Capítulo 54
O JARDIM DOS ANJOS -- CAPÍTULO 54
Quase seis horas depois, Lorraine saiu do centro cirúrgico e deparou-se com Helena sentada em uma cadeira na sala de espera. Deu um breve sorriso quando viu que ela estava com os olhos fechados orando em silêncio.
Caminhou lentamente até ela e levou uma mão ao ombro da médium. Helena não se assustou, ela calmamente abriu os olhos e subiu o olhar para Lorraine.
A cardiologista esteve prestes a abrir a boca, mas Helena falou antes.
-- Eu senti a credulidade e o empenho de todos naquela sala para trazer Priscila de volta. Graças a Deus e a vocês nossa menina ganhou mais uma chance de vida.
Helena se levantou lentamente, e se deparou com os olhos verdes de Lorraine olhando-a de forma serena.
-- Pela primeira vez eu orei durante uma cirurgia -- Ela levou as mãos ao bolso do jaleco e respirou fundo -- Confesso que foi uma experiência incrível.
-- Orar funciona! Orar é uma bênção! Orar é um meio de graça maravilhoso que o Senhor Jesus nos ensinou. Independentemente de onde estivermos, orar é sempre uma experiência de renovação da nossa alma.
Mais uma vez Lorraine respirou fundo.
-- É.... Hoje eu descobri isso -- Sua voz saiu baixa e cansada.
-- Priscila ficará bem, não é mesmo?
-- Bem... -- Pigarreou -- Tivemos complicações, mas Priscila é uma pequena guerreira. Acredito que logo a gente destube ela. Pedi um raio-X do tórax apenas para desencargo de consciência. Ela vai tomar antibióticos, passar pelas etapas do processo de recuperação. Se Deus quiser, na sequência será vida, feliz, fora daqui.
-- Que notícia maravilhosa, Lorraine -- Disse Helena levantando os braços aos céus.
-- A senhora não deveria ter ficado aqui por tanto tempo -- Disse Lorraine, sorrindo da comemoração efusiva dela.
-- Não poderia ir embora sabendo que nossa menina estava aqui lutando pela vida -- A voz dela agora era calma, mas ainda angustiada.
-- Entendo, mas agora está tudo bem. Vá descansar, Priscila está entre amigos, pessoas que a amam e que cuidarão muito bem dela -- A voz dela era tranquila, mas tinha um "quê" de preocupação. Helena percebeu.
-- Algum problema?
-- Nada de grave.... É que... Vou conversar com a Alisson daqui a pouco e não sei se conto para ela o que está acontecendo com Priscila -- Disse Lorraine, esperando um conselho de Helena.
A médium pensou por alguns instantes.
-- Acredito que a melhor coisa a fazer é não tocar no assunto. Saber, apenas tornará a viagem delas de volta, uma tortura.
-- Foi o que pensei -- A morena colocou a mão no braço de Helena -- Por aqui, vou pedir para Beca levá-la para casa.
Lorraine conduziu-a até a uma pequena sala elegantemente mobiliada e pediu para que sentasse e aguardasse por Beca.
Enquanto a médica caminhava de volta para o centro cirúrgico, pensava em quantas crianças deixou de socorrer por conta de sua covardia. Fora muito idiota por duvidar de sua própria capacidade e talento.
Priscila e Alisson surgiram em sua vida e causaram uma revolução gigantesca em tão pouco tempo! Elas mostraram do que era capaz. Sentiu sua própria consciência condená-la. Do orgulho, vaidade e arrogância, no fim restou apenas o arrependimento e a confiança em Deus. Essa confiança lhe deu segurança, alegria e força para enfrentar qualquer desafio que esteja pela frente.
Chegou perto da cama de Priscila e observou seu rosto. Ela ainda sentia o peso da responsabilidade sobre suas costas.
-- Boa noite, doutora -- Fael fez um aceno com a cabeça.
-- Boa noite, Fael -- Ela devolveu o aceno.
-- Ah, Lorraine! Você foi perfeita -- Comentou ele com bom humor -- Obrigado por cuidar de nossa pequena.
Ela não falou nada, em vez disso fez um carinho no rosto da menina.
