - Eu passo vinte e quatro horas por dia pensando em como não pensar na Laura. Lutando para fingir que não me preocupo com a situação dela no hospital. Eu me sinto aliviada toda vez que escuto sua voz no telefone e tudo aparenta estar muito bem. A partir de amanhã, quando ela tiver alta, poderei finalmente seguir com a minha vida. Tudo estará bem. Vai ficar tudo bem.

    - Vai mesmo, Camila? Vai ficar tudo bem? Você vai parar de pensar nela? - eu tive que perguntar, não está claro os sentimentos da minha irmã.

    - Eu não vou simplesmente acordar e pronto, me esqueci da Laura. Nunca vou esquecer tudo que vivemos. É impossível. Mas eu preciso, sabe? Eu preciso esquecê-la. Eu preciso fingir que ela não existe. Mas você não me ajuda. Ninguém me ajuda. Depois que ela voltou, só tenho escutado que eu preciso falar com a Laura. Você tem coragem de me perguntar se eu ainda a amo! Todos estão na expectativa de uma conversa entre nós duas, mas ninguém entende que eu não quero conversar. Eu penso nas minhas filhas, eu penso na Marina principalmente que é doida por ela, mas eu não posso me sujeitar às vontades e expectativas de vocês. Eu quero simplesmente ignorar que a Laura existe.

    - Desculpa Camila, eu não tinha ideia de que você se sentia assim. Para mim era algum tipo de birra. Alguma vingança. Me perdoa.

    - Esquece, Vero. Só, por favor, respeita os meus sentimentos.

    - No que depender de mim, sua vontade será feita: a Laura não existe.

    Camila sorriu e fez um aceno positivo com a cabeça. Ela está esgotada. Precisa ficar sozinha. Me abraçou e saiu da cozinha. Ouvi seus passos subindo as escadas e me permiti dar um soco na pia. Por que eu não notei que minha irmã estava sofrendo tanto com aquela história? Eu, tecnicamente, fiquei do lado da Laura e esqueci completamente da pessoa mais importante da minha vida, da minha própria irmã. Eu tenho que consertar o meu erro. Tenho que respeitar a vontade da Camila.

 

 

Patrícia

 

    Cheguei no hospital mais tarde do que planejava. Já está tudo pronto para a alta da Laura amanhã que irradia felicidade. Mas temo que ela não vá gostar nada do que aprontei por trás. Eu só quero o melhor para essa cabeça dura que tanto amo.

    - Boa tarde, meu amor - Me aproximei dela e selei nossos lábios.

    - Boa tarde, sumida. Demorou.

    - Estava resolvendo algumas coisas. Você já almoçou?

    - Já e você?

    - Sim, com os seus pais.

    - Hum... achei que tivesse almoçado com a Verônica. É Vero para lá, Vero para cá. Vero, Vero, Vero...

    - Eu nem falei com ela hoje, Laura. Mas tenho mesmo que ligar para ela.

    - Liga mesmo, hoje é aniversário dela.

    - Ah é? Como você sabe...

    Parei para pensar e a cara de culpada da Laura me fez lembrar do detalhe.

    - Deixa para lá.

    Aniversário da Vero é igual aniversário da Camila. Óbvio que a Laura jamais esqueceria.

    - Desculpa Patrícia, eu não quis dizer isso, você sabe... eu não pensei exatamente, só lembrei mesmo e a Verônica é sua amiga, foi sempre legal com a gente, queria desejar felicidades para ela.

    - Sei...

    - Patrí...

    - Deixa, Laura. Não vamos discutir por bobagem.

    Patrícia não puxou outro assunto, ficou me encarando.

    - Já está tudo certo com o nosso apartamento? Você está muito misteriosa quanto a isso.

    Minha namorada passou a mão nos cabelos e respirou fundo.

    - Patrícia, vou receber alta amanhã, temos que ir para casa. Achei que essas suas saídas fossem para acertar o nosso cantinho.

