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A fortiori por Bastiat

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Palavras: 6723
Acessos: 9752   |  Postado em: 02/08/2017

Capítulo 20 - Le cadeau du pardon

 

Laura

 

    O avião estava parado na pista. Tínhamos acabado de pousar no Rio de Janeiro. Eu segurava a mão da Patrícia buscando segurança.

    Pisar na minha cidade natal depois de tantos anos era um misto de felicidade e tristeza. Vivi momentos de céu e inferno nesta cidade. Cheguei aqui com 14 anos de idade contra a minha vontade e sai fugida.

    Senti aquele já conhecido calor de verão da cidade assim que sai do aeroporto para pegar um táxi. Patrícia deu o endereço do hotel para o taxista e nosso caminho foi marcado pelo mar e o Cristo Redentor no alto. Eu preferia ficar em silêncio e a Patrícia respeitava isso. Precisava fazer uma reflexão e tirar aquele medo que estava tomando conta. Tinha que encarar as coisas de frente e começar conversando com minhas filhas era um grande passo.

    Chegamos no hotel e subimos para o quarto reservado.

    - Amor, você está bem?

    - Estou, Patrícia.

    - Eu pedi um carro para o hotel, é melhor que ficar pegando táxi.

    - Você sempre acerta, obrigada por pensar em tudo.

   - Posso ligar para a Verônica?

    - Pode.

    Patrícia ligou e avisou que estava a caminho.

...

    A casa era a mesma que comprei com a Camila. O condomínio fechado continuava com belas árvore. Pouca coisa havia mudado ali, talvez uma pintura ou outra diferente nas casas. O grande muro branco e o portão fechado cinza me fizeram respirar fundo. O número 10 era o meu predileto, acho que escolhi aquela casa mais pelo número do que realmente tivesse gostado.

    " - Gostou da casa, vida? Eu amei! - Camila sorria olhando em meus olhos com os braços envoltos no meu pescoço.

    - Amei também. É número 10!

    - Ai Laura! Eu aqui admirada com a casa e você pensando na residência oficial do Primeiro Ministro britânico.

- Deixe-me ser feliz com a coincidência! Número 10 da Rua Downing em Londres - beijei seus lábios. - Você sabe que seremos felizes em qualquer lugar do mundo, não importa a casa.

- Felizes para sempre..."

    - Amor? Amor? - Patrícia me chamava.

    - Oi.

    - Você não vai desistir, não é?

    - Não, estava apenas divagando.

    - Então vamos, não temos muito tempo.

    Saímos do carro e minha namorada tocou a campainha. A Verônica sabia que era a gente e só abriu o portão automática.

    Patrícia empurrou o portão e deu espaço para que eu entrasse primeiro. O gramado verde e bem cuidado me fez lembrar novamente de que as coisas não mudaram muito por ali. A fachada da casa era a mesma, o grande susto foi a Camila manter a porta preta vernizada com o número 10, era a cópia fiel da morada do primeiro ministro britânico. Mas somente a porta era igual, Camila jamais permitiria os tijolos pretos, ficamos com o creme mesmo. Linda.

    Caminhei junto com a Patrícia e antes da porta abrir ela segurou a minha mão e sorriu.

    - Boa sorte.

    - Obrigada.

    A porta se abriu e a Vero surgiu parada com a mão na maçaneta. Não consegui decifrar o seu rosto quando ela olhou para mim, mas o um sorriso para a Patrícia ela não escondeu.

    - Oi, entrem.

    Verônica deu passagem para nós e em nenhum momento dirigiu os olhos para mim. Ela só olhava para a Patrícia e segundos depois a abraçou. Não demorou muito para eu ouvir a voz que estava com saudade:

    - Mãeeeeeeeeeee!

    Era a Marina. Corremos uma para a outra e me ajoelhei para ficar na sua altura. O abraço apertado era de saudade. Ela fazia força como se pedisse para eu protegê-la, para que eu não a largasse nunca mais. Meus olhos estavam inundados de lágrimas, era tão bom sentir aquele cheirinho do meu bebê novamente.

    Olhei para a Diana que estava atrás, um pouco afastada, observando. Estiquei meu braço chamando-a para se juntar ao abraço e fiquei contente ao ver o seu sorriso. Ela veio na nossa direção e nós três compartilhamos o mesmo abraço.

 

 

Verônica

 

    A cena presente estava tocante. Minha ex-cunhada e minhas sobrinhas abraçadas era uma das cenas mais bonitas que já vi na minha vida. A Laura chorava e minhas sobrinhas pareciam que não queriam largar a mãe. Meus olhos marejaram, elas estavam tão felizes.

    Olhei para a minha musa inspiradora e ela estava emocionada. Seu sorriso com aquelas covinhas era tudo o que eu queria. Peguei na sua mão chamando-a para sair dali. Trocamos olhares e ela entendeu que elas precisavam ficar sozinha, seguimos de mãos dadas para o escritório.

    Fechei a porta e parei para observá-la. Ela estava ainda mais bonita que no carnaval. Não resisti e a puxei para um abraço, precisava sentir o seu corpo no meu.

    - Que saudade de você.

    - Confesso que eu também senti um pouquinho.

    - Sério? - joguei um charme para cima dela.

    - Verônica, não faz assim.

    - Você é tão linda, ninguém resiste. Você está ainda mais linda que no carnaval.

    - Obrigada, mas você está me deixando sem graça.

    - Você deve que ouviu isso a vida toda, para de ser modesta.

    - Você também é linda, Verônica.

    - Sua mulher... - ela colocou o dedo na minha boca.

    - Não. Não vamos falar dela.

    - Certo.

    - Verônica, estou louca para ouvir essa conversa. Não vou aguentar ficar aqui parada.

    - Aí, eu também. Vem, aqui.

    Abri um pouco a porta e lado a lado começamos a ouvir.

 

Laura

 

    - Não acredito que estou abraçando vocês.