-- Priscila é a estrela que nos guia na escuridão, nesta bagunça que é esta vida! -- Ela lhe dirigiu um sorriso genuíno -- Todos foram perfeitos. Afinal, somos ou não somos uma equipe?
Fael por sua vez, piscou atordoado, mas então se recompôs e agradeceu pela confiança em seu trabalho. Fazer parte da equipe de Lorraine significava muito para ele.
-- Você sabia que o Felipe tentou cometer suicídio?
-- Não -- Ela já estava com uma mão na porta de lona quando ouviu a notícia, virou-se com as sobrancelhas arqueadas -- Que loucura! Logo ele que sempre me condenou. Você sabe o motivo que o fez chegar a esse ponto?
-- Ainda não conversei com ele. Porém, comentam que foi por causa do seu pai.
-- Só podia ser -- Lorraine resmungou -- Vou conversar com ele -- sua cabeça ainda girava sob o impacto da notícia que acabara de receber.
Fael segurou-a pelo braço e a impediu de sair.
-- Por que não deixa para amanhã? Já é tarde, você está cansada, ele deve estar dormindo. Amanhã, será outro dia.
Ela concordou que ele tinha razão.
-- Amanhã, será outro dia -- Repetiu.
Sentindo-se exausta, Lorraine estacionou o carro na garagem e desligou o motor. Apoiou a cabeça no volante e, olhou em volta.
Estava feliz por haver voltado para casa depois de um dia tão atribulado.
A ideia de uma refeição tranquila e uma boa noite de sono em sua própria cama, parecia um sonho.
Estava feliz por Priscila, que, com certeza, se recuperaria depressa da cirurgia e seria transferida para um quarto normal em breve. Mais algum tempo e a vida da menina voltaria ao normal. Para felicidade de todos.
Foi para o quarto, já desabotoando a roupa. Estava com fome e, ao sair do chuveiro, decidiu que faria uma refeição leve.
Conversou com Alisson pelo celular, a loira não adiantou muita coisa, apenas comentou que havia encontrado Maria Rosa e que ela estava retornando para a cidade com a promessa de revelar quem era a mãe de Priscila.
Estava feliz pela menina e por Alisson, que finalmente cumpriria a sua promessa. Por outro lado, estava decepcionada. Havia pensado muito durante o dia, na possibilidade de junto a Alisson, adotar a garota. Nunca imaginou amar aquela coisinha fofa com tanta intensidade.
Meia hora depois, se jogou na cama, nua, adormecendo imediatamente.
-- Obrigada por ter me acompanhado até o orfanato - Beca Agradeceu.
-- Foi um prazer. Estava ansiosa em conhecer dona Helena e também o orfanato.
-- O que achou?
-- Estou emocionada até agora -- Agnes levantou a manga da blusa e mostrou os pelos do braço direito, arrepiados -- Fico arrepiada só de pensar. Eles são lindos. Acho que vou querer adotar mais que cinco.
Beca olhava fixamente para Agnes, estava decidida a falar para ela, mas a coragem de repente desapareceu.
-- Agnes.... Eu.... Eu... -- Gaguejou, vacilando.
-- Pode falar -- Disse Agnes sorrindo -- Quando você fala assim é que tem algo errado.
-- Não tem nada de errado, muito pelo contrário -- Ela sabia que estava prestes a tomar a decisão mais importante de sua vida, porém, estava convicta dela -- Quer namorar comigo? Não, não... -- Beca atrapalhou-se com as palavras -- Quero dizer.... Quer casar comigo? -- O silêncio de Agnes assustou Beca. Ela não tinha ideia qual seria a sua reação -- Criar cinco crianças sozinha, não é uma missão das mais fáceis.
-- Você está realmente me pedindo em casamento? -- Agnes perguntou, incrédula -- Casar?
-- Você não quer casar comigo?
-- Se eu quero? -- Agnes agarrou-se ao pescoço de Beca -- É a coisa que mais quero nesse mundo -- E as duas trocaram um beijo cinematográfico.
Depois de algum tempo se afastaram, se olham mais uma vez e, novamente, as bocas se encontraram!
O beijo entre elas foi muito mais que "um roçar de lábios e badalar de línguas". Foi uma troca fluídica, magnética, afinal, Beca e Agnes nutriam os mesmos pensamentos e sentimentos. Elas se completavam.