    - Não vamos para apartamento nenhum. Vamos para a casa dos seus pais.

    Laura deu risada e me olhou como quem não estava acreditando no que contei.

    - Casa dos meus pais, Patrícia? Que brincadeira sem graça. É surpresa, por isso você não quer contar? Eu falei que não quero nada luxuoso. Nada que eu não pudesse pagar. Estou desempregada se você não se lembra.

    - Não é brincadeira, Laura. Nós vamos para a casa dos seus pais. Eu não procurei apartamento nenhum, nem teria tempo para isso. Você não está 100%. Na verdade, você só está recebendo alta porque o médico não te aguenta mais enchendo o saco dele. Era para você ficar pelo menos mais uma semana. Eu e os seus pais conversamos e tomamos a responsabilidade de cuidar de você. Então será assim, vamos para a casa dos seus pais.

    - Eu prefiro ficar aqui no hospital! Caramba, Patrícia, você me disse que iríamos morar juntas, que você vai ficar no Rio agora.

    - Eu não terei tempo de cuidar de você, tenho um negócio para tocar. Tenho muitas coisas para ajeitar ainda e tenho a minha vida também, meu amor. Infelizmente, não posso viver por você. Além de continuar precisando de cuidados, precisa também de apoio. Seus pais querem cuidar da filha deles. Aliás, eles estão adorando a ideia de ficar com você por um tempo. É perfeito.

    - Patrícia... por favor, não. Eu não quero.

    - Laura, são seus pais. Você tem muita coisa mal resolvida no seu passado e uma delas é essa relação conturbada com eles. É sua chance, meu bem. É a sua chance de se acertarem. Depois nós alugamos ou compramos um apartamento. Faremos isso juntas. Mas por enquanto não tenho como cuidar de você  e ainda não pode ficar sozinha. Você escolhe: continuar aqui no hospital ou ir para a casa dos seus pais?

    Laura virou a cara e fixou seus olhos na parede, precisava pensar.

    Aproveitei para pegar meu celular e ver se tinha alguma mensagem, e-mail, ligação. Sentei-me na poltrona e aguardei que a Laura se manifestasse.

 

 

Laura

 

    Casa dos meus pais? Resolver minha relação com a minha mãe? Por causa dessa minha ânsia em receber alta, nem percebi que a Patrícia não estava procurando um apartamento para nós duas. Nem sei se quero receber alta mais. A relação com a minha mãe já se resolveu, não temos mais nada para discutir. Já entendi que errei quando mais jovem e acho que a minha mãe entendeu que errou. Morar com meus pais significa voltar para o passado. Significa começar tudo do zero.

    O dia passou em silêncio. Com bateria final de exames, recomendações médicas e despedidas de algumas enfermeiras que tinha feito amizade. Evitei ao máximo a Patrícia. Quando ela falava algo, só respondia com algum resmungo. Sinto-me traída por ela.

    No final da noite, enquanto estava arrumando as nossas coisas, resolveu se manifestar mais diretamente:

    - Por toda a despedida, entendo que você aceitou ir para a casa dos seus pais, não? - Perguntou enquanto fechava a mala.

    - Você não ouviu o médico falar que eu terei que ficar de repouso? Que ainda não posso andar? Se você quiser me levar para debaixo da ponte, não poderei fugir.

    - Você poderia facilitar as coisas, melhorar seu humor e dar graças a Deus por estar viva.

    - Não tem como ficar de bom humor sabendo que estou voltando para a casa dos meus pais.

    Patrícia respirou fundo e fechou os olhos. Quando os abriu, me encarou sem paciência.

    - Por quê, Laura? Por que você não pode simplesmente voltar para um lugar que você vai ser recebida de braços abertos? Qual é o seu problema? Por que você insiste em afastar todos que te amam? Será que você não vê que eu estou cansada do seu mau humor, do seu jeito intempestivo e da sua teimosia? Laura, eu te amo tanto, tanto. Quero muito viver com você. Desejo muito construir minha vida com você, comprar um apartamento, trocar alianças. Mas eu descobrir recentemente que tenho que antes me proteger de você e é isso que estou fazendo com essa proposta de passar um tempo na casa dos seus pais.