    Com muito custo, eu e minhas filhas nos separamos.

    - Mãe, por que você me abandonou? - Marina perguntou chorosa.

    - Não, Marina! Nunca! Não abandonei você.

    - Então por que você não veio até hoje me buscar?

    - Eu vou explicar tudo para vocês.

    Olhei para as duas e respirei fundo.

    - Vocês já devem saber que eu e a Camila fomos casadas e nós duas somos as suas mães - elas afirmaram que sim com a cabeça. - Achamos que o nosso casamento daria certo, mas tivemos problemas. Um dia, por minha culpa, tivemos uma briga - engoli o choro que estava se formando ao me dar conta que foi naquela sala que tudo acabou - e a Camila, é claro, pediu a separação. Eu também se fosse ela pediria a separação, eu era muito imatura e menti para ela. Eu fiz uma coisa que eu tinha prometido não fazer. Quando ela falou que nosso casamento estava acabado, eu fiquei sem reação, tive medo e perdi a cabeça. Quando uma pessoa perde a cabeça, só faz besteira.

    Eu tinha os olhos das duas voltados para mim, ansiosas pela explicação total. Mesmo que elas virassem as costas depois, eu tinha que falar a verdade.

    - Naquela noite, eu estava com medo de perder vocês e tomei a pior decisão de toda a minha vida. Eu tive a infeliz ideia de fugir com vocês, mas eu não podia levar as duas, a Diana estava dodói.  Então decidi... - doeu ver aqueles olhos confusos para mim, a Marina parecia não acreditar - Eu achei que seria melhor dividir vocês duas entre mim e a Camila. A maior besteira que eu fiz na minha vida, vocês não entenderiam. Por culpa minha vocês viveram até hoje separadas, desculpa... - não aguentei e chorei.

    Elas se entreolharam e a Marina chegou mais perto de mim.

    - Mãe, então isso tudo é culpa sua?

    - Sim - balancei a cabeça positivamente para ela ter a certeza de que tudo foi culpa minha. Ela se afastou de imediato - Eu sou a única culpada. A Camila é mais uma vítima da história. Me desculpa por decepcionar vocês e principalmente você Marina, que eu criei mentindo. Eu que deveria sempre zelar pela felicidade de vocês acima da minha, fui tão egoísta, estou muito envergonhada do que fiz. Eu fiquei com medo da Camila levar adiante o divórcio e eu só pudesse visitar vocês. Eu não queria apenas visitar vocês. Eu sei como é apenas receber visitas... Enfim, é complicado, filhas.

    Por mais que eu quisesse explicar a verdade do meu medo, o meu passado, elas não entenderiam, tentei minimizar.

    - Você me levou para longe? Esses anos todos você me fez acreditar que éramos só nós duas enquanto eu podia ter tido outra mãe e uma irmã? - Marina estava com raiva.

    - Foi, meu amor. Eu fiz isso. Eu te escondi todos esses anos da Camila. Te criei como se fosse só minha. Fiz da minha vida um inferno e da tua uma mentira. Eu nunca vou me perdoar pelo que eu fiz. Eu tentei dar todo o amor que eu pude para você, quis dar amor pela Camila também. Mas sei que falhei, porque o amor que ela sente por você é único. Assim como é único o meu pela Diana. Eu tentei te criar da melhor maneira possível, mas isso nunca vai substituir os anos que te fiz perder de estar aqui. Desculpe-me.

    O silêncio das duas estavam me matando.

    - Vocês podem não entender agora, mas eu quero deixar bem claro que eu me arrependo do que fiz. Se eu puder consertar toda essa besteira, prometo que farei de tudo. Se vocês não quiserem mais me ver ou quiserem um tempo para poder pensar, eu vou entender.

    Marina passou as mãozinhas pelo rosto e olhou para a casa toda até me olhar novamente.

    - Eu sempre me senti a filha mais amada do mundo. Eu sempre perguntava como era a mãe das minhas amigas e sempre achei você a melhor. Agora eu descubro que você tirou uma parte de mim e isso me dói muito.

    Ela parou e pareceu pensar nas próximas palavras. Eu via nos olhos dela muita dúvida e carinho.

    - Mas eu não consigo parar de gostar de você, eu sinto muito a sua falta, mãe. Eu estou muito brava com você, mas não quero nunca mais te ver. Eu quero que você conserte toda essa merd* - ela lembrou que falou uma palavra feia, mas não recuou -, essa merd* mesmo, falei merd* porque é uma merd*... eu quero que você conserte essa merd* e continue me amando como sempre me amou e nunca mais me leve para longe da Camila.

     - Marina, eu te amo tanto. Desculpa. Desculpa. Desculpa. Desculpa, meu amor.

    Ela correu para perto de mim, me abraçou e disse:

    - Eu também te amo mãe, muito.

    - Então você perdoa o que eu fiz?

    - Sim. Você é e sempre será a minha mãe. Você sempre me disse para guardar o perdão comigo, porque eles são como presentes. Eu devo me dar esse presente primeiro e depois dar para a outra pessoa mesmo que ela não mereça, porque vai me fazer bem depois. Eu me sinto bem te perdoando e me sinto bem também por tudo que você contou. Eu estava culpando a Camila injustamente porque achei que ela te mandou embora comigo. Mas agora me sinto melhor que ela não tenha feito isso e que eu posso gostar dela.

    - Por que você estava culpando-a? Ela não te explicou que eu fiz tudo isso?

    - É que toda vez que ela tentava falar eu não deixava, achei que ela estivesse mentindo. Mas não estava.

    - Você terá que pedir desculpa para ela, com certeza isso doeu muito. Eu sabia que você estaria revoltada com tudo isso, mas pensei que fosse comigo. Nunca, nunca você pode magoar ninguém e muito menos a sua mãe, entendeu?

    - Entendi, não vou mais fazer isso. Fiz besteira que nem você, viu?

