A fortiori por Bastiat
Capítulo 22 - Pontes sem estrutura desabam, Laura
Camila
Apresentar o primeiro jornal do dia, dar o primeiro bom dia para muitos, contar as primeiras notícias é gratificante. Por isso acordo sempre feliz e bem-disposta. Mesmo que as coisas não estivessem muito bem, chegar na redação sempre dá um gás para fazer o meu melhor.
"...eu me ofereço para fazer o diálogo entre você e a Laura."
A voz da Vero ecoava na minha mente toda hora. Por mais que a Laura tenha feito o que fez, não era justo com as minhas filhas, muito menos com a Marina. Acho que eu realmente posso ter errado na mão. O que eu sempre quis foi machucar a Laura, fazê-la sofrer. Porém, assim como as meninas, eu também estou sofrendo. Sofro porque no fundo machucar a Laura ainda é doloroso para mim.
- Bom dia, gata gostosa.
- Bom dia, Guga. Voltou ao horário habitual? - Sorri.
- Nem eu estou entendo meus horários. Que sorriso é esse? Viu passarinha rosa?
- Não! - Gargalhei com vontade, Guga e suas piadas.
- Ah é, eu esqueci que és quase uma freira. E como foi ontem? Matou a Vero? Fiquei até com medo de te ligar.
- Se tivesse matado, te chamaria para esconder o corpo.
- E eu não teria ido, desmaio com sangue.
- Belo amigo frouxo que eu tenho.
- Anda, Cah, conte-me o que aconteceu.
Me espreguicei na cadeira e sorri para ele.
- Vocês têm razão. Você, a Vero e os pais da Laura tanto falaram que eu tive que dar o braço a torcer e deixarei as minhas filhas ver a outra mãe.
- Que notícia maravilhosa, vou sugerir até como pauta na reunião. É a notícia do ano.
- Eu não sei porque te aturo ainda - revirei os olhos com tédio.
- É sério, gata gostosa, fico muito contente por você. Agora vai ver que tudo vai se ajeitar.
- Eu só quero ouvir a Marina me chamando de mãe. É só isso que espero. Ela tem interagido comigo, mas ainda me chama de Camila.
Guga me abraçou como quem diz: estarei aqui para o que precisar. E eu sei que sim.
Laura
- Bom dia, Patrícia.
- Bom dia.
Patrícia levantou-se da cama e foi direito para o banheiro. Quando voltou, estava de banho tomado.
- Ainda bem que eu deixei algumas roupas aqui. Quer alguma emprestada?
Achei que assim que acordássemos teria uma DR, mas ela segue me ignorando completamente a nossa briga. Resta saber se é bom ou ruim.
- Não, eu vou passar em casa.
- Ok. Eu vou tomar café na empresa.
- Você vai para casa depois do trabalho? Para a nossa casa?
- Sim, claro. Eu só vim aqui porque precisava fazer uma coisa. Você não precisava vir até aqui, iria voltar ontem.
Fiquei sem ter muito o que dizer, estava surpresa com a atitude dela. Ela deu um beijo rápido nos meus lábios e saiu.
O que está acontecendo? Fingir não é da personalidade da Patrícia. Será que ela vai terminar e foi só uma despedida? Mal tive tempo de contar a novidade para ela.
Passei em casa rapidinho e fui para onde minha alegria é completa.
Cheguei na redação e tive o prazer de respirar aquele ar de notícias, ouvir burburinhos de conversas paralelas, e no fim entrar na minha sala para colocar as matérias em andamento. Daqui dez minutos uma reunião se iniciará, o começo do dia apenas. O frio na barriga e a adrenalina de descobrir novos fatos ao longo do dia segue sendo uma das melhores sensações do mundo.
Ouvi batidas na porta e autorizei a entrada.
- Bom dia, chefa.
- Muito bom dia, Sérgio.
- Que bom humor! A conversa pelo jeito terminou prazerosa.