As vibrações que elas trocavam durante o beijo eram as mesmas que elas trocavam durante um abraço carinhoso, um afago, um cafuné, um olhar terno e profundo.
-- Então senhorita Agnes, temos um casamento para preparar!
Lorraine dormiu profundamente por muitas horas. Quando acordou, percebeu que tinha dormido muito mais tempo do que planejara.
Pulou da cama e correu direto para o banheiro. Tomou uma ducha rápida. Colocou um vestido leve e simples de algodão, calçou sapatos e foi para a cozinha.
-- Bom dia, Lucia!
-- Bom dia, doutora. Café ou suco de laranja?
-- Que tal os dois? -- Riu ela.
-- Está com fome, então? -- Disse Lucia, animada.
Lucia colocou um copo com suco diante dela.
-- Quando a doutora maluquinha volta?
Lorraine abriu um sorriso feliz e se afundou na cadeira.
-- Elas voltam hoje. Talvez no final da tarde. Estou louca de saudade daquela loira linda -- Pegou um pedaço de pão e deu uma mordida -- A tal da Maria Rosa virá com elas. Segundo a Alisson me contou, ela sabe aonde a mãe da Priscila está.
-- Sério? Finalmente a menina vai conhecer a mãe. Espero que ela não se decepcione.
Lorraine tomou um gole do café com leite. Logo depois, recolocou a xícara sobre a mesa. A possibilidade de a mãe rejeitar a menina pela segunda vez existia. Alisson sabia disso, porém, ela tinha que tentar.
-- Caso isso aconteça... Priscila vai sofrer, mas a vida deve seguir. Amor, carinho, amizade, proteção, afeto.... Nunca deixaremos faltar a ela.
Antes de encerrar o plantão, Fael passou no quarto de Felipe para visitá-lo.
-- Bom dia, Felipe!
Quando Felipe olhou para cima, Fael observou que ele parecia envergonhado, como se constrangido pelos fatos do dia anterior.
-- Bom dia, Fael! -- Baixou a cabeça humilhado.
-- Como está se sentindo? -- Perguntou ele, aproximando-se da cama -- O médico me disse que você está bem melhor! É verdade? -- Fael analisou o rosto abatido do rapaz.
-- Fisicamente ou psicologicamente? -- Perguntou Felipe, encolhendo os ombros e sentando-se na cama.
-- Os dois -- Respondeu sorrindo, puxando a cadeira para o lado da cama.
-- Fisicamente estou muito bem, mas psicologicamente estou destruído -- confessou -- Fiquei sabendo o que fez por mim. Não deveria ter arriscado a sua vida para me salvar. Não mereço tanta consideração.
-- Pelo contrário. Faria tudo novamente, e de novo, de novo, de novo...
Ao dizer isso, Fael passou os olhos pelo rosto de Felipe. Sorriu, notando que o médico parecia um menino meio perdido.
-- Você não deveria ter feito o que fez -- Continuou, Fael.
-- Ninguém tem nada a ver com a minha vida -- respondeu ele secamente, voltando-se para Fael -- Tenho os meus motivos.
-- Você tem razão. Ninguém tem nada a ver -- Respondeu Fael -- Por falar nisso -- Disse ele, tirando do bolso um pequeno livro -- Eu trouxe para você ler: Além Do Ser -- A História De Um Suicida.
Felipe pegou o livro e colocou sobre a mesinha de cabeceira.
-- Ontem, a Priscila deu entrada em estado gravíssimo ao Pronto Socorro.
-- Meu Deus!
-- Priscila desde pequena vive uma luta. Além de todas as batalhas médicas, ela também enfrenta o preconceito das pessoas em relação a crianças especiais.
-- Como ela está, agora?
-- Está bem! -- Fael se levantou e caminhou até a porta -- Mas não foi nada fácil. Quase a perdemos. Enquanto uns lutam pela vida, outros pensam em tirá-la. A vida é preciosa demais para ser desperdiçada com besteiras. Quantas pessoas com doenças graves, ou até mesmo em terminalidade desejariam estar no seu lugar agora! Pense nisso -- Enfiou as mãos nos bolsos do jaleco e suspirou pesado -- Vou até o orfanato ver como estão as coisas por lá. Hoje era o dia de consulta das crianças, mas como a Alisson e a Nádia estão viajando, ficamos sem médico para atendê-las.