     Consegui rir da comparação inocente da minha filha.

    Dei vários beijos nela e fiz cócegas para ouvir a sua gargalhada infantil. Olhei para a Diana que permanecia em silêncio.

    - E você Diana, não vai dizer nada?

    - Eu... eu... posso ficar com a opção de um tempo para pensar? É que você magoou a pessoa que eu mais amo no mundo, que é a minha mãe. E eu não sei se consigo entender muito bem você ter me deixado aqui. É estranho porque no fundo eu gosto de você também, sabe? Desde quando eu te vi pela primeira vez no banheiro do aeroporto, eu senti uma ligação com você. Tirando você achar que eu estava aprontando alguma coisa, aqueles dias em São Paulo foram maneiríssimos. Acho que eu vou querer esse tempo.

    - Todo o tempo que você quiser, meu amor. Eu já fico feliz só de saber que você gosta um pouco de mim. Eu quero que você saiba que todos esses anos eu não deixei de pensar um dia sequer em você. Eu te amo tanto quanto eu amo a sua irmã. Eu me arrependi muito de não ter te visto crescer.

    - Mas eu ainda vou crescer mais, aí você pode ver.

    - Isso quer dizer que eu posso tentar te ver depois que você pensar?

    - Eu não quero que a gente se separe mais como antes. Acho que depois que eu pensar, eu vou querer te ver.

    Balancei a cabeça para ela e ela sorriu timidamente para mim. Olhei para as duas e falei:

    - Eu vou consertar os meus erros, confiem em mim.

    - Eu confio! Mãe, eu vou voltar a morar com você?

    - Esta é a sua casa agora, Marina. Aqui sempre foi a sua verdadeira casa. Você tem que aproveitar para recuperar o tempo perdido com a sua irmã. Tem que aproveitar para conhecer a sua outra mãe. Por isso que por mais que eu deseje muito estar sempre perto de vocês, por enquanto vão me ver de vez em quando. Mas eu não vou abandonar nem você e nem a Diana, prometo.

    Sabia que no fundo a Marina queria voltar a viver comigo e estava dividida entre nós duas, mas ela concordou e começou a falar pelos cotovelos. A Diana se aproximou de mim e da irmã e começamos a dar risada das coisas que a Marina contava. Estava tudo bem.

 

 

Patrícia

 

    Eu estava tão feliz pela Laura, as meninas aceitaram até bem a sua explicação. Estava emocionada de verdade por aquela conversa ter acabado bem, tenho certeza que a Diana vai perdoar a Laura um dia. Não via, mas podia imaginar aqueles três olhos de cor âmbar quase se fechando de tantos sorrisos.

    - Que bom que as meninas tentaram entenderam a Laura - Verônica fazia carinho em meu rosto.

    - A Laura estava morrendo de medo de ser rejeitada por elas. Pelo menos por esse sofrimento ela não vai passar.

    - Você gosta muito dela, não é? Para fazer todo esse sacrifício de vir aqui e ficar com esses olhos brilhando de felicidade, só podem ser melhores amigas.

    - A Laura é muito especial para mim.

    - Você a conheceu em Paris?

    - Não, nos conhecemos em São Paulo mesmo.

    - Entendi.

    Verônica me olhava com os olhos de desejo. Aproveitando o meu momento de distração, seus lábios vieram na direção dos meus.

    Afastei-me de imediato.

    - Verônica, eu não quero ser grossa com você, mas essa sua falta de respeito está começando a ficar no mínimo constrangedor.

    - Eu estou apaixonada por você.

    Ela sorria, mas eu não estava achando graça nenhum. Não, ela não pode estar falando sério.

    - Você não pode se apaixonar por mim, entendeu? Não pode!

    - Eu não escolhi isso, quando eu percebi você já tinha ocupado a minha mente e o meu coração.

    - Verônica, eu sou casada.

    - Eu sei, Patrícia. Mas talvez você esteja enganada sobre o seu casamento. Só uma chance, é só isso que te peço, uma chance para te mostrar que eu posso te fazer feliz.

    - Verônica, eu não posso te oferecer mais que uma amizade.

    - Estou começando a achar que você não é casada porcaria nenhuma! 

    - Eu sou casada com a Laura!

    Meu corpo ficou gelado e senti minhas mãos frias como pedra de gelo. Resolvi falar logo antes que aquilo virasse um triângulo amoroso. Tenho certeza que ela não vai dar em cima de mim sabendo que sou casada com a ex da irmã dela. O rosto da Verônica era de espanto, sua testa franzida era questionadora.

    - Está de brincadeira, não é?

    - Que merd*, Vero! - O apelido dela saiu se forma espontânea. - Eu detesto mentiras e não posso mais esconder isso. Eu fiquei com medo de você... - fui interrompida.

    - Que merd* digo eu! Você me usou para aproximar a Laura das meninas. Como você pode ser tão baixa?

    - Não, não foi isso. Quando eu te conheci, nem sabia que a Laura foi casada, muito menos com a sua irmã. Quando eu voltei para São Paulo fiquei chocada com a coincidência de ter conhecido você. Eu tentei te ignorar, me afastar, lembra? Outra, a Laura não sabia que tínhamos nos conhecidos, ela só ficou sabendo sábado, quando a gente combinou isso tudo. Por favor, acredite em mim. Eu detesto mentiras e não contar isso estava me matando. Desculpe-me, Vero.

    Ela cruzou os braços e se afastou de imediato. Pegou uma sacola e veio em minha direção.

    - Toma, seu presente.

    Sua voz saiu abafada. Peguei a sacola e abri. Era o vestido que ela fez. Peguei com uma certa pressa, estava curiosa para ver o seu trabalho exclusivo para mim.

    - Verônica - meu queixo caiu - que maravilhoso! É perfeito, é uma obra de arte.