- Digamos que sim, mas não é exatamente por isso que eu estou de bom humor. Eu tenho outra grande novidade: a Camila permitiu, finalmente, que eu tenha contato com as meninas.
- Que maravilha! E como foi que aconteceu esse milagre?
Contei tudo exatamente como a Vero relatou.
- ...e foi isso. Agora a Verônica ficou de me ligar.
- E se a proposta for ruim e você não aceitar?
Não passou pela minha cabeça aquela possibilidade.
- O que seria uma proposta ruim?
- Hum... ver as meninas uma vez por mês, talvez?
- Não! Só uma vez por mês não!
- É uma possibilidade Laura. Do jeito que foi colocado parece que a Camila quem dará as cartas. Mas talvez ela realmente faça uma ótima proposta.
- Dessa Camila de agora eu espero tudo - estralei meus dedos de nervoso.
- Não sofra por antecipação, primeiro vamos ouvir a proposta. Ela vai querer ouvir as meninas e isso vai contar muito porque elas vão querer te ver mais que uma vez por mês.
- É, você está certo. Temos uma reunião agora, vamos?
- Antes que se inicie a reunião, tenho também algo para te comunicar. Abriram um novo processo na justiça contra você.
- Ó, que novidade! - ironizei.
- As denúncias sobre os falsos dados daquele escritor e político argentino parece ter irritado o hermano.
- Ele que mente no livro, comete um monte de falcatruas e eu que sou processada? Que mania idiota que esses aproveitadores têm de processar. É só provar que tudo que escrevi é mentira.
- Você detonou o cara, as vendas dos livros dele caíram drasticamente e ele caiu na intenção de votos.
- Ótimo, isso só é um sinal de que fiz eu um bom trabalho. Abri os olhos dos argentinos para que eles refletissem em quem votar. Ele que se prepare para a próxima bomba que vou soltar.
- É mais um processo infundado e mais uma missão cumprida. Você vai falar dessa bomba na reunião?
- Sim, vamos que a reunião vai começar. Ah, emissão cumprida nada, temos mais coisas para cumprir sobre o assunto do hermano! Depois me lembra de ligar para a minha advogada.
Nem me assusto mais com processos. Ameaças sim, mas até hoje foram veladas.
Entrei na sala de reunião e todos me olharam como se eu fosse um alien. Fiquei sem graça com os olhares e sem entender muito bem o que está acontecendo. Cumprimentei todos cordialmente e sentei-me para dar início a reunião.
- Antes de tudo, quero trazer algumas novidades do caso do Juan Garcia Valadares. Acredito que ele deve continuar sendo o destaque com as provas que obtive com as minhas fontes. O cara está envolvido com compras de voto quando foi deputado, obras superfaturadas, compra de juízes e um dos projetos que ele pretende fazer pode acabar com a democracia na Argentina. Consegui uma gravação dele falando como acabar com os outros poderes e se perpetuar no poder. O cara é uma das maiores farsas do mundo. Fora que nesse mesmo vídeo ele é podre, vocês precisam assistir como fala das mulheres que trabalham com ele. Ridículo.
- Mas gravação de vídeo ou áudio, Laura? - Um dos repórteres perguntou.
- Gravação em vídeo. Assim que finalizarmos a matéria, vamos transcrever tudo e colocar na máquina para rodar. No outro dia vamos colocar o vídeo no site, já falei com o chefe de Paris.
- Ótimo, ótimo. Já sabe mais ou menos quando vai sair?
- Eu quero esperar mais duas provas para fazer uma reportagem completa. Acredito que na semana que vem podemos estourar a bomba.
Todos ficaram empolgados com as novidades e ansiosos para começar a trabalhar.
Debatemos outras pautas, mas percebi que conforme a reunião passava os olhares continuavam. Eu já comecei a pensar que tem alguma coisa errada comigo. Um ch*pão no pescoço? Fiquei desesperada. Quando terminou, eles permaneceram um pouco mais.