    - Se Proteger? Proteger do quê? Você acha que vou fazer algum mal para você?

    - Você fez para a mulher que amava e para as suas filhas.

    Um nó na garganta. Um soco no estômago. Um tapa na cara.

    - Desculpe-me, Laura. Eu estou nervosa. Está vendo o que você faz testando a minha paciência dessa maneira? Eu só quero o seu bem, meu amor.

    - Não se desculpe, por favor - disse olhando nos olhos da Patrícia.

    - Antes de recomeçar, vamos ajeitar as coisas. Voltamos para a casa dos seus pais, arrumamos as questões das visitas das meninas e revemos a sua vida profissional. Depois de tudo isso, quando você recomeçar a sua vida de fato, sem questão nenhuma deixada para ser resolvida, nós falamos sobre o nosso casamento. Depois falamos de alugar um apartamento e trocar alianças.

    - Você está certa. Desculpa, Patrícia. Eu devo agradecer muito por te ter na minha vida.

    - Deve mesmo.

    - Você me acha um monstro, não é?

    - Nunca. Você é maravilhosa. Acho que por você ser tão racional, quando se conflita com a emoção se perde. Apenas isso.

    - O que você viu em mim? Fuja enquanto é tempo.

    - Eu vi que você tem dificuldade de amar, mas que ama muito. Eu vi que você tem a capacidade de assumir seus erros, embora demore um tempo para que isso ocorra. Eu vi que você tem defeitos e que isso te torna humana. Se não fosse estes defeitos, você seria perfeita Laura.

    - Se perfeição existisse, seria você.

    Patrícia me beijou como há muito não fazia, com amor e entrega. O clima entre nós estava tão estranho que eu já tinha me esquecido como era bom ser amada por aquela mulher.

    - Queria estar 100% e fazer sex* com você agora mesmo.

    Patrícia gargalhou e bateu no meu braço para em seguida voltar aos beijos de tirar o fôlego. Ai se eu não estivesse debilitada.

 

 

Camila

 

    Depois daquela tensão que ficou após saber que a Laura me mandava flores todos estes anos, tive que fingir que estava tudo bem para não estragar meu aniversário.

    Minhas filhas e a Vero pediram um jantar em casa. Tive que colocar o meu melhor sorriso na minha cara pelas minhas filhas. Mas minha vontade era de quebrar aquela casa toda para ver se aliviava todo o estresse.

    No final da noite, resolvi ligar para a Guga. Precisava conversar um pouco com alguém.

    - Hoje é sexta meu bem, quero aproveitar muito - disse Guga que estava terminando de se arrumar para sair.

    - Desculpa, Gu, não vou te atrapalhar.

    - Ih... que voz é essa? Pode ir falando que a balada só começa depois da meia-noite.

    - Deixa, Guga, depois nós conversamos, não é nada de importante.

    - Você não vai me fazer ir até aí, não é? Anda Camila, conta.

    - A Laura enviou flores pelo meu aniversário - contei de supetão antes que eu desistisse.

    - A Laura? Que cara de pau. Não a conheço, mas já percebi que ela é bem louca.

    - Não é só isso. Todos estes anos eu recebo flores no dia do meu aniversário e nunca vinha o nome da pessoa. Então, este ano no cartão, confessou que sempre foi ela.

    - Como assim? Aquelas flores que eu e a Vero ficávamos te zoando que era algum admirador secreto ou fã louco? Esse tempo todo foi a Laura? Que história louca, minha amiga.

    - Pois é. Eu senti tanta raiva Guga. Me senti uma idiota. Ficava cultivando aquelas flores e admirava. Como pude ser tão boba?

    - Você não tinha como saber, meu bem. Mas você disse que teve um cartão, o que ela dizia nele?

    - Resumindo: ela quer conversar comigo, me encontrar.