    O vestido vermelho era de renda até o quadril, tinha partes transparentes, metade das costas ficava exposta, ia até os pés e tinha um corte na lateral para dar o charme mostrando uma das pernas. Perfeito.

    - Vero, eu não tenho nem palavras para agradecer.

    - Não precisa agradecer.

    - Vero, eu não quero que fique esse clima estranho entre nós.

    - Não vai ficar - sorriu forçado. - Fico feliz que tenha gostado, acho que é a minha maior criação.

    - É divino.

    Abracei e beijei seu rosto. Ela enterrou o seu nariz nos meus cabelos e suspirou. Ela estava chateada, era claro isso.

    - Infelizmente, temos que interromper o momento lá fora.

    - Mas já?

    - A Camila adora almoçar em casa. Pode ser que ela resolva não almoçar, mas não podemos confiar nisso.

    - Está certo.

    - Vem, vamos ser estraga prazeres.

 

 

Laura

 

    Marina me contava empolgada como descobriu tudo e a sua aventura de vir parar no Rio de Janeiro sozinha. Eu queria dar uma bronca enorme, mas ela contava de forma tão fofa que me derreti toda.

    A Verônica e a Patrícia apareceram na sala, tinha até esquecido delas. A minha ex-cunhada estava com a cara fechada e a Patrícia estava aparentemente com uma preocupação.

    - Sei que estão felizes, mas é hora de ir Laura - foi Verônica quem disse.

    Ouvi protestos das minhas filhas.

    - Já? Não deu tempo de contar tudo o que eu queria... - fiquei bem próxima da Verônica e sussurrei - eu ainda não contei sobre os meus pais. Não é querendo abusar de sua boa vontade, mas será que não poderia acontecer outra conversa amanhã?

    - Certo. Mas não como hoje, elas não podem perder mais um dia de aula. Até porque se isso acontecer a escola vai ligar para a Camila.

    - O que você sugere?

    - Vamos almoçar no shopping, vou falar que tenho que ir a uma loja minha e tenho que levá-las. Já cansei de fazer isso com a Diana, a Cah nem vai desconfiar. Almoçamos lá e depois na minha loja vocês conversam mais tranquilas.

    - Obrigada, Verônica. Obrigada por tudo.

    Fiquei com vontade de abraça-la, mas preferi manter um sorriso.

    - Faço isso pelas minhas sobrinhas. Se dependesse de ajudar só você, jamais faria.

    - Mesmo assim, obrigada.

    Voltei para as minhas filhas e me dirigi a elas:

    - Vou ter que ir, mas amanhã vamos nos encontrar novamente. Se você não quiser ir amanhã Diana, tudo bem. Tome o seu tempo.

    Ela balançou a cabeça e olhou para a Patrícia acenando para ela.

    - Agradeçam muito a tia de vocês pelo encontro. Ah Marina, comporte-se.

    - Tentarei - ela sorriu.

    - Se ela não se comportar, Verônica, avise-me.

    - Eu vou ser um anjo. - Marina sabia que eu não passava a mão na cabeça dela por mau comportamento.

    Dei um último abraço nela, mas feliz que seria um até breve. Mandei um beijo para a Diana que apenas acenou.

    A Verônica acompanhou eu e a Patrícia até o portão. Não resisti e disse para ela:

    - Eu imaginei que você seria a primeira pessoa a atirar pedra.

    - Não posso estou comparando os erros, o que você fez com a minha irmã foi terrível, mas sei que ela também errou. O que quero no fundo é que eles não atinjam o futuro das minhas sobrinhas. Só por favor não me decepcione, não me faça me arrepender do que fiz hoje.

    - Eu não posso errar mais. Fica tranquila que eu não vou te decepcionar.

    Fiquei feliz que ela esteja pensando nas minhas sobrinhas. Embora eu não merecesse o que ela esteja fazendo, ela estava ajudando. Vi quando a Patrícia se aproximou dela, estranhamente ela foi completamente ignorada.

    - Tchau, eu te ligo para combinarmos o horário - ela falava na minha direção. - Patrícia, manda o número da Laura por mensagem.

    Vero simplesmente abriu o portão e saímos.

    Um tchau distante foi trocado por nós três e entramos no carro.

    Eu estava radiante, mas a Patrícia parecia não estar na mesma sintonia.

    - Algum problema?

    - Contei para a Vero que somos casadas.

    - E?

    - E agora ela está achando que eu armei tudo, que só me aproximei dela por interesse.

    - Depois eu falo com ela, relaxa.

    Patrícia permaneceu em silêncio, o que eu achei muito estranho. Qual o problema de a Verônica saber que somos casadas? A amizade delas nem é tão grande assim para uma ficar chateada com a outra.

    - Você vai visitar os seus pais? - Patrícia perguntou me pegando de surpresa.

    - Eles estão trabalhando.

    - Sim, mas podemos almoçar ou jantar com eles.

    - Outro dia.

    - Não temos outro dia, amanhã voltamos. Pelo menos eu volto, tenho uma empresa para tocar.

    - Eu vou voltar também, você não é a única que têm compromissos.

    - Então... um jantar?

    - Pode ser.

    - Laura, você não aprendeu nada com os erros do passado? Seus pais te amam.

    - Você está certa. Mas é difícil, entende?

    - Você deveria aprender o que é perdoar de verdade com a Marina e a Diana que no fundo sei que ela vai te perdoar.

    Aquilo me tocou de uma forma inexplicável. Saquei o celular da bolsa e liguei para a minha mãe. Combinamos um jantar e notei a sua felicidade.

 

 

Verônica

 

    Eu estava me sentindo a pessoa mais idiota do mundo. Me declarei para a mulher da Laura. Nunca me apaixonei na vida e fui gostar logo da mulher da pessoa que fez tanto mal para a minha irmã. No auge dos meus 36 anos, eu estou arrasada por uma paixão ridícula que nunca vai acontecer. Primeiro que a Patrícia parece amar mesmo a Laura, segundo que não tem clima para lutar por ela no meio de uma tempestade de conflitos daqueles. Eu estava me sentindo usada também, não sei se acredito na inocência da Patrícia. Estou tão confusa.