Fael saiu e Felipe ficou olhando fixo para a porta, pensando nas coisas que ele dissera.
-- Sou um idiota -- Murmurou, afundando-se no travesseiro. Lembrou-se do livro de Fael, tirou-o de cima da mesinha e passou a ler com profundo interesse.
Lorraine entrou no hospital usando o seu melhor sorriso. Procurava ser gentil respondendo e dando bom dia a todos que encontrava.
No vestuário, Lorraine parou apenas o suficiente para prender o cabelo e colocar o jaleco, saindo logo em seguida em direção à UTI.
-- Bom dia, doutora Lorraine -- Agnes cumprimentou-a efusivamente -- Parabéns pelo sucesso da cirurgia.
-- Bom dia, Agnes. Obrigada, porém, o mérito não é só meu e sim de toda a equipe. Eles foram perfeitos.
-- Que bom! -- Disse com um sorriso diferente -- Vamos transferir Priscila para o quarto?
-- Ainda não. Vamos deixá-la aqui na UTI pelo tempo necessário para a retirada das medicações e o suporte respiratório.
Lorraine aproximou-se do leito de Priscila e pegou a prancheta para anotar as prescrições.
-- A Helena está lá fora querendo ver a menina. Posso deixá-la entrar?
-- Pode -- respondeu Lorraine -- Não vejo problema algum com relação a isso. Apenas espero que ela não se assuste com a quantidade de aparelhos presos ao corpo de Priscila.
-- Quanto a isso não se preocupe. Eu explico direitinho para ela.
Agnes afastou-se saltitante. Lorraine franziu a testa, estranhando os modos serelepe da enfermeira.
Perdida em pensamentos enquanto caminhava pelo corredor, Lorraine esbarrou em Felipe e o coração quase saiu pela boca.
-- Meu Deus, Felipe. Parece um fantasma -- Levou a mão ao peito -- Pensei que estivesse internado.
-- Estava -- Disse sorridente -- Acabei de me dar alta.
-- Como assim? Você está indo embora sem a liberação do seu médico?
-- Exatamente -- Balançou a cabeça em sinal de positivo -- Tenho um compromisso muito importante e não perderei ele de forma alguma.
-- Compromisso com quem? -- Perguntou, desconfiada.
-- Comigo mesmo -- Virou a cabeça e sorriu para Lorraine, com ar brincalhão -- Com a minha vida, com a minha autoestima. Se meu pai pensa que eu vou ficar na praça dando milho aos pombos, ele está muito enganado. Muito enganado, mesmo! -- Fez um gesto de despedida com a mão antes de se virar e afastar-se rapidamente pelo corredor com um sorriso no rosto.
-- Esse é o cara que queria se matar? Vai entender! -- Lorraine resmungou.
O avião foi parando devagar, e Alisson olhou pela janelinha, sorrindo. Como era bom estar de novo em casa!
Nádia sentada a seu lado olhava para ela assustada. Alisson segurou-a pelo braço, fazendo-a sentir-se protegida.
Saíram juntas do avião, caminhando pelos corredores do aeroporto, até o balcão da alfândega. Os pensamentos de Alisson estavam longe dali. Pensava em Lorraine e em Priscila.
Maria Rosa sorriu para Nádia, com doçura. Tinham conversado durante o voo e não havia dúvida de que a pediatra tinha ficado encantada com ela. A jovem senhora havia passado por muita dor e sofrimento, mas não se deixou abater. Aproveitou esse tempo de retiro para preparar-se para a volta. Seria difícil enfrentar o passado, denunciar pessoas perigosas, no entanto não estava com medo. Tinha certeza que tomara a atitude certa ao retornar.
-- Será que alguém vem buscar a gente? -- Perguntou Alisson.
-- Espero que sim. Seria um saco ter que brigar para conseguir um táxi.
Pegaram as malas e arranjaram um carrinho para transportá-las.
Subitamente, Nádia viu Patrícia com os braços ao alto acenando para ela. Patrícia se aproximou sorrindo e abraçou-a.
-- Que bom ver vocês! Tive receio de chegar atrasada, porque o trânsito está terrível! Fizeram boa viagem?
