Despedida por Lily Porto
Capítulo 80 - PENÚLTIMO CAPITULO - Clarice
Eita que a vida tá corrida. Ainda bem que é uma correria boa e tudo anda caminhando bem.
Sophie e Felipe talvez tenham sido as cerejas que faltavam para o nosso "bolo de felicidade" ficar perfeito. Os dois pequenos possuíam o melhor de todos nós aqui em casa e com certeza éramos melhores graças a presença deles.
Até a minha relação com o pequeno Billy melhorou. Acreditam? O pequeno era tão atento e protetor com os bebês que era impossível não deixar a birra que eu tinha com ele de lado e me render ao encanto do nosso "primeiro filho juntas" como a minha esposa gosta de dizer.
Falando nela, que mulher! Nossa! A vida de todo mundo mudou aqui em casa e a chance das coisas saírem dos eixos eram tão grandes. Mas a Bah foi uma verdadeira "chefe de família".
Ela não contou pra vocês, mas pra conseguir ficar de licença em casa junto comigo e com os pequenos ela abriu mão de uma parceria profissional com o escritório. Porque eu sei que ela não contou pra vocês? Porque ela não contou nem pra mim!
Na verdade, numa dessas madrugadas eu acordei assustada e dei falta da minha esposa na cama. Vivia pegando ela cochilando na poltrona de amamentação que fica no quarto dos meninos. As vezes eu a acordava e a trazia pra cama, outras tantas eu só pegava o cobertor e me ajeitava junto dela por lá mesmo.
Mas desta vez ela estava sentada no chão da sala, no carpete, se esforçando pra não falar alto, mas visivelmente alterada. Eu fiquei no corredor, ouvindo, tentando associar as coisas e ver do que se tratava.
Ela estava falando com a Juh, a sócia dela. A mulher parecia insistir pela parceria internacional, falava de valores do contrato e a possibilidade de expandir cada vez mais, aumentando assim os lucros e o reconhecimento da empresa.
Minha esposa tentava interromper, mas a moça só sabia fazer falar e falar. Até que a Bah a interrompeu e disse:
– Juh, eu entendo tudo isso, de verdade. Em um momento da minha vida, esse convite, nossa, seria a realização de um sonho. Mas eu tenho outras prioridades agora. Eu estudei a proposta e não dá pra assumir essa responsabilidade sem me ausentar ainda mais daqui de casa e eu prometi pra mim mesma que depois que meus filhos nascessem eu ia reduzir a carga horária trabalhada e não o contrário.
A minha Pequena parecia tão segura falando tudo aquilo. Eu fiquei feliz, lógico, orgulhosa dela ter optado por nós. A gente não pode abraçar tudo e muitas vezes deixamos escapar o mais importante.
Meus olhos se encheram d' água quando ela concluiu:
– Eu ralei bastante pra ter a estabilidade financeira que eu tenho agora minha amiga. Mas eu não sou mais uma menina recém formada. Sou uma mãe e chefe de família, cheia de responsabilidades. Com o tempo a gente pode estudar a possibilidade, se ainda houver interesse, começar com a consultoria que é algo que a gente dá conta. Mas eu me nego a perder 1 minuto a mais do meu convívio familiar por conta do acumulo de funções profissionais.
Já estava chorando de soluçar quando me dei conta que a ligação havia terminado. Minha sorte é que a Bah sempre toma um copo de água e passa no quarto dos pequenos antes de voltar pra cama quando acorda de madrugada e dessa vez não foi diferente.
Assim deu tempo de eu correr pra cama e me recompor. Sei lá, eu poderia ter ficado e conversado com ela. Mas eu sei que ela falaria comigo a respeito, no tempo dela.
Deitei, me cobri e fiquei respirando fundo e devagar pra que pudesse acalmar meu coração que batia acelerado. Quando estava quase adormecendo senti a Bah se encaixar atrás de mim, puxando o meu corpo para junto do dela. Ela encontrou o vão do meu pescoço, roçou o nariz, se ajeitou e disse baixinho:
– Eu amo você, obrigada por me fazer tão feliz e completa!