- Laura, por que você não nos contou que é filha do Dopollus e da Andrea Neves?
A chefe de reportagem tomou coragem e fez a pergunta que todo mundo queria fazer.
- Porque não faz diferença no meu trabalho ser filha de quem eu sou. Isso não deveria nem ser interesse de vocês.
- Nossa, não está mais aqui quem perguntou - ela se assustou com a grosseria. Eu sempre fui muito cordial com todo mundo.
Todos começaram a levantar e o Sérgio me olhou com cara de reprovação. Eu tinha que pedir desculpa.
- Gente... - todos voltaram a olhar para mim. - Desculpa, pessoal! É que eu prefiro manter a minha vida pessoal fora do meu local de trabalho. Acho que agora vocês sabem que sou aquela Laura que foi repórter e foi por isso que eu mantive minha identidade oculta, para seguir com o meu trabalho sem sofrer atentado.
Não era exatamente isso, mas foi uma boa desculpa. Todos assentiram positivamente e saíram da sala.
Será que o sobrenome de alguém é tão importante assim? Que diferença faz de quem sou filha? Eu sou a Laura, apenas a Laura. Tudo que eu queria deixar no passado está voltando.
Camila
Cheguei em casa e lembrei que terei que ter uma conversa com as minhas filhas. Antes de fazer qualquer acordo com a Laura, quero saber a opinião delas.
- Oi, Vero - entrei no escritório que ela está trabalhando.
- Oi, Cah. Tudo bem?
- Tudo certo e você?
- Bem.
Vero parece desanimada, alguma coisa tinha acontecido.
- O que foi? Está acontecendo alguma coisa? Quer conversar?
- Nada, não está acontecendo nada. Só não consegui trabalhar hoje, parece que a minha inspiração está esgotada.
- O que deixou você assim? Essa tristeza no olhar tem nome, sobrenome e mora em São Paulo?
- Depois a gente conversa sobre isso - ela parecia bem chateada. - Já conversou com as meninas?
- Não, eu acabei de chegar. Vou falar com elas agora.
- E como será? Já decidiu o que você vai fazer?
- Não, quero escutá-las antes de tomar qualquer atitude.
- É bom ver você falando assim, saber a opinião delas. Vai ser melhor, você vai ver.
- Se para a paz reinar nesta casa eu preciso fazer isso, farei.
Subi e parei de frente à porta do quarto das minhas filhas. Deu uma batida de leve e abri.
- Ei, cheguei meus amores.
- Oi, mãe - recebi o melhor sorriso da Diana.
- Está difícil o dever? - perguntei mais para a Diana, já que Marina estava concentrada em demasia.
- Já terminei, mamãe. Só estou conferindo se fiz tudo.
- Que bom, amorzinho. Depois vou dar uma olhava para ver o que vocês estão aprendendo. E você Mari? Já terminou?
- Do que me chamou?
- De Mari... - de repente lembrei que Laura detestava apelidos.
" - Mari e Di - estava babando nas minhas filhas.
- Marina e Diana - Laura disse.
- Deixa de ser besta, vida! Elas são dois bebês, chamar pelo nome é chato.
- É, mas é melhor acostumar-se desde agora. Se elas crescerem com esses apelidos não serão chamadas pelo nome.
- Você tem cada mania, Laura. Não sei como ainda te suporto.
- Você me ama. Já te disse hoje que você é o amor da minha vida?
- Não adianta você falar assim, vou chamá-las de Di e Mari.
- Pois eu vou continuar chamando-as pelo nome, Diana e Marina..."
- Você prefere ser chamada de Marina, não é? A Laura sempre te chamou assim.
- Claro, é o meu nome. Mas se você quiser me chamar de Mari, tudo bem. Você chama a Diana de Di, a tia Verônica de Vero, ela te chama de Cah.