-- Como vai, Patrícia? -- Nádia beijou-a no rosto, com os olhos brilhantes de felicidade.
Alisson a encarou.
-- O que você faz aqui? -- indagou decepcionada -- Porque a Lorraine não veio?
-- Quanta gentileza! -- Patrícia resmungou irritada -- A Lorraine está com um paciente que precisa de cuidados especiais, por isso ela não conseguiu deixar o hospital para buscar vocês.
-- Aí, você se ofereceu. Quanta bondade! -- Alisson disse de forma irônica.
-- Estava com saudade -- Patrícia olhou radiante para Nádia.
Nádia sorriu e deu o braço a ela.
-- Eu também estava com saudade de você -- Sentira mais saudade de Patrícia do que de todos os outros juntos, mas não sabia por quê.
As duas saíram na frente conversando alegremente enquanto Alisson e Maria Rosa caminhavam um pouco mais atrás.
-- Estou feliz por ter resolvido voltar -- Disse Alisson, começando a empurrar o carrinho -- Tem consciência que sua volta vai causar uma revolução na vida de muita gente, não é mesmo?
Uma sombra de tristeza passou pelos olhos verdes de Maria Rosa. Ela fez uma careta, mas não se recusou a responder.
-- Eu mudei. E para melhor -- Ela admitiu -- Não sou mais aquela pessoa covarde de anos atrás. Enfrentarei a tudo e a todos, se for preciso.
-- O que você faz aqui? -- Perguntou Fael ao abrir a porta -- Você deveria estar no hospital.
Fael deu-lhe passagem e depois entrou com ele para o salão do orfanato.
-- Deveria, mas não estou -- Felipe olhou para o local repleto de crianças -- Depois que você me disse que estavam sem médico para atender as crianças, decidi deixar de frescura e vir até aqui e fazer a minha parte.
-- Você não precisava fazer isso. As crianças ficarão bem.
-- Preciso sim -- Tirou os instrumentos de sua maleta e os colocou sobre a mesa -- Mais por mim do que por eles. Preciso fazer algo útil. Ajudar os outros não é apenas bom para eles, mas também me ajudará a ser mais feliz. Deixe-me examiná-los, por favor! -- Felipe dobrou a manga da camisa -- Já perdemos tempo demais.
Felipe brincou, e Fael riu, olhando ao redor.
-- É.... Deve ter umas vinte crianças esperando por consulta.
-- Então! Mãos à obra.
O ortopedista tinha pouca experiência em pediatria, mas mesmo assim saiu-se muito bem. Atendeu a todas as crianças com o máximo de carinho e atenção. Sentia-se esgotado, mas, ao mesmo tempo, realizado.
-- Dona Helena elogiou o seu trabalho -- disse com uma pontada de orgulho do amigo -- Segundo ela, você é mais um operário da nossa messe.
Felipe segurou a mão de Fael, beijou-lhe os dedos um por um.
-- Obrigado por ter me dado uma nova oportunidade. Não sei onde estava com a cabeça quando me joguei daquela ponte -- Felipe demonstrava ter superado a sensação de pânico provocada pelo pai, mas sabia, em seu íntimo, que precisava de Fael ao seu lado. Ele era o seu porto seguro -- Você ficou preocupado comigo?
-- Deus meu! Se fiquei preocupado! -- disse Fael, passando a mão pelo rosto do médico.
Aquele gesto significou muito para Felipe, era a demonstração de carinho que tanto precisava naquele momento.
-- Você ficou comigo durante o pior momento de minha vida -- Os olhos de Felipe estavam cheios de amor e gratidão -- Você se tornou muito importante para mim. Quero dividir com você minhas alegrias e tristezas -- Encarou Fael bem no fundo dos olhos e murmurou: -- Vamos tentar, vamos ficar juntos. A vida é maravilhosa, e pode ser melhor ainda se for compartilhada com alguém. E eu quero que seja com você.
Fael o abraçou com intenso afeto. Então o rosto de Felipe se iluminou.
-- Quero que vá morar comigo.
O coração de Fael quase parou.
-- Morar com você! -- Fael repetiu, sobressaltado -- Mas assim, de repente?