Nossa, a vontade era dizer uma porção de coisas. Mas eu apenas sorri e me concentrei para deixar que mais algumas lágrimas caíssem sem que ela percebesse.
Naquela madrugada fui dormir pensando em começar a desacelerar as coisas lá na empresa também, eu já estava fazendo isso aos poucos. Mas talvez houvesse chegado a hora de pensar em abandonar a presidência e exercer um cargo mais consultivo.
A Bah tinha razão, nós duas somos apaixonadas pelas nossas profissões, mas nossa prioridade naquele momento era curtir a nossa família, a nossa conquista, desfrutar do melhor que a nossa relação pode nos proporcionar.
Voltamos a trabalhar depois de 5 meses de licença, e agradeci a Deus da Bah não ter aceitado a parceria. Com um mês de trabalho ela já estava uma pilha.
Comigo não foi muito diferente. O conselho administrativo não me deixou abrir mão da presidência e me fez uma contra proposta. Diminuíram a minha carga horária e me incumbiram de preparar um dos gerentes executivos para o meu cargo.
Resumindo, menos carga horária, mas acúmulo de função. E não, a Bah não sabia que em menos de 2 anos eu sairia da presidência e seria uma CEO da empresa. Era o meu jeito de retribuir o que ela fez. Eu também estava escolhendo por nós, optando por ter mais tempo pra nossa família.
Falando em família os outros membros da nossa andam muito bem. Lourenço foi pra Inglaterra com Verônica, praticamente 1 ano, estudando e passeando. Eu e Bah morremos de saudade, mas ele estava tão realizado que era impossível não ficar feliz por ele.
Anna se formou e assumiu um cargo no restaurante Francês aqui da cidade. O mesmo que ela fez o estágio. Ela era assistente direta do moço que era responsável pelos doces. Tem o nome certinho, mas eu nunca lembro.
Ela também não está morando mais aqui, mas adivinhem onde? Sim! Na antiga casa da Dona. Foi o jeito que a Bah achou de dar liberdade e privacidade pra filha e ao mesmo tempo mantê-la por perto.
Ela e Dona volta e meia se "pegam" por besteira, ciúme, intensidades diferentes, orgulho. Mas nunca nada grave e cada vez mais apaixonadas. Logo Dona se forma e pelo que sei as duas estão falando em casar.
Quem eu tenho visto pouco é Juninho. Não que eu o veja pouco, ele está sempre aqui, mas não depende mais de mim, sabe?
Hora tá aqui, hora na mãe Margarida, as vezes na namorada, ou na casa dos amigos. As vezes sentia falta de quando éramos só eu e ele e ele dependia de mim pra tudo. Mas eu criei ele pro mundo e estava feliz pelo homem que o meu pequeno estava se tornando.
Fê e Sophie estão com quase três anos e é uma fase deliciosa. Eu e a Bah estamos curtindo demais. As vezes uma decisão ou outra faz com que a gente se perca um pouco. Mas em pouco tempo ou eu ou ela abrimos mão só pra que fique tudo bem. Estávamos muito felizes pra nos deixar levar por questões como: "os pequenos devem ou não andar descalço de vez em quando?".
É, essa é a nossa vida agora. Intensa, agitada e maravilhosa.
Fim do capítulo
Bom dia!!!
Estamos chegando ao final da história meninas.
Tenham um ótimo fds.
Bjs.
Comentar este capítulo:
Nana2014
Em: 18/08/2017
Olá Lili, tudo bem:
Adorando a estória...pena q está chegando ao final...espero que seja um até breve... Adoraria uma segunda temporada... quem sabe contando a estória da Dona com a Anna..e claro dando continuidade a nossas protagonistas.... Parabéns e sucesso sempre...
Resposta do autor:
Oi Nana!
Menina é doloroso pra gente também que tá escrevendo quando terminamos uma história. Mas fico muito feliz com o apoio que recebi de todas as leitoras ao longo da narrativa.
Então minha querida, a ideia de contar a história da Anna e da Dona é bem legal, quem sabe eu não volte com elas em algum momento!!
Amanhã posto o último cap. Obrigada tá.
Bjs.
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