Ela está realmente baixando a guarda. Sorri.
- Marina é um nome tão bonito, acho que a... a... - eu tenho que reaprender a falar o nome dela com naturalidade - a Laura tem razão em te chamar assim. Se você gosta, eu vou continuar te chamando de Marina.
Ela assentiu sorrindo e eu me derreti toda.
- Mas você não me respondeu. Você já terminou o dever? Precisa de ajuda?
- Já terminei sim e não preciso de ajuda, obrigada.
- Ótimo. - Suspirei - Meninas, nós precisamos conversar.
Elas ficaram em silêncio aguardando o assunto.
- Eu estou sabendo que vocês se encontraram com a Laura e que conversaram com ela.
- Putz...- Marina ficou assustada.
- Calma, não vou brigar. Na verdade, eu quero primeiro pedir desculpas a vocês. Principalmente a você Marina. Eu não tinha o direito de fazer o que fiz. Te prendi aqui e não te ouvi. Deveria ter ouvido a vontade de vocês.
- Tudo bem, mamãe - Diana me abraçou.
- Por que você fez tudo isso? - Marina perguntou.
- Por quê? Bem, você sabe de toda a história agora. Eu tive medo de que a Laura fugisse com vocês. Queria protegê-las.
"E não quero ter que conviver com a outra mãe de vocês também" pensei e guardei comigo. Elas não entenderiam.
- E agora eu vou poder ver a minha mãe sempre que eu quiser?
- Eu vim aqui para justamente discutir isso com vocês... - fui interrompida pela Marina.
- Ela vai poder vir aqui em casa quando quiser?
- Calma, temos que conversar mais.
- Camila, por favor...
- Marina, deixe-me falar. Acredito que vocês podem ver a Laura uma ou até duas vezes por mês. Ela mora em São Paulo, não dá para ela vê-las sempre. Além disso, Laura trabalha, tem sua vida por lá. Então, duas vezes por mês, em um sábado por exemplo, vocês passam algumas horas juntas. Assim não fica cansativo para ela também.
- Algumas horas? Algumas horas de um sábado?
- O dia todo então? Vocês a encontram de manhã e voltam à noite?
- Me leve de volta para casa e me veja algumas horinhas duas vezes por mês! Você ia gostar disso? Por que você acha que a minha mãe e eu vamos gostar?
Olhei para a Diana que estava quieta. O que eu tinha feito de errado? A errada nessa história toda é a Laura! Todos parecem ter ficado ao lado dela e eu estou sozinha como punição.
Não consegui segurar as minhas lágrimas e achei melhor sair dali para pensar. Meu quarto virou um lugar seguro agora. Eu ainda não sei lidar com a Marina como eu pensei que já soubesse. É um passo para frente e dois para trás.
...
Vários minutos se passaram e a Diana entrou no meu quarto. Sem esperar, sentou-se na minha cama e foi direto ao ponto:
- Mamãe, a Marina só ficou nervosa. Ela gosta muito da Laura e pensou que poderia visitar quando tivesse vontade. Mas nós estávamos conversando e eu falei para ela que com pais separados as coisas são diferentes. Além disso, a Laura falou que aqui é a casa dela. Não se preocupe, minha irmã não falou sério quando disse em ir embora.
Sim, eu sei que no fundo que Marina quer ir embora de verdade. É nítido que ela sente falta da mãe com quem cresceu. Por mais que ela já gostasse de mim, talvez ainda seja um choque a mudança de casa.
- Di, como foram os dias com a Laura em São Paulo?
- Foram legais.
- Não, meu anjo. Eu quero saber detalhes, como foi de verdade. Como é a Laura?
- A Laura foi muito carinhosa e também meio dura as vezes. Um dia ela me levou no shopping e fizemos a festa. Nós brincamos no playground, ela é muito boa naqueles joguinhos! Mãe, a Laura é muito louca e engraçada. Tem também a Pati, a namorada dela, que é muito legal, a gente ficou brincando de peixe na piscina. Ah, tem também o tio Sérgio...