    Gustavo deu risada e depois ouvi um suspiro.

    - E você?

    - Eu quero distância dela.

    - Que bom, sinal que está em seu juízo perfeito. Mas você sabe que é quase inevitável esse encontro já que terão que conversar sobre as meninas.

    - Eu tenho a Vero como ponte, não preciso vê-la.

    - Você sabe que não é só isso e também sabe a minha opinião. Custa você conversar e colocar logo um ponto final na relação de vocês?

    - Você também Guga?

    - Vocês têm que conversar sobre o passado! Vai ficar guardando rancor disso? Você não é assim.

    - Vai para a sua balada, Gustavo, antes que eu perca a minha elegância e te mande para outro lugar - Interrompi o que estava se tornando uma conversa chata.

    - Vamos comigo, gata. Aproveitar o seu aniversário.

    Dei risada.

    - Não tenho paciência nem idade para isso mais.

    - Assim você me ofende, temos a mesma idade.

    - Sim, mas você não tem duas crianças em casa e eu não gosto de balada.

    - Balada não é mesmo a sua cara, mas que tal um barzinho? Suas filhas já estão grandinhas, para de usá-las como desculpa para sair.

    - Hum... barzinho hoje não.

    - Hoje não? Isso é uma ótima resposta, um grande sinal! Amanhã então?

    - Gustavo, você sempre diz que tem amigas interessadas em mim. Mas isso é verdade? Você conhece alguma que esteja interessada em mim?

    - O quê? Tá brincando? Claro que conheço! Você tem uma fila de pretendentes. Pode escolher a dedo se quiser. Você quer conhecer alguém?

    - Não sei. É só que eu quero saber se sou interessante ainda. Está bem, para você eu posso confessar: acho que quero conhecer alguém, seguir com a minha vida.

    - Já passou da hora, meu bem! Vamos fazer o seguinte, amanhã vamos para um barzinho e eu te apresento uma amiga, sem compromisso.

    - Amanhã já? Não, não...

    - Ótimo, estamos combinados! Amanhã espero-te a partir das dezenove horas no meu apê. Não se atrase e não dê furo com a garota, ela não tem culpa da sua covardia.

    O Gustavo simplesmente encerrou a ligação, sem me dar chance de escapar. Tentei retornar, mas chamava, chamava e ele não atendida. Maldito!

    E só o que faltava, ser obrigada a ir em um barzinho conhecer uma mulher. Eu disse aquilo brincando! Mas, talvez, seria uma boa. Não sei, amanhã eu decido isso.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

That's all :D:D:D:D.


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Comentários para 27 - Capítulo 27 - Rosas para mostrar que não te esqueci:
rhina
rhina

Em: 07/03/2019

 

Oito anos de flores. ....lindas Rosas 

Parabéns Camila e Veronica 

Parabéns Autora

Rhina

Responder

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Nanni
Nanni

Em: 18/08/2017

Tomara que tenha reencontro das duas logo e beijaço... Eu torço por elas... Mais tem muita coisa pra rolar... Laura tem que amadurecer e muito. 


Resposta do autor:

Oi.

Sim, ainda muita água passará debaixo da ponte. E sim também, Laura precisa amadurecer, mas ela tá melhorando.

 

Abs.

Responder

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Mille
Mille

Em: 18/08/2017

Kkkkkkkkkk Laura é uma comédia e consegue tirar a Camila dos eixos.

Como a pessoa manda flores no dia do aniversário por todo o tempo e faz a Camila criar expectativas de outra pessoa, a Laura é muito corvade e ainda imatura e a Camila tem medo de ter outro encontro e fraquejar.

Espero que a Camila se renda a amiga do Guga, mais acho que a Camila não superou a Laura. 

Bjus e até o próximo capítulo


Resposta do autor:

Pode ser que a Camila tenha pensado que seja só um fã. 8 anos recebendo flores e nunca apareceu, é dose né? hahahaha

Exato, Camila tem medo de fraquejar.