    - Alô, terra chamando Verônica - Camila sorria na minha frente. - Está com a cabeça onde?

    - Longe...

    - Já sei: Patrícia. A bela Patrícia. A morena de belo corpo que você está louca para mergulhar...

    - Não quero saber mais dela.

    - Nossa, o que aconteceu?

    - Nada.

    - Anda Vero, fala! Nós nunca tivemos segredo uma com a outra.

    Senti-me culpada, eu estava traindo a confiança da minha irmã como nunca pensei que trairia na minha vida. Eu que sempre fui sua maior aliada, acabei de colocar a Laura dentro da casa dela.

    - Eu tenho que ir ao ateliê, depois nos falamos. Tchau.

    Sai quase que correndo. Agora além de idiota, sou traíra e covarde, ótimo!

    - Tia! Tia Vero! - Marina correu até minha moto, já estava quase colocando o capacete.

    - Oi coisinha linda da tia, fala.

    - Quero agradecer o que você fez hoje. Essa conversa foi importante para mim e amanhã será ainda melhor. Você é a melhor tia do mundo, obrigada.

    Quase chorei, ela estava tão feliz.

    - Obrigada você, te amo.

    Joguei um beijo para ela e dei partida na moto.

    Talvez eu não fosse tão traíra assim, só idiota mesmo.

 

 

Laura

 

    É tão boa essa sensação de paz que estava sentindo. Para tudo melhorar só faltou mesmo poder estar sempre perto das minhas filhas. Mas entre o meu sonho e a realização, há uma pessoa: Camila. Como eu farei para encarar a Camila? Não faço a mínima ideia. Mas eu preciso procurar a Camila. Não é possível que de todo o nosso amor, só tenha restado ódio.

    - Onde você vai? - Perguntei para a Patrícia que estava de biquíni e canga amarrada na cintura.

    - Vou dar um mergulho no mar e ficar um pouco na praia.

    - Sozinha?

    - Uhum, daqui a pouco eu volto.

    - Mas o sol está forte.

    - Laura, - ela deu risada - são cinco horas da tarde, o sol forte já foi embora.

    - Achei que você fosse ficar aqui comigo. Vou ficar sozinha, trancafiada neste quarto?

    - Então desce comigo.

    - Não gosto de praia.

    - Eu gosto e estou ouvindo daqui o mar me chamando para banhar o meu corpinho.

    - Eu vou com você, me empresta um biquíni.

    - Oi?

    - Eu vou com você, o sol nem está tão forte e a praia está vazia.

    - Laura, você não gosta de praia.

    - Mas eu gosto de uma certa garota que gosta muito de praia.

    Depois de falar isso, meu corpo arrepiou-se. Já tinha dito isso anos atrás para a Camila. Merda, o que eu estou fazendo? Repetindo os mesmos erros?

    - Eu acho que você está com ciúmes da garota que gosta de praia, mas tudo bem. O preto ou o vermelho?

    Patrícia exibia dois biquínis para a minha escolha.

    - Vermelho.

    Dane-se aquela frase que eu tinha dito anteriormente. Coloquei o biquíni, olhei no espelho e me virei para a Patrícia.

    - A última vez que eu coloquei um biquíni foi com uns 15 anos de idade.

    - Acho que quem vai ficar com ciúmes sou eu. Você está maravilhosa!

    Olhei mais uma vez no espelho e gostei do resultado. Sempre tirei pelo menos uma hora do dia para correr ou ir à academia e tenho que agradecer a minha boa genética também.

    Desci com a Patrícia e fiquei na areia enquanto ela dava um mergulho no mar. A praia não estava lotada, as pessoas estavam mais no calçadão.

    - Laura?

    Olhei para o lado e para a minha surpresa quem estava lá era a Lívia, a minha irmã.

    - Lívia! Oi - levantei e trocamos cumprimentos com beijinhos no rosto.

    - Caracas, nem acreditei quando a mamãe disse que você vai jantar lá em casa. Tudo bem?

    - Tudo ótimo e você? Pois é, vou fazer uma visitinha para vocês.

    - Tudo ótimo também. Vai ser bom ter a sua presença lá me casa.

    - Gosta de praia? - Eu estava sem graça, ela nem parecia a minha irmã, não tínhamos assunto.

    - Adoro! Mas não venho muito... as vezes sou flagrada por paparazzi.

    - Te entendo perfeitamente.

    - Esse horário é o ideal, quase não tem ninguém na areia.

    - E não tem sol...

    - Você não gosta, mamãe sempre diz isso.

    - Sim. Vim mais para acompanhar a Patrícia que está no mar. O Bento veio com você?

    - Não, eu estou sozinha.

    - Sozinha?

    - Para pensar. Você não gostou do Bento, não é?

    - Não é isso, mas digamos que ele não foi muito amistoso lá em casa.

    - Relaxa, ele é mesmo um babaca. Morre de ciúmes da relação da mamãe e do papai com você. Principalmente da mamãe.

    - Ciúmes? Como?

    - A dona Andreia idolatra você. A melhor filha, a melhor jornalista...

    Dei risada.

    - Só que não.

    - Só que sim. Acredite, foram anos ouvindo isso. Ela sofreu muito com a sua fuga, sentia-se culpada.

    - A culpa foi só minha.

    Ela me abraçou inesperadamente.

    - Esquece isso, já passou. Vida nova!

    - Vida nova e um passado cavalgando bem atrás. Você teve algum contato com a Camila esses anos?

    - Pouco. Algumas vezes ela levou a Diana lá em casa, outras vezes eu visitei a casa dela.

    - Ela.. Ela tem alguém?