-- Como assim de repente? Pelo amor de Deus, Fael, nos conhecemos a um bom tempo. E isso também pouca importa -- Ele suspirou, passando as mãos pelos cabelos -- O que importa é que nos amamos e queremos ficar juntos.
-- Nos amamos? -- Fael observou-o com um leve sorriso nos lábios. Felipe estava imóvel e em silêncio, com a cabeça abaixada.
O silêncio prolongou-se durante alguns segundos, até que Felipe se manifestou:
-- Há muito tempo que eu te amo.
-- Por que nunca me falou?
-- Foi por orgulho, por orgulho e medo -- Disse Felipe, com certa vergonha -- Tinha medo de revelar os meus sentimentos e você me rejeitar -- Inclinou-se para frente e ficou bem próximo de Fael -- Quando o conheci, eu me apaixonei pela primeira vez na vida, e isso me assustou muito. Sempre fui um covarde.
Lágrimas tímidas rolaram do rosto de Fael.
-- O que foi? Por que você está chorando? -- Felipe perguntou assustado.
-- Porque estou feliz -- disse Fael, enxugando as lágrimas que escorriam pela face enrubescida.
Felipe levantou o rosto dele lentamente com as pontas dos dedos.
-- De hoje em diante só choraremos de felicidade e, se tivermos que brigar.... Que seja pelo último pedaço de torta Marta Rocha.
-- Eu amo torta Marta Rocha -- Disse Fael, soluçando.
-- Eu também e é por isso que já vou avisando: Amor, amor...torta Marta Rocha a parte.
Risos.
Lorraine estava encostada ao balcão de enfermagem preenchendo alguns formulários quando alguém chegou por trás e tapou seus olhos com as mãos.
-- Adivinha quem é?
Os olhos de Lorraine estavam cheios de lágrimas quando ela abriu um sorriso travesso, dizendo:
-- Não sei.... Tenho tantas... Será a morena gostosa? A ruiva sexy?
-- Presunçosa -- Alisson riu de volta -- Hoje em dia você planta amor e adivinhe o que germina? Isso mesmo, chifre!
-- Bobinha! -- Lorraine a abraçou com força, encostando o rosto em seu peito -- Só tenho olhos para a loira mais linda do mundo.
-- Mesmo a Joelma morando com o Chimbinha, trabalhando com o Chimbinha, viajando com o Chimbinha, ela foi chifrada. Imagine eu...
Ao olhar para o belo rosto de Alisson, Lorraine sentiu seu coração vibrar.
-- Preciso de você em minha vida. Preciso de você o tempo todo ao meu lado -- Disse com voz cortada de soluços.
Alisson ergueu uma sobrancelha e encarou os olhos de Lorraine.
-- O que aconteceu? -- Perguntou, preocupada.
Fim do capítulo
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Mille
Em: 16/08/2017
Olá Vandinha
Então Maria Rosa vai entregar os segredos de alguém e acho que pode ser do Marcos Antônio, bom eu já o achava sinistro cheio de ambição para ter o poder e com certeza ele seria capaz de muitas coisas para tirar alguém pessoa de possa ajudar prejudicar o seus objetivos. Será que ela é mãe das meninas???? Só aguardando o próximo capítulo para saber.
As palavras da Fael tocou o coração do Felipe é tão bom quando a palavra de amigo nos ajuda a ver a vida de outra forma, mesmo no meio das tempestades. E também cada um tem que ter fé.
Sabe que estou sentindo gostinho de que estamos chegando ao final da história e já bate aquela saudade de todos.
Patrícia e Nádia parece que teremos mais um casal, ah não esquecer da Pâmela.
Bjus e até o próximo capítulo
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NovaAqui
Em: 16/08/2017
Curiosidade é o meu nome. Kkkk com essa volta de Maria Rosa muita coisa será revelada. Acho que esse pai do trio de médicos está mais sujo que pau de galinheiro.
Que legal Felipe acordar e ver que a vida vale a pena
Agnes e Beça que amor. Que bom que estão juntinhas
Lonzinha desabou quando viu sua amada.
Alisson vai ficar muito orgulhosa de sua mulher
Agora é se preparar para enfrentar papito é a turma do mal
Bom dia procê e Ana
Abraços fraternos procês!
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