Vamos ver no próximo capítulo quem é se essa mulher consegue fazer a Camila superar.

 

Beijos, até domingo.

Responder

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Bia08
Bia08

Em: 17/08/2017

Arrasando como sempre...  A Laura é louca pela Cah ainda e eu estou adorando tudo isso kkkkkk 

A Cah vai conhecer alguém, ansiosa por demais aqui. 

A Patricia pensando um pouco nela, já estava na hora...

E a Vero sendo a melhor pessoa....  Sempre neh. 

Bjs 


Resposta do autor:

Laura tenta esconder porque sabe que é difícil para ela. E tem a Patrícia também.

Sim, Camila vai conhecer. Agora vamos ver se rola.

É, Patrícia está acordando e pensando na melhor forma de se proteger. Ela enxerga como a Laura é, mas não quer "largar o osso".

Vero é amor, né haha.

 

Beijos.

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 17/08/2017

Laura é Camila, esse amor não acabou mesmo. Ha muita mágoa é muito medo, desconfianças, raiva, tudo isso por parte Camila, culpa, por parte de Laura. Será q ainda há chances pra este amor? Eu gostaria q existisse. Bjs autora linda. Parabéns. Adoro sua estória.


Resposta do autor:

É. não acabou. Cada uma tem que lidar e encarar os pesadelos para voltar a existir o amor completo. Vamos ver.

 

Beijos Patty. Obrigada como sempre.

(Ps: Eu fico mais vermelha que um tomate quando ganho parabéns, mas obrigada)

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 17/08/2017

Essa Laura é sem noção. Cara de pau, dissimulada, covarde e muito mau caráter. 

Antes até torci para elas reatarem, mas agora eu desejo que essa amiga do Guga tenho pegada, se linda, sexy, gostosa, inteligente e que não veja a Camila como repórter. Vou torcer

Patrícia tinha que descobrir das flores e dar um tchau para Laura

Camila mostrou como se sente abandonada pela irmã por causa da Laura

Laura, Laura, Laura. Já deu, né Camila? Para mim também já deu. Espero que ela se lasque toda

Nojo dessa mimadinha

Abraços fraternos procê!


Resposta do autor:

Calma, mulher hahahaha.

Isso tudo porque a Laura deu uma surtadinha por descobrir que a avisaram um dia antes que ela vai para a casa dos pais dela? Ou por causa das flores?

Se a Patrícia descobrisse não ia ter nada demais. Laura pediu uma conversa pelas meninas e nos outros aniversários elas não estavam juntas.

Ah sim, a amiga do Guga... Vamos ver.

 

Abs para você também.

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Suzi
Suzi

Em: 17/08/2017

Tô cada dia mais apaixonada por Patricia, Vero que me desculpe, mas se Laura pisar na bola a briga pela Pat vai ser feia. Kkkkkkk

Laura é uma criatura egoísta Gzussss, que imatura, toda arrebentada ainda precisando de cuidados pra tudo e tava pensando o quê?? Patrícia largaria tudo pra viver em função dela?? Parece criança birrenta. Vontade de encher de palmadas.

Camila nem sei mais o que pensar, gostaria muito que ela colocasse um ponto final no passado e fosse viver se desse esse direito. Essa mágoa infinita é insuportável. 

Bj Bastiat

 


Resposta do autor:

Vou adorar ver essa briga hahahahaha. As coisas já não estão fáceis para a Verônica e ainda aumenta a concorrência? :O haha

 

Ah, a Laura se sentiu traída. Patrícia disse que ia buscar um apartamento para elas e só avisou um dia antes da alta que ela vai para a casa dos pais. Mas foi exagero mesmo.

 

Deixa a Camila com as mágoas dela, uma hora passa.

 

Beijos, Suzi.

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Cristina
Cristina

Em: 17/08/2017

Adorando sua historia! Mal posso esperar pelos próximos capítulos. Bjos.


Resposta do autor:

Obrigada, Cristina.

 

Beijos.

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