    - Não sei. Mas eu acho ela não refez a vida dela tendo uma relação de verdade, se é isso que quer saber. É muito raro encontrá-la em festas, nem na festa da emissora que eu sempre vou, ela vai. Mas acredito que se ela tivesse alguém, eu saberia.

    - Hum... vocês já tentaram falar sobre mim?

    - Era proibido tocar no seu nome, até porque a Diana não sabia que você existia.

    - Vamos mudar de assunto, a Patrícia está vindo.

    - Certo.

    Patrícia veio toda molhada na nossa direção e o final de tarde foi tranquilo com a minha irmã por ali.

 

 

Camila

 

    Tinha acabado de sair do banho quando ouvi batidas na porta do meu quarto.

    - Só um minutinho que eu estou trocando de roupa - vesti minha camisola o que rápido que consegui. - Pode entrar.

    Peguei a escova para passar no cabelo e me virei quando ouvi a batida da porta para ver quem entrou em silêncio.

    - Marina? O que foi?

    Notei que a expressão dela estava pensativa. Estranhei ela ter aparecido no meu quarto já que ela me ignorava sempre que podia.

    - Eu posso falar com você?

    - Claro, meu bem. Vem, senta aqui na cama comigo.

    Eu fui com a escova de cabelo para a cama e sentei perto dos travesseiros. Marina sentou perto de mim.

    - Então... eu estou te ouvindo, pode falar.

    - Eu quero te pedir desculpa.

    - Desculpa?

    Ela fez sim com a cabeça e permaneceu com ela baixa. Quando passou um tempinho e vi que ela não ia levantar tão cedo, coloquei a minha mão direita em seu queixo e levantei a sua cabeça para que me olhasse.

    - O que foi, Marina? Pelo que você está pedindo desculpa?

    - Pela maneira que venho te tratando. Eu não deixo você falar comigo, não deixo chegar perto de mim. Mas é que foram dias difíceis. Eu te julguei errado, fiz você chorar. Eu não quero que você pense que eu não gosto de você. Eu gosto muito. Eu sinto muito, te machuquei não foi?

    Meus olhos se encheram de lágrimas e eu sorri como há muito não sorria.

    - Já passou, meu anjo. É claro que te desculpo e entendo que por serem dias difíceis você teve essas reações. Fico feliz que você esteja aqui me falando tudo isso. Mas por que você me julgou errado?

    - Eu pensei que você tinha feito uma coisa que agora eu sei que não fez.

    - Você pensou o quê?

    - Que você não queria a minha mãe por perto e me deu para ela.

    - Claro que não, meu bem. Foi a Laura que... - fui interrompida.

    - Eu sei, eu sei! Não precisa falar mal da minha mãe.

    Respirei fundo.

    - Certo. Eu só queria esclarecer as coisas.

    - Eu só quero me desculpar e perguntar se podemos começar de novo.

    Voltei a sorri e estendi a minha mão para ela.

    - Camila, sua mãe. Muito prazer.

    Ela sorriu e apertou a minha mão com força.

    - Prazer. Marina, sua filha.

    A puxei pelo braço para dar o abraço que eu mais aguardei na minha vida. Ela passou os braços em volta da minha cintura e colocou a cabeça no meu ombro. Ficamos por um bom tempo assim.

    Quando nos separamos eu não podia deixar de perguntar para entender aquela mudança repentina.

    - Marina, o que te fez mudar de ideia? O que te fez vir aqui pedir desculpa?

    Percebi que ela ficou nervosa e desviou o olhar. Depois de um quase um minuto ela respondeu:

    - Nada demais. Apenas uma intuição. Algo me disse que eu estava te magoando e a minha mãe sempre me disse que eu não devo magoar as pessoas.

    Não sei se eu acreditava muito naquela história. Talvez a Vero tenha conversado com ela. Mas por que ela esconderia se fosse isso? Era mais provável que ela estivesse cansada de tantas brigas.

    Não questionei mais nada, a Marina estava ali e isso é o mais importante. Chamei a Diana e trouxe as duas para a minha cama. Fiz lanche, pipoca e suco na cozinha. Voltei  ao quarto para assistir algum filme com elas. Deitei na cama, no meio delas e me senti completa. Finalmente, completa. Ou quase isso, também não podia deixar de pensar que se a Laura estivesse ali a família que eu sonhei estaria completa. Não, meu pensamento estava errado. A Laura escolheu não fazer parte mais do nosso sonho. Eu estava sim, completa.

 

 

Laura

 

    - Cigarro, Laura? Você não passou dias sem fumar?

    - Só esse, querida.

    Meus olhos estavam voltados para a lua enorme que brilhava no céu, o cigarro é a minha companhia.

    - Você fumou dois seguidos. O que está acontecendo?

    Olhei para a Patrícia que tinha acabado de ocupar a cadeira ao meu lado.

    - Não foi um jantar maravilhoso, Laura? O que te deixou assim, meu amor?

    - Maravilhoso para quem?

    - Para todos, não?

    - Maravilhoso para você que não ficou aguentando a sua mãe se metendo na sua vida.

    - Mas ela não se meteu na sua vida. Eu não vi nada disso.

    - "Você tem que voltar para o Rio". "Se você quiser sair do Le Monde, saiba que já tem o emprego garantido". "Laura, se quiser pode ficar aqui em casa, seu quarto está sempre arrumado". "Você prefere apartamento ou casa? Eu posso procurar para vocês se por acaso vierem para cá". "Você quer que eu te assessore caso a imprensa descubra que você voltou? Podemos lançar uma nota falando que sua volta é definitiva".

    Respirei fundo, precisava me acalmar.

    - Sua mãe só quer ajudar. Mãe é assim mesmo, ela não quer que você tenha problemas. Você está de má vontade com ela.

    - De má vontade está você.

    - O que aconteceu lá no seu quarto? Depois que você foi lá, ficou esquisita. O que aconteceu, Laura?

    A minha mãe querendo controlar a minha vida de fato tinhas me incomodado. Mas não foi só isso. O que tinha acontecido? Não podia falar. Iria magoar a Patrícia. O meu passado estava tão presente ali. Encontrar fotos e cartas na gaveta foi estarrecedor, tantas fotos da época de namoro com a Camila, tanta felicidade elas me recordavam. Uma avalanche de sentimentos tomou conta de mim.

    - Não aconteceu nada - respirei fundo.

    - Amor... - Patrícia parecia cansada, cansada de tentar argumentar. - Bom, se você quiser desabafar estou aqui.

    - Eu sei - sorri -, você é o meu porto seguro. Relaxa, está tudo bem.

    - Vou deitar, vamos? Amanhã será um dia cheio.

    - Pode ir querida, vou ficar mais um pouco e depois tomar um banho ainda.

    - Certo. Boa noite.

...

    Falei que iria me deitar assim que tomasse banho, mas cá estou sentindo a brisa fria na varanda.

    Quando estive no meu quarto na casa dos meus pais, peguei um envelope que ainda contém uma carta da Camila. É de comemoração do nosso primeiro ano de namoro. O envelope vermelho, sua cor predileta, escrito "Para o meu amor" passava por entre as minhas mãos ansiosamente.

    Abri com cuidado e delicadeza, era como um objeto raro. O primeiro papel que veio na minha mão foi uma foto nossa. Tão novas, tão felizes, tão certas do amor. Camila tinha porte de modelo, olhava de forma intensa para a câmera, aquela ameaça de um sorriso dava a ela um charme que poucos possuem. Atrás da foto estava a letra de uma canção do musical Evita:

"High flying, adored

So young, the instant queen 

A rich beautiful thing, of all the talents. A cross between a fantasy of the bedroom and a saint".

    Guardei a foto tentando tirar àquelas lembranças malditas de momentos tão perfeitos. Mas não resisti e tirei a carta.

    "Amor da minha vida,

    Completamos hoje o nosso primeiro ano juntas. Os primeiros passos desse amor que consome o melhor de nós.

    Você me faz a mulher mais feliz do mundo. Arranca meus melhores sorrisos, meus melhores beijos e desperta em mim o mais profundo desejo para depois satisfazer todos eles.

    Tudo que eu faço é pensando em você, pois você é a única pessoa do mundo que tenho a necessidade de ter, que ocupa o meu coração e mente. É um amor tão forte que não há nada para se comparar. É o nosso amor. É a nossa vida.

    Estou escrevendo esta carta e pensando no privilégio que tenho por compartilhar do amor com uma mulher como você. Você, minha vida, é uma mulher maravilhosa, que nasceu para brilhar. É dona de uma inteligência rara e de um coração enorme. Não posso esquecer da Laura jornalista que tanto me orgulha com a dedicação e coragem para mudar o que precisa ser mudado. Você é admirável e é por isso que me sinto honrada estar ao seu lado e poder mergulhar nesse seu mundo. Só precisa trabalhar um pouco menos, não é? Desculpe, sei que não gosta quando falo isso, mas não resisti.

    Então, é isso meu amor. Este é o nosso primeiro ano de namoro. O primeiro de muitos, o primeiro do resto de nossas vidas. Quero deixar registrado o quanto te amo e pedi para que fique para sempre ao meu lado.

 

Sempre sua,

Camila."

    Se eu queria acabar com a tortura da curiosidade, deu certo. O problema agora é a tortura de ter feito tudo errado e ter magoado tanto a pessoa que eu sei que vou amar pelo resto da minha vida.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Spoiler do próximo capítulo: Camila vai descobrir que as filhas estiveram com a Laura.


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Comentários para 20 - Capítulo 20 - Le cadeau du pardon:
rhina
rhina

Em: 06/03/2019

 

Foi um encontro cheio de emoções 

As coisas vão ficando mais claras

É a Veronica ficou arrasada por saber que a Patrícia é a mulher da Laura 

Rhina

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Cristiane Schwinden
Cristiane Schwinden

Em: 02/04/2018

Oi, moça!

Estou devorando essa história e adorando, tinha planos de deixar um comentário apenas ao final, mas preciso vir aqui dizer que foi uma surpresa deliciosa ver um trecho dessa música de Evita, eu sou completamente fã dessa trilha sonora e você fez uma escolha maravilhosa :)

No mais, estou achando a trama muito bem articulada e morrendo de ansiedade pelos capítulos seguintes. Você escreve muito bem, parabéns! Obrigada por compartilhar seu talento com o Lettera.

Abraços!


Resposta do autor:

Olá!

Primeiro que é um prazer receber um comentário seu e saber que você ler a história. Obrigada.

Eu também sou fã da trilha e do musical, não resisti fazer referência com a letra e o momento haha.

Obrigada pelas palavras e eu quem agradeço o Lettera por dar oportunidade para as pessoas que tem uma história e queira comparilhar.

 

Abs!

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Suzi
Suzi

Em: 03/08/2017

Oi Bastiat,

 

Comecei a ler teu romance durante as férias e não escrevi nenhum comentária até então porquê não gosto de escrever no celular.

Já li muitos romances aqui do site e o teu é um dos mais complexos, pois começou com um romance que parecia adolescente e transformou-se nesse rolo compressor de emoções, com personagens tão lindas e apaixonadas como complexas e cabeças duras..kkk

Emoções tanto de Camila, que não consegue enxergar o mal que ela está neste momento fazendo as filhas achando que está punindo somente Laura, quando o bem mais precioso que ela tem em suas mãos estão perdidas nesta luta de culpa, remorso, ódio, paixão, amor e incompreensão. Uma mulher madura que se deixar sentir como uma adolescente, tomada por amarguras e traições.

Já Laura que como jornalista é incansável, corajosa, como mulher e mãe é uma covarde que se entrega a sentimentos de comiseração, autodepreciativos e de remorso, e deixou a filha crescer sem saber que tinha uma mãe e uma irmã. Laura sente tanto medo de tudo, prefere ficar se culpando do que levantar a cabeça e enfrentar Laura e colocar um ponto na história delas, a falta de coragem de lutar pelo amor e principalmente pela felicidade das filhas é algo insuportável.

Temos Patrícia que é uma personagem maravilhosa, quem dera cada uma ter uma mulher assim em nossas vidas. Ela tem a força e a coragem que Laura não tem, senão fosse por ela enfrentar e dizer verdades na cara de Laura esse encontro entre ela e as crianças não teria se realizado. Espero muito que Patrícia encontre a felicidade e amor em uma mulher a sua altura.

Estava doida pra te comentar, desculpe escrever tanto, mas estes dias de férias tive que me conter...kkkk estava furiosa com Laura e claro que Camila me tira do sério também kkkk

Bjss e aguardo ansiosa (claro) pelo próximo.


Resposta do autor:

Oi Suzi,

 

Verdade. A história começa tão bonitinha, de repente no capítulo 8 as coisas começam a virar e o acontecimento é tão chocante e inesperado. "Rolo compressor de emoções", isso me soa bem. Enquanto a Camila foi perdoando tudo, Laura foi se perdendo entre o amor a profissão e o amor pela Camila. Uma bola quanto mais enche e maior fica, mais forte será a explosão.

Você descreveu muito bem as personagens.

Sim, Camila  se tornou amarga com tudo qe sofreu e é difícil lidar com sensatez com tantas emoções. Por mais que ela apetecesse pela volta da Laura e da filha, a forma como aconteceu a fez ser tomada por variados sentimentos.

Quem nunca conheceu alguém que na vida profissional era brilhante, mas na vida pessoal não sabia lidar com nada? Para Laura o trabalho foi o escape que ela achou quando procurou algum sentido para vida e quando conheceu Camila, não soube conciliar as duas coisas. A Laura sabe que fez algo totalmente condenável, por isso tem tanto medo. Mas sim, é insuportável essa falta de ação.

Patrícia é o ponto fora da curva na história (vou confessar, mas bem baixinho: adoro ela). Caiu de paraquedas no meio de uma história complicada e tem sido a luz.

 

Não se desculpe, adoro textão. Furiosa com a Laura? Nada novo. Camila tira do sério? Essa é surpresa hahaha.

 

Obrigada pelo comentário, beijos.

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patty-321
patty-321

Em: 02/08/2017

Ai meu coração. Foi muita emoção neste capítulo, tb. As meninas perdoando a Laura, a Marina fazendo as pazes com a Camila. Fikei com dó da Verônica. Ela foi ótima, ajudando as sobrinhas. Ansiosa pelo próximo. Bjs


Resposta do autor:

Que bom que achou emocionante.

Também fiquei com dó da Verônica. Nunca se apaixona, quando se apaixona dá nisso.

 

Beijos.

Responder

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Bia08
Bia08

Em: 02/08/2017

Amei o spoiler hahaha

As menina foram um amor com a Mãe Laura.. 

A Vero de coração partido, Não dá,  triste por ela 

Já estou ansiosa aqui kkkk

Bjs


Resposta do autor:

Sabia que esse spoiler era do bem haha.

Foram um amor mesmo. Acredito que as crianças veem as coisas com mais pureza e com o coração aberto. A Marina conhece a Laura e isso contou a seu favor, mas a Diana pode demorar um pouco para absorver a história.

Capítulo difícil para quem shippa Vero e Patrícia haha.

 

Beijos.

Responder

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 02/08/2017

É pelo menos a filha deu um ultimato na mãe: conserta essa Merda kkkkk

Está na hora de correr atrás de sua felicidade e principalmente das suas filhas. Não que eu goste de você, pelo contrário, por mim você e seu amiguinho estavam trancafiados para largarem de ser sequestradores. Não é isso que está sendo tratado aqui, mas a felicidade da família toda: você, Camila e a filha de vocês. Trate de reconquistar sua esposa. Trate de vir morar no Rio e ficar junto de todos os seus parentes. Trate de dar um basta nesse seu relacionamento com a Patrícia, já deu kkk deixe ela livre para sua cunhada. É isso! Talvez depois disso eu passe a gostar um tiquinho de você kkkk

Camila vai descobrir no próximo? Vai ter barroco no próximo capítulo kkk espero que Laura agarre Camila e lhe dê um beijo deixando-a de pernas bambas kkkkk

Abraços fraternos procê!

 

 


Resposta do autor:

A Marina quis se referir a consertar a merda de ficar longe dela haha.

Você não gosta da Laura mas quer a felicidade dela com a Camila? Interessante. Por um momento pensei que você não queria as duas juntas hahahaha.

Laura ir morar no Rio? Outra coisa interessante. Ela terá que largar o trabalho.

Tem que ver se a Patrícia quer a Vero também, ela tem sentimentos.

Laura agarrar a Camila, difícil.

 

Abs.

 

Responder

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Mille
Mille

Em: 02/08/2017

Olá autora

Fiquei chateada a Vero toda caidinha pela Patrícia e levou um banho de água fria, saber que a pessoa que está apaixonada é casada com sua ex cunhada. 

Espero que a Camila não fique uma fera com a Verônica e que tente entender que ela não pode deixar as meninas sem contato com a Laura. E que bom a Laura contou a verdade para as meninas.

Bjus e até o próximo


Resposta do autor:

Oi Mille

Pois é, por essa a Vero não esperava. Pior, a Patrícia ama a Laura e ela não olha para a Vero de outra forma. Ao menos não até agora, quem sabe.

Sim, pelo menos isso a Laura tinha que fazer né? haha

No próximo veremos se a Camila vai ficar uma fera ou não...

 

Beijos, até sábado ou domingo.

Responder

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