- Essa tal de Pati é bonita? - Interrompi a minha filha e perguntei a primeira coisa que veio a minha boca, não queria nem ouvir falar no nome do Sérgio.
- É linda, parece artista de televisão.
- É? E ela é nova?
- Deve ter a mesma idade da Laura. A tia Vero a conhece.
- Hum... certo. Mamãe agora quer ficar sozinha, depois conversamos.
- E como vai ficar aquele assunto?
- Depois voltamos nele.
Diana saiu do meu quarto deixando um beijo na minha bochecha direita. Minha cabeça está explodindo, não consigo raciocinar direito. Eu preciso encontrar uma solução para essas visitas da Laura. Esse acordo precisa beneficiar as minhas filhas, mas também não posso fazer com que seja um prêmio para a Laura e um sofrimento para mim.
Laura
Tentei falar com a Patrícia o dia todo, mas ela esteve sempre em reunião. Cheguei em casa e ela ainda não havia chegado. Cada vez mais estou convencida de que ela vai terminar tudo comigo. Isso me preocupa muito. Querendo ou não, por mais que eu não sentisse aquele amor forte que já senti por outra, a minha relação com ela é muito mais segura do que com a Camila. Me faz bem. A arquiteta tem características únicas que me encanta. Cada dia mais me sinto apegada a ela.
Ouvi o telefone fixo tocar, talvez fosse ela.
- Alô...
- Você vai engolir cada palavra publicada na reportagem da semana passada, sua filha da puta - a voz estava distorcida.
Desligou.
Covarde! Ameaça covarde.
- Laura?
Patrícia chegou sem que eu visse.
- Oi - tentei sorrir.
- Está tudo bem? Você está pálida.
- Está tudo bem sim.
- Tem certeza? Você não me parece muito bem. Que cara é essa? Com quem você estava falando no telefone?
- Não se preocupe, eu estou bem - coloquei o telefone na base e me deitei no sofá. Patrícia subiu para o quarto.
Eu recebia ameaça pela redação, mas ligar para a minha casa já é demais. É um péssimo sinal, na verdade. Se tem o número o meu residencial, provavelmente quem ligou sabe mais da minha vida do que imagino.
Distraída, não vi quando a Patrícia sentou-se cheiro ao meu lado e começou a fazer carinho nos meus cabelos.
- Tentei falar com você o dia todo - disse olhando para ela.
- Tive um dia de reuniões complicadas.
- Hum...
- Vamos jantar fora?
Queria muito ir, mas sair com ela depois daquela ameaça é arriscado. Jamais colocaria alguém em risco.
- Não, vamos comer alguma coisa por aqui mesmo.
- Eu não vou preparar nada, estou cansada.
- Nem um lanche?
- Não. Prepara você vai.
- O melhor lanche do mundo.
Levantamo-nos e seguimos para a cozinha. Não sei se foi a ligação, mas paira um clima estranho. Comecei a preparar o lanche e resolvi encarar a Patrícia.
- Patrícia, o que está acontecendo? Você vai terminar comigo? É isso?
- Eu não! De onde você tirou isso?
- Patrícia, ontem você não quis conversar comigo. Hoje a mesma coisa.
- Conversar o quê, Laura?
- Você está fazendo a egípcia o tempo todo, nem parece que brigamos.
- Só nos poupei de um mimimi desnecessário.
- Hã?
- Amor, eu tenho certeza de que você foi disposta a pedir desculpa ontem. Eu só adiantei as coisas.
Fiquei em silêncio, não estava entendendo. Ela prosseguiu:
- Você só fez uma cena porque estava com ciúmes. Eu não vou perder o meu tempo brigando por uma bobagem. Eu só pulei a parte de uma DR e fui direto para onde a gente iria depois da conversa.
- Nossa. Eu...
- Não esperava isso? Eu não sou idiota, Laura. Está na hora de parar de tentar me tratar como uma bonequinha que está sobre os seus comandos. Amo você, mas eu só vou ficar ao seu lado enquanto eu achar que vale a pena.
- Eu não tento te tratar como uma bonequinha. Não sei por que você está falando tudo isso.
- Acho que você deveria parar de descontar suas frustrações nas pessoas. Como estou próxima, sou a primeira que você desconta quando as coisas não saem do seu jeito. Você estava frustrada por deixar as suas filhas para trás mais uma vez. Viu naquela cena ridícula uma forma de ocupar sua mente para se distrair.
- Patrícia, eu nem sei o que falar... eu... nossa. Na verdade, eu nunca parei para pensar. Caramba.
Eu realmente estou surpresa. Como a Patrícia poderia ter uma visão tão nítida das coisas assim? Tudo o que ela dizia faz sentido.
- Se você não tem o que dizer, eu tenho - fiquei tensa. - Eu fiz faculdade de Engenharia Civil e de Arquitetura. Me especializei em Design e toco uma empresa que está se expandindo no mundo. Tudo isso parece muito difícil, mas é fichinha ao comparar isso com a nossa relação. Ninguém pode imaginar como é difícil construir uma ponte até você. A ponte que eu construí parece que desaba com o vento. Pior é que eu não faço a mínima ideia de como fazer essa ponte ficar firme e bem cuidada. Mas uma coisa é certeza: eu não posso construir uma ponte se você não quer que eu construa. Amor é algo que se constrói e pontes sem estrutura desabam.
Minha vontade é de chorar, mas senti que não tinha esse direito. Minha vida é feita de pontos sem estruturas. Eu sou assim.
- Será que nunca serei feliz? - perguntei mais para mim do que para a Patrícia. - Eu não sou capaz de fazer ninguém feliz? É disso que eu tinha medo, Patrícia. Estamos envolvidas agora, mas eu não sei se temos futuro.
- Eu cheguei na sua vida achando que você era uma e acabei conhecendo outra. Olha a minha situação, isso é assustador! Só que eu tenho certeza de que a tempestade vai passar e depois disso vamos voltar a ser como antes. Ou talvez vamos sair ainda melhores. Estou apostando nessa relação, Laura.
- Desculpe-me.
- Não me peça desculpa, me ame. Permita-me te fazer feliz.
- É muito egoísmo da minha parte fazer isso com você. Patrícia, você merece uma pessoa muito melhor.
- Não, Laura. Eu mereço quem eu amo e é você que eu amo.
- Patrícia, isso tudo é muito bonito na teoria, mas na prática as coisas não são bem assim.
- A sua primeira prática não foi legal, mas isso não significa que a história irá se repetir. É diferente. Você não vê que combinamos em tudo? Olha, Laura, olha para mim e pense se eu não sou capaz de te fazer feliz.
- O problema é que eu não sou capaz de te fazer feliz.
- Está enganada. Você só não consegue porque está presa ao passado. Se você se permitir verá que não tem Verônica, Camila, outras mulheres, ninguém. Não tem ninguém para nos atrapalhar.
Anda coração, bate forte por ela. Bate descompensado como você batia quando via a Camila. Suspirei fundo e a abracei. Ela dava o melhor sorriso para mim, como essas covinhas são um charme, suspirei.
- A Verônica ligou ontem... - Contei sobre o acordo que a Camila ia propor, compartilhamos da mesma felicidade.
- Viu como as coisas estão se ajeitando, Laura?
O telefone da Patrícia tocou.
- Por falar em Verônica, olha quem está ligando - ela me mostrou a tela e atendeu. - Oi, Vero.
- Oi, Patrícia. Tudo bem?
- Tudo certo e como você está?
- Eu estou bem. A Laura está por aí? Eu tentei ligar para o celular dela, mas só cai na caixa-postal.
- Deve estar sem bateria e se esqueceu de carregar. Mas ela está sim, vou passar para ela.
Patrícia passou o telefone e eu atendi ansiosa.
- Oi, Verônica. Tudo certo?
- Tudo bem. Estou te ligando para avisar que quinta-feira da semana que vem eu vou para São Paulo tratar de negócios e quero aproveitar para conversarmos sobre a proposta da Camila. Assim é mais fácil do que ficar passando apenas recados por telefone, vamos ter uma conversa de verdade.
- É claro. É uma excelente ideia. Vamos jantar aqui em casa, então?
- Sim, claro. Depois você me passa o endereço certinho.
- Passo sim. Está tudo bem com as meninas?
- Está sim, Laura. Já estão ansiosas para te ver novamente.
- Eu também estou louca para vê-las. Obrigada, Verônica. Nem sei como te agradecer por tudo que está fazendo. Sei que diz que é pelas meninas, mas você sabe que está me ajudando também. Obrigada de verdade.
- Eu estou te dando um voto de confiança, Laura. Por favor, não me decepcione. Não decepcione as suas filhas de novo.
- Esse voto significa muito para mim, principalmente vindo de você. Não vou te decepcionar e muito menos decepcionar as meninas. Eu vou fazer tudo certo agora.
- É o que eu espero. Bom, tenho que desligar. Tchau Laura, boa noite.
- Espera! A Patrícia quer falar com você.
Passei o celular para a Patrícia que foi para a sala se despedir da amiga. Ainda falta mais de uma semana para a visita da Verônica, mas já estou contando os minutos para a conversa.
Fim do capítulo
Próximo capítulo a Verônica e a Laura vão se encontrar para ter a conversa, mas as coisas podem sair do controle. Mas calma, não comecem a xingar a Laura... ainda.
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rhina
Em: 06/03/2019
Camila se deixando levar pelo amor que a Marina sente pela Laura
Repensando suas atitudes. .....e lidando.com.suas emoções e sentimentos em relação a Laura. ....assim sendo capaz de aliviar a pressão dos acontecimentos......liberando mais espaço para Laura na vida das meninas.
Rhina
patty-321
Em: 06/08/2017
Fiquei com medo dessa ameaça, a Laura não consegue ficar longe do perigo? Não deixe nada acontecer com a vero, please. Eva Laura precisa merecer ser feliz com a camila. Ansiosa. Bjs
Resposta do autor:
Laura deveria se apresentar assim: Oi, meu nome é Laura e meu sobrenome é Perigo.
O capítulo já está escrito, sorry. A Vero vai morrer e... brincadeira! Calma, vamos aguardar.
Beijos.
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Bia08
Em: 06/08/2017
De coração na mão por esse spoiler.
Espero que as coisas não desanda de vez pro lado da Laura, pq agora que estava começando a entender todo esse medo e a forma impulsiva dela em relação ao que aconteceu.(separação)
Bjs
Resposta do autor:
Hum... vamos supor que as coisas não sairão como planejado.
Beijos.
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Mille
Em: 06/08/2017
Olá autora
Tive que ler o anterior, a Camila começou dura com a irmã que só quer ajudar e deixar as sobrinhas felizes e por isso ajudou a Laura a ter contato com as meninas sem ela saber. A Vero é o suporte melhor irmã.
Laura é egoísta e a Patrícia não a deixar terminar porque ela ama a Laura, para ela será difícil quando a Verônica tornar importante na vida dela e quem vai jogar ela para cima da Verônica é a Laura.
E mais uma vez a Laura sendo ameaçada, bom espero que ninguém se machuque.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá, Mille.
Camila se sentiu traída, mas a Vero como melhor irmã aproveitou o momento para trazê-la a consciência.
Pois é, a Patrícia ama a Laura e está aí justamente uma dificuldade para a Verônica.
Beijos, até quarta.
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