Capítulo 1: Fase de conhecimento
Em um minuto Clara parou, sentada na cama e observou-a dormir.
Aquela cuja personalidade roubou seu coração.
Aquela que com um simples “olá” faz o dia ficar mais colorido.
Vitória dormia calma e serena, nem parecia que há algumas horas atrás estava chegando em casa transtornada por um dia de trabalho. Mas a vida tem dessas.
Vitória é delegada do grupo de operações especiais da polícia federal e, como em toda profissão, teve um dia bem difícil. Após meses desenvolvendo planos e táticas para uma operação especial que envolvia empresários muito famosos, tinha conseguido por um fim à quadrilha, mas perdeu um de seus homens na operação e um de seus informantes. Assim que entrou em casa, Clara sabia que havia algo errado. Conhecia a esposa tão bem que só de olhar já sabia o que fazer. Preparou algo para Vitória comer e viu que ela havia saído para o seu “cantinho”, uma área na parte externa da casa, onde ela havia colocado um piso emborrachado, seu ‘saco de pancadas’ e alguns outros equipamentos. Estava lá, socando com toda força que conseguia o saco, sem luvas ou qualquer outra proteção nas mãos. Clara parou, observou e esperou, até que Vitória parou e segurou o saco com as duas mãos. Ela se aproximou e abraçou a esposa por trás, segurando seus ombros como se ela fosse desabar a qualquer momento. Depois de um tempo, vitória virou-se e abraçou Clara, como se desejasse nunca mais sair dali.
Mas... Vamos conhecer a história de Clara e Vitória do início...
Clara sempre foi, aos olhos dos mais próximos, uma garota problemática. Vinha de uma família extremamente conservadora, porém sua personalidade forte e decidida e seus desejos nunca se encaixaram nela...
Seus pais, separados desde que ela tinha cinco anos de idade, não tinham uma boa relação e, apesar dela morar com o pai, tinha uma afinidade muito maior com a mãe. Sempre se via entrando em conflito com seu pai, pelo fato de não concordarem em algumas coisas. O pai de Clara a via como uma pessoa desajuizada e irresponsável, porém nunca se importou realmente com o que a filha sente ou pensa. Eram apenas dois estranhos morando na mesma casa.
Clara sempre teve seus objetivos delimitados, porém, nunca os expôs pra ninguém.
Ela tinha seus projetos: Ter as duas formações necessárias (administração e medicina com especialização em cirurgia pediátrica) para fundar uma ONG que teria como objetivo dar suporte a recém-nascidos que nasciam com patologias carentes de cirurgia e cujas mães não tinham condições de arcar com as despesas médicas.
Ela sabia que a faculdade de medicina era um projeto para o futuro, pois teria que dispor de muito mais tempo para seus estudos e focar apenas em sua carreira e, no momento essa não era uma opção.
Tinha muitos problemas em casa, pelo fato de ser uma pessoa que deseja ser independente e ter uma aversão a ter que das satisfações.
Gostava de sair para resolver suas coisas e voltar sem ter ninguém perguntando o tempo todo onde estava e odiava o fato de ter gente o tempo todo “pegando no pé”.
Clara tinha o espírito livre, tinha uma mente aberta e uma intolerância a pessoas que a deixavam com uma sensação de “prisão”. Como todo ser humano comum, tinha seus momentos de confusão e conflitos internos, tinha seus momentos de indecisão e algumas vezes acabava “metendo os pés pelas mãos”.
Vitória, que sempre fora uma garota centrada, também vinha de uma família um tanto tradicional e conservadora. Seus pais, cristãos, tinham suas ideologias, que eram um tanto diferentes daquilo que ela realmente acreditava.
Sua mãe, uma pessoa julgada por muitos uma pessoa "complicada", não aceitava muito bem o fato de que sua filha era lésbica, mas apesar das diferenças, a amava acima de qualquer coisa. Elas tinham uma relação complicada, Votória acreditava que bom ou ruim, você traçava seu prório destino e ninguém tinha o poder de muda-lo além de voê mesmo. Sua mão, por outro lado, acreditava que Deus tinha um plano para cada um de nós e, mesmo que fizessemos algo para muda-klo, a vontede Dele sempre prevaleceria e era nosso dever seguir seus ensinamentos.
Seu pai era mais diplomata, tinha suas ideologias, porém nao impunha nada a filha e a respeitava independente de ser como ela achava que deveria.
O respeito era a base daquela família, não importa o que acontecesse, as opiniões das passoas mais sabias eram sempre mais pesadas, porém todas eram levadas em conta.
Vitória tinha, e ainda tem, uma relação maravilhosa com sua avó. Uma amizade e cumplicidade que encantava quem via de perto. Existia uma relação de afeto, respeito e amor entre elas. Era como se fossem mãe e filha. Os defeitos, as ideologias e todas as regras que a sociedade impunha não importava,.; A Vitória era e sempre seria a "filha" da avó e aquele amor nunca se acabaria.
Clara e vitória são opostos visíveis. Clara é uma pessoa emocional, pensa primeiro com o coração, e sempre espera o melhor das pessoas. Ja se machucou muito por ser assim, mas sua essencia é de uma menina, uma doce menina que faz de tudo por todos e espera receber aquilo em troca.. Vitória, pelo contrário, pensa primeiro com a cabeça, com a razão e quase nunca com o coração. Sempre foi uma pessoa fechada, prática e meio insensível. É carinhosa com as pessoas que ama, porém ama tendo aquela desconfiança e esperando sempre o pior de qualquer um ou de qualquer situação.
Ninguem diria que duas pessoas tão diferentes criariam uma ligação tão linda e especial como a que têm hoje, uma ligação que vai muito além de algo físico e muito além de um simples romance adolecente.
Fim do capítulo
Continua